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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DO HIP-HOP NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

PEDAGOGICAL PRACTICES OF HIP-HOP IN PHYSICAL EDUCATION CLASSES: A SYSTEMATIC REVIEW

PRÁCTICAS PEDAGÓGICAS DEL HIP-HOP EN LAS CLASES DE EDUCACIÓN FÍSICA: UNA REVISIÓN SISTEMÁTICA

Resumo

O objetivo deste trabalho é analisar publicações sobre o hip-hop como prática pedagógica no contexto da Educação Física Escolar. Para tanto realizamos revisão sistemática em quatro bases de dados, utilizando os descritores hip-hop e Educação Física, publicados entre os anos de 2011 e 2021. Selecionamos 15 trabalhos que abordavam o hip-hop na Educação Física Escolar. As produções acadêmicas sobre o tema se espalham por diversas áreas do conhecimento, no entanto são raros os estudos sobre práticas pedagógicas desta cultura urbana na educação básica. Concluímos que há a necessidade de novos estudos sobre o hip-hop na escola que demonstrem diálogos e problematizações nas aulas.

Palavras-chave:
Hip-hop; Educação Física Escolar; Prática pedagógica.

Abstract

The objective of this work is to analyze publications on hip-hop as a pedagogical practice in the context of School Physical Education. For that, we carried out a systematic review in four databases, using the descriptors hip-hop and Physical Education, published between 2011 and 2021. We selected 15 works that addressed hip-hop in School Physical Education, which were organized according to the study area. Academic productions about this subject are spread across several areas of knowledge, however, studies on pedagogical practices of this urban culture in basic education are rare. We conclude that there is a need for further studies on hip-hop at school that demonstrate dialogues and problematizations in classes.

Keywords:
Hip-hop; School Physical Education; Pedagogical Practice.

Resumen

El objetivo de este trabajo es analizar publicaciones sobre el hip-hop como práctica pedagógica en el contexto de la Educación Física escolar. Para ello, realizamos una revisión sistemática en cuatro bases de datos, utilizando los descriptores hip-hop y Educación Física, publicadas entre 2011 y 2021. Seleccionamos 15 trabajos que abordaban el hip-hop en la Educación Física escolar. Las producciones académicas sobre el tema se encuentran dispersas en varias áreas del conocimiento, sin embargo, son escasos los estudios sobre las prácticas pedagógicas de esta cultura urbana en la educación básica. Concluimos que existe la necesidad de más estudios sobre el hip-hop en la escuela, que demuestren diálogos y problematizaciones en las clases.

Palabras clave:
Hip-hop; Educación Física escolar; Práctica Pedagógica.

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo analisar publicações sobre o hip-hop como prática pedagógica no contexto da Educação Física Escolar.

A ideia surgiu a partir de reflexões sobre as aulas de dança na escola, acrescidas do desejo de investigar o contexto pedagógico do hip-hop, estabelecendo relações sobre como os signos desta cultura estão presentes no cotidiano dos(as) estudantes, na comunidade escolar e nas aulas de Educação Física.

Nascido no bairro Bronx, na cidade Nova Iorque, por volta da década de 1960, o hip-hop representava o encontro dos jovens negros nas ruas dos subúrbios americanos, os guetos, onde ocorriam diversos problemas de ordem social, como a violência, a pobreza, o tráfico de drogas e o racismo, além de uma grande carência de educação (ARAÚJO, 2021ARAÚJO, Marília Camargo. As batalhas de Hip-Hop: contribuições para a manifestação criativa de alunos e alunas. In: GAIO, Roberta; PATRÍCIO, Tamires Lima. Dança na escola: reflexões e ações pedagógicas. Curitiba: Editora Bagai, 2021.).

Conforme Rocha, Domenich e Casseano (2001ROCHA, Janaina; DOMENICH, Mirella; CASSEANO, Patrícia. Hip Hop: a periferia grita. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2001., p. 18)

Esse movimento social seria conduzido por uma ideologia (ou pelo menos por certos parâmetros ideológicos) de autovalorização da juventude de ascendência negra, por meio da recusa consciente de certos estigmas (violência, marginalidade) associados a essa juventude, imersa em uma situação de exclusão econômica, educacional e racial.

É no improviso das músicas que surge uma nova sonoridade, um novo estilo de dança e novos personagens, que, com diferentes formas de expressão, começaram a denunciar a sua realidade. “Como movimento de resistência criou suas músicas, dança, linguagem e também seu modo de trajar, fugindo aos padrões e a ditadura da moda” (CAMPOS, 2007CAMPOS, Cristina Maria. Rua e escola: o Hip Hop como movimento porta voz dos sem vez. 2007. 149f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós Graduação em Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007., p. 51).

O hip-hop é composto por música, arte e dança, que ganham corpo em alguns elementos, como: DJ, Disc Jockey, que opera os discos e faz a base das músicas; MC, cantor(a) dos grupos de rap, estilo musical característico dessa cultura; break, representando a dança; e graffiti, como uma forma de expressão plástica/arte.

originalmente, o Hip Hop é um conjunto de manifestações culturais: um estilo musical, o rap; uma maneira de apresentar essa música em shows e bailes que envolve um DJ e um MC; uma dança, o break; e uma forma de expressão plástica, o grafite (ROCHA; DOMENICH; CASSEANO, 2001ROCHA, Janaina; DOMENICH, Mirella; CASSEANO, Patrícia. Hip Hop: a periferia grita. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2001., p.19)

Não há um consenso com relação à divisão e à quantidade destas formas distintas de expressão e representação da cultura hip-hop. Há autores que falam em três, quatro e até cinco elementos, acrescentando o conhecimento aos quatro já citados (SANTOS, 2021). A maneira mais difundida é que são três manifestações artísticas ou linguagens (a música, a arte e a dança) que ganham corpo em quatro elementos.

