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A sinonímia entre as construções com os verbos-suporte bringen e kommen: um estudo com base na teoria da metáfora conceptual

The synonymy between constructions with the light-verbs bringen and kommen: a study based on the conceptual metaphor theory

Resumo

As construções com verbo-suporte (CVS) são ligações verbo-nominais com um significado único, por exemplo, zu Ende bringen e ins Gespräch kommen. Os verbos-suporte bringen e kommen podem formar CVS com os mesmos substantivos, de maneira que a CVS com bringen na voz passiva e com kommen sejam sinônimas. O objetivo deste artigo é investigar as diferenças de significado entre essas duas CVS sinônimas que emergem da sintaxe através das metáforas conceptuais PROXIMIDADE É FORÇA DE EFEITO e MAIS FORMA É MAIS CONTEÚDO (LAKOFF; JOHNSON 198016 LAKOFF George, JOHNSON Mark. Metaphors we live by. Chicago, London: The University of Chicago Press, 1980.). Para tanto, analisamos os dados da dissertação de mestrado de Pereira (201719 PEREIRA Marina Sundfeld. Construções com os verbos-suporte bringen e kommen do alemão: significado ativo e passivo. 2017. 170 f. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.), cujos corpora foram obtidos no Sistema de Gerenciamento e Análise de Corpora (Cosmas II). Concluímos que diferenças sutis de significado entre CVS formadas com ambos os verbos emergem das metáforas conceptuais citadas e que ambas permitem que a voz passiva de bringen carregue mais significado que a CVS com kommen, a saber, o agente implícito. Além disso, as CVS também sofrem influência das metáforas conceptuais UMA AÇÃO É UM LOCAL e UMA AÇÃO É UM OBJETO.

Palavras-chave:
Teoria da metáfora conceptual; construções com verbo-suporte; voz passiva

Abstract

Light-verb constructions (LVC) are verb-noun combinations with a single meaning, for example, zu Ende bringen and ins Gespräch kommen. The light verbs bringen and kommen may form LVC with the same nouns, in a way that the LVC with bringen in the passive voice and with kommen are synonyms. The aim of this article is to investigate the differences of meaning between these two synonym LVC that emerge from syntax through the conceptual metaphors CLOSENESS IS STRENGTH OF EFFECT and MORE OF FORM IS MORE OF CONTENT (LAKOFF; JOHNSON 198016 LAKOFF George, JOHNSON Mark. Metaphors we live by. Chicago, London: The University of Chicago Press, 1980.). In order to do so, we analyzed the data from Pereira’s master thesis (201719 PEREIRA Marina Sundfeld. Construções com os verbos-suporte bringen e kommen do alemão: significado ativo e passivo. 2017. 170 f. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.), whose corpora were obtained from the Corpora Management and Analysis System (Cosmas II). We conclude that the subtle meaning differences between LVC formed with both verbs emerge from the abovementioned conceptual metaphors and that both of them allow the passive voice of bringen to carry more meaning than the LVC with kommen, in fact, the implicit agent. In addition, the LVC are influenced by the conceptual metaphors AN ACTION IS A LOCATION and AN ACTION IS AN OBJECT.

Keywords:
Conceptual metaphor theory; light-verb contructions; passive voice

1 Introdução

O objetivo do presente artigo é analisar a sinonímia entre as construções com verbos-suporte (doravante CVS) formadas pelos verbos-suporte kommen e bringen com base nas metáforas conceptuais proximidade é força de efeito e mais forma é mais conteúdo, conforme a teoria da metáfora conceptual de Lakoff e Johnson (198016 LAKOFF George, JOHNSON Mark. Metaphors we live by. Chicago, London: The University of Chicago Press, 1980.).

De maneira geral, entende-se por CVS ligações verbo-nominais, em que um verbo semanticamente desbotado, chamado de verbo-suporte (VS), liga-se a um substantivo, de forma a expressar um significado único. É comum que o substantivo seja deverbal e, muitas vezes, o verbo que lhe dá origem, chamado de verbo-base, é sinônimo da CVS. Exemplos são construções como eine Frage stellen, zum Erliegen bringen e in Bewegung kommen. Considera-se que essas CVS são sinônimas, respectivamente, dos verbos-base fragen, erliegen e bewegen, que são verbos plenos (VP), ou seja, dotados de significado lexical. No entanto, CVS e verbo-base não são sinônimos perfeitos, distinguindo-se principalmente pela Aktionsart (cf. seção 3, abaixo).

Na dissertação de mestrado de Pereira (201719 PEREIRA Marina Sundfeld. Construções com os verbos-suporte bringen e kommen do alemão: significado ativo e passivo. 2017. 170 f. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.), são discutidas algumas definições distintas de CVS (cf. Kamber 2008; Heine 2008; Eisenberg 20049 EISENBERG Peter. Grundriß der deutschen Grammatik. Band 2, Der Satz. 2. Aufl. Stuttgart/Weimar: Verlag J. B. Metzler, 2004.; Helbig; Buscha 200113 HELBIG Gerhard, BUSCHA Joachim. Deutsche Grammatik - Ein Handbuch für den Ausländerunterricht. Berlin und München, Langenscheidt, 2001.; Athayde 20011 ATHAYDE Maria Francisca. Verbo-suporte (Funktionsverbgefüge) do Português e do Alemão. 1a. ed. Coimbra, Cadernos do Cieg no1, 2001.), pois não existe uma definição homogênea e consensual. Como neste artigo apresentamos os dados da referida dissertação, usamos o mesmo critério para reconhecer CVS, ou seja, considera-se que uma construção é uma CVS se houver “a presença de um verbo semanticamente desbotado (verbo-suporte) ligado a um substantivo abstrato, precedido ou não por uma preposição, de forma a expressar um significado único” (Pereira (201719 PEREIRA Marina Sundfeld. Construções com os verbos-suporte bringen e kommen do alemão: significado ativo e passivo. 2017. 170 f. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.: 23). Esse critério inclui no rol de CVS construções com substantivos abstratos (deverbais, deadjetivais ou sem origem em outra palavra da língua alemã), podendo ou não haver uma preposição na parte nominal. Se comparado com outros critérios, ele é mais abrangente, pois, para alguns autores, como Eisenberg (20049 EISENBERG Peter. Grundriß der deutschen Grammatik. Band 2, Der Satz. 2. Aufl. Stuttgart/Weimar: Verlag J. B. Metzler, 2004.), somente seriam CVS as construções formadas por substantivo deverbal e preposicionado.

O termo “semanticamente desbotado” tem origem na teoria da gramaticalização, segundo a qual os itens lexicais (palavras dotadas de significado) tornam-se, ao longo do tempo, palavras gramaticais, ou seja, seu conteúdo semântico sofre um desbotamento (bleaching), e elas passam a exercer uma função gramatical na língua e a depender de outra palavra com conteúdo lexical para constituir sentido (cf. Szczepaniak 200922 SZCZEPANIAK Renate. Grammatikalisierung im Deutschen. Tübingen: Gunter Narr, 2009.; Hopper; Traugott 199414 HOPPER Paul J, TRAUGOTT Elisabeth Closs. Grammaticalization. New York, Cambridge: University Press, 1994.). Os verbos plenos (VP) são palavras dotadas de significado lexical pleno, enquanto os VS, ao contrário, dependem de um substantivo para constituir sentido e os verbos auxiliares, de um VP. No entanto, os VS são menos gramaticalizados do que os verbos-auxiliares (cf. Castilho 20104 CASTILHO Ataliba Teixeira de. Nova Gramática do Português Brasileiro. São Paulo, Contexto, 2010.: 397). O caminho percorrido pelos verbos bringen e kommen para se tornarem VS está descrito na seção 3 do presente artigo.

A pesquisa de mestrado de Pereira (201719 PEREIRA Marina Sundfeld. Construções com os verbos-suporte bringen e kommen do alemão: significado ativo e passivo. 2017. 170 f. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.) apresenta uma análise sintático-semântica das construções com os VS bringen e kommen, mostrando que os dois verbos são intercambiáveis para a maior parte dos substantivos que os acompanha nas CVS. Ao todo, foram descritas construções com o VS bringen com 54 substantivos distintos, dos quais 39 ocorrem tanto com construções com o VS bringen na voz passiva, quanto com construções com o VS kommen. Os dados foram obtidos e analisados através de um corpus de estudo constituído para esse fim. Na seção 4, está descrito sucintamente o processo para a constituição do corpus com a ferramenta Cosmas II. Todas CVS apresentadas neste artigo são provenientes dos dados de Pereira, mas quando foi necessário exemplificar construções que não são CVS, extraímos excertos da internet ou do próprio Cosmas II para compor o presente artigo. Todos os grifos nos exemplos são nossos.

