Acessibilidade / Reportar erro

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E DISTRIBUIÇÃO DE EPÍFITAS VASCULARES EM UM REMANESCENTE ALTERADO DE FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL NO PARANÁ, BRASIL

Floristic composition and distribution of vascular epiphytes in an altered fragment of Seasonal Semideciduous Forest in Paraná State, Brazil

RESUMO

Estudos em várias regiões do globo têm demonstrado que a abundância, riqueza e estrutura das comunidades de epífitas vasculares, importantes elementos das florestas tropicais, mostram relevantes modificações de acordo com o grau de interferência sobre a estrutura das florestas. Este estudo teve como objetivo o levantamento e análise da distribuição da flora epifítica vascular do Parque do Ingá (Maringá, PR), verificando a existência de mudanças nesta sinúsia em zonas alteradas ao longo do fragmento estudado. Foram registradas 29 espécies de epífitas vasculares, representadas pelas famílias Bromeliaceae (7), Cactaceae (6), Polypodiaceae (4), Viscaceae (4), Orchidaceae (3), Araceae (2), Piperaceae (2) e Commelinaceae (1). A maioria das espécies são epífitas verdadeiras e as síndromes de dispersão predominantes são a endozoocoria e anemocoria. Em estudo quantitativo, foram amostradas 22 espécies, sendo as famílias mais importantes, quanto ao valor de importância epifítico, Polypodiaceae, Cactaceae e Bromeliaceae, ocupando preferencialmente o fuste alto e a copa. O índice de diversidade de Shannon para o Parque do Ingá foi de 1,106. Nas áreas de zoneamento do Parque há uma distribuição diferenciada das espécies epifíticas, de acordo com a umidade e oferta de luminosidade e nas áreas com maior impacto antrópico a riqueza de espécies foi menor, confirmando estudos anteriores em outras regiões de florestas tropicais.

Palavras-chave:
flora; floresta tropical; síndrome de dispersão; fitossociologia

ABSTRACT

Studies in several areas of the world have been demonstrating that important elements of tropical forests like vascular epiphytes show relevant modifications according to the degree of interference on the structure of the forests. This study aims to rise and analyze the distribution of the vascular epiphytes of the Parque do Ingá (Maringá, PR) as well as to verify the existence of changes in this plant group in altered areas along the fragment. In qualitative study, 29 species of vascular epiphytes were registered, belonging to the families Bromeliaceae (7), Cactaceae (6), Polypodiaceae (4), Viscaceae (4), Orchidaceae (3), Araceae (2), Piperaceae (2) and Commelinaceae (1). Most of the species is holoepiphytes and the anemochory and endozoochory are predominant dispersion syndromes. In quantitative study, 22 species were showed. Considering the value of epiphytic importance, the most important families are Polypodiaceae, Cactaceae and Bromeliaceae. They occupy preferentially loud trunk and the top trees. The Shannon diversity index for the Parque do Ingá was of 1,106. In the zoning areas of the park there is a differentiated distribution of the epiphytic species, according to humidity and offer of light and in the areas with larger antropic impact the richness of species was low, confirming previous studies in other areas of tropical forests.

Key words:
flora; tropical forest; dispersion syndromes; phytosociology

Texto completo disponível apenas em PDF.

