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UMA VIAGEM PARA NUNCA ESQUECER: TRADUZINDO O OLHAR EUROPEU SOBRE A AMAZÔNIA BRASILEIRA

Em 1817, chegou ao Brasil a Arquiduquesa Carolina Josepha Leopoldina da Áustria, após seu casamento com o herdeiro D. Pedro. Já residente no Brasil, a família real portuguesa celebrou a união dos dois, feita por procuração e com a noiva em Viena, como a criação de vínculo forte com os Habsburgo, principal casa nobiliárquica da Europa de então1 1 Ver sobre D. Leopoldina e o Brasil, por exemplo, Priore e Braga. . O matrimônio possibilitou estreitamento de laços entre dois impérios (português e austríaco) em diversos níveis: diplomático, artístico e, especialmente, científico.

Para tratar dos muitos interesses envolvidos, nasceu a chamada Missão Austríaca, na qual pode ser identificada uma Missão Bávara (Costa e Diener 26Costa, M. F.; Diener, P. (Org.). Spix e Martius: relatórios ao Rei. Rio de Janeiro: Capivara, 2018.), o que nos interessa aqui em particular. Da relação entre Áustria, Baviera e Portugal, forjada por enlaces conjugais e diplomáticos, resultou, entre outros feitos, na descoberta e descrição de inúmeras espécies da flora e fauna brasileira, além de relatos acerca dos costumes das populações das diversas regiões do Brasil. Isso porque, entre os membros da tal Missão Bávara, estavam o jovem botânico Carl Friedrich Philipp Von Martius e o zoólogo Johann Baptist Von Spix2 2 Vale lembrar que os dois, Martius e Spix, tornaram-se bávaros em decorrência dos acontecimentos políticos ocorridos após seus respectivos nascimentos. Martius nasceu em Erlangen, e Spix, in Höchstadt, em região anteriormente prussiana, a Francônia, que foi incorporada à Baviera devido às guerras napoleônicas (Costa e Diener 18-23). , membros da Real Academia de Ciências de Munique.

Financiados pelo monarca Maximiliano José I, os dois chegaram vieram ao Brasil para realizar expedições exploratórias em regiões que ainda eram desconhecidas do público europeu. Tendo como ponto de partida o Rio de Janeiro, onde desembarcaram em 14 de julho de 18173 3 O navio em que Martius e Spix viajaram acabou se separando da embarcação em que segui a Arquiduquesa e sua comitiva. Assim, os nossos dois viajantes da Baviera chegaram ao Rio de Janeiro muito antes de D. Leopoldina, que só desembarcou em terras cariocas em 6 de novembro de 1817 por ter feito outras paradas e enfrentado muitas intempéries. , viajaram por diversos dos atuais estados brasileiros: São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Pernambuco, Piauí, Maranhão, Pará, Amazonas. Foram cerca de 14 mil quilômetros de território nacional esquadrinhados cuidadosamente. Nada escapou ao olhar curioso do dois: espécies animais e vegetais, traços e costumes das diversas populações das cidades e das florestas, manifestações do folclore, acidentes geográficos. Tudo foi descrito em detalhe nos relatórios enviados para o rei e patrono bávaro e nas muitas publicações4 4 Um dos produtos mais importantes da viagem ao Brasil é admirável Flora Brasiliensis (Martius, Eichler e Urban, 1840-1906) cuja produção foi iniciada por Martius e finalizada depois de sua morte. A publicação teve início em 1840 e foi concluida apenas em 1906. São 15 volumes em que são descritas mais de 8.000 espécies e m que se encontram cerca de 1.400 figuras. que surgiram posteriormente, aos quais não faltaram ilustrações e mapas. Só para se ter uma ideia, os dois levaram para a Europa “5 espécies de mamíferos, 350 de pássaros, 130 de anfíbios, 116 de peixes, 2700 de insetos, 80 de aracnídeos, 80 de crustáceos e 6.500 espécies de plantas, compondo um herbário de 20.000 exemplares” (Lisboa 91Lisboa, K. M. “Viagem pelo Brasil de Spix e Martius: quadros da natureya e esboöos de uma civilização”. Revista Brasileira de História. 15. 29, (1995): 73-91., nota 24) e um casal de crianças indígenas (originalmente eram quatro crianças, mas apenas duas sobreviveram à viagem) do Amazonas5 5 Quatro crianças indígenas fizeram parte das chamadas “coleções de peças vivas”: três do povo Miranha e um menino Juri. A prática hoje impensável de “levar indivíduos da população local” na volta para a Europa era “procedimento comum entre aqueles que realizavam expedições científicas de caráter naturalista” (Costa, 5). .