O motivo para esses verbos-suporte serem analisados em paralelo é a sinonímia entre eles, sendo as construções com o VS kommen sinônimas da voz passiva das construções com o VS bringen. Para justificar a coocorrência dessas duas formas sinônimas de expressar a passividade com CVS, assumimos que há diferenças entre seus significados, pois não podem existir dois sinônimos perfeitos em uma mesma língua (cf. Cançado 20155 CANÇADO Márcia. Manual de Semântica: noções básicas e exercícios. 2ª edição. São Paulo, Contexto, 2015.: 48; Schwarz-Friesel; Chur 201420 SCHWARZ-FRIESEL Monika, CHUR Jeannette. Semantik. Ein Arbeitsbuch. 6. Auflage. Tübingen, Narr Verlag, 2014.: 61). Contudo, não foi possível identificar, através da análise sintático-semântica empregada na dissertação de Pereira (201719 PEREIRA Marina Sundfeld. Construções com os verbos-suporte bringen e kommen do alemão: significado ativo e passivo. 2017. 170 f. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.), quais diferenças havia ao optar por um ou outro verbo.

Neste artigo, essa questão será abordada com o objetivo de determinar as nuances de significado que emergem da sintaxe entre as CVS com base na teoria da metáfora conceptual de Lakoff e Johnson (198016 LAKOFF George, JOHNSON Mark. Metaphors we live by. Chicago, London: The University of Chicago Press, 1980.). Segundo os autores, compreendemos um conceito novo em termos de outro conceito previamente conhecido. Normalmente, conceitos abstratos são compreendidos em termos de conceitos concretos, como por exemplo, o conceito de amor, que é abstrato, mas que pode ser compreendido em termos de força física, que, por sua vez, é um conceito concreto, ou seja, que se realiza no mundo físico. Assim, quando pensamos que duas pessoas estão atraídas uma pela outra, estamos conceitualizando o amor através da metáfora conceptual amor é força física (Lakoff; Johnson 198016 LAKOFF George, JOHNSON Mark. Metaphors we live by. Chicago, London: The University of Chicago Press, 1980.: 46-51). As metáforas conceptuais também se manifestam na sintaxe da língua, pois, em nosso sistema conceptual, estão presentes as metáforas ideias são objetos, expressões linguísticas são contêineres e comunicação é envio. Na seção 2 deste artigo, apresentamos conceitos dessa teoria presentes na análise de CVS.

Na seção 5, as CVS com kommen e as CVS com bringen na voz passiva são analisadas à luz das metáforas conceptuais proximidade é força de efeito e mais forma é mais conteúdo. Além disso, mostramos que as metáforas conceptuais uma ação é um local e uma ação é um objeto atuam na formação das CVS com bringen e com kommen.

Este artigo baseia-se na abordagem explicativa holística da linguística cognitiva, segundo a qual não há uma fronteira bem definida entre o léxico e a gramática, havendo um continuum entre eles (cf. Lakoff 198715 LAKOFF George. Women, Fire, and dangerous Things. What Categories reveal about the Mind. Chicago and London, The University of Chicago Press, 1987.; Langacker 200817 LANGACKER Ronald W. Cognitive Grammar. A Basic Introduction. Oxford, The Oxford University Press, 2008.). Uma análise da sintaxe condizente com essa teoria pode se dar pela Gramática de Construções (cf. Croft 20017 CROFT William. Radical Construction Grammar. Syntatic Theory in Typological Perspective. New York, Oxford University Press, 2001.; Goldberg 200611 GOLDBERG Adele E. Constructions at work: the nature of generalization in language. Oxford, Oxford University Press, 2006.; Goldberg 199510 GOLDBERG Adele E. Constructions. A Construction Grammar Approach to Argument Structure. Chicago and London: The University of Chicago Press, 1995.). No entanto, o propósito do presente artigo é analisar as CVS com base nas metáforas conceptuais supracitadas e essas abordagens desenvolvem outras ideias para a sintaxe. Há um trabalho mais recente com uma proposta semelhante ao do presente artigo, em que são analisadas construções com infinitivo do inglês (Pavlovic 201418 PAVLOVIC Vadlan. The n1 v (n2) (to-) infinitive construction in English in view of the CLOSENESS IS STRENGTH OF EFFECT metaphor. In: FACTA UNIVERSITATIS Series: Linguistics and Literature, v. 12, n. 2, 2014, p. 93 - 102. https://www.researchgate.net/publication/274735649 (20/03/2020).
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) com base na teoria de Lakoff e Johnson (198016 LAKOFF George, JOHNSON Mark. Metaphors we live by. Chicago, London: The University of Chicago Press, 1980.), mais precisamente, na metáfora conceptual proximidade é força de efeito.

As CVS têm relação com as metáforas conceptuais, mas não têm relação com a metáfora como figura de linguagem. Assim, o significado de uma CVS é literal, e, dentro da Fraseologia, ela não é considerada uma expressão idiomática (cf. Burger 20073 BURGER Harald. Phraseologie - Eine Einführung am Beispiel des Deutschen. Berlin,Erich Schmidt Verlag & Co., 2007.). Dessa forma, uma expressão como zur Welt kommen não é considerada uma CVS, uma vez que Welt não é um substantivo abstrato e não dá nome à ação. Essa expressão é idiomática porque não é literal e quer dizer “vir ao mundo” (nascer). Contudo, as metáforas conceptuais estão presentes nas CVS, pois constituem um mecanismo pelo qual o significado concreto do VP torna-se desbotado, ou seja, o VP torna-se um VS, de acordo com a teoria da gramaticalização (cf. Gonçalves; Lima-Hernandes; Casseb-Galvão 200712 GONÇALVES Sebastião Carlos Leite, LIMA-HERNANDES Maria Célia, CASSEB-GALVÃO Vânia Cristina (Orgs). Introdução à Gramaticalização. São Paulo, Parábola Editorial, 2007.; Hopper; Traugott 199414 HOPPER Paul J, TRAUGOTT Elisabeth Closs. Grammaticalization. New York, Cambridge: University Press, 1994.).

Assim, este artigo procura oferecer uma análise de CVS passivizadas com base na teoria da metáfora conceptual, que é um campo que vem ganhando cada vez mais interesse dentro da Linguística. Além disso, ele representa a continuidade da pesquisa de mestrado de Pereira (201719 PEREIRA Marina Sundfeld. Construções com os verbos-suporte bringen e kommen do alemão: significado ativo e passivo. 2017. 170 f. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.) sobre CVS com os verbos bringen e kommen.

2 A teoria da metáfora conceptual

As metáforas conceptuais são compreendidas como uma maneira de “compreender e experienciar uma coisa em termos de outra” (Lakoff; Johnson 198016 LAKOFF George, JOHNSON Mark. Metaphors we live by. Chicago, London: The University of Chicago Press, 1980.: 5, tradução nossa). Os autores propõem uma diferença entre metáfora conceptual e metáfora como figura de linguagem. O primeiro tipo faz parte do nosso sistema conceptual, ou seja, é a maneira como compreendemos o mundo e é usada inconscientemente. Por outro lado, o segundo tipo é retórico, conhecido principalmente, mas não exclusivamente, por ser usado como recurso estético em obras literárias. O nosso sistema conceptual contém conceitos formados metaforicamente, e isso, de acordo com os autores, se reflete na língua cotidiana. Eles exemplificam com a metáfora conceptual discussão é guerra, realizada linguisticamente, em inglês, através de expressões como: He attacked every weak point in my argument./His criticisms were right on the target./I demolished his argument./I never won an argument with him . (Lakoff; Johnson 198016 LAKOFF George, JOHNSON Mark. Metaphors we live by. Chicago, London: The University of Chicago Press, 1980.: 4, grifos dos autores). Esses são exemplos onde o conceito de discussão é compreendido no domínio de guerra por causa de suas semelhanças, pois em ambas pode-se perder ou vencer, acertar um alvo e há, pelo menos, dois participantes oponentes.

Contudo, não é somente no domínio da semântica que as metáforas conceptuais se manifestam. Lakoff e Johnson (198016 LAKOFF George, JOHNSON Mark. Metaphors we live by. Chicago, London: The University of Chicago Press, 1980.) propõem que a forma sintática também sofre influência do nosso sistema conceptual, ou seja, das metáforas conceptuais, acarretando na escolha inconsciente da forma sintática pelo falante, de maneira a exprimir um significado específico.

