Despedida do editor

Despedida do editor

Momento difícil, este. Momento de fazer um balanço do que foi feito, do que não foi, de arrumar as gavetas, as caixas de correio. Após 17 anos, estou deixando o papel de Editor-Chefe da revista Organizações & Sociedade (O&S).

Antes de mais nada, quero registrar o trabalho dos editores que me precederam, Prof. Maurício Serva, primeiro editor da revista, e Genauto França Filho, que lhe sucedeu. Comecei como editor no número 7 e deixo a revista no número 64. Provavelmente, seja o editor mais longevo da área e, talvez, de várias áreas do conhecimento no Brasil. Como se diz quando se fala de periódicos, o duro não é fazer o primeiro número mas o segundo, mostrando que a revista não morreu, mas prosseguiu seu caminho. Com 64 exemplares, a O&S mostra que tem vida longa, e vida longa terá, é o que esperamos.

Tenho muito a agradecer. Aprendi muito nesses longos anos. Conseguimos fazer da O&S um veículo respeitado em toda a comunidade de Administração e áreas afins, com credibilidade no País e mesmo no exterior. A revista galgou vários degraus, se posicionando, hoje, como A2 no Qualis CAPES. Esta posição é fruto do trabalho de um sem número de pessoas que contribuíram para que a revista chegasse no lugar em que se encontra hoje.

Antes de mais nada, quero agradecer à Escola de Administração (EA) e ao NPGA – Núcleo de Pós-graduação em Administração da EA da UFBA, que sempre acreditaram no projeto da revista e na sua possibilidade de êxito. Agradeço, também, ao Conselho Editorial que sempre apoiou este editor. Agradecimentos também se fazem necessários ao Comitê de Avaliadores, aos pareceristas que dedicaram horas de suas atividades à nobre tarefa de avaliar os artigos submetidos, ainda que em alguns momentos tivéssemos que adotar uma posição mais dura na cobrança dos pareceres. O agradecimento maior vai para os autores que enviaram seus artigos e confiaram na revista, na sua qualidade e credibilidade junto à comunidade. Sem os artigos, a revista não existiria, é um truísmo que precisa ser dito.

Falando da equipe interna, esta sempre foi e é extremamente enxuta. Agradeço profundamente à Editora Executiva, Maria Cândida Bahia, verdadeiro sustentáculo da existência deste periódico. Sem Cândida, meu braço direito e esquerdo, não teríamos conseguido chegar ao ponto que estamos pela sua dedicação e compromisso com a revista e com a divulgação da produção acadêmica. Agradeço a todas assistentes de secretaria que também deram seu esforço para a concretização do trabalho. Agradeço ao Prof. Paulo Penteado Filho, responsável pela edição digital e pelo encaminhamento da mesma a SciELO, por sempre estar a postos para resolver os problemas que surgiam.

Descrevendo, brevemente, algumas conquistas, gostaria de situar, não só o conceito A2 já mencionado acima, como a creditação junto à SciELO, também mencionada. Nos últimos quatro anos, com o crescente "assédio" que a revista sofreu, implantamos o desk review, por nós chamado de Parecer Prévio, no sentido de depurar os artigos que seguem para avaliação dos pareceristas. Nesta tarefa, quando não me sentia competente para a decisão, recorri a colegas do Conselho Editorial e outros colaboradores que me ajudaram de maneira criteriosa, dedicada e compromissada na tarefa de emitir pareceres. Não posso mencionar nomes, pois certamente cometeria injustiças de esquecimento. Mas quem ler tais linhas saberá de quem estou falando. Foram aqueles que, por diversas vezes, me socorreram em tempo hábil. Oportuno ressaltar que o Parecer Prévio, quando negativo, não se limita a uma resposta monossilábica, mas está eivado de contribuições para um futuro desenvolvimento do artigo, caso seja de interesse do autor.

