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Comportamento da gordura abdominal em mulheres com avanço da idade

Abdominal fat behavior in women with advancing age

Resumos

O objetivo desse estudo foi analisar o comportamento da distribuição de gordura corporal associado ao avanço da idade em mulheres participantes de um programa estruturado de exercício físico. A amostra foi composta por 177 mulheres com idade entre 35 e 75 anos. Sendo divididas em quartis etários: G1= 50,2 ± 5,4 anos (n = 44); G2= 58,0 ± 1,4 anos (n = 44); G3 = 62,9 ± 1,4 anos (n = 44) e G4 = 69,3 ± 2,6 anos (n = 45). Foram mensuradas as seguintes variáveis: massa corporal (MC) e estatura (EST), índice de massa corporal (IMC), circunferência de cintura (CC) e dobra cutânea abdominal (DCabm). Foi utilizado Anova com post hoc de Tuckey para verificar diferenças existentes entre os grupos. Para análise de contingência das mulheres expostas a risco cardiovascular elevado (CC>88 cm), foi utilizado o teste qui-quadrado (p<0,05). Não foram encontradas diferenças significativas para as variáveis: MC, IMC e DCabm. No entanto, foi observado aumento significativo na CC comparando G1 com G4. Para todos os grupos foram encontrados altos valores de exposição a risco cardiovascular. Os resultados sugerem que há uma tendência à mudança no padrão de gordura de mulheres com o avançar da idade, pela centralização do tecido adiposo.

Gordura abdominal; Mulheres; Envelhecimento


The aim of this study was to analyze the distribution of body fat associated with aging in women participating in a structured program of physical exercise. The sample consisted of 177 women aged 35 to 75 years. They were divided into quartiles according to age: G1= 50.2 ± 5.4 years (n = 44); G2= 58.0 ± 1.4 years (n = 44); G3 = 62.9 ± 1.4 years (n = 44) and G4 = 69.3 ± 2.6 years (n = 45). We measured the following variables: body mass (BM), height (HEI), body mass index (BMI), waist circumference (WC) and abdominal skinfold (AbdS). We used ANOVA and Tukey's post hoc test to check for differences between groups. For the contingency analysis of women exposed to high cardiovascular risk (WC>88 cm) it was used the chi-square test (p<0.05). No significant differences were found in BM, IMC and AbdS. However, a significant increase was observed in WC between G1 and G4. For all groups were found higher values of exposure to cardiovascular risk. The results suggested a tendency of change in the pattern of fat deposition in women with advancing age, due to centralization of adipose tissue.

Abdominal fat; Women; Aging


ARTIGOS DE OPINIÃO

Comportamento da gordura abdominal em mulheres com avanço da idade

Abdominal fat behavior in women with advancing age

Wagner Antonio Correia AssunçãoI; Wagner Luiz do PradoII; Luciano Machado Ferreira Tenório de OliveiraIII; Ana Patrícia Siqueira Tavares FalcãoIV; Manoel da Cunha CostaV; Fernando José de Sá Pereira GuimarãesVI

IEspecialista em Educação Física. Universidade de Pernambuco, Recife-PE, Brasil

IIProfessor, Doutor do Departamento de Educação Física da Universidade de Pernambuco, Recife-PE, Brasil

IIIProfessor, Mestre do Departamento de Educação Física da Associação Caruaruense de Ensino Superior, Caruaru-PE, Brasil

IVProfessora, Doutora do Departamento de Educação Física da Universidade de Pernambuco, Recife-PE, Brasil

VProfessor, Doutor do Departamento de Educação Física da Universidade de Pernambuco, Recife-PE, Brasil

VIProfessor, Pós-Doutor do Departamento de Educação Física da Universidade de Pernambuco, Recife-PE, Brasil

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Fernando José de Sá Pereira Guimarães Rua dos Operários, 321/apto 701, Bairro: Torre. CEP: 50710-170, Recife - PE. E-mail: fguima60@hotmail.com