Em pouco tempo, os elementos começaram a se expandir nos Estados Unidos. Com forte influência da mídia, em especial da televisão e do cinema, rapidamente essa cultura se espalhou por todos os continentes, a começar pela dança e pela música. Segundo Yoshinaga (2014YOSHINAGA. Gilberto. Nelson Triunfo - do sertão ao Hip-Hop. São Paulo: Shuriken Produções/ LiteraRUA, 2014., p. 192), “Um fato que contribuiu muito para que o breaking se tornasse um fenômeno de massa foi o lançamento do filme Beat Street. Para o autor, outros dois filmes trouxeram referências sobre essa dança (FLASHDANCE, 1983FLASHDANCE. Direção: Adrian Lyne. Produção: Jerry Bruckheimer, Don Simpson. Estados Unidos: Paramount Pictures, 1983 e WILD STYLE, 1983WILD STYLE. Diretor: Charlie Ahearn. Produção: Charlie Ahearn. Estados Unidos: First Run Features, 1983.), mas o Beat Street (1984)BEAT STREET. Direção: Stan Lathan. Produção: David V. Picker, Harry Belafonte. Estados Unidos: Orion Pictures, 1984. em pouco tempo se tornou referência sobre a cultura hip-hop, pois incluía o grafite, a dança e a música.

A transformação daquela nova manifestação cultural em modismo teve dois efeitos para o ‘breakdance’, ou ‘break’, rótulos que a dança recebeu da mídia em todo o mundo, e que não seria diferente por aqui. De certo ponto, popularizou-a, abriu portas para ela e possibilitou sua projeção nos veículos de comunicação. Por outro lado, banalizou-a, dificultando que ela pudesse ser compreendida e assimilada como parte de uma cultura mais ampla chamada hip-hop, dentro de um contexto específico com valores que, além de diversão, incluíam conscientização, transformação e reinserção social (YOSHINAGA, 2014YOSHINAGA. Gilberto. Nelson Triunfo - do sertão ao Hip-Hop. São Paulo: Shuriken Produções/ LiteraRUA, 2014., p. 192).

O hip-hop que surgiu como um movimento cultural para a emancipação do negro americano na sociedade faz-se presente, hoje, em muitos lugares do mundo, incluindo o Brasil.

Atualmente, o modo de vida dos jovens, nas metrópoles, evidencia essa presença, pois produz música, dança, gíria e gestualidade (CORREIA; SILVA; FERREIRA, 2017CORREIA, Adriana Martins; SILVA, Carlos Alberto Figueiredo da; FERREIRA, NildaTeves. Do racha na rua à batalha no palco: cenas das danças urbanas. Motrivivência, v. 29, n. 50, p. 213-231, mai. 2017. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2017v29n50p213
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; OLIVEIRA, BATISTA; MEDEIROS, 2014; SILVA, 2011SILVA, Renata L. Mandinga da Rua: a construção de um corpo poeticamente crítico. In: LIBÂNEO, José Carlos; SUANNO, Marilza V. R.; LIMONTA, Sandra V. (org.) Didática e práticas de ensino Didática e práticas de ensino: texto e contexto em diferentes áreas do conhecimento. Goiânia: Ceped/Editora PUC Goiás, 2011.). Para Alves e Dias (2004ALVES, Flávio Soares; DIAS, Romualdo. A dança break corpos e sentidos em movimento no Hip-Hop. Motriz, v.10, n.1, p. 1-7, jan./abr., 2004., p. 6): “Nos esbarramos com seus signos, em nossa própria família, nas esquinas das ruas e nas mídias e de uma forma ou de outra entramos em contato com esta manifestação juvenil”.

Chultz (2016CHULTZ, G. M. Danças urbanas na escola: uma experiência com a Cultura Hip Hop dentro do Colégio Estadual Júlio de Castilho. Rascunhos, v. 3, n. 2, p. 76-83, dez. 2016. DOI: https://doi.org/10.14393/issn2358-3703.v3n2a2016-08
https://doi.org/10.14393/issn2358-3703.v...
, p. 79) identificou nos alunos traços da cultura hip-hop “pelo gosto musical, pela forma de vestir, de andar e, até mesmo, pela apropriação do ato de grafitar muros e paredes da escola”. Também observamos características desse movimento em filmes, reportagens e comerciais. Nesse processo, os jovens do hip-hop começaram a dançar não mais em espaços da periferia, em guetos, mas nos centros urbanos de lazer e cultura.

No entanto, observamos na juventude de maneira geral, e também nas escolas, que muitos(as) utilizam esses elementos sem saber ao certo sua origem, seus sentidos e significados. Nas aulas de Educação Física o hip-hop é prática corporal que revela linguagens historicamente acumuladas, sendo assim, se faz necessário o trabalho com práticas pedagógicas que abordem a cultura hip-hop.

O debate trazido no presente trabalho é fundamental para estudantes de Educação Física que estão em processo de formação profissional e também para professores(as) que já atuam na área. A exploração da temática poderá favorecer a compreensão sobre o hip-hop no sentido de propor uma prática pedagógica crítica, que crie espaços de diálogo com estudantes, numa relação partilhada de reflexões.

Presente nos currículos oficiais de Educação Física e nas produções acadêmicas como uma prática corporal da cultura urbana, este trabalho mapeou a produção acadêmica sobre hip-hop e Educação Física em periódicos indexados da área, de 2011 a 2021 (últimos 10 anos1 1 A revisão sistemática foi iniciada em janeiro de 2022. ), procurando analisar práticas pedagógicas para ensino do hip-hop na escola. Algumas questões impulsionaram este trabalho: que abordagens sobre hip-hop circulam pela área da Educação Física? Como é tematizado o hip-hop nas aulas de Educação Física na escola?

