Acessibilidade / Reportar erro

Composição florística e chave de identificação das macrófitas aquáticas ocorrentes em reservatórios do estado de Pernambuco

Floristic composition and identification keys for aquatic macrophytes from in reservoirs in Pernambuco state

Resumo

Os estudos florísticos e taxonômicos de macrófitas aquáticas contribuem para a quantificação da flora, vislumbrando a riqueza e diversidade presente nos ecossistemas aquáticos. O presente estudo objetiva caracterizar a composição florística, fornecer chaves de identificação e detectar as formas biológicas das macrófitas aquáticas presentes em três reservatórios de abastecimento público, localizados em diferentes regiões fitogeográficas do estado de Pernambuco (Zona da Mata/Litoral, Agreste e Sertão). As coletas foram realizadas no período de abril de 2007 a fevereiro de 2010. Foram coletados indivíduos férteis ou não, encontrados na margem e interior dos reservatórios. Foram amostradas 59 espécies e 23 famílias, entre as quais foram mais representativas: Fabaceae (10 espécies), Asteraceae (9), Poaceae (8) e Cyperaceae (6). Dentre formas biológicas, as mais comuns foram as anfíbias com 36 espécies (61,01%) e as emergentes, com 14 espécies (23,73%). Comparativamente a outros estudos florísticos foi observado que as famílias mais representativas encontradas nesse estudo também são comuns a outros ecossistemas aquáticos. A elevada representatividade das anfíbias e emergentes deve-se, principalmente, a resistência dessas espécies a variação do volume de água nos reservatórios. Por se localizarem em diferentes zonas fitogeográficas, a flora dos reservatórios mostra-se bem distinta, com apenas uma espécie em comum.

Palavras-chave:
ecossistemas aquáticos; Nordeste do Brasil; plantas aquáticas; taxonomia

Abstracts

Floristic and taxonomic studies of aquatic macrophytes contribute to quantification of the flora showing its richness and diversity in these ecosystems. This study aims to characterize floristic composition, provide identification keys and detect life forms of aquatic macrophytes in three public water-supply reservoirs, located in different phytogeographic regions of Pernambuco (Zona da Mata/Litoral, Agreste and Sertão). The plants were collected from April 2007 to February 2010. Fertile or sterile specimens were collected on the shore and inside the reservoirs. 59 species were sampled belonging to 23 families. The most representative families were: Fabaceae (10 species), Asteraceae (9), Poaceae (8) and Cyperaceae (6). The most common life forms were amphibious with 36 species (61.01%) and emergent with 14 species (23.73%). Compared to other floristic studies, the most representative families in this study were also common in other aquatic ecosystems and the high number of amphibious and emergent plants was due mainly to the resistance of these species to variation in water level in the reservoirs. Since they are located in different phytogeographic zones, the flora of the reservoirs proved to be quite distinct, with only one species in common.