RESUMO

O objetivo desse estudo foi analisar o comportamento da distribuição de gordura corporal associado ao avanço da idade em mulheres participantes de um programa estruturado de exercício físico. A amostra foi composta por 177 mulheres com idade entre 35 e 75 anos. Sendo divididas em quartis etários: G1= 50,2 ± 5,4 anos (n = 44); G2= 58,0 ± 1,4 anos (n = 44); G3 = 62,9 ± 1,4 anos (n = 44) e G4 = 69,3 ± 2,6 anos (n = 45). Foram mensuradas as seguintes variáveis: massa corporal (MC) e estatura (EST), índice de massa corporal (IMC), circunferência de cintura (CC) e dobra cutânea abdominal (DCabm). Foi utilizado Anova com post hoc de Tuckey para verificar diferenças existentes entre os grupos. Para análise de contingência das mulheres expostas a risco cardiovascular elevado (CC>88 cm), foi utilizado o teste qui-quadrado (p<0,05). Não foram encontradas diferenças significativas para as variáveis: MC, IMC e DCabm. No entanto, foi observado aumento significativo na CC comparando G1 com G4. Para todos os grupos foram encontrados altos valores de exposição a risco cardiovascular. Os resultados sugerem que há uma tendência à mudança no padrão de gordura de mulheres com o avançar da idade, pela centralização do tecido adiposo.

Palavras-chave: Gordura abdominal. Mulheres. Envelhecimento.

ABSTRACT

The aim of this study was to analyze the distribution of body fat associated with aging in women participating in a structured program of physical exercise. The sample consisted of 177 women aged 35 to 75 years. They were divided into quartiles according to age: G1= 50.2 ± 5.4 years (n = 44); G2= 58.0 ± 1.4 years (n = 44); G3 = 62.9 ± 1.4 years (n = 44) and G4 = 69.3 ± 2.6 years (n = 45). We measured the following variables: body mass (BM), height (HEI), body mass index (BMI), waist circumference (WC) and abdominal skinfold (AbdS). We used ANOVA and Tukey's post hoc test to check for differences between groups. For the contingency analysis of women exposed to high cardiovascular risk (WC>88 cm) it was used the chi-square test (p<0.05). No significant differences were found in BM, IMC and AbdS. However, a significant increase was observed in WC between G1 and G4. For all groups were found higher values of exposure to cardiovascular risk. The results suggested a tendency of change in the pattern of fat deposition in women with advancing age, due to centralization of adipose tissue.

Keywords: Abdominal fat. Women. Aging.

INTRODUÇÃO

Com o envelhecimento e a diminuição das atividades diárias, as capacidades funcionais individuais diminuem e deixam o indivíduo mais propício a desenvolver doenças crônicas, potencializando assim os efeitos deletérios do avanço da idade, sendo característica a elevação da massa corporal, especialmente massa gorda, com redução da massa magra, além de alterações na estatura, funções cardiovasculares, respiratórias e neuromusculares (KRAUSE et al., 2006; MATSUDO; MATSUDO; BARROS NETO, 2000; RANSKIN et al., 2000; HUGHES et al., 2002; GOMES et al., 2006).

Dentro dessa perspectiva, as alterações na composição corporal associadas ao aumento da idade são bastante discutidas na literatura, principalmente no que tange à diminuição da massa livre de gordura, incremento da adiposidade e perda de massa óssea2. Existe um padrão de comportamento da adiposidade, mais provável, para indivíduos de gênero feminino, que consiste no aumento da massa gorda nas primeiras décadas do envelhecimento, e diminuição da adiposidade nas décadas mais tardias desse processo, estabilizando-se em torno dos 70 anos (KRAUSE et al., 2006; MATSUDO; MATSUDO; BARROS NETO, 2000; HUGHES et al., 2002). O aumento da adiposidade em mulheres parece estar associado inversamente à idade, esse comportamento parece não ocorrer em indivíduos do sexo masculino4. Com relação à distribuição do tecido adiposo, a gordura central, quando comparada à periférica, apresenta maior risco à saúde pela sua maior atividade como órgão endócrino, metabolicamente ativo. Possuindo forte correlação com presença de síndrome metabólica e surgimento de doenças crônico-degenerativas (ROSA et al., 2005; YOU; RYAN; NICKLAS, 2004; HERMSDORFF; MONTEIRO, 2004).