2 METODOLOGIA

Utilizamos a revisão sistemática como caminho metodológico, pois permite identificar, mapear e avaliar criticamente pesquisas publicadas sobre determinada temática, visando dar suporte ao(à) pesquisador(a) sobre um conhecimento produzido (GOMES; CAMINHA, 2014GOMES, Isabelle Sena; CAMINHA, Iraquitan de Oliveira. Guia para estudos de revisão sistemática: uma opção metodológica para as Ciências do Movimento Humano. Movimento, v. 20, n. 1, p. 395-411, jan./mar. 2014. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.41542
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). É um método criterioso, utilizado para “acompanhar o curso científico de um período específico, chegando ao seu ápice na descoberta de lacunas e direcionamentos viáveis para a elucidação de temas pertinentes” (GOMES; CAMINHA, 2014GOMES, Isabelle Sena; CAMINHA, Iraquitan de Oliveira. Guia para estudos de revisão sistemática: uma opção metodológica para as Ciências do Movimento Humano. Movimento, v. 20, n. 1, p. 395-411, jan./mar. 2014. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.41542
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, p. 397).

Os sete passos para a realização de uma revisão sistemática são2 2 HIGGINS; GREEN, 2011 apudGOMES; CAMINHA, 2014. :

  1. Formulação da pergunta: estabelecendo o que se deseja pesquisar.

  2. Localização e seleção dos estudos a partir das buscas nas bases de dados eletrônicas indexadas, a partir de descritores (ou palavras-chave).

  3. Avaliação crítica dos estudos, estabelecendo os critérios de inclusão e exclusão, determinando a validade dos estudos.

  4. Coleta de dados, organizando os dados dos estudos que foram selecionados.

  5. Análise e apresentação dos dados.

  6. Interpretação dos dados.

  7. Aprimoramento e atualização da revisão, parte final da revisão sistemática.

2.1 A BUSCA DE ARTIGOS: LOCALIZAÇÃO, AVALIAÇÃO E COLETA DOS DADOS

Foi realizada uma revisão de estudos nacionais e internacionais (escritos em língua portuguesa) publicados em livros, teses, dissertações, artigos, resumos de congressos, entre outros, nas bases de dados do SciELo, Periódicos Capes, Catálogo de Teses e Dissertações da Capes e Redalyc. Os descritores utilizados foram: Hip Hop e Educação Física.

Na Tabela 1, apresentamos o número de trabalhos encontrados, utilizando “Hip Hop” como descritor primário.

Tabela 1
Síntese da disponibilidade de artigos nas bases de dados consultadas

A partir dos números levantados, selecionamos os trabalhos resultantes da pesquisa “Hip Hop” AND “Educação Física”, um total de 120 itens, para análise detalhada do título, das palavras-chave e dos seus temas principais, e o tipo de trabalho (artigo, dissertação, resumo etc.).

Dos 120 trabalhos apresentados, observamos 29 artigos repetidos (que apareceram em mais de uma base de dados), um indisponível (que não foi possível localizar o arquivo), cinco escritos em inglês, um escrito em espanhol, um referente a um resumo de livro, totalizando 37 artigos descartados inicialmente e 83 trabalhos selecionados para avaliação crítica dos resumos.

Para esta pesquisa, dos 83 estudos, foram incluídos aqueles com contribuições para o contexto pedagógico e/ou escolar (total de 32 artigos e uma dissertação) e excluídos aqueles que não tinham como foco a investigação escolar (total de 44 artigos, cinco dissertações e uma tese).

Os artigos que não tratavam da área escolar abordavam a Educação Física e o hip-hop em academia, escolas de dança, projetos sociais, Ensino Superior, festas e eventos, oficinas culturais, redes sociais, estádio de futebol, Fundação Casa, ou se tratava de revisão bibliográfica sem foco escolar. Já as dissertações ou teses abordavam a Educação Física e o hip-hop em academia, grupos de dança, espaços públicos da cidade e projetos de lazer. Em seis dos sete trabalhos obtidos no Catálogo de Teses e Dissertações, o hip-hop apareceu como tema central do estudo, em suas diferentes linguagens e em apenas um apareceu como um gênero musical no estudo de diversas danças.

Sendo assim, os primeiros critérios de inclusão foram: trabalho original completo, disponível em PDF em ambiente virtual, escrito em língua portuguesa e ter a pesquisa realizada em contexto escolar.

Após esta seleção inicial, realizamos a leitura na íntegra dos 32 artigos e da dissertação, e salientamos que em muitos destes trabalhos o hip-hop apareceu como um gênero musical ou um tipo de dança, não fazendo parte do tema principal do estudo, e a Educação Física como uma disciplina da grade curricular, sem relação entre os dois temas. Atribuímos esses resultados aos refinamentos de busca, uma vez que os trabalhos podiam conter a palavra hip-hop e Educação Física em qualquer lugar do texto.

Para compor a interpretação dos dados e a discussão, focamos nos estudos cuja área do conhecimento fosse a Educação Física Escolar, resultando num total de 15 trabalhos, conforme o quadro a seguir:

Quadro 1
Organização dos dados dos estudos selecionados.

3 RESULTADOS, INTERPRETAÇÃO DOS DADOS E DISCUSSÃO

Os resultados nos permitem analisar, a partir do contexto da Educação Física Escolar, diferentes cenários para o ensino do hip-hop e destacar que nem sempre a prática pedagógica (os processos de ensino e aprendizagem da dança e da cultura hip-hop) é o tema central dos estudos. E, muito embora nosso objetivo seja analisar a prática pedagógica do hip-hop na Educação Física Escolar, incluímos as publicações que tratam do hip-hop abordando diferentes temas, como apresentamos no Quadro 2.

Quadro 2
temas centrais dos estudos

Dos 15 trabalhos obtidos, apenas dois tratam de maneira mais central a prática pedagógica. Discorreremos de maneira mais breve sobre os outros temas, nos aprofundando nos dois que correspondem ao nosso objetivo.

Entre os documentos oficiais, T5 e T6 procuraram analisar o currículo oficial da Secretaria do Estado de Educação de São Paulo, enquanto T13 objetivou as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná.