Entre essas publicações, Reise in Brasilien6 6 A obra completa foi traduzida por Lúcia Furquim Lahmeyer para o português em 1938, conforme indicado na seção de referências bibliográficas. (Spix e Martius, 1823, 1828, 1831Spix, J. B. Von; Martius, C. F. Ph. Von. Reise in Brasilien. 3 Bande. und 1 Atlas. M. Lindauer (Band I), I. J. Lentner (Band II), C. Wolf (Band III): München, 1823, 1828, 1831.) se destaca. Nos seus três volumes e no Atlas suplementar, os dois autores, a quem posteriormente foi concedido o título de Ritter7 7 O título “Ritter” se refere a camada mais baixa da aristocracia alemã e austríaca da época. No século XIX, foi usado pelo soberano para condecorar pessoas de alto mérito e é comparável ao “Sir” da Grã-Bretanha. devido ao grande sucesso da expedição, oferecem uma ampla visão do Brasil da época em um texto que representa bem a perspectiva eurocêntrica e até racista de grande parte dos pesquisadores que então atuavam sob a profunda influência do Iluminismo.8 8 Ver, por exemplo, a Physische Geographie, de Kant, em que o filósofo, considerado um dos maiores representantes da Aufklärung, cria uma hierarquia de raças em que os brancos estão no topo e os povos indígenas das Américas ficam no patamar mais baixo. Na página 316, ele escreve: “Die Menschheit ist in ihrer größten Vollkommenheit in der Race der Weißen. Die gelben Indianer haben schon ein geringeres Talent. Die Neger sind weit tiefer, und am tiefsten steht ein Theil der amerikanischen Völkerschaften” (em português: ‘A humanidade alcança seu estado de perfeição na raça branca. Os índios amarelos [indianos e orientais] já têm um talento limitado. Os negros estão em grau ainda inferior, e, no nível mais baixo de todos, estão os povos americanos’). Começam descrevendo o mundo novo da América muito entusiasmados. De fato, a chegado ao Rio de Janeiro os deixou deslumbrados, como acontece até hoje com qualquer um.

Nota-se no texto que ficaram fascinados pela variedade da natureza tropical e que as experiências com o novo os mergulharam em certa confusão, uma vez que, no seu arrebatamento, não sabiam por onde começar o trabalho de descrição e coleta de que haviam sido incumbidos. No entanto, já nos primeiros dias no Rio, essa euforia foi relativizada pela realidade de uma grande cidade tropical do século XIX. Particularmente a agitação das ruas e a presença de tantas pessoas não brancas parecem ter incomodado muito os dois: “A natureza ignóbil, baixa e grosseira dessas pessoas seminuas, que não sabem manter distância, ofende a sensibilidade do europeu que acaba de chegar de sua pátria, onde há boas maneiras e formas agradáveis”9 9 Reise in Brasilien, v. I, p. 91. (tradução nossa).

Do Rio de Janeiro, Spix e Martius partem para sua longa aventura, que finalmente os leva até a Amazônia. A última parte da viagem é narrada no terceiro volume do Reise, que é fonte do trecho de cerca de 15 páginas traduzido para esta edição. Como os leitores da Cadernos de Tradução podem imaginar, a região amazônica era naquela época, em grande parte, uma verdadeira terra incognita, apesar de os dois autores encontrarem por lá número considerável de colonos, personagens citados no texto e, por vezes, vitais para o sucesso da empreitada.

No trecho selecionado para esta coletânea, os autores fazem um relato da viagem por segmentos do Amazonas e por alguns dos seus muitos afluentes e canais. Para além das dificuldades enfrentadas na navegação e da luta contra os terríveis carapanãs, chama a atenção a descrição, em especial, de encontros com indivíduos da etnia Mura e Mundurucu. Os Mura, povo nômade que vivia e grupamentos distribuídos por um enorme território próximo ao rio Amazonas, recebem nessa parte do texto, atenção considerável dos autores, que parecem horrorizados com os costumes desses indígenas. Pouca coisa escapa à observação de Spix e Martius e poucos são os adjetivos com conotação positiva usado em sua narrativa, o que torna o texto até desconfortável para o leitor brasileiro atual, para dizer o mínimo. Ainda que consideremos que o texto reflete o pensamento da época e a visão de dois homens acostumados à vida numa Europa ‘civilizada’, difícil não questionar a contribuição de relatos supostamente científicos e neutros para o processo de submissão cultural e extermínio dos povos tradicionais das Américas.