Os autores afirmam que a língua é uma realização no tempo e, porque o tempo é conceitualizado em termos de espaço, a língua também é conceitualizada dessa maneira, com metáforas conceptuais espaciais (Lakoff; Johnson 198016 LAKOFF George, JOHNSON Mark. Metaphors we live by. Chicago, London: The University of Chicago Press, 1980.: 126). Assim, de acordo com os autores, a língua pode ser conceitualizada pela seguinte metáfora conceptual: expressões linguísticas são contêineres e os significados que elas trazem são o conteúdo carregado por eles (Lakoff; Johnson 198016 LAKOFF George, JOHNSON Mark. Metaphors we live by. Chicago, London: The University of Chicago Press, 1980.: 127). No mundo físico, se um contêiner for grande, espera-se que seu conteúdo seja grande. Dessa forma, eles enunciam a seguinte metáfora conceptual: mais forma é mais conteúdo. O exemplo dado para essa metáfora é a reduplicação de sons e palavras, como seria em he is very very very tall (Lakoff; Johnson 198016 LAKOFF George, JOHNSON Mark. Metaphors we live by. Chicago, London: The University of Chicago Press, 1980.: 127), significando que ele é mais alto do que em simplesmente he is very tall (Lakoff; Johnson 198016 LAKOFF George, JOHNSON Mark. Metaphors we live by. Chicago, London: The University of Chicago Press, 1980.: 127). A reduplicação pode ser generalizada da seguinte maneira:

Um nome representa um objeto de certo tipo. Mais desse nome representa mais objetos desse tipo. Um verbo representa uma ação. Mais desse verbo representa mais dessa ação (talvez até sua conclusão). Um adjetivo representa uma propriedade. Mais desse adjetivo representa mais dessa propriedade. Uma palavra representa algo pequeno. Mais dessa palavra representa algo menor (Lakoff; Johnson, 1980: 128, tradução nossa).

Uma segunda metáfora conceptual ligada à sintaxe da língua é proximidade é força de efeito, que segundo os autores, existe em inglês, mas ainda não há estudos em outras línguas. Eles enunciam o seguinte princípio: “se o significado da forma A afeta o significado da forma B, então quanto mais perto a forma A estiver da forma B, mais forte será o efeito do significado de A sobre o significado de B” (Lakoff; Johnson 198016 LAKOFF George, JOHNSON Mark. Metaphors we live by. Chicago, London: The University of Chicago Press, 1980.: 129, tradução nossa). Os autores exemplificam: na sentença John won’t leave until tomorrow, a forma n’t tem efeito de negação sobre o predicado leave. Em Mary doesn’t think he’ll leave until tomorrow, a forma n’t também nega leave e não think, sendo essa sentença um sinônimo para Mary thinks he won’t leave until tomorrow. Isso se dá por uma regra chamada negative transportation, que tem o efeito de transportar a negação para mais longe do predicado que nega. Assim, de acordo com os autores, a negação da primeira sentença é “mais forte” enquanto a da segunda é “mais fraca”. Isso ocorreria porque na segunda sentença a negação está mais longe do predicado do que na primeira.

A sintaxe também pode ser determinada pelo que Lakoff e Johnson denominam orientação me-first. Os autores partem da observação de Cooper e Ross (19756 COOPER William E, ROSS John Robert. World Order. In: GROSSMAN, Robin. E.; SAN, L. James; VANCE, Timothy J. (eds.). Functionalism. Chicago, Chicago Linguistic Society, 1975. apud Lakoff; Johnson 198016 LAKOFF George, JOHNSON Mark. Metaphors we live by. Chicago, London: The University of Chicago Press, 1980.: 132) de que nosso sistema conceptual é formado pela observação de um membro prototípico da nossa cultura, que andaria para frente, se orientaria para cima e se veria como ativo e como bom. De acordo com Lakoff e Johnson, essa propriedade está correlacionada com a ordem em que as palavras aparecem normalmente na língua. Nos exemplos “em cima e embaixo, para frente e para trás, ativo e passivo, bom e ruim, aqui e lá”, a ordem das palavras é mais normal do que nos exemplos “embaixo e em cima, para trás e para frente, passivo e ativo, ruim e bom, lá e aqui”. Assim, no nosso sistema conceptual, está presente a metáfora o mais próximo vem primeiro, e isso tem implicações na ordem em que escolhemos as palavras. Uma vez que falamos de maneira linear, a palavra que vem primeiro é escolhida por ser a mais próxima do falante (para cima, para frente, aqui, agora etc.).

A influência que nosso sistema conceptual exerce sobre nossas escolhas sintáticas leva os autores a concluir que a própria forma sintática é portadora de significado. Portanto, qualquer mudança sintática acarreta em uma diferença, mesmo que sutil, no significado da sentença. Isso explicaria a afirmação de Dwight Bolinger (19772 BOLINGER Dwight. Meaning and Form. London: Longman's, 1977., apud Lakoff; Johnson 198016 LAKOFF George, JOHNSON Mark. Metaphors we live by. Chicago, London: The University of Chicago Press, 1980.: 126) de que é impossível existir paráfrases perfeitas. Os autores explicam: “nós espacializamos a forma lingüística; as metáforas espaciais aplicam-se à forma linguística porque elas são espacializadas; as próprias formas linguísticas são dotadas de conteúdo em virtude de metáforas de espacialização” (Lakoff; Johnson 198016 LAKOFF George, JOHNSON Mark. Metaphors we live by. Chicago, London: The University of Chicago Press, 1980.: 126, tradução nossa).

A partir dessa explicação de Lakoff e Johnson, sabemos que a escolha por formar uma sentença com o VS bringen na voz passiva ou com o VS kommen acarreta em uma mudança de significado, já que ambas diferem sintaticamente. Com o intuito de verificar a influência que as metáforas conceptuais exercem sobre o significado de uma sentença em alemão, empregamos uma análise sintático-semântica em construções com o VS bringen na voz passiva com werden e comparamos com construções com o VS kommen. Verificamos, ao empregar a voz passiva, se a metáfora proximidade é força de efeito atua como fator de diferenciação, ou seja, se bringen exerce menos efeito sobre o complemento no nominativo do que kommen, uma vez que a perífrase verbal aumenta a distância entre o verbo e o complemento no nominativo. Além disso, verificamos se, ao usar uma perífrase, a metáfora mais forma é mais conteúdo também influencia na composição do significado.

Na próxima seção, explicamos o caminho percorrido pelos verbos bringen e kommen de sua forma plena, ou lexical, até se tornarem VS (semanticamente desbotados).

3 Os verbos bringen e kommen: de verbos-plenos a verbos-suporte

Ambos os verbos, bringen e kommen, quando usados como VP podem expressar um deslocamento espacial. No exemplo (1), abaixo, o verbo apresenta esse significado concreto:

(1) Ein Rettungswagen brachte ihn in ein Krankenhaus. (HAZ11/JAN.00348 Hannoversche Allgemeine, 08/01/2011) “Uma ambulância o levou para um hospital.”

Como em uma sentença, o verbo projeta o caso e o papel temático em seus complementos (cf. Princípio de Projeção, Castilho 20104 CASTILHO Ataliba Teixeira de. Nova Gramática do Português Brasileiro. São Paulo, Contexto, 2010.: 688), no exemplo (1), o verbo bringen projeta o papel de agente em seu complemento no nominativo (ein Rettungswagen), de tema no complemento no acusativo (ihn) e, ainda, um complemento preposicionado de local (in ein Krankenhaus). Para que não haja a obrigatoriedade de se expressar o agente com o verbo bringen, deve ser formada a voz passiva, como em (2) abaixo:

(2) Kate soll am Morgen des 29. April mit dem Auto zur Westminster Abbey gebracht werden, wo die Trauung um 11 Uhr britischer Zeit (12 Uhr MEZ) beginnt. (HAZ11/JAN.00216 Hannoversche Allgemeine, 06/01/2011) “Kate deverá ser levada de carro para a Abadia de Westminster na manhã de 29 de abril, onde, às 11 horas do horário britânico (12 horas no Horário da Europa Central), começará a cerimônia de casamento.”

Como prediz a regra gramatical da língua alemã, na voz passiva, o papel temático de tema é projetado no complemento no nominativo, por isso, Kate, embora seja um ser animado, não se desloca espacialmente por iniciativa própria. A sentença poderia ser parafraseada por man bringt Kate zur Westminster Abbey, em que o agente é man e o tema, Kate, ocupa o lugar do complemento no acusativo.