Sendo assim, a adiposidade e a idade são as principais variáveis independentes que influenciam negativamente na condição funcional de mulheres com mais de 40 anos. Em ordem, as variáveis independentes que exercem maior repercussão negativa sobre o desempenho nos testes de capacidade funcional para realizar as atividades da vida diária são: adiposidade central, idade, adiposidade total, adiposidade periférica, índice de massa corporal e peso (RASO et al., 2002). Sendo demonstrada a importância de se estudar o comportamento de tais variáveis para que estudos futuros possam levar em consideração tais mudanças e obter resultados mais fidedignos.

Desta forma, dada a importância da distribuição da gordura corporal, principalmente em mulheres no período de envelhecimento, o objetivo desse estudo foi analisar o comportamento do padrão de distribuição de gordura corporal, do IMC, da massa corporal e da estatura com o avançar da idade em mulheres participantes de um programa estruturado de atividade física.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta é uma pesquisa de delineamento transversal, descritivo e correlacional, em que todas as participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, após receberem informações sobre o protocolo do estudo, que foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Pernambuco (E023/01).

A amostra, selecionada por conveniência, foi composta por 177 mulheres com idade entre 35 e 74 anos, integrantes regulares do programa Exercício e Saúde da Escola Superior de Educação Física da Universidade de Pernambuco (ESEF/UPE). As atividades desenvolvidas no programa consistiam em exercícios resistidos, caminhada e alongamento, no qual as voluntárias participavam de todas as atividades descritas por um período maior que seis meses. Ao ingressarem no programa, as voluntárias foram submetidas a uma avaliação médica e não foram incluídas no estudo, mulheres portadoras de doenças osteoarticulares e usuárias de medicamentos que pudessem alterar o comportamento das variáveis coletadas.

Na tentativa de evitar tendenciosidade e assimetria na composição dos grupos amostrais, optou-se pelo procedimento estatístico de determinação dos quartis como ponto de corte para formação dos grupos etários, a saber: G1= 50,2 ± 5,4 anos (n = 44); G2= 58,0 ± 1,4 anos (n = 44); G3 = 62,9 ± 1,4 anos (n = 44) e G4 = 69,3 ± 2,6 anos (n = 45).

Medidas

Todas as medidas foram realizadas por um único avaliador, durante o período de três semanas e as coletas foram realizadas sempre no mesmo período do dia (manhã) para serem evitadas quaisquer alterações circadianas.

A Massa Corporal (MC) e a Estatura (EST) foram obtidas através de balança Filizola® com escala de precisão de 10 gr e estadiômetro de madeira fixado à parede com escala de precisão de 10 mm. As medidas foram tomadas com os indivíduos em posição ortostática e a cabeça orientada pelo plano de Frankfurt10, possibilitando posterior cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) obtido pela divisão da massa corporal pela estatura ao quadrado (kg/m²). Para medida de perímetro da cintura em nível umbilical (CC), foi utilizada uma fita antropométrica da marca Mabis® com escala de precisão de 0,1 cm; a medida de Dobra Cutânea Abdominal (DCabm) foi realizada com compasso da marca Lange® com escala de precisão de 1 mm; tais medidas foram tomadas em pele nua e com o indivíduo em posição ortostática (PETROSKI, 2009).

Tratamento estatístico

A normalidade da distribuição foi verificada por meio do teste de Kolmogorov-Smirnov e, recorrendo-se igualmente à análise dos índices de assimetria e de curtose, evidenciou-se distribuição normal das variáveis dependentes. Os dados da estatística descritiva estão apresentados em média e desvio-padrão (M + DP).