AGRADECIMENTOS

As autoras agradecem o auxílio prestado, durante as coletas, por Ângela Maria Marques Sanches, do programa de pós-graduação em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais/Nupélia-UEM e Francisco Calixto, funcionário do Parque Ecológico/UEM; e à bióloga Érica Duarte pela revisão do abstract.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • Aguiar, L. W.; Citadini-Zanette, V.; Martau, L. & Backes, A. 1981. Composição florística de epífitos vasculares numa área localizada nos municípios de Montenegro e Triunfo, Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia Serie Botânica 28: 55-93.
  • Anjos, I. B.; Martins, M. L. O. F. & Nery, J. T. 2001. Estudo da precipitação pluviométrica e balanço hídrico em Maringá. Boletim de Geografia 19(1): 115-128.
  • APG II. 2003. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnean Society 141: 399-436.
  • Barthlott, W.; Schmit-Neuerburg, V.; Nieder, J. & Engwald, S. 2001. Diversity and abundance of vascular epiphytes: a comparison of secondary vegetation and primary montane rain forest in the Venezuelan Andes. Plant Ecology 152: 145-156.
  • Benzing, D. H. 1990. Vascular epiphytes - General biology and related biota. Cambridge University Press, Cambridge, 354p.
  • Bigarella, J. J. & Mazuchowski, J. Z. 1985. Visão integrada da problemática da erosão. In: Livro guia: III Simpósio Nacional de Controle da Erosão, Maringá - PR. ABGE - Associação Brasileira de Geologia e Engenharia, ADEAM - Associação de Defesa e Educação Ambiental, Curitiba, 332p.
  • Borgo, M. & Silva, S. M. 2003. Epífitos vasculares em fragmentos de Floresta Ombrófila Mista, Curitiba, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 26(3): 391-401.
  • ______; Silva, S. M. & Petean, M. P. 2002. Epífitos vasculares em um remanescente de Floresta Estacional Semidecidual, município de Fênix, PR, Brasil. Acta Biologica Leopoldensia 24(2): 121-130.
  • Breier, T. B. 1999. Florística e ecologia de epífitos vasculares em uma floresta costeira do Sul do Brasil. Porto Alegre. Dissertação Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 83p.
  • ______. 2005. O epifitismo vascular em florestas do Sudeste do Brasil. Campinas. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, 139p.
  • Cervi, A. C.; Acra, L. A.; Rodrigues, L.; Train, S.; Ivanchechen, S. L. & Moreira, A. L. O. R. 1988. Contribuição ao conhecimento das epífitas (exclusive Bromeliaceae) de uma floresta de Araucária do Primeiro Planalto Paranaense. Ínsula 18: 75-82.
  • ______ & Borgo, M. 2007. Epífitos vasculares no Parque Nacional do Iguaçu, Paraná (Brasil). Levantamento preliminar. Fontqueria 55(51): 415-422.
  • Der, J. P. & Nickrent, D. L. 2008. A molecular phylogeny of Santalaceae (Santalales). Systematic Botany 33: 107-116.
  • Dislich, R. & Mantovani, W. 1998. A flora de epífitas vasculares da Reserva da Cidade Universitária 'Armando de Salles Oliveira' São Paulo, Brasil. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 17: 61-83.
  • Dittrich, V. A. O.; Kozera, C. & Menezes-Silva, S. 1999. Levantamento florístico dos epífitos vasculares do Parque Barigüí, Curitiba, Paraná, Brasil. Iheringia Serie Botânica 52: 11-22.
  • Gentry, A. H. & Dodson, C. H. 1987a. Contribution of nontrees to species richness of a tropical rainforest. Biotropica 19(2): 149-156.
  • _____ & Dodson, C. H. 1987b. Diversity and biogeography of neotropical vascular epiphytes. Annals of Missouri Botanical Garden 74:205-233.
  • Giongo, C. & Waechter, J. L. 2004. Composição florística e estrutura comunitária de epífitos vasculares em uma floresta de galeria Depressão Central do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Botânica 27(3): 563-572.
  • Gonçalves, C. N. & Waechter, J. L. 2003. Aspectos florísticos e ecológicos de epífitos vasculares sobre figueiras isoladas no norte da planície costeira do Rio Grande do Sul. Acta Botanica Brasilica 17(1): 89-100.
  • Hammer, Ö.; Harper, D. A. T.; & Ryan, P. D. 2001. PAST: Paleontological statistics software package for education and data analysis. Paleontologia Electronica 4(1): 9.