(3) Bis heute nimmt Ariane alle Immigranten, die in die Stadt am Mittelmeer kommen, auf. (B11/JAN.00273 Berliner Zeitung, 05/01/2011) “Até hoje, Ariane recebe todos os imigrantes que vêm para a cidade do Mediterrâneo. ”

Em (3), acima, o verbo kommen, por sua vez, além do complemento preposicionado de local (in die Stadt am Mittelmeer), projeta apenas mais um complemento no caso nominativo (die). Ao contrário do que acontece com o complemento no nominativo de bringen, no complemento no nominativo de kommen não é projetado o papel de agente, mas de tema (cf. Pereira, 201719 PEREIRA Marina Sundfeld. Construções com os verbos-suporte bringen e kommen do alemão: significado ativo e passivo. 2017. 170 f. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.). O complemento no nominativo não precisa ter características de agente, como ser animado e humano, por isso, é possível formar uma sentença como das Essen kommt gleich auf den Tisch (Duden online8 DUDEN. Duden Online. Berlin, DUDEN Verlag. http://www.duden.de/ (02/12/2019).
http://www.duden.de/...
online). Dado que o VS kommen já traz embutida a noção de passividade, isto é, ele não expressa um agente, as CVS que ele forma podem ser consideradas sinônimas das construções com o VS bringen na voz passiva.

Uma característica dos verbos em alemão é a expressão da Aktionsart (modo da ação) como parte componente da carga semântica do verbo, ao lado de seu significado lexical. A partir da classificação da Aktionsart descrita por Helbig e Buscha (200113 HELBIG Gerhard, BUSCHA Joachim. Deutsche Grammatik - Ein Handbuch für den Ausländerunterricht. Berlin und München, Langenscheidt, 2001.: 62-63), Pereira (201719 PEREIRA Marina Sundfeld. Construções com os verbos-suporte bringen e kommen do alemão: significado ativo e passivo. 2017. 170 f. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.) considera tanto o VP bringen quanto o VP kommen como verbos perfectivos, ou seja, são pontuais, sem se estender no tempo. A diferença entre eles está na causatividade, uma vez que bringen projeta um agente (ou uma causa) e kommen projeta um tema.

Quando ocorre o desbotamento semântico dos verbos bringen e kommen, a ação passa a ser nomeada por um substantivo que terá de ocupar um lugar na sentença onde antes estava um dos complementos do verbo. Bringen e kommen como VS deixam de expressar o significado concreto de deslocamento espacial, porém preservam as marcas de tempo, de pessoa e a Aktionsart.

Com esses verbos, o substantivo da CVS normalmente ocupa o lugar do complemento preposicionado, formando uma CVS preposicionada, como (4) e (5) ou, em casos mais periféricos, o substantivo ocupa o complemento no nominativo de kommen ou o complemento no acusativo de bringen, formando CVS não preposicionadas como (6) e (7):

(4) Ein kleiner Windstoß genügt, um Schnee und Eis zu Fall zu bringen. (HAZ10/JAN.02606 Hannoversche Allgemeine, 18/01/2010) “Uma pequena rajada de vento é suficiente para fazer cair neve e gelo. ”

(5) „Schiri, Foul!“ Der Wendezeller Kevin Kalweit kommt nach einer Attacke des Braunschweigers Kay Hertel zu Fall. (BRZ10/MAR.07106 Braunschweiger Zeitung, 15/03/2010) “’Árbitro, falta!‘ Kevin Kalweit, do Wendezell, vem a cair após um ataque de Kay Hertel, do Braunschweig.”

(6) Die Spendenkampagne „Ein Engel für St. Petrus“ soll weitere finanzielle Hilfe bringen. (BRZ13/MAI.02888 Braunschweiger Zeitung, 08/05/2013) “A campanha de doação ‘Um anjo para São Pedro’ deve trazer mais ajuda financeira. ”

(7) Für einen Hund aber kommt jede Hilfe zu spät. (BRZ10/JAN.12405 Braunschweiger Zeitung, 29/01/2010) “Mas para um cachorro, toda ajuda chega tarde demais. ”

A ação dos exemplos (4) e (5) acima é nomeada pelo substantivo Fall (queda), que por sua vez, tem origem no verbo fallen (cair). O complemento que designa o objeto ou pessoa que cai recebe o papel de tema. Assim, considera-se que o substantivo abstrato projeta papéis temáticos aos complementos da CVS. No entanto, na construção com o VS bringen, há uma causa para a queda (ein kleiner Windstoß), além do tema (Schnee und Eis). Com o VS kommen, ao contrário, não há um agente e o tema é projetado no complemento no nominativo (Kevin Kalweit). Por isso, além do substantivo que dá nome à ação, consideramos que o VS colabora com a projeção de papéis temáticos e de caso aos complementos, sendo bringen corresponsável por projetar o papel de agente da ação de causar uma queda, e kommen, corresponsável pelo papel de tema ao complemento no nominativo da sentença (cf. Wotjak; Heine 200725 WOTJAK Barbara, HEINE Antje. Syntaktische Aspekte der Phraseologie I: Valenztheoretische Ansätze. In: BURGER, Harald. et al. Phraseologie: Ein internationales Handbuch der zeitgenössischen Forschung. 1. Halbband. Berlin, New York, Walter de Gruyter, 2007.).

Por conta da ausência de preposição na parte nominal, as CVS (6) e (7) acima não estão no rol de exemplos prototípicos de acordo com Pereira (201719 PEREIRA Marina Sundfeld. Construções com os verbos-suporte bringen e kommen do alemão: significado ativo e passivo. 2017. 170 f. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.). Em ambas, a ação helfen é nomeada pelo substantivo Hilfe, que, junto com o VS, contribui para a atribuição dos papéis temáticos. Nesses exemplos, a diferença também está no agente: presente na construção com o VS bringen e ausente na construção com kommen.

Na descrição de Pereira (201719 PEREIRA Marina Sundfeld. Construções com os verbos-suporte bringen e kommen do alemão: significado ativo e passivo. 2017. 170 f. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.), foram encontradas CVS com bringen e kommen, cujas partes nominais recebem preposição de lugar: zu, in, auf, an, unter, como nos seguintes exemplos:

Quadro 1
Substantivos preposicionados que formam CVS com kommen e com bringen na voz passiva (Baseado em Pereira, 201719 PEREIRA Marina Sundfeld. Construções com os verbos-suporte bringen e kommen do alemão: significado ativo e passivo. 2017. 170 f. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.).

A maioria dos 36 substantivos presentes no quadro acima é deverbal, como são prototipicamente formadas as CVS. Nos casos periféricos, os substantivos têm outra natureza. No quadro acima, há 5 CVS periféricas, sendo 4 exemplos deadjetivais (números 8, 24, 27 e 33) e 1 exemplo com um substantivo que tem sua origem na língua francesa (número 21).

Nos casos menos comuns, em que a CVS não recebe preposição, a ação toma o lugar do complemento no nominativo do verbo kommen e da voz passiva de bringen. Na voz ativa da construção com o VS bringen, o complemento no acusativo dá lugar ao substantivo da parte nominal. Pereira (201719 PEREIRA Marina Sundfeld. Construções com os verbos-suporte bringen e kommen do alemão: significado ativo e passivo. 2017. 170 f. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.) apresenta os seguintes exemplos:

Quadro 2
Substantivos não preposicionados que formam CVS com kommen e com bringen na voz passiva (Baseado em Pereira 201719 PEREIRA Marina Sundfeld. Construções com os verbos-suporte bringen e kommen do alemão: significado ativo e passivo. 2017. 170 f. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.).

A quantidade de dados de CVS não preposicionadas é menos expressiva em Pereira (201719 PEREIRA Marina Sundfeld. Construções com os verbos-suporte bringen e kommen do alemão: significado ativo e passivo. 2017. 170 f. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.) do que a de CVS preposicionadas. Não por acaso, elas foram classificadas pela autora como não prototípicas (ou periféricas). Além disso, parece haver uma restrição maior para que o VS kommen atue como substituto para o VS bringen em CVS não preposicionadas. Por exemplo, na ocorrência número 01 do quadro 2, o verbo kommen exigiu preposição. Além disso, bekommen apresenta-se como um VS concorrente de kommen nesses casos como, por exemplo, nas CVS Ärger bringen/bekommen (cf. Pereira 201719 PEREIRA Marina Sundfeld. Construções com os verbos-suporte bringen e kommen do alemão: significado ativo e passivo. 2017. 170 f. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.).

A próxima seção contém uma descrição sucinta da metodologia usada por Pereira (201719 PEREIRA Marina Sundfeld. Construções com os verbos-suporte bringen e kommen do alemão: significado ativo e passivo. 2017. 170 f. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.) para constituição dos corpora com a ferramenta Cosmas II e para a análise dos dados das CVS com bringen e kommen.