Para a comparação entre os valores médios de massa corporal, estatura, circunferência de cintura, dobra cutânea abdominal e índice de massa corporal entre os grupos foi realizado o teste Anova one-way com post hoc de Tukey; e para identificar diferenças significativas na contingência entre os indivíduos classificados como risco elevado para CC nos diferentes grupos etários foi realizado o teste qui-quadrado. Foram classificadas com risco cardiovascular elevado as mulheres que apresentaram CC > 88 cm (PITANGA; LESSA, 2006). Todos os dados foram analisados usando o software estatístico SPSS for Windows 10.0, sendo adotado nível de significância de 5%. Para a realização das análises descritivas e inferenciais, utilizou-se o software SPSS (versão 10.0) e para a construção dos gráficos e tabelas foi utilizado o programa Office Excel 2007.

RESULTADOS

Na Tabela 1 são mostrados os resultados das variáveis analisadas das 177 voluntárias avaliadas. Os dados revelam não haver diferenças significativas entre os grupos etários para as variáveis MC, IMC e DCabm, enquanto que G4 apresentou maiores valores de circunferência de cintura quando comparado à G1 (p=0,016); entre os demais grupos não houve diferença.

Na Figura 1 é apresentado o comportamento da distribuição de gordura central, demonstrando haver diminuição da dobra cutânea abdominal e elevação da circunferência da cintura com o avançar da idade.


DCabm – dobra cutânea abdominal (mm); CC – circunferência de cintura (cm); G1 – grupo 1; G2 – grupo 2; G3 – grupo 3; G4 – grupo 4

Em todos os grupos verifica-se que a maioria das voluntárias apresenta valores de CC acima do ponto de corte para a classificação de risco cardiovascular, sendo a maior frequência encontrada nas mulheres do G4, demonstrando efeito idade dependente nesta variável (Figura 2).


G1 – grupo 1; G2 – grupo 2; G3 – grupo 3; G4 – grupo 4; % – percentual de mulheres classificadas com risco cardiovascular elevado.

DISCUSSÃO

Os resultados do presente estudo revelam alterações na composição corporal com o avanço da idade cronológica. De acordo com a Matsudo, Matsudo e Barros Neto (2000) e Hughes (2002), por volta dos 45 anos, as mulheres sofrem um aumento em sua gordura abdominal, sendo esse processo atenuado progressivamente com o aumento da idade, estabilizando-se nas décadas mais tardias da velhice.

Com o avançar da idade não houve diferença estatisticamente significante no índice de massa corporal. O IMC e a medida de circunferências são indicadores antropométricos utilizados abundantemente para diagnóstico da obesidade em adultos, pois, exige pouco da habilidade do avaliador e possui um custo relativamente baixo quando comparado a métodos mais precisos. O IMC, quando utilizado prudentemente, pode ser associado à adiposidade global; enquanto que a circunferência de cintura é apontada na literatura como ótimo indicador de gordura abdominal (GOMES et al., 2006; KAC; VELÁSQUEZ-MELÉNDEZ; COELHO, 2001; SANTOS; SICHIERI, 2005; OLIVEIRA et al., 2006; CABRERA et al., 2005; GUEDES; RECHENCHOSKY, 2008; PACCINI; ARSA; GLANEER, 2008; CAVALCANTI; CARVALHO; BARROS, 2009).

Segundo Sampaio et al. (2007), a medida de perímetro de cintura apresenta boa correlação comparada a métodos padrão-ouro para estimativa da gordura visceral. Há evidências que a circunferência de cintura apresenta forte correlação com o colesterol total e com níveis de triglicérides (KRAUSE et al., 2007). Sasaki et al., (2007) apontam adiposidade abdominal, mensurada pela circunferência de cintura, como forte preditor de níveis elevados de Proteína C-Reativa em mulheres idosas, fortalecendo a medida como um bom indicador de risco coronariano para essa população. Em estudo recente, Hunter et al., (2010) verificaram que o tecido adiposo intra-abdominal possui relação positiva e independente com aumento da concentração de lipídeos sanguíneos e a diminuição da sensibilidade à insulina em mulheres euro e afroamericanas.