Acerca do texto em si, vale fazer aqui algumas observações. A narrativa em alemão segue o padrão de narrativa de viagem estabelecido por Georg Forster (1777, 1778)10 10 A obra A Voyage Round the World descreve a segunda viagem do capitão inglês James Cook pelos mares do sul. O autor, Georg Foster, usou os diários de seu pai, Johann Reinhold Forster’, que foi quem realmente participou da expedição. Curiosamente, embora Georg Foster fosse nascido em território prussiano (que hoje é a Polônia), seu texto foi publicado em inglês (1777) e traduzido para o alemão em edição de 1779 e 1780 (volume 1 e 2, respectivamente). A versão para o alemão foi feita pelo próprio Georg Foster e por Rudolf Erich Raspe, autor a quem são creditadas as conhecidas aventuras do Barão de Munchausen. O livro de Foster alcançou grande sucesso por apresentar os fatos da expedição para o gosto popular, para entretenimento, e tornou-se um clássico da literatura de viagem. e Alexander Von HumboldtHumboldt, A. Von. Relation historique du voyage aux régions équinoxiales du Nouveau Continent, fait en 1799, 1800, 1801, 1802, 1803 et 1804, par A. de Humboldt e A. Bonpland. Rédigé par Alexandre de Humboldt. Paris: Schoell, 1814-1825.. Ainda que a preocupação fundamental de Spix e Martius fosse apresentar um texto informativo, seguindo princípios do recém-nascido paradigma científico baseado na observação e objetividade, o relatório de viagem de se dirige também a uma audiência leiga. Assim, busca ao mesmo tempo entreter os frequentadores dos salões urbanos e informar os membros das academias de ciência. O estilo é, portanto, baseado na oralidade da época e relativamente de facíl leitura. Mesmo assim, claro que traz dificuldades para o leitor de hoje. O vocabulário é antiquado, e a sintaxe, com longos períodos e muitas subordinações, é às vezes tão complexa que precisou ser completamente reestruturada em português. Além disso, os autores muitas vezes pulam de um assunto para outro, o que também pode ser um desafio.

Apesar de termos tentado usar estruturas sintáticas e de organização textual para ajudar o leitor, não sucumbimos à tentação de explicar todos os elementos que, mesmo em alemão, podem ter suscitado dúvidas. Nossa justificativa é dupla: i) os leitores brasileiros, a quem a tradução se dirige em primeiro lugar, estão razoavelmente familiarizados com muitos dos tópicos e nomes mencionados; ii) o texto se caracteriza também pela grande quantidade de informação, o que significa dizer que há certa exigência por parte do texto quanto à participação ativa do leitor na sua interpretação. Portanto, tentamos chegar a um equilíbrio delicado para não entediar o leitor brasileiro nem lhe roubar a oportunidade de exercitar suas habilidades de leitura. Ainda assim, a tradução tem quantidade razoável de notas.

Além do uso de notas de tradução, decidimos também registrar com inicial maiúscula do substantivo que denomina acidente geográfico quando seguidos do topônimo que o específica, uma vez que a opinião a respeito do uso de maiúscula ou minúscula nesse caso parece depender do gramático ou do manual de estilo consultado. Assim, utilizamos ‘Rio Amazonas’ e ‘Lago Silves’, por exemplo.

Outra decisão foi seguir, para a grafia de nomes de povos indígenas, o estabelecido pela Associação Brasileira de Antropologia (ABA), em Convenção publicada em 1954. Ressalte-se aqui a divergência existente entre linguistas e antropólogos não apenas quanto ao tema, inclusive no que diz respeito ao uso de maiúsculas (ver RosaRosa, M. C. “Revisitando a Convenção e A grafia de nomes tribais brasileiros”. Confluência. 59 (2020): 25-46. 13/02/2021. http://llp.bibliopolis.info/confluencia/rc/index.php/rc/article/view/364.
http://llp.bibliopolis.info/confluencia/...
). Em vista disso, utilizamos a letra maiúscula, a grafia com k e acento no u em “Mundurukú”, e o z e acento em “Pazé”, conforme listagem preparada por Câmara Jr.Câmara Jr., J. M. “A grafia de nomes tribais brasileiros”. Revista de Antropologia. 2. 3, (1955): 125-132. Acesso em 10 de fevereiro de 2021. http://www.revistas.usp.br/ra/issue/view/8380/560.
http://www.revistas.usp.br/ra/issue/view...
a pedido da ABA (curiosamente, “Mundurukú” não consta dessa lista, mas obedecemos ao padrão indicado).

Finalmente, optamos por inserir informações consideradas relevantes entre colchetes, o que pode incluir um fato, como a explicação de que são leguminosas (“[plantas com vagem]”), uma indicação do referente de um pronome para esclarecer uma ambiguidade, ou a inserção de variante de grafia de nome de etnia indígena, quando relevante.

Não podemos deixar de registrar que todos os volumes da Reise existem em português no Brasil desde 1938. Nesse ano, a Imprensa Nacional publicou o texto em sua tradução feita por Lúcia Furquim Lahmeyer, uma edição que infelizmente é de difícil acesso. No entanto, o mesmo texto traduzido foi objeto de uma edição recente, publicada em 2017 pelo Senado Federal, e pode agora ser encontrado com facilidade.