Key words:
aquatic ecosystems Northeast; Brazil; aquatic plants; taxonomy

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Referências

  • Adebayo, A.A.; Briski, E.; Kalaci, O.; Hernandez, M.; Ghabooli, S.; Beric, B.; Chan, F. T.; Zhan, A.; Fifield, E.; Leadley, T. & MacIsaac, H.J. 2011. Water hyacinth (Eichhornia crassipes) and water lettuce (Pistia stratiotes) in the Great Lakes: playing with fire? Aquatic Invasions 6: 91-96.
  • AEP - Anuário Estatístico de Pernambuco.1988. Vol. 37. CONDEPE, Recife. 324p.
  • Amaral, M.C.E.; Bittrich, V.; Faria, A.D.; Anderson, L.D.; Aona, L.Y.S. 2008. Guia de campo para plantas aquáticas e palustres do estado de São Paulo. Editora Holos, Ribeirão Preto. 452p.
  • APG III. 2009. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society 161: 105-121.
  • Balian, E.V.; Segers, H.; Lévèque, C.; Martens, K. 2008. The freshwater animal diversity assessment: an overview of the results. Hydrobiologia 595: 627-637.
  • Biudes, J.F.V. & Camargo, A.F.M. 2008. Estudos dos fatores limitantes à produção primária de macrófitas aquáticas no Brasil. Oecologia Brasiliensia 12: 7-19.
  • Bove, C.P.; Gil, A.S.B.; Moreira,C.B. & Barros, A.R.F. 2003. Hidrófitas fanerogâmicas de ecossistemas aquáticos temporários da planície costeira do estado do Rio de Janeiro, Brasil. Acta Botanica Brasilica 17: 119-135.
  • Dibble, E.D. 2005. O papel ecológico das plantas aquáticas nos corredores de biodiversidade. Cadernos da Biodiversidade 5: 4-13.
  • Esteves, F.A. 1998. Fundamentos de limnologia. 2nd ed. Interciência, Rio de Janeiro. 602p.
  • França, F.; Melo, E.; Neto, A.G.; Araújo, D.; Bezerra, M.G.; Ramos, H.M.; Castro, I.; Gomes, D. 2003. Flora vascular de açudes de uma região do semiárido da Bahia. Acta Botanica Brasilica 4: 549-559.
  • Goetghebeur, P. 1998. Cyperaceae. Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Springer, Berlin. Pp. 141-190.
  • Gonçalves, E.G. & Lorenzi, H. 2007. Morfologia vegetal: organografia e dicionário ilustrado de morfologia das plantas vasculares. Plantarum, São Paulo. 416 p.
  • Henry-Silva, G.G. & Camargo, A.F.M. 2005. Interações ecológicas entre as macrófitas aquáticas flutuantes Eichhornia crassipes e Pistia stratiotes Hoehnea 3: 445-452.
  • Irgang, B.E.; Pedralli, G. & Waechter, J.L. 1984. Macrófitos aquáticos da Estação Ecológica do Taim, Rio Grande do Sul, Brasil. Roessléria 6: 395-404.
  • Júlio JR.; Thomaz, S.M.; Agostinho, A.A. & Latini, J.D. 2005. Distribuição e caracterização dos reservatórios. In: Rodrigues, L.; Thomaz, S.M.; Agostinho, A.A. & Gomes, L.C. (ed.). Biocenose em reservatórios: padrões espaciais e temporais. Rima, São Carlos. Pp. 1-16.
  • Kita, K.K. & Souza, M.C. 2003. Levantamento florístico e fitofisionomia da lagoa Figueira e seu entorno, planície alagável do alto rio Paraná, Porto Rico, estado do Paraná, Brasil. Acta Scientiarum: Biological Sciences 1:145-155.
  • Lawrence, G.A.M. 1951. Taxonomia das plantas vasculares. Glossário ilustrado de termos taxonômicos. 2nd ed. Fundação Caloustre Gulbenkiam, Lisboa. 854p.
  • Lima, L.F.; Lima, P.B.; Soares-Júnior, R.C.; Pimentel, R.M.M. & Zickel, C.S. 2009. Diversidade de macrófitas aquáticas no estado de Pernambuco: levantamento em herbário. Revista de Geografia 26: 307-319.
  • Lorenzi, H. 2008. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas, tóxicas e medicinais. 4a ed. Instituto Plantarum, Nova Odessa. 640p.
  • Matias, L.Q.; Amado, E.R. & Nunes, E.P. 2003. Macrófitas aquáticas da lagoa de Jijoca de Jericoacoara, Ceará, Brasil. Acta Botânica Brasilica 4: 623-631.
  • Martins, D.; Velini, E.D.; Piteli, R.A.; Tomazella, M.S. & Negrisoli, E. 2003. Ocorrência de plantas aquáticas nos reservatórios da Ligth- RG. Planta Daninha (Edição Especial), 21: 105-108.
  • Martins A.T. & Pitelli, R.A. 2005. Efeitos do manejo de Eichhornia crassipes sobre a qualidade da água em condições de mesocosmos. Planta Daninha 23: 233-242.
  • Moura-Junior, E.G.; Silva, S.S.L.; Lima, L.F.; Lima, P.B.; Almeida JR, E.B.; Pessoa, L.M. ; Santos-Filho, F.S.; Medeiros, D.P.W.; Pimentel, R.M.M. & Zickel, C.S. 2009. Diversidade de plantas aquáticas vasculares em açudes do Parque Estadual de Dois Irmãos (PEDI), Recife-PE. Revista de Geografia 26: 263-278.