Alguns estudos apontam para maior prevalência de obesidade entre as mulheres (BUZZACHERA et al., 2008; MARQUES; ARRUDA; LEAL, 2007; CABRERA; JACOB FILHO, 2001), tomando como referência o IMC > 25kg/m2 e IMC > 30kg/m2, o que aponta para uma necessidade de se refletir sobre os pontos de corte, visto que se fosse tomado o valor de 30 kg/m2 nenhum dos grupos estaria classificado como obesidade de acordo com seus valores médios (Tabela 1), mesmo tendo sido observado o aumento gradativo da gordura abdominal pela circunferência de cintura, além de alta prevalência de indivíduos acima do ponto de corte de 88 cm (Tabela 2).

Ainda com relação ao IMC, em pessoas idosas, decorre da possibilidade deste índice não refletir adequadamente a adiposidade nesta população. A centralização da gordura corporal parece melhor predizer as complicações em idosos (SANTOS; SICHIERI, 2005). As mudanças relacionadas com o acúmulo de gordura visceral ou subcutânea associadas ao processo de envelhecimento podem ser afetadas tanto pela quantidade inicial de tecido adiposo como pelo aumento de massa corporal. Essas transformações ocorrem de forma diferente entre homens e mulheres, e características genéticas são fatores predisponentes para a centralização (POUNDER et al., 1998).

Zamboni et al. (1997), ao analisarem a distribuição de gordura em mulheres de diferentes grupos etários por meio de tomografia computadorizada, mostraram que o envelhecimento leva à redistribuição e à centralização da gordura abdominal. Santos e Sichieri (2005), em um estudo que avaliou o estado nutricional dos idosos e comparou o IMC com vários indicadores de adiposidade, encontraram que os idosos apresentaram progressiva redução da área muscular do braço com a idade e aumento da centralização da gordura, principalmente em mulheres, concluindo que a prevalência de sobrepeso em idosos foi alta tanto em homens quanto em mulheres e o IMC guarda relação similar com a adiposidade.

Na Figura 1 foi observado o comportamento da adiposidade corporal nos quatro grupos etários. Analisando as variáveis Dobra Cutânea Abdominal (DCabm) e de Circunferência de Cintura (CC), foi constatada diferença significativa entre o grupo G1 e G4 na variável CC, no entanto, a DCabm não apresentou diferença estatisticamente significante, porém, notou-se redução em seus valores do grupo etário de menor para o de maior idade, quando, a CC apresentou valores mais elevados no grupo de idade avançada (G4). Seria possível afirmar que as mulheres perdem gordura com o avanço da idade, caso fosse levado em conta apenas a medida de prega cutânea. No entanto, o aumento significativo da circunferência de cintura põe abaixo essa afirmação, sugerindo que há uma tendência de mudança na concentração da adiposidade. Neste sentido, Gonçalves (2013), em pesquisa transversal, observou aumento da massa corporal média nas mulheres até a idade de 60 anos, após essas faixas etárias há uma redução da mesma, mesmo sendo observado um aumento constante no percentual de gordura (%G) com o envelhecimento.

Essa variação entre os distintos grupos, em relação às circunferências encontradas, pode ser explicada pelo acúmulo de gordura como processo de reposição dos espaços intersticiais (VILLAREAL et al., 2012). Além do que, isso pode se dar porque com o envelhecimento há aumento e redistribuição do tecido adiposo, ocorrendo diminuição do tecido gorduroso dos braços e pernas e aumento no tronco (PERISSINOTTO et al., 2002; VISSER et al., 2002).