Em T7, tendo como base o Currículo Cultural, o hip-hop é observado na fase inicial de levantamento temático e diagnóstico. O autor reforça a questão de conhecer a cultura dos(as) estudantes, os seus gostos, o patrimônio cultural da comunidade: “esse é o procedimento que os professores adotam para eleger os temas curriculares” (NEIRA, 2013NEIRA, Marcos Garcia. A seleção dos temas de ensino no currículo cultural da Educação Física. Revista Educación Física y Deporte, v. 32, n. 2, p. 1421-1430, 2013. Disponível em: https://repositorio.usp.br/directbitstream/0efd84c6-e989-4c6f-ad44-041f6e94dbda/A%20sele%C3%A7%C3%A3o%20dos%20temas%20de%20. Acesso em: 1 nov. 2022.
https://repositorio.usp.br/directbitstre...
, p. 1429). O trabalho traz relatos de experiência de professores contando suas tematizações na escola, mostrando como foram selecionadas as práticas corporais, em que é possível verificar que um deles caminha no sentido de desmistificar o hip-hop em relação a ser algo marginalizado, e uma tentativa de descontruir a ideia de “maloqueiro”, bandido, atribuído aos seus praticantes.

Sabendo que a Educação Física Escolar é uma das disciplinas obrigatórias que compõem a matriz curricular da Educação Básica, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96 (BRASIL, 1996BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 31 out. 2022.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/lei...
), ao olharmos para os currículos também olhamos para os objetos de ensino da Educação Física.

T3, T4 e T14 centram seus estudos nos Objetos de ensino da Educação Física/práticas corporais procurando responder a perguntas como: o que ensinamos na Educação Física Escolar? Quais conteúdos são trabalhados?

Em T3 as práticas corporais “são formas particulares da prática social, sintetizando determinadas necessidades, motivos e objetivos histórica e coletivamente produzidos” (NASCIMENTO, 2018NASCIMENTO, Carolina Picchetti. Os significados das atividades da cultura corporal e os objetos de ensino da Educação Física. Movimento v. 24, n. 2, p. 677-690, abr./jun., 2018. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.77157
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, p. 678). E essa prática social corrobora a afirmação apresentada em T14 de que “a educação física e as práticas corporais na escola se alimentam com o que se aprende em casa, na rua, nos clubes, com pais, colegas e amigos, nos/pelos meios de comunicação de massa, especialmente a televisão” (PINTO; BASSANI; FERNANDEZ VAZ, 2012, p. 912-913).

As práticas corporais na Educação Física partem de questões epistemológicas (T4), em geral na forma de lutas, ginásticas, esportes, jogos/brincadeiras e danças.

Em todas estas pesquisas supracitadas o hip-hop não aparece como temática central. É citado como um dos conteúdos da aula de dança e/ou como um estilo de dança, como no recorte abaixo.

Para analisarmos os possíveis significados da dança como exemplar da cultura corporal e, assim, discutir uma proposição sobre os objetos de ensino da Educação Física, consideremos a seguinte questão inicial: quais são os critérios pedagógicos para a escolha de um determinado estilo de dança (ex.: danças folclóricas, cantigas de roda, hip hop) e/ou de um determinado aspecto da dança (ex.: coordenação motora, flexibilidade, criatividade, promoção da saúde, gênero, passos e coreografias) como conteúdo para seu ensino na Educação Física? (NASCIMENTO, 2018NASCIMENTO, Carolina Picchetti. Os significados das atividades da cultura corporal e os objetos de ensino da Educação Física. Movimento v. 24, n. 2, p. 677-690, abr./jun., 2018. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.77157
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, p. 682, grifo nosso).

T4 o cita como um conteúdo para problematizar temas que contrapõem os conteúdos tradicionais dos esportes coletivos e T5 o aponta como uma prática corporal que faz parte da cultura juvenil, pois

adolescentes e jovens revelam afinidades com certas manifestações da cultura de movimento (hip hop, capoeira, artes marciais, skate, musculação), dependendo de suas vinculações socioeconômicas e culturais (CEDRAN; MARTINS; LIGEIRO, 2016, p. 398-399, grifo nosso).

O hip-hop aparece como uma manifestação da cultura de movimento que os jovens gostam e com a qual revelam afinidades, como reforçado em T14 quando, ao pesquisarem as práticas corporais realizadas pelos(as) estudantes chegam à conclusão de que “As práticas corporais artísticas mais comuns entre as crianças pesquisadas foram a dança (samba, hip-hop, pagode, street, funk), o teatro e a capoeira” (PINTO; BASSANI; FERNANDEZ VAZ, 2012, p. 915).

Sobre a temática livro didático/produção acadêmica, um recorte histórico sobre a implementação dos livros didáticos na Educação Física é realizado em T8, e encontramos nas palavras de Farias e Impolcetto (2020FARIAS, Alison Nascimento; IMPOLCETTO, Fernanda Moreto. Livro didático e as tecnologias de informação e comunicação: perspectivas para a Educação Física escolar. Revista de Educação PUC-Campinas, v. 25, p. e204572, 2020. DOI: https://doi.org/10.24220/2318-0870v25e2020a4572
https://doi.org/10.24220/2318-0870v25e20...
, p. 2-3) a justificativa para este ser um dos temas presentes no Quadro 3:

Considera-se que o livro didático é um instrumento que tem potencial de auxiliar na prática pedagógica do professor de EFE, desde que seja bem utilizado, como ferramenta de apoio no processo de ensino-aprendizagem, reconhecendo-se que outros materiais didáticos podem ser adotados para aprimorar as aulas e tornar a aprendizagem significativa.

A partir deste conceito os autores passam a focar nas possibilidades que o livro didático apresenta para a inserção de tecnologias no ensino de conteúdos da Educação Física, representado pelo atletismo e pela dança.

Uma proposta de prática pedagógica tematizando a dança é apresentada, com a elaboração de seis aulas para dialogar e vivenciar com os(as) estudantes o que os autores chamam de “classificação da dança”, que engloba o olhar para diferentes tipos de dança. Observamos que o hip-hop é citado como uma destas temáticas, como no recorte abaixo:

Os Alunos 1, 3, 4, 5, 6, 9 e 10 exemplificaram uma dança para a sua respectiva categoria de classificação, p. ex., a quadrilha e o maculelê, pertencentes às danças populares; o tango, relacionado à dança de salão; e o hip hop, à dança de rua, dentre outras (FARIAS; IMPOLCETTO, 2020, p. 8, grifo nosso).