Apesar da tradução de 1938, tomamos a decisão de não fazer a leitura para não nos influenciar pela interpretação dada ao texto por Lúcia Lahmeyer, a tradutora tão corajosa que enfrentou tarefa de tanta magnitude quando os meios para consulta eram insignificantes perto do que se tem hoje (parabéns, Lúcia). No entanto, recorremos algumas vezes ao também magnífico trabalho de Maria de Fátima Costa e Pablo Diener, que transcreveram e traduziram os muitos relatórios em forma de cartas que Spix e Martius enviaram ao rei da Bavária, e organizaram os textos e as ilustrações. Costa e Diener informam e que consultaram a tradução de Lahmeyer diversas vezes, como “constante fonte de inspiração” (55). Assim, ainda que indiretamente, a voz de Lahmeyer também se junta à nossa nas próximas páginas.

Gostaríamos de terminar esta introdução com uma pequena adaptação de declaração feita em entrevista dada por Costa e Diener ao jornal Correio Braziliense:

[…] se Martius [e Spix são] muito importante[s] para o Brasil,

sem a menor dúvida,

o Brasil certamente foi importantíssimo para Martius [e Spix]:

foi toda a sua vida.

Para nós também, foi uma viagem inesquecível.

  • 1
    Ver sobre D. Leopoldina e o Brasil, por exemplo, PriorePriore, M. D. 1952 – A carne e o sangue: a imperatriz D. Leopoldina, D. Pedro I e Domitila, a marquesa de Santos. Rio de Janeiro: Rocco, 2012. e BragaBraga, P. D. “Leopoldina de Habsburgo, rainha de Portugal”. Estudos em Homenagem ao Professor Doutor José Marques, v. IV. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2006, pp. 233-245..
  • 2
    Vale lembrar que os dois, Martius e SpixSpix, J. B. Von; Martius, C. F. Ph. Von. Viagem pelo Brasil. 3 vols. e 1 Atlas. Tradução de Lúcia Furquim Lahmeyer. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1938., tornaram-se bávaros em decorrência dos acontecimentos políticos ocorridos após seus respectivos nascimentos. Martius nasceu em Erlangen, e Spix, in Höchstadt, em região anteriormente prussiana, a Francônia, que foi incorporada à Baviera devido às guerras napoleônicas (Costa e Diener 18-23Costa, M. F. e Diener, P. “Edição reúne novos desenhos e documentos de viagens de Philipp von Martius. Entrevista concedida a Severino Francisco”. Correio Braziliense. 02/03/2019. https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2019/03/02/interna_diversao_arte,740725/edicao-reune-novos-desenhos-e-documentos-das-viagens-de-philipp-von-ma.shtml. Acesso em 12 de fevereiro de 2021.
    https://www.correiobraziliense.com.br/ap...
    ).
  • 3
    O navio em que Martius e Spix viajaram acabou se separando da embarcação em que segui a Arquiduquesa e sua comitiva. Assim, os nossos dois viajantes da Baviera chegaram ao Rio de Janeiro muito antes de D. Leopoldina, que só desembarcou em terras cariocas em 6 de novembro de 1817 por ter feito outras paradas e enfrentado muitas intempéries.
  • 4
    Um dos produtos mais importantes da viagem ao Brasil é admirável Flora Brasiliensis (Martius, Eichler e Urban, 1840Martius, C. P. F.; Eichler, A. G.; Urban, I. Flora Brasiliensis. Monachii et Lipsiae: 1840-1906.-1906) cuja produção foi iniciada por Martius e finalizada depois de sua morte. A publicação teve início em 1840 e foi concluida apenas em 1906. São 15 volumes em que são descritas mais de 8.000 espécies e m que se encontram cerca de 1.400 figuras.
  • 5
    Quatro crianças indígenas fizeram parte das chamadas “coleções de peças vivas”: três do povo Miranha e um menino Juri. A prática hoje impensável de “levar indivíduos da população local” na volta para a Europa era “procedimento comum entre aqueles que realizavam expedições científicas de caráter naturalista” (Costa, 5Costa, M. F. “Os ‘meninos índios’ que Spix e Martius levaram a Munique”. Artelogie. 14, (2019): 1-17. 10/02/2021. DOI: https://doi.org/10.4000/artelogie.3774. http://journals.openedition.org/artelogie/3774.
    http://journals.openedition.org/artelogi...
    ).
  • 6
    A obra completa foi traduzida por Lúcia Furquim Lahmeyer para o português em 1938, conforme indicado na seção de referências bibliográficas.
  • 7
    O título “Ritter” se refere a camada mais baixa da aristocracia alemã e austríaca da época. No século XIX, foi usado pelo soberano para condecorar pessoas de alto mérito e é comparável ao “Sir” da Grã-Bretanha.
  • 8
    Ver, por exemplo, a Physische Geographie, de KantKant, I. “Immanuel Kants physische Geographie. Auf