Em idades mais avançadas, tendo em vista as diversas alterações sofridas em indivíduos do sexo feminino (KRAUSE et al., 2006; MATSUDO; MATSUDO; BARROS NETO, 2000; RANSKIN et al., 2000; HUGHES et al., 2002; GOMES et al., 2006; SATO; DEMURA, 2009), a gordura deixaria de se concentrar perifericamente e se concentraria com uma predominância visceral. Possivelmente para as idades mais avançadas, a técnica de mensuração da circunferência seja mais sensível para predição de obesidade nessa população. Este comportamento, possivelmente, deve estar associado à perda gradativa de colágeno acentuada pelo processo de envelhecimento nesses indivíduos (RAINE-FENNING; BRINCAT; MUSCAT-BARON, 2003). No estudo de Sato e Demura (2009), ao analisar as características da gordura subcutânea em japoneses de ambos os sexos, observou que as mulheres possuíam maior quantidade de tecido adiposo subcutâneo, quando comparadas aos homens, tal concentração foi maior nos membros inferiores, porém, quando menopausadas, foi encontrada maior concentração de gordura na região central do corpo.

Na Figura 2, ao comparar a diferença entre as mulheres que apresentaram valor de circunferência de cintura > 88 cm, não foi constada diferença estatisticamente significativa entre os grupos, porém pode-se observar que houve alta prevalência de indivíduos expostos a fatores de risco classificados pelo perímetro de cintura (CABRERA; JACOB FILHO, 2001). Sendo evidenciado que ocorreu aumento na prevalência de exposição a fatores de risco dessas mulheres com o avanço da idade, exceto o G3.

Corroborando com os achados neste estudo, Krause et al. (2006), ao analisar variáveis antropométricas em mulheres idosas em diferentes grupos etários, apontam que estas variáveis declinaram do grupo mais jovem para o de idade mais avançada, supondo que a perda de massa gorda poderia estar relacionada à diminuição das médias das circunferências corporais. Entretanto, as limitações do método antropométrico não permitem perceber a origem desses decréscimos e os indivíduos mais magros podem ter maior sobrevida, pois, o excessivo acúmulo de massa gorda acarreta maior risco de contrair doenças crônicas que têm como consequência maior risco de uma mortalidade precoce (MATSUDO; MATSUDO; BARROS NETO, 2000; HUGHES et al., 2002).

Sowers et al. (2007), observando a influência da idade cronológica e do envelhecimento ovariano sobre variáveis antropométricas e composição corporal em mulheres, notaram que durante seis anos de observação a circunferência abdominal aumentou durante todo o processo. Deibert et al. (2007), ao submeter mulheres pré e pós-menopausadas a uma intervenção de perda de peso, notaram que o grupo de menopausadas, grupo com idade mais avançada, apresentou maiores valores de IMC, massa gorda, circunferência da cintura, pressão arterial sistólica, triglicérides, glicemia, leptina e de cortisol.

Não obstante, devem ser consideradas algumas limitações como a utilização de uma amostra por conveniência, visto que participaram do estudo todas as mulheres integrantes de um programa de exercício supervisionado e a não inclusão de homens. Além disso, é importante ressaltar que estudos envolvendo uma amostra probabilística deverão ser realizados para que os resultados possam ser extrapolados para a população.

CONCLUSÃO

Os resultados do presente estudo sugerem que com o avanço da idade as mulheres sofrem alterações no seu padrão de gordura corporal e na estatura, em que a massa gorda deixa de se concentrar perifericamente (tecido subcutâneo), passando a concentrar-se com uma predominância central (visceral). Constatou-se que, com o avançar da idade, a circunferência de cintura apresenta valores mais elevados. Sugere-se, então, que seja feita a detecção precoce da mudança de comportamento da adiposidade, vistos os riscos associados ao excesso de gordura visceral, em que o controle da distribuição da gordura priorize o gerenciamento da deposição local da mesma.

Recebido em 17/09/2011

Revisado em 11/09/2012

Aceito em 12/10/2012

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  • Endereço para correspondência:
    Fernando José de Sá Pereira Guimarães
    Rua dos Operários, 321/apto 701, Bairro: Torre.
    CEP: 50710-170, Recife - PE.
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      04 Nov 2013
    • Data do Fascículo
      Jun 2013

    Histórico

    • Recebido
      17 Set 2011
    • Aceito
      12 Out 2012
    • Revisado
      11 Set 2012
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