Na tarefa de editor e com o crescimento de submissões, nos últimos anos, passaram pelos meus olhos milhares de artigos. Apenas para dar uma dimensão, recebemos cerca de 200 artigos por ano e o índice de rejeição no "desk review" se situa perto de 70%, colaborando com o objetivo de cada vez publicar material relevante à área. Com isso, além de assegurar a qualidade do que é veiculado, conseguimos otimizar o tempo dos nossos referees, sem dúvida o recurso mais escasso do processo editorial.

Ainda como realização, destaco como pontos altos da revista, nesses anos, as edições especiais, contendo temas específicos como Guerreiro Ramos, Futebol e Organizações. Uma decisão editorial estabeleceu que suspenderíamos os números especiais, ou seja, edições contendo apenas artigos sobre o mesmo tema, a fim de priorizar a publicação de artigos já aprovados que aguardam publicação. Cabe destacar que, nesta linha, nesta minha edição "saideira", além dos artigos convencionais, teremos um dossiê, um Tema Central, sobre Carnaval e Organizações.

Assim, agradeço a todos os editores de Tema Central que contribuíram para fixar a imagem da O&S como veículo que visa a ressaltar a produção de áreas do conhecimento emergentes e de importância no conjunto da área de Administração.

Também gostaria de destacar a seção Idéias em Debate onde foram apresentados temas de interesse da comunidade gerando um intenso e quente debate. Agradeço a todos os proponentes e seus debatedores que serviram para muito enriquecer a revista.

Também não posso deixar de mencionar as capas que tanto nos orgulham e só tenho a dizer palavras de agradecimento a todos os artistas que disponibilizaram os seus trabalhos.

Talvez uma pergunta tenha que ser feita? Qual é "a cara" da O&S, como a revista adquiriu esta "cara". Acho que não tenho a resposta pronta para esta questão, teria que me debruçar sobre todo o material produzido (boa pedida para um ex-editor) e ver em que momento a revista vai adquirindo uma nova conformação. Em conversas recorrentes com amigos próximos, entendemos a revista como heterodoxa, sem ser contra o mainstream, abrigando produções tanto dessa área, mas abrindo para produções não convencionais. Em contato com colegas nos nossos EnANPADs, sempre recebo confirmações do papel da revista enquanto veículo não convencional. Aproveito, para agradecer a todo espaço que sempre tivemos no âmbito da ANPAD, em seus vários eventos, e nos frutíferos encontros de editores onde pudemos cultivar amigos e experiências.

Ainda gostaria de lembrar que, na trajetória da O&S, esta foi a primeira revista de uma universidade pública federal e com base no Nordeste lançada na área de Administração. Para quem conhece as dificuldades encontradas por um veículo com este "pedigree", sabe que as dificuldades não são poucas para manter um periódico vivo e com sucesso. Vale a pena registrar as milhares de consultas à O&S digital, tanto do exterior (USA, Portugal, Angola e outros) como de várias localidades do Brasil, quer capitais quer cidades do interior.

É bom registrar que, durante esse percurso, fiz muitos amigos e espero não ter criado inimigos – até então, ao menos, eles não se manifestaram. O nosso empenho sempre foi o de acertar, ser justo, imparcial e razoável, comprometido com a produção acadêmica de qualidade e sem compromissos com a endogenia, a julgar pelo número de artigos publicados por autores da UFBA, ao redor de 13%.

Por último, desejo comunicar que a fumaça branca (estou escrevendo estas linhas no momento que o novo Papa acabou de ser escolhido!) já se esvai, também, pela chaminé da Escola de Administração. É de consenso para a nova editoria o nome da Profª Monica Mac-Allister que, certamente, terá todo o apoio da nossa comunidade de pós-graduação em Administração, bem como da Escola de Administração e do NPGA, para a continuidade e melhoria da nossa revista Organizações & Sociedade. Entendemos que a nova editora reúne todas as condições para levar a contento este trabalho por sua ativa inserção na área de Organizações e pelo seu trânsito nos eventos da ANPAD.

A todos, meus agradecimentos.

Prof. José Antonio Gomes de Pinho

Editor Chefe O&S

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  05 Abr 2013
• Data do Fascículo
  Mar 2013