4 Metodologia

A metodologia empregada na pesquisa de mestrado de Pereira (201719 PEREIRA Marina Sundfeld. Construções com os verbos-suporte bringen e kommen do alemão: significado ativo e passivo. 2017. 170 f. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.) é a linguística de corpus, que tem a vantagem de permitir a observação da língua em contextos reais de uso, sem a necessidade de que exemplos artificiais sejam criados. Entende-se que “a linguística de corpus é uma abordagem empírica para o estudo da língua” (Tagnin 201523 TAGNIN Stella E. O. A Linguística de Corpus na e para a Tradução. In: VIANA, Vander; TAGNIN, Stella E. O. (Orgs) Corpora na Tradução. São Paulo, Hub Editorial, 2015, p. 19-56.: 19). Um corpus é:

[...] uma compilação eletrônica e criteriosa de (amostras de) textos que ocorrem naturalmente com o objetivo de representar uma dada língua ou algum de seus aspectos mais pontuais de forma a possibilitar uma análise linguística previamente delineada (Viana 200824 VIANA Vander. Verbos Modais em Contraste: análise de corpus da escrita de universitários em inglês. 2008. 230 f. Dissertação (Mestrado em Letras) - Departamento de Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.: 31).

Para obter os dados, Pereira (201719 PEREIRA Marina Sundfeld. Construções com os verbos-suporte bringen e kommen do alemão: significado ativo e passivo. 2017. 170 f. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.) constituiu um corpus de estudo utilizando a ferramenta Cosmas II (Corpus Search, Management and Analysis System). Essa é uma ferramenta gratuita disponibilizada pelo Leibniz-Institut für Deutsche Sprache (IDS), que dá acesso ao corpus de referência alemão - Deutsches Referenz Korpus (DeReKo).

A constituição do corpus de estudo deu-se em etapas. A primeira etapa consistiu na busca através da opção SUCHWORT do verbo bringen nas formas infinitiva e flexionada em textos jornalísticos de veículos alemães publicados a partir de 2010. A partir dos resultados, foram verificadas ocorrências de CVS de bringen caso a caso, pois ainda não há uma ferramenta automática para o reconhecimento dessas construções.

A segunda etapa consistiu na busca por ocorrências de CVS com kommen, cujos substantivos componentes fossem os mesmos encontrados nas CVS com bringen, com o intuito de descrevê-las paralelamente, evidenciando a sinonímia entre ambas. Para isso, usou-se a opção ABSTAND, que permite a busca por duas palavras ao mesmo tempo, ou seja, o VS e o substantivo componente da CVS. A mesma opção foi usada para se encontrar CVS de bringen na voz passiva com o verbo auxiliar werden.

Após a constituição dos corpora de construções com o VS bringen, CVS com bringen passivizadas e de construções com o VS kommen, foram selecionados 54 exemplos, que foram descritos de acordo com: verbo-base, análise sintática baseada na gramática de valências, descrição da Aktionsart e se a construção já se encontrava cristalizada ou se ainda permitia alterações, conforme os testes descritos na dissertação (cf. Pereira 201719 PEREIRA Marina Sundfeld. Construções com os verbos-suporte bringen e kommen do alemão: significado ativo e passivo. 2017. 170 f. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.).

De acordo com os dados analisados na dissertação (Pereira 201719 PEREIRA Marina Sundfeld. Construções com os verbos-suporte bringen e kommen do alemão: significado ativo e passivo. 2017. 170 f. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.), 39 dos 54 substantivos coocorrem com o VS bringen na voz passiva e com o VS kommen. Embora sejam sinônimas, essas construções apresentam diferenças de significado, pois não existem sinônimos perfeitos na língua. Por isso, com o presente artigo, amplia-se a análise sintático-semântica realizada na dissertação com o intuito de mostrar as nuances de sentido que justifiquem a coexistência das duas formas de expressar passividade com CVS. Para isso, embasamos a análise dessas CVS, a ser apresentada na próxima seção, na teoria da metáfora conceptual de Lakoff e Johnson (1980).

5 Análise

Esta seção contém a análise das CVS com bringen na voz passiva e com kommen, cujo intuito é verificar as nuances de significado que emergem da sintaxe a partir de metáforas conceptuais. Na subseção 5.1, as CVS são analisadas a partir da metáfora conceptual proximidade é força de efeito. Em 5.2, são analisadas a partir da metáfora conceptual mais forma é mais conteúdo. Na subseção 5.3, mostra-se a presença das metáforas conceptuais uma ação é um local e uma ação é um objeto nas CVS com bringen e com kommen.

5.1 Influência da metáfora conceptual proximidade é força de efeito sobre as construções com verbos-suporte

De acordo com Lakoff e Johnson, os falantes da língua inglesa têm em seu sistema conceptual a metáfora proximidade é força de efeito. Um exemplo da manifestação linguística dessa metáfora é a sentença who is the man closest to Khomeini? (Lakoff; Johnson, 1980: 129, grifo dos autores), sendo que closest (mais próximo) significa “aquele que tem mais efeito sobre o Khomeini”.

Em alemão, observamos o mesmo fenômeno linguístico através da palavra eng (estreito). Em (8) o adjetivo expressa seu sentido literal, espacial, para informar que os degraus (Stufen) são estreitos (eng).

(8) Seit seinem unrühmlichen Schulabgang steigt er in dem Türmchen gleich neben dem Jugendzentrum Mühle fast wöchentlich die engen Stufen zum Büro der Sozialarbeiterin Gesa Lüdke hinauf. (BRZ13/JAN.00590 Braunschweiger Zeitung, 03/01/2013) “Desde sua inglória saída da escola, ele tem subido, quase semanalmente, os degraus estreitos do escritório da assistente social Gesa Lüdke na torrezinha ao lado do centro juvenil de Mühle. ”

No exemplo (9) abaixo, eng expressa uma força de efeito, ou seja, “em cooperação estreita” (in enger Kooperation) significa que a cooperação exerce um forte efeito sobre o trabalho executado. Assim, inferimos que no sistema conceptual do falante de alemão também existe a metáfora proximidade é força de efeito.

(9) Was brauchen die Schüler also? Helle Farben die die 70er-Jahre schnell verschwinden lassen. Und genau deshalb wurde jetzt in einem Testraum ein neues Farbkonzept erprobt und zwar in enger Kooperation mit der BBS Fredenberg. (BRZ13/JAN.00446 Braunschweiger Zeitung, 03/01/2013) “Então, do que os alunos precisam? Cores claras, que fazem os anos 70 desaparecerem rapidamente. E é exatamente por isso que um novo conceito de cores foi provado em uma sala de teste, em estreita cooperação com o BBS Fredenberg.”

Essa metáfora está no inconsciente dos falantes e, por isso, analisamos aqui se ela está presente também na sintaxe da língua. Mencionamos na seção 3 que o verbo projeta papel temático e de caso nos complementos através do princípio de projeção (cf. Castilho 20104 CASTILHO Ataliba Teixeira de. Nova Gramática do Português Brasileiro. São Paulo, Contexto, 2010.). Consideramos que a projeção também é uma metáfora e, por esse motivo, está sujeita à coerência interna do sistema conceptual. Com base na metáfora conceptual proximidade é força de efeito, entendemos que os complementos mais próximos do verbo sofrem seu efeito de maneira mais forte. O complemento no nominativo é o mais próximo do verbo e, portanto, o que mais deve sofrer seu efeito.

Em alemão, o complemento no nominativo é o sujeito da sentença e, ainda, tem concordância com a flexão do verbo. Assim, pode-se considerar que a força de efeito do verbo sobre o complemento no nominativo é maior do que sobre os outros complementos. Em orações principais afirmativas (Hauptsätze), o complemento no nominativo situa-se próximo ao verbo. Isso é coerente com a metáfora conceptual proximidade é força de efeito.

Em nosso sistema conceptual, temos a tendência de priorizar certos aspectos em relação a outros, conforme afirmam Lakoff e Johnson (1980: 132-133). Como priorizamos o que é ativo, quando o verbo projeta o papel de agente (ou causador), como é o caso de bringen, a tendência é que ele seja atribuído ao complemento com maior força de efeito, ou seja, ao seu complemento mais próximo, o complemento no nominativo. Em (10) abaixo, die Schleuser (contrabandistas) é agente no nominativo, enquanto die Flüchtlinge (refugiados), paciente no acusativo.

(10) Im Schutz der Dunkelheit bringen die Schleuser die Flüchtlinge von einer konspirativen Wohnung in die nächste. (Z14/JUN.00035 Die Zeit (Online-Ausgabe), 05/06/2014) “Protegidos pela escuridão, os contrabandistas levam os refugiados de uma casa conspiratória para outra. ”

Por causa dessa tendência de priorizar o agente, apenas quando o verbo não projeta papel de agente na voz ativa, como é o caso de kommen, que outro papel temático poderá ser projetado no complemento no nominativo, por exemplo, de tema, como ein Rothaariger, eine farbige Frau und ein ehemaliger Flüchtling aus Somalia em (11), abaixo:

(11) Bald war dieser Witz in der Welt: „Ein Rothaariger, eine farbige Frau und ein ehemaliger Flüchtling aus Somalia kommen in einen Pub - und jeder kauft ihnen einen Drink.“ (U12/DEZ.04500 Süddeutsche Zeitung, 31/12/2012) “Logo essa piada apareceu no mundo: ‘Um ruivo, uma mulher de cor e um ex-refugiado da Somália chegam a um pub - e todo mundo compra uma bebida para eles’”.

A voz passiva do verbo bringen é formada com o auxiliar werden. Quando ocorre como verbo pleno, werden é um verbo de ligação, ou seja, liga um complemento no nominativo a outro no nominativo e não projeta um papel agente. Na voz passiva, werden tem mais proximidade e, portanto, mais efeito sobre o complemento no nominativo, não projetando nele um papel de agente. Ou seja, a metáfora conceptual proximidade é força de efeito parece atuar na formação da voz passiva, em que o agente, que tem prioridade sobre os demais papéis, pode ser suprimido graças ao distanciamento entre o verbo principal e o complemento no nominativo e à proximidade entre o complemento no nominativo e o werden, que não atribui agente. O exemplo (12) abaixo ilustra a voz passiva da CVS in Ordnung bringen, em que o complemento no nominativo die Grünanlagen (as áreas verdes) recebe papel de paciente:

(12) Ansonsten wurden auch die Grünanlagen neu gestaltet und in Ordnung gebracht. (BRZ10/JUL.06601 Braunschweiger Zeitung, 15/07/2010) “Além disso, também as áreas verdes foram redesenhadas e postas em ordem. ”

Com o verbo kommen, esse distanciamento não é necessário, pois o papel de agente não é projetado no complemento nominativo, que é paciente, como die Ehe (o casamento) em (13), abaixo:

(13) „Mal dachte ich, die Ehe kommt in Ordnung, mal war ich pessimistisch.“ (BRZ12/OKT.05227 Braunschweiger Zeitung, 11/10/2012) “Às vezes eu pensava: o casamento vai entrar em ordem. Às vezes, eu era pessimista. ”

Por não ser um verbo transitivo, não é possível a formação da voz passiva *gekommen werden, e a auxiliarização com o verbo sein é possível não para a construção da voz passiva de estado (Zustandspassiv), mas para a formação do Perfekt de kommen, que expressa o tempo passado gekommen sein.

Através da análise apresentada nesta seção, a metáfora conceptual proximidade é força de efeito explica a formação da voz passiva. A construção com o VS kommen pode ser usada em paralelo às CVS com bringen na voz passiva que, embora sinônimas, distinguem sutilmente o significado. Enquanto o VS kommen não expressa agente, o auxiliar werden enfraquece a relação de bringen com o complemento no nominativo, no qual não é projetado o papel de agente. Contudo, o agente está subentendido na construção passiva. Demonstramos essa afirmação através da reformulação dos exemplos (12) e (13) em (12’) e (13’) abaixo:

(12’) Ansonsten wurden auch die Grünanlagen neu gestaltet und kamen in Ordnung. “Além disso, também as áreas verdes foram redesenhadas e entraram em ordem.”

(13’) „Mal dachte ich, die Ehe wird in Ordnung gebracht, mal war ich pessimistisch.“ “Às vezes eu pensava: o casamento vai ser posto em ordem. Às vezes eu era pessimista. ”

Em (12’), ao substituir a perífrase verbal da voz passiva pelo verbo kommen, ele passa a projetar papel de paciente no complemento nominativo da sentença, pois ele está próximo a esse complemento, através da metáfora proximidade é força de efeito. Comparando com a versão original apresentada em (12), o substantivo da parte nominal é o mesmo e contribui para o significado lexical da construção, mas a nuance de sentido emerge da sintaxe, mudando a maneira como percebemos o complemento nominativo die Grünanlagen. Enquanto kommen projeta um paciente que pode ter se modificado sem um agente ou causador, a perífrase gebracht werden enfraquece a relação do agente de bringen com o nominativo, permitindo a interpretação de que o paciente foi modificado por um agente ou causa. Da mesma maneira, em (13), podemos interpretar a esperança de que o casamento melhore sozinho, enquanto em (13’) fica implícito que alguém vai empenhar esforços para o casamento melhorar, pois o agente projetado por bringen está enfraquecido pela distância maior causada pela inserção de werden, mas continua implícito na voz passiva.

Assim, oferecemos uma explicação para motivo de ser possível expressar o agente implícito da construção com bringen na voz passiva através de um complemento preposicionado com von ou com durch, mas o mesmo não é possível com o VS kommen. Essa questão será abordada novamente na próxima subseção, onde analisamos as CVS com kommen e com bringen à luz da metáfora conceptual mais forma é mais conteúdo.

5.2 Influência da metáfora conceptual mais forma é mais conteúdo sobre as construções com verbo-suporte

Lakoff e Johnson (1980) exemplificam a presença da metáfora mais forma é mais conteúdo na sintaxe através da iteração e da repetição de vogais para indicar mais conteúdo, conforme mencionado na seção 2 do presente artigo. Em alemão, o mesmo fenômeno pode ser observado, como nos exemplos (14) e (15), abaixo:

(14) Ich trank eine sehr, sehr, sehr teure Flasche Wein. “Eu bebi uma garrafa de vinho muito, muito, muito cara.”

(15) Alles ist plötzlich so groooooß. “Tudo de repente é tão graaaaande.”

Assim, pode-se inferir que a metáfora conceptual mais forma é mais conteúdo também faz parte do sistema conceptual dos falantes de alemão. Dessa forma, as CVS são conceitualizadas como contêineres que carregam informação. Se compararmos as CVS sinônimas com kommen e com gebracht werden, inferimos que a perífrase verbal que expressa a passividade deve conter mais conteúdo por ser maior, contendo dois verbos em lugar de apenas um.

A voz passiva das construções com o VS bringen pode conter o agente da passiva, como em (16), abaixo. Essa possibilidade não existe na expressão através da construção com o VS kommen em (17).

(16) Das Lattenwerk mit sieben Metern Höhe und Durchmesser schwebt unter der Decke und wird von einem Motor langsam in Bewegung gebracht. (BRZ10/JUL.03666 Braunschweiger Zeitung, 08/07/2010)

“A estrutura de ripas, com altura e diâmetro de sete metros, paira sob o teto e é lentamente posta em movimento por um motor.”

(17) Erst wenn Eltern wieder in Bewegung kommen und auch ihre Kinder motivieren, draußen mit Freunden unterwegs zu sein oder einen Mannschaftssport zu treiben, wird die Trägheit und der Bewegungsmangel der Kinder positiv beeinflusst. (BRZ10/DEZ.07189 Braunschweiger Zeitung, 15/12/2010) “Somente quando os pais vierem a se mexer novamente e motivarem seus filhos a sair com amigos ou praticar esportes em equipe é que a preguiça e a falta de exercício das crianças serão influenciadas positivamente.”

A possibilidade de retomar o agente é coerente com a metáfora conceptual mais forma é mais conteúdo, pois através dela há uma espécie de somatória dos papéis projetados por werden e por bringen, possibilitando que o agente permaneça implícito. Com o verbo kommen, ao contrário, nenhum agente fica implícito, e podemos observar isso através dos exemplos (16) e (17) reformulados abaixo. Em (16’) o resultado é agramatical, enquanto em (17’) a reformulação parece perder em estilo por encadear uma construção passiva com uma ativa.

(16’) *Das Lattenwerk mit sieben Metern Höhe und Durchmesser schwebt unter der Decke und kommt von einem Motor langsam in Bewegung. “*A estrutura de ripas, com altura e diâmetro de sete metros, paira sob o teto e entra lentamente em movimento por um motor.”

(17’) Erst wenn Eltern wieder in Bewegung gebracht werden und auch ihre Kinder motivieren, draußen mit Freunden unterwegs zu sein oder einen Mannschaftssport zu treiben, wird die Trägheit und der Bewegungsmangel der Kinder positiv beeinflusst. “Somente quando os pais forem postos em movimento novamente e motivarem seus filhos a sair com amigos ou praticar esportes em equipe é que a preguiça e a falta de exercício das crianças serão influenciadas positivamente.”

Conforme explicado na subseção 5.1 acima, a perífrase verbal com werden diminui a força de bringen sobre o complemento no nominativo através da metáfora proximidade é força de efeito e, nesta seção, mostramos que, por causa da metáfora mais forma é mais conteúdo, é possível que ela mantenha o agente subentendido. Com kommen, ao contrário, não há a possibilidade de um agente implícito, visto que esse papel temático não é projetado pelo verbo desde sua origem como verbo pleno.

A metáfora mais forma é mais conteúdo ajuda a explicar também a própria coexistência das CVS com seus verbos-base. Storrer (201321 STORRER Angelika. Variation im Deutschen Wortschatz am Beispiel der Streckverbgefüge. In: DEUTSCHE AKADEMIE FÜR SPRACHE UND DICHTUNG und UNION DER DEUTSCHEN AKADEMIEN DER WISSENSCHAFTEN (Hrgs.). Reichtum und Armut der deutschen Sprache - Erster Bericht zur Lage der deutschen Sprache. Berlin, Boston, De Gruyter, 2013.) menciona que, embora o uso das CVS seja desaconselhado por manuais de estilo, a existência delas causa um ganho de significado, uma vez que são capazes de modificar a Aktionsart do verbo-base. Abaixo estão exemplos:

(18) In der Nähe von Oslo ist eine Wasserstofftankstelle explodiert... “Um posto de combustível de hidrogênio explodiu perto de Oslo...”

(19) Dann drehen sie die am anderen Ende der Schläuche befestigen Gasflaschen auf und bringen das Gas-Luft-Gemisch zur Explosion. (HMP11/MAI.02738 Hamburger Morgenpost, 31/052011) “Em seguida, eles desparafusam as garrafas de gás presas à outra extremidade das mangueiras e explodem a mistura de gás e ar.”

(20) Zwei Tage später kommt tatsächlich Sprengstoff zur Explosion... (M10/DEZ.90201 Mannheimer Morgen, 24.12.2010) “Explosivos vêm a explodir de fato dois dias depois...”

O verbo explodieren (explodir) não expressa uma causa, e sua Aktionsart é a mudança de estado. Sua nominalização Explosion unida com o verbo kommen acresce a Aktionsart ingressiva à expressão. A CVS zur Explosion kommen não só expressa a mudança de estado, mas também o início da explosão. Quando o substantivo deverbal forma uma CVS com bringen, além da Aktionsart ingressiva, a expressão ganha um agente ou uma causa.

Abaixo há mais exemplos de acréscimo de significado através das CVS:

(21) Wunderkind schließt mit 9 Studium ab. “Criança prodígio termina os estudos aos 9 anos.”

(22) Auch sie bringt im Todesjahr ein Großprojekt zum Abschluss. (BRZ10/FEB.10175 Braunschweiger Zeitung, 20/02/2010)

“Ela também completa um grande projeto no ano de sua morte.”

(23) Das Planverfahren für das Hotel Quellenhof, das anbauen möchte (die SZ berichtete), kommt zum Abschluss. (BRZ11/JUN.04400 Braunschweiger Zeitung, 10/06/2011) “O processo de planejamento do Hotel Quellenhof, que deseja expandir (informou a SZ), está chegando ao fim.”

Em (21), o verbo abschließen (terminar) tem Aktionsart causativa egressiva, pois projeta o papel de agente ao nominativo (Wunderkind) e expressa o fim de uma ação, a de estudar em uma universidade. O verbo nominalizado Abschluss com o VS bringen ganha a Aktionsart ingressiva, expressando o início do fim. Contudo, com o verbo kommen, deixa de expressar a causa ou o agente, pois esse VS expressa passividade. No entanto, a característica passiva do verbo não faz a CVS ser incoerente com a metáfora mais forma é mais conteúdo, uma vez que há um acréscimo na Aktionsart: a somatória da Aktionsart do verbo-base (que dá origem ao substantivo deverbal da CVS) com a Aktionsart de kommen.

Na próxima subseção, analisamos outras metáforas conceptuais que fazem parte da constituição das CVS com bringen e com kommen: uma ação é um local e uma ação é um objeto.

5.3 Influência de outras metáforas conceptuais sobre as construções com verbo-suporte

As CVS preposicionadas com bringen e com kommen costumam apresentar uma preposição de lugar em sua estrutura (cf. seção 3), ao passo que o substantivo da parte nominal da CVS é sempre abstrato e contém o nome da ação em jogo. Pode-se inferir a existência da metáfora conceptual uma ação é um local atuante na formação das CVS com esses verbos, que expressam deslocamento espacial em sua forma plena. Isso está coerente com a proposta de Lakoff e Johnson (1980), pois uma ação desenvolve-se ao longo do tempo e, como o tempo pode ser conceitualizado em termos de espaço, a ação também pode ser conceitualizada da mesma maneira. Em (24) e (25), a ação de dançar (tanzen) é conceitualizada em termos de espaço através do substantivo deverbal Tanzen:

(24) Mit hartem Schlagzeug bringen die Jungs die Gäste zum Tanzen. (M14/JAN.00146 Mannheimer Morgen, 02/01/2014) Com a batida forte, os meninos põem os convidados para dançar.”

(25) Mein Tipp: Peppige Musik macht Laune, dann kommt man neben dem Saubermachen auch zum Tanzen. (NUN15/APR.02899 Nürnberger Nachrichten, 28/04/2015) “Minha dica: música animada deixa você de bom humor, então, junto à limpeza, você começa a dançar.”

Ou seja, na CVS, os verbos kommen e bringen perdem seu sentido lexical concreto de deslocamento espacial, mas ganham um sentido metafórico, em que o local para onde o deslocamento ocorre é abstrato, isto é, uma ação é conceitualizada em termos de espaço. A outra característica semântica dos verbos, a Aktionsart, é preservada: bringen e kommen continuam perfectivos. Dessa maneira, as CVS permitem transformar um verbo imperfectivo (durativo) como tanzen em uma construção perfectiva ingressiva, isto é, uma construção que denota o início da ação de dançar. Além disso, tanzen projeta papel de agente em seu complemento no nominativo, mas em (25) o VS kommen projeta o papel de paciente no complemento no nominativo, dando a entender que o bom humor (Laune) causado pela música animada (peppige Musik) da sentença anterior causa a dança.

Outra metáfora conceptual pode ser observada nos exemplos (6) e (7) da seção 3, acima, que aparecem aqui novamente transcritos:

(6”) Die Spendenkampagne „Ein Engel für St. Petrus“ soll weitere finanzielle Hilfe bringen. (BRZ13/MAI.02888 Braunschweiger Zeitung, 08/05/2013) “A campanha de doação ‘Um anjo para São Pedro’ deve trazer mais ajuda financeira.”

(7”) Für einen Hund aber kommt jede Hilfe zu spät. (BRZ10/JAN.12405 Braunschweiger Zeitung, 29/01/2010) “Mas para um cachorro, toda ajuda chega tarde demais.”

Em (6”), o VS bringen atribui o papel de causador a die Spendenkampage, e a sentença poderia ser parafraseada por die Spendenkampagne „Ein Engel für St. Petrus” hilft jemandem. O beneficiário da ação de helfen, no entanto, não é expresso. Nesse exemplo, a ação Hilfe ocupa o lugar onde normalmente se projeta o complemento no acusativo de bringen como VP, ou seja, do objeto que se desloca pela ação de bringen. Portanto, Hilfe sofre o efeito da metáfora conceptual uma ação é um objeto. Existe, assim, um espaço temporal em que a ação ainda não começou e outro espaço temporal em que a ação acontece. Metaforicamente, o deslocamento do objeto “ação” de um espaço temporal ao outro marca o início da ação, ou seja, a Aktionsart ingressiva.

Em (7”), o caráter passivo da sentença faz com que ela possa ser parafraseada por einem Hund wird zu spät geholfen. O beneficiário da ação expressa por Hilfe é o complemento preposicionado für einen Hund. O complemento no nominativo da sentença com o VS kommen, no entanto, não deve receber papel temático de paciente por estar nomeando a ação, mas rege a conjugação do VS. Por isso, considera-se que essa construção está mais próxima da colocação verbal, pois o complemento no nominativo assemelha-se ao paciente do verbo kommen, embora Hilfe seja um substantivo abstrato e não possa se deslocar espacialmente de maneira literal, apenas metafórica. A interpretação metafórica de kommen possibilita a interpretação dessa construção como uma CVS.

Em (26), a construção com o VS bringen está passivizada:

(26) „Zwei für eins“ ist das Motto des Wolfsburger und Gifhorner Rotkreuzes, wenn in die litauische Hauptstadt Hilfe gebracht wird. (BRZ12/MAR.04915 Braunschweiger Zeitung, 09/03/2012) “‘Dois por um’ é o lema da Cruz Vermelha de Wolfsburg e Gifhorner quando ajuda é levada à capital lituana.”

No exemplo (26), o nome da ação Hilfe ocupa o espaço que seria do complemento no nominativo da construção passiva com bringen, da mesma forma como ocorre com o complemento no nominativo de kommen, acima. O complemento preposicionado in die litauische Hauptstadt não expressa um local, mas o beneficiário da ação de helfen. Hilfe é entendida metaforicamente como um objeto, da mesma maneira como ocorre quando forma CVS com kommen. Em contrapartida, o complemento preposicionado pode ser interpretado metonimicamente, pois não é a capital lituana que recebe a ajuda da Cruz Vermelha, mas sim as pessoas que estão lá que a recebem.

A próxima seção contém as conclusões a que podemos chegar a partir da atuação das metáforas conceptuais mais forma é mais conteúdo e proximidade é força de efeito sobre a sintaxe da língua alemã.

6 Considerações finais

Neste artigo, baseamo-nos na teoria da metáfora conceptual de Lakoff e Johnson (1980) para explicar as nuances no significado entre construções sinônimas com dois VS distintos: bringen na voz passiva e kommen. Partimos das premissas de que não existem sinônimos perfeitos na língua (Cançado 20155 CANÇADO Márcia. Manual de Semântica: noções básicas e exercícios. 2ª edição. São Paulo, Contexto, 2015.: 48; Schwarz-Friesel; Chur 201420 SCHWARZ-FRIESEL Monika, CHUR Jeannette. Semantik. Ein Arbeitsbuch. 6. Auflage. Tübingen, Narr Verlag, 2014.: 61) e nem paráfrases perfeitas (Bolinger 19772 BOLINGER Dwight. Meaning and Form. London: Longman's, 1977.apudLakoff; Johnson 198016 LAKOFF George, JOHNSON Mark. Metaphors we live by. Chicago, London: The University of Chicago Press, 1980.).

As metáforas conceptuais integram o processo de gramaticalização. Assim, quando os verbos plenos bringen e kommen, que expressam um deslocamento espacial, são gramaticalizados e se tornam VS, a noção de deslocamento espacial é metaforizada de duas formas. Em uma delas, a ação, nomeada pelo substantivo deverbal que compõe a CVS, é metaforizada como um local, ocupando assim o lugar do complemento preposicionado do verbo pleno, dando origem a uma CVS preposicionada. Na outra, mais rara, a ação ocupa o lugar do objeto a ser deslocado, dando origem a uma CVS não preposicionada. As metáforas conceptuais atuantes são uma ação é um local e uma ação é um objeto.

As metáforas conceptuais mais forma é mais conteúdo e proximidade é força de efeito explicam as nuances de significado originárias da sintaxe do alemão nas CVS com bringen e com kommen. Uma perífrase verbal, como é o caso da voz passiva das CVS com bringen, tem mais forma do que uma CVS com um verbo apenas, o kommen. Por isso, espera-se que a voz passiva com bringen carregue mais conteúdo. Como mostramos na subseção 5.2, embora a presença do agente projetado por bringen não seja obrigatória na voz passiva, ele fica subentendido. O mesmo não ocorre com o VS kommen. A metáfora conceptual mais forma é mais conteúdo explica também a coexistência das CVS com os verbos plenos sinônimos. Concluímos que, tanto na perífrase quanto na CVS, há uma composição de significado lexical, Aktionsart, projeção de caso e de papel temático dos componentes, ou seja, verbo-suporte, substantivo abstrato e, quando for o caso, verbo auxiliar da passiva (werden).

A metáfora conceptual proximidade é força de efeito atua também na sintaxe. Em nosso sistema conceptual, temos a tendência de nos ver ativos, e não passivos, ou seja, o agente vem primeiro e tem prioridade sobre os demais papéis temáticos. Ao distanciar o verbo do complemento no nominativo da sentença, inserindo um verbo auxiliar entre eles, o papel de agente, antes priorizado, perde força e deixa de ser projetado no complemento no nominativo na construção passiva. No entanto, respeitando a coerência interna do sistema conceptual, concordando com a metáfora mais forma é mais conteúdo, o agente fica subentendido, pois, embora mais fraco, ainda pode se fazer presente.

Ainda é necessário conduzir um estudo para esclarecer o fenômeno das conjunções que “empurram” o verbo para o final da oração em alemão, o que acaba deixando-o distante do complemento no nominativo, como no exemplo abaixo:

(27) Da Tennisbälle meist von vorne kommen, sollte Angelique Kerber ihre Körperhaltung überdenken. (B12/DEZ.02522 Berliner Zeitung, 31/12/2012, S. 12; Das war 2012) “Como as bolas de tênis geralmente vêm de frente, Angelique Kerber deveria repensar sua postura.”

Uma explicação possível seria porque essas são orações subordinadas (Nebensätze), que não transportam a informação principal. Ou seja, a informação principal é expressa em orações em que o verbo atua forte sobre o complemento no nominativo, e em orações subordinadas o efeito do verbo deve ser enfraquecido, aumentando-se a distância entre ele e o complemento no nominativo.

Por fim, com este artigo procura-se mostrar um desdobramento da pesquisa de mestrado de Pereira (201719 PEREIRA Marina Sundfeld. Construções com os verbos-suporte bringen e kommen do alemão: significado ativo e passivo. 2017. 170 f. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.) sobre CVS com bringen e com kommen. Mostra-se que as metáforas conceptuais atuam não somente na gramaticalização dos verbos como também na sintaxe da língua, estabelecendo semelhanças e diferenças entre as construções sinônimas com o VS bringen na voz passiva e com o VS kommen. Assim, procuramos mostrar que a metáfora conceptual proximidade é força de efeito influencia em como os papéis temáticos são projetados nos diferentes complementos da sentença e que a metáfora conceptual mais forma é mais conteúdo faz com que perífrases verbais contenham uma somatória de atribuição de papéis temáticos. A partir da atribuição de papéis temáticos surgem as nuances dos significados das CVS com bringen na voz passiva e com kommen.

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  • 2
    . Agradeço às professoras Maria Helena V. Battaglia e Paula Martins de Souza e aos colegas da disciplina Práticas de Leitura e Escrita Acadêmicas do 2º semestre de 2019 pelas críticas, sugestões e correções.
  • 3
    . Em inglês, no original: “[The essence of metaphor is] understanding and experiencing one kind of thing in terms of another.”
  • 4
    . “Ele atacou cada ponto fraco do meu argumento./As críticas dele foram direto ao alvo./Eu destruí o argumento dele./Eu nunca ganhei dele numa discussão.” (tradução nossa, grifos dos autores).
  • 5
    . “Ele é muito, muito, muito alto” (Tradução nossa).
  • 6
    . “Ele é muito alto” (Tradução nossa).
  • 7
    . Em inglês, no original: “A noun stands for an object of certain kind. More of the noun stands for more of the object of that kind. A verb stands for an action. More of the verb stands for more of the action (perhaps until completion). An adjective stands for a property. More of the adjective stands for more of the property. A word stands for something small. More of the word stands for something smaller.”
  • 8
    . Em inglês, no original: “If the meaning of form A affects the meaning of form B, then, the CLOSER the form A is to form B, the STRONGER will be the EFFECT of the meaning of A on the meaning of B” (grifos dos autores).
  • 9
    . “John não irá embora até amanhã” (Tradução nossa).
  • 10
    . “Mary não acha que ele irá embora até amanhã” (Tradução nossa).
  • 11
    . “Mary acha que ele não irá embora até amanhã” (Tradução nossa).
  • 12
    . Em inglês, no original: “We spatialize linguistic form; Spatial metaphors apply to linguistic form as it is spatialized; Linguistic forms are themselves endowed with content by virtue of spatialization metaphors.”
  • 13
    . LEIBNIZ-INSTITUT FÜR DEUTSCHE SPRACHE. Cosmas II. https://www.ids-mannheim.de/cosmas2/. (13/10/2019).
  • 14
    . “Quem é o homem mais próximo a Khomeini?” (Tradução nossa, grifo dos autores).
  • 15
  • 16
    . WER WEISS WAS. Alles ist plötzlich so groooooss. https://www.wer-weiss-was.de/t/alles-ist-ploetzlich-so-groooooss/320501. (04/01/2020).
  • 17
    . SPIEGEL ONLINE. Wasserstofftankstelle explodiert - Versorgung mit dem Treibstoff eingestellt. https://www.spiegel.de/auto/aktuell/norwegen-wasserstofftankstelle-explodiert-toyota-reagiert-a-1271980.html. (04/01/2020).
  • 18
    . OE24. Wunderkind schließt mit 9 Studium ab. https://www.oe24.at/welt/Wunderkind-schliesst-mit-9-Studium-ab/405548322. (04/01/2020).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Fev 2021
  • Data do Fascículo
    Jan-Apr 2021

Histórico

  • Recebido
    05 Maio 2020
  • Aceito
    12 Jun 2020
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