O hip-hop é uma manifestação que nasceu com os negros periféricos nos Estados Unidos, em busca de lutas por igualdade e acesso à educação e lazer, sendo assim, questões étnico-raciais emergem como uma temática em potencial.

Nesta revisão sistemática, apenas o artigo T2 abordou esse assunto. Ao longo da discussão os autores apresentam um debate sobre a inserção da temática étnica, muito em função da lei, no currículo escolar e apresentam como exemplo o basquete.

Por que, ao ensinar basquetebol, o professor não aborda o processo de inserção dos negros na liga profissional dos Estados Unidos, apenas em 1950, e como isso impactou a modalidade até os dias atuais, no modo de jogar, nas características dos clubes? Por que não trazer para a pauta como esta luta no campo esportivo se confunde com a luta pelos direitos civis americanos? Por que não incluir a influência do basquete de rua, do hip hop, do rap, do grafite na cultura construída pelos jovens brasileiros? (CRELIER; SILVA, 2018, p. 1315, grifo nosso)

É apenas nesse momento que o hip-hop é mencionado, visto como um movimento social que faz parte da cultura dos jovens brasileiros e que tem influências dos negros.

Os artigos sobre as questões de gênero apresentam vários problemas sobre a dança na escola, no sentido de desmistificar pré-conceitos estabelecidos na área pedagógica e na sociedade.

Além da dança, culturalmente tida como uma prática corporal feminina, jogos e brincadeiras, quando vivenciados majoritariamente por meninas, conforme os relatos, naturalizam-se como uma prática restritamente feminina e meninos que ousam adentrar nestes espaços serão tidos como dissidentes (SANTOS; BRITO, 2020, p. 7).

T11 trata das dificuldades da implementação da dança na escola, pela ausência de conhecimentos didático-pedagógicos por parte dos(as) professores(as), oriundos, inicialmente, da formação acadêmica, e também reforça o debate sobre a relação de meninos e meninas na dança

Todos estes agravantes, em destaque às atitudes preconceituosas e sexistas, distanciam o ensino da dança na escola fazendo com que tais incompreensões sejam pouco exploradas e, em última análise, permanecendo naturalmente arraigadas na concepção do coletivo educacional e social como conteúdo para meninas e ensinado apenas por professoras, para além de outras inúmeras manifestações de opressão e discriminação relacionadas ao conteúdo. No que tange ao trato da dança, observa-se a concentração de manifestações preconceituosas ligadas às questões de gênero, a título de exemplo, pelas condutas e comportamentos dos meninos ao acumularem valores sociais, históricos e culturais acerca das compreensões de que determinadas posturas e afazeres são ‘coisas de meninas/mulheres’ (CLAUDINO; ZANOTTO, 2020, p. 2).

Percebemos que o autor e a autora estão empenhados em falar sobre boas práticas pedagógicas, para desmistificar a dança num contexto geral, e o hip-hop é mencionado nesse contexto.

Em T12 o debate sobre as questões de gênero se mantém e o hip-hop aparece como uma boa atividade para socialização de meninas e meninos, numa prática coeducativa.

Nos 13 artigos citados até o momento, o hip-hop aparece como um conteúdo presente (ou que poderia estar presente) nas aulas de Educação Física Escolar, porém não é abordado de forma aprofundada, sendo, na maior parte das vezes, apenas citado como possibilidade de trabalho pedagógico.

Apenas dois trabalhos (T1 e T15) aprofundam o tema e atingem o objetivo proposto nessa revisão sistemática, de analisar estudos que abordem o hip-hop como uma prática pedagógica no contexto da Educação Física Escolar.

T1 traz um relato de experiência de aulas de Educação Física com a temática, com estudantes do Ensino Fundamental II, em uma escola pública de Natal/RN. Mostra o grande interesse pela cultura hip-hop e também identifica características dessa cultura presentes na realidade estudada.

É possível observar essa situação pelo gosto pelas músicas de rap, pelas roupas e gírias que utilizam ao se comunicarem e pelos movimentos que realizam ao dançar, pois “jovens de diversas idades e níveis sociais têm se apropriado desta cultura no seu cotidiano com roupas, dança, arte, música e estilo” (OLIVEIRA; BATISTA; MEDEIROS, 2014, p. 168).

Segundo as autoras e o autor, o hip-hop está em evidência na sociedade brasileira, e é possível observar características desse movimento em filmes, reportagens e comerciais. Mas alertam que, na escola, é preciso ir além dos conceitos estabelecidos pela mídia.

Ultimamente este universo está em evidência em nossa sociedade, vemos reportagens de televisão, filmes, novelas e até mesmo empresas têm usado este contexto como tema de seus comerciais para anunciar os seus produtos. No entanto, o movimento do Hip-hop vai além destes conceitos estabelecidos pela mídia internacional (OLIVEIRA; BATISTA; MEDEIROS, 2014, p. 168).

Já a dissertação T15 tem como foco uma análise sobre como as danças urbanas5 5 O autor utiliza a expressão Danças Urbanas para se referir a todas as danças que integram a cultura hip-hop. “Originalmente, o break enquanto elemento do universo da dança no Hip-Hop era considerado um dos quatro elementos, porém, a historiografia do Hip-Hop descreve outros estilos de dança contemporâneos ao Break, e que possuem a mesma matriz étnica, afro-vernacular e nascidas em contextos do Hip-Hop ou em processos de resistência de setores da sociedade como o movimento LGBT” (BEIJA, 2020, p. 71). são tratadas no ambiente escolar, ou seja, sobre como são tematizadas na escola, e como é a prática pedagógica dos(as) professores(as). O trabalho do autor contou com três etapas: 1) pesquisa bibliográfica para ampliação e amadurecimento do referencial teórico; 2) pesquisa de campo em escolas de Ensino Médio na Rede Pública Estadual de Pernambuco para identificar como os(as) professores(as) de Educação Física abordam o conteúdo das danças urbanas nas suas aulas, com aplicação de um questionário e uma entrevista semiestruturada; 3) pesquisa de campo colaborativa.

Uma das justificativas desse foco, por parte de T15, também é a sua populariedade no cotidiano da juventude, porém observa que esse assunto é pouco tematizado nas escolas.

Concordamos com T1 e T15 quando afirmam que o hip-hop é uma manifestação contemporânea da juventude, uma vez que também observamos traços dessa cultura urbana no dia a dia da escola, como, por exemplo, nas músicas que os(as) adolescentes escutam, nas gírias utilizadas, nas roupas e acessórios e nos filmes/vídeos que assistem.

No artigo T1, a prática pedagógica acontece da seguinte maneira:

  1. Planejamento da aula com a pesquisa de referenciais sobre o hip-hop (observando a importância dos(as) estudantes ampliarem o leque de informações sobre essa cultura, para além do que é divulgado pela mídia).

  2. Roda de diálogo a partir de imagens de discos, rappers, grafites trazidos pelo professor e pelos(as) estudantes a fim de desmistificar “o Hip-hop como bem de consumo da indústria cultural, evidenciando como movimento sócio-cultural” (OLIVEIRA; BATISTA; MEDEIROS, 2014, p. 175).

  3. Descoberta dos quatro elementos do hip-hop.

  4. Diálogos e rodas de discussão sobre indústria cultural e bens de consumo.

  5. Escuta de trechos de rap e interpretação da letra, para que os(as) estudantes reconheçam a realidade desta cultura, para além do que se passa na mídia.

  6. Escrita de vários movimentos referentes ao breaking, para os(as) estudantes vivenciarem.

  7. Vivência de brincadeiras dançantes ao som do rap, como, andar pela sala de diversas maneiras e ao encontrar um(a) amigo(a), criar várias formas de se cumprimentar, no ritmo da música.

  8. Vivência no popping6 6 “uma maneira de dançar, na qual o dançarino, também conhecido como popper, vai dando ‘trancos’ no corpo como se estivesse endurecendo todos os nervos e articulações” (ALVES, 2007, p. 30). , com movimentos de robô, deslizes e ondas.

  9. Experimentação de movimentos de locking7 7 “permite uma série de sequências de movimentos coreografados, geralmente dançados em duplas ou grupos maiores. Esta dança é caracterizada pela intensa ação dos braços, mãos e dedos que trabalham em vários planos num gesto de apontar” (ALVES, 2007, p. 30). , com grandes movimentos de braços.

  10. Vivência em movimentos do breaking, em especial o footwork8 8 “trançado de pés, girando o corpo no chão e apoiado nos braços” (ARAUJO, 2020, p. 238). .

  11. Escrita em um mural das percepções sobre a aula, do que mais gostaram.

  12. Troca de experiências com um grupo de hip-hop da comunidade.

Este planejamento didático segue como referência inicial para a organização das aulas o conhecimento a partir da realidade dos(as) estudantes, daquilo que conhecem sobre o assunto, e da sua relação com a temática. E esta prática pedagógica só foi possível graças a uma atividade diagnóstica realizada com a turma.

Tentando alcançar estas sugestões, diagnosticamos e percebemos que a cultura do Hip hop estava bem presente no cotidiano deles, pela expressividade no gosto da música do rap, os gestos nas oportunidades de dançar e se expressar, nas vestimentas e gírias que usavam etc. Neste sentido, ficou evidente a manifestação do Hip-hop como sendo bem expressiva dentre os estilos de músicas que gostavam de ouvir e dançar. Este fato foi o indicativo para desenvolver a linguagem do Hip-hop nas aulas de Educação Física, abordando principalmente o elemento da dança como expressão do movimento (OLIVEIRA; BATISTA; MEDEIROS, 2014, p. 170).

A dissertação T15, apoiada na perspectiva Crítico-Superadora e na Pedagogia Histórico-Crítica, olha para a prática pedagógica de professores(as) através da resposta às entrevistas e também relata uma aula colaborativa entre o pesquisador e um professor de escola pública em Recife/PE, com uma turma do 2º ano do Ensino Médio, no qual realizou as seguintes atividades:

  1. reconhecimento do pulso musical e movimentos com o corpo no ritmo das músicas (bounce).

    Em um primeiro momento, trabalhamos com os estudantes a identificação e internalização do ‘pulso musical’ como forma de entrar no ritmo da música e desencadear os movimentos no nosso corpo, que nas Danças Urbanas, chamamos de bounce. Assim, problematizamos sobre as diferentes maneiras que nosso corpo corresponde a estímulos sonoros (BEIJA, 2020BEIJA, João Victor Cruz. Danças urbanas nas aulas de educação física escolar: entre a cultura juvenil e o cotidiano escolar. 2020. 182f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Programa Associado de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Federal da Paraíba, Recife, 2020., p. 112, grifos do autor).

  2. Reconhecimento da batida da música com diferentes partes do corpo (cabeça, perna, pés, peito, cintura, braços).

  3. Aprendizagem de passos sociais da old school do hip-hop dance e do dancehall9 9 Dança urbana de origem jamaicana e que também constitui um ritmo musical. , em especial o Willie Bounce10 10 Passo de dança criado por father Gerald Levy “Mr.Bogle”, um dos dançarinos responsáveis pelo estilo dancehall e inspirado num rapaz chamado Willie (BEIJA, 2020). .

  4. Criação dos próprios passos, em grupos.

  5. Apresentação dos passos criados pelos grupos para toda a turma.

A previsão inicial deste trabalho colaborativo era a realização de duas aulas/oficinas, com duas horas de duração cada, porém apenas um encontro foi realizado devido à pandemia do coronavírus, o que fez o autor repensar suas estratégias de investigação.

Sendo assim, dos 15 trabalhos os dois que se debruçaram de maneira mais completa e significativa sobre o hip-hop o abordam para além do gênero musical, da obrigatoriedade curricular ou de algo que os(as) jovens gostam, trazendo problematização e a possibilidade da criação coreográfica por parte dos(as) alunos(as).

No estudo de T15 fica evidente que a dança é um dos conteúdos que os(as) professores(as) de Educação Física relatam ter maior dificuldade para trabalhar em aula, juntamente com as lutas. “Os argumentos para justificar esta dificuldade residem principalmente na necessidade de um domínio prévio destes conhecimentos e na falta de materiais” (BEIJA, 2020BEIJA, João Victor Cruz. Danças urbanas nas aulas de educação física escolar: entre a cultura juvenil e o cotidiano escolar. 2020. 182f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Programa Associado de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Federal da Paraíba, Recife, 2020., p. 106).

E o autor continua

Logo, os professores relatam se sentirem incapazes de desenvolver um trabalho com esses conteúdos, onde a pouca experiência que tiveram com este tipo de conteúdo se resumiu a atividades na Formação Inicial e que julgam insuficientes para oferecer os alicerces na construção deste conhecimento nas aulas de Educação Física escolar (BEIJA, 2020BEIJA, João Victor Cruz. Danças urbanas nas aulas de educação física escolar: entre a cultura juvenil e o cotidiano escolar. 2020. 182f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Programa Associado de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Federal da Paraíba, Recife, 2020., p. 106).

Para o autor, a falta de trabalhos pedagógicos com as danças urbanas se deve à falta de formação (seja ela inicial, experiencial ou continuada). Em sua pesquisa apenas uma professora relatou experiências anteriores com a dança enquanto os demais apresentaram distanciamento dessa prática corporal, “com diferentes justificativas, que envolvem desde aspectos como a timidez ou relacionadas a questões de gênero” (BEIJA, 2020BEIJA, João Victor Cruz. Danças urbanas nas aulas de educação física escolar: entre a cultura juvenil e o cotidiano escolar. 2020. 182f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Programa Associado de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Federal da Paraíba, Recife, 2020., p. 125).

A dança na Educação Física é rodeada por esse mito de saber fazer, de ter alguma experiência prévia para poder realizar uma boa prática pedagógica.

No campo da Educação Física, o ‘saber ser/saber fazer’ perpassa pela vivência prática com qualquer conhecimento da Cultura Corporal, onde as experiências de vida são determinantes para as escolhas a serem realizadas na docência, onde os professores se sentem mais à vontade com conteúdos com os quais já possuem alguma experiência (BEIJA, 2020BEIJA, João Victor Cruz. Danças urbanas nas aulas de educação física escolar: entre a cultura juvenil e o cotidiano escolar. 2020. 182f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Programa Associado de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Federal da Paraíba, Recife, 2020., p. 125).

O artigo de Oliveira, Batista e Medeiros (2014)OLIVEIRA, Ingrid Patrícia Barbosa de; BATISTA, Alison Pereira; MEDEIROS, Rosie Marie Nascimento de. Educação física e a linguagem do hip hop: um Diálogo possível na escola. Conexões: revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, v. 12, n. 2, p. 166-189, abr./jun. 2014. DOI: https://doi.org/10.20396/conex.v12i2.2175
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ressalta a importância das aulas de Educação Física em reconhecer as experiências corporais dos(as) alunos(as) e em dialogar com a realidade social dos(as) educandos(as). Os(As) jovens têm grande interesse e se identificam com a cultura hip-hop. Já a dissertação de Beija (2020)BEIJA, João Victor Cruz. Danças urbanas nas aulas de educação física escolar: entre a cultura juvenil e o cotidiano escolar. 2020. 182f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Programa Associado de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Federal da Paraíba, Recife, 2020. - que também reconhece as danças urbanas como manifestação contemporânea da juventude, porém observa que esse assunto pouco se reflete na escola - aponta para um distanciamento destas danças das práticas pedagógicas dos(as) professores(as) de Educação Física e exemplifica algumas possibilidades do hip-hop dance.

É preciso compreender que o hip-hop não é só uma dança, não é só uma música e não é só uma forma de se vestir. “Ele não é um estilo musical ou um estilo de dança. Também não pode ser considerado um estilo de vida ou uma moda, um jeito de se vestir como a mídia insiste em apresentá-lo” (OLIVEIRA; BATISTA; MEDEIROS, 2014, p. 172). É preciso destacar que o hip-hop é um movimento muito maior que tudo isso, é uma cultura, e se encontra num processo de disputa por pertencimento e conteúdo a ser tratado pedagogicamente na Educação Física escolar (BEIJA, 2020BEIJA, João Victor Cruz. Danças urbanas nas aulas de educação física escolar: entre a cultura juvenil e o cotidiano escolar. 2020. 182f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Programa Associado de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Federal da Paraíba, Recife, 2020.).

Portanto, defender a inclusão das Danças Urbanas na Educação Física escolar como saber a ser tratado pedagogicamente implica em defender este conteúdo, sua historicidade e suas particularidades enquanto conteúdos capazes de oferecer subsídios para os estudantes analisarem sua realidade social, complexa e contraditória, porém, passível de transformações (BEIJA, 2020BEIJA, João Victor Cruz. Danças urbanas nas aulas de educação física escolar: entre a cultura juvenil e o cotidiano escolar. 2020. 182f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Programa Associado de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Federal da Paraíba, Recife, 2020., p. 17)

Esse olhar crítico é apresentado nos dois trabalhos (T1 e T15), reconhecendo o hip-hop como um movimento sócio-histórico, contextualizando sua presença como cultura de resistência e analisando seu potencial transformador, que vai além de uma simples reprodução de movimentos de dança.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo mapear a produção acadêmica sobre hip-hop e Educação Física, buscando estudar o hip-hop como prática pedagógica no contexto da Educação Física Escolar.

Entretanto, ao identificarmos apenas 15 trabalhos (14 artigos e uma dissertação de mestrado) que atenderam aos critérios estabelecidos, sendo apenas dois relacionados diretamente com o ensino do hip-hop no contexto da Educação Física Escolar, foi possível concluir que esse é um tema pouco desenvolvido nas publicações da área.

Como prática corporal, os currículos de Educação Física que apresentam o hip-hop o trazem apenas como um estilo de dança, não considerando todos os seus elementos e restringindo seu contexto como cultura de resistência.

Enquanto manifestação cultural, por emergir de um grupo minoritário, marginalizado da sociedade americana, que visava à emancipação do negro periférico, o hip-hop é considerado movimento contra-hegemônico, o que pode justificar a ausência de grandes pesquisas.

Em síntese, apenas um artigo e uma dissertação, de todos os trabalhos investigados, abordam de maneira mais direta o hip-hop e Educação Física em busca de propor ação pedagógica.

O presente estudo evidenciou a carência de trabalhos voltados para a prática pedagógica, bem como a falta de aprofundamento teórico com o hip-hop. Há de se considerar que a falta de estudos publicados não significa ausências de propostas pedagógicas nas escolas, mas é um indicativo importante.

A tematização do hip-hop na escola, para além do gênero musical e da obrigatoriedade curricular, deve olhar para os contextos históricos e abrir espaços para a compreensão dos sentidos que os(as) educandos(as) atribuem a essa cultura urbana. Não deve ser tratado como simples reprodução de um gesto ou passo, correndo o risco de desvirtuar os sentidos dessa prática corporal ou de ser apropriado pela indústria cultural.

Conclui-se também que ainda há a necessidade de novos estudos sobre o hip-hop na escola, procurando suprir a carência de referências que demonstrem os diálogos e problematizações nas aulas de Educação Física.

Diante dos dados obtidos após a revisão sistemática, sobre o número baixo de trabalhos científicos localizados, podemos considerar que o fato de o hip-hop ser uma manifestação cultural que contempla muitas linguagens (dança, música e artes plásticas) amplia as áreas de estudo para além da Educação Física; há dificuldades dos currículos em apontar práticas pedagógicas para o ensino do hip-hop.

Compreendemos a importância da diversidade cultural na escola, com a tematização de manifestações que vão além dos conteúdos hegemônicos dentro da Educação Física e da simples reprodução de gestos técnicos. Defendemos propostas que procurem olhar para sua historicidade, sentidos e significados, a fim de que o processo da indústria cultural, via mercantilização, não as desvirtue pela massificação.

  • 1
    A revisão sistemática foi iniciada em janeiro de 2022.
  • 2
    HIGGINS; GREEN, 2011 apudGOMES; CAMINHA, 2014GOMES, Isabelle Sena; CAMINHA, Iraquitan de Oliveira. Guia para estudos de revisão sistemática: uma opção metodológica para as Ciências do Movimento Humano. Movimento, v. 20, n. 1, p. 395-411, jan./mar. 2014. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.41542
    https://doi.org/10.22456/1982-8918.41542...
    .
  • 3
    Pesquisa realizada neste formato, com as aspas.
  • 4
    No Catálogo de Teses e Dissertações da Capes não há um refinamento de busca que permita utilizar dois descritores. Com isso, foi utilizado o descritor “Hip hop” e selecionado Educação Física como área do conhecimento. Sendo assim, todos os trabalhos aqui citados correspondem a publicações desta área.
  • 5
    O autor utiliza a expressão Danças Urbanas para se referir a todas as danças que integram a cultura hip-hop. “Originalmente, o break enquanto elemento do universo da dança no Hip-Hop era considerado um dos quatro elementos, porém, a historiografia do Hip-Hop descreve outros estilos de dança contemporâneos ao Break, e que possuem a mesma matriz étnica, afro-vernacular e nascidas em contextos do Hip-Hop ou em processos de resistência de setores da sociedade como o movimento LGBT” (BEIJA, 2020BEIJA, João Victor Cruz. Danças urbanas nas aulas de educação física escolar: entre a cultura juvenil e o cotidiano escolar. 2020. 182f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Programa Associado de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Federal da Paraíba, Recife, 2020., p. 71).
  • 6
    “uma maneira de dançar, na qual o dançarino, também conhecido como popper, vai dando ‘trancos’ no corpo como se estivesse endurecendo todos os nervos e articulações” (ALVES, 2007ALVES, Flávio Soares. A dança break: uma análise dos fatores componentes do esforço no duplo movimento de ver e sentir. Motriz, v.13, n.1, p.24-32, jan./mar., 2007., p. 30).
  • 7
    “permite uma série de sequências de movimentos coreografados, geralmente dançados em duplas ou grupos maiores. Esta dança é caracterizada pela intensa ação dos braços, mãos e dedos que trabalham em vários planos num gesto de apontar” (ALVES, 2007ALVES, Flávio Soares. A dança break: uma análise dos fatores componentes do esforço no duplo movimento de ver e sentir. Motriz, v.13, n.1, p.24-32, jan./mar., 2007., p. 30).
  • 8
    “trançado de pés, girando o corpo no chão e apoiado nos braços” (ARAUJO, 2020, p. 238).
  • 9
    Dança urbana de origem jamaicana e que também constitui um ritmo musical.
  • 10
    Passo de dança criado por father Gerald Levy “Mr.Bogle”, um dos dançarinos responsáveis pelo estilo dancehall e inspirado num rapaz chamado Willie (BEIJA, 2020BEIJA, João Victor Cruz. Danças urbanas nas aulas de educação física escolar: entre a cultura juvenil e o cotidiano escolar. 2020. 182f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Programa Associado de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Federal da Paraíba, Recife, 2020.).
  • FINANCIAMENTO
    O presente trabalho foi realizado sem o apoio de fontes financiadoras.

RESPONSABILIDADE EDITORIAL

Alex Branco Fraga*, Elisandro Schultz Wittizorecki*, Mauro Myskiw*, Raquel da Silveira*

*Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança, Porto Alegre, RS, Brasil.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Fev 2023
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    17 Ago 2022
  • Aceito
    25 Out 2022
  • Publicado
    26 Dez 2022
Universidade Federal do Rio Grande do Sul Rua Felizardo, 750 Jardim Botânico, CEP: 90690-200, RS - Porto Alegre, (51) 3308 5814 - Porto Alegre - RS - Brazil
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