  • Hietz, P. 1997. Diversity and conservation of epiphytes in a changing environment. International Conference on Biodiversity and Bioresources: conservation and utilization. Pp. 23-27. Disponível em: http:/ /www.iupac.org/symposia/proceedings/ phuket97/hietz.html
    » http:/ /www.iupac.org/symposia/proceedings/ phuket97/hietz.html
  • Hietz-Seifert, U.; Hietz, P. & Guevara, S. 1996. Epiphyte vegetation and diversity on remmant trees after forest clearance in southern Veracruz. Biological Conservation 75: 103-111.
  • Kersten, R. A. & Silva, S. M. 2001. Composição florística e estrutura do componente epifítico vascular em floresta da planície litorânea na Ilha do Mel, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 24(2): 213-226.
  • ______. 2002. Florística e estrutura do componente epifítico vascular em floresta ombrófila mista aluvial do rio Barigüi, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 25(3): 259-267.
  • Lugo, A. E. & Scatena, F. N. 1992. Epiphytes and climate change research in the Caribbean: a proposal. Selbyana 13: 123-130.
  • Madison, M. 1977. Vascular epiphytes: their systematic occurrence and salient features. Selbyana 5(2): 207-213.
  • Margalef, R. 1958. Information theory in Ecology. Genetic Systematic 3: 36-71.
  • Nadkarni, N. M. 1985. Epiphyte biomass and nutrient capital of a neotropical elfin forest. Biotropica 16(4): 249-256.
  • ______. 1988. Tropical rainforest ecology from a canopy perspective. In: Almeida, F. & Pringle, C. M. (eds.). Tropical rainforests: diversity and conservation. San Francisco, California Academy of Science and Pacific Division. American Association for the Advancement of Science, 306p.
  • ______. 1992. The conservation of epiphytes and their habitat: summary of a discussion at the international symposium on the biology and conservation of epiphytes. Selbyana 13: 140-142.
  • Nkongmeneck, B. A.; Lowman, M. D. & Atwood, J. T. 2002. Epiphyte diversity in primary and fragmented forests of Cameroon, Central Africa: a preliminary survey. Selbyana 23(1): 121-130.
  • Odum, E. P. 1988. Ecologia. Ed. Guanabara, Rio de Janeiro, 434p.
  • Partomihardjo, T. 2003. Colonisation of orchids on the Krakatau Islands. Telopea 10(1): 299-310.
  • Pinto, A. C. R.; Demattê, M. E. S. P. & Pavani, M. C. M. D. 1995. Composição florística de epífitas (Magnoliophyta) em fragmento de floresta no município de Jaboticabal, SP, Brasil. Científica 23(2): 283-289.
  • Prefeitura Municipal de Maringá. 1994. Plano de Manejo: Parque do Ingá. Prefeitura Municipal de Maringá, Maringá, 74p.
  • Richter, M. 1991. Methoden der Klimaindikation durch pflanzenmorphologische Merkmale in den Kordilleren der Neotropis. Die Erde 122: 267-289.
  • Rogalski, J. M. & Zanin, E. M. 2003. Composição florística de epífitos vasculares no estreito de Augusto César, Floresta Estacional Decidual do Rio Uruguai, RS, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 26(4): 551-556.
  • Tomazini, V. 2003. Epífitas vasculares em vegetação ripária da planície alagável do alto Rio Paraná, Brasil. Dissertação Mestrado. Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 85p.
  • Tryon, R. M. 1970. Development and evolution of Fern Floras of Oceanic Islands. Biotropica 2(2): 76-84.
  • ______ & Tryon, A. 1982. Ferns and Allied Plants. Springer, New York, 857p.
  • Turner, I. M.; Tan, H. T. W.; Wee, Y. C.; Ibrahin, A. B.; Chew, P. T. & Corlett, R. Dettke, G. A., Orfrini, A. C. & Milaneze-GutierreM. A. T. 1994. A study of plant species extinction in Singapore: lessons for the conservation of tropical biodiversity. Conservation Biology 8(3): 705-712.
  • Waechter, J. L. 1986. Epífitos vasculares da mata paludosa do Faxinal, Torres, Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia Serie Botânica 34: 39-49.
  • ______. 1992. O epifitismo vascular na planície costeira do Rio Grande do Sul. São Paulo. Tese de Doutorado. Universidade Federal de São Carlos, 162p.
  • ______. 1998. Epifitismo vascular em uma floresta de restinga do Brasil subtropical. Revista Ciência e Natura 20: 43-66.
  • Zotz, G. 1995. How fast does an epiphyte grow? Selbyana 16: 150-154.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2008

Histórico

  • Recebido
    Out 2007
  • Aceito
    Nov 2008
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br