  • Murphy, K.J.; Dickinson, G.; Thomaz, S.M.; Bini, L.M.; Dick, K.; Greaves, K.; Kennedy, M.P.; Livingstone, S.; Mcferran, H.; Milne, J.M; Oldroyd, J. & Wingfield R.A. 2003. Aquatic plant communities and predictors of diversity in a sub-tropical river floodplain: the upper Rio Paraná, Brazil. Aquatic Botany 77: 257-276.
  • Neves, E.L.; Leite, K.R.B.; França, F. & Melo, E. 2006. Plantas aquáticas vasculares em uma lagoa de planície costeira no município de Candeias, Bahia, Brasil. Sitientibus, Série Ciências Biologicas 1: 24-29.
  • Neiff, J.J.; Casco, S.L.; Neiff, A.P. 2008. Response of Eichhornia crassipes (Pontederiaceae) to water level fluctuations in two lakes with different connectivity in the Paraná River floodplain. Revista de Biologia Tropical - International Journal of Tropical Biology and Conservation 2: 613-623.
  • Pedralli, G. & Meyer, S.T. 1996. Levantamento da vegetação aquática ("macrófitas") e das florestas de galeria na área da Usina Hidrelétrica de Nova Ponte, Minas Gerais. Bios 4: 49-60.
  • Pivari, M.O.D.; Salimena, F.R.G.; Pott, V.J. & Pott, A. 2008. Macrófitas aquáticas da Lagoa Silvana, Vale do Rio Doce, Minas Gerais, Brasil. Iheringia, Série Botânca 2: 321-327.
  • Pômpeo, L.M.L. 1999. As macrófitas aquáticas em reservatórios tropicais: aspectos ecológicos e propostas de monitoramento e manejo. Pômpeo, M.L.M. (ed.). Perspectivas da limnologia do Brasil. Gráfica e Editora União, São Luis. Pp. 105-119.
  • Pompêo, M.L.M. & Moschini-Carlos, V. 2003. Macrófitas aquáticas e perifíton: aspectos ecológicos e metodológicos. Rima, São Carlos. 134p.
  • Pompêo, M.L.M. 2008. Monitoramento e manejo de macrófitas aquáticas. Oecologia Brasiliensis 12: 406-424.
  • Pott, V.J. & Pott, A. 1997. Checklist das macrófitas aquáticas do Pantanal, Brasil. Acta Botânica Brasílica 2: 215-227.
  • Pott, V.L. & Pott, A. 2000. Plantas aquáticas do Pantanal. Centro de Pesquisa Agropecuária do pantanal, Corumbá, MS; Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, Brasília. 404p.
  • Rodrigues, R.S.; Flores, A.S.; Miotto, S.T.S. & Baptista, L.R.M. 2005. O gênero Senna (Leguminosae, Caesalpinioideae) no Rio Grande do Sul, Brasil. Acta Botânica Brasílica 19: 1-16.
  • Secretaria de Recursos Hídricos de Pernambuco (SRH). 2001. Relatório de Monitoramento da Qualidade da Água, Recife. 129p.
  • Silva, S.S.L. 2011. Caracterização ecológica e estrutural de macrófitas em reservatórios no estado de Pernambuco. Tese de Doutorado. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife. 107p.
  • Sobral-Leite, M.; Campelo, M.J.A.; Filho, J.A.S. & Silva, S.I. 2010. Checklist das macrófitas vasculares de Pernambuco: riqueza de espécies, formas biológicas e considerações sobre distribuição. In: Albuquerque, U.P.; Moura, A.N. & Araújo, E.L. (eds.). Biodiversidade, potencial econômico e processos eco-fisiológicos em ecossistemas nordestinos. Nupeea, Recife. Pp. 255-280.
  • Souza, V.C. & Lorenzi, H. 2008. Botânica sistemática: guia ilustrado para identificação das famílias de Fanerógamas nativas e exóticas no Brasil, baseado no APG II. Nova Odessa, São Paulo. 704p.
  • Thomaz, S.M. & Bini, L.M. 2003. Análise crítica dos estudos sobre macrófitas aquáticas desenvolvidas no Brasil. In: Thomaz, S.M. & Bini, L.M. (eds.). Ecologia e manejo de macrófitas aquáticas. EDUEM, Maringá. Pp. 19-38.
  • Tundisi, J.G. 2007. Reservatórios como sistemas complexos: teoria, aplicação e perspectivas para usos múltiplos. In: Henry R. (ed.). Ecologia de reservatórios: estrutura, função e aspectos sociais. FUNDIBIO, Botucatu. Pp. 19-38.
  • Viana, S.M.; Montagnolli, W.; Luzivotto-Santos, R. & Espíndola, E.L.G. 2004. Macrófitas aquáticas do rio Itaqueri, Itirapina, SP. Arquivos do Instituto Biológico (Supl.) 71: 301-304.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2011

Histórico

  • Recebido
    15 Mar 2011
  • Aceito
    03 Set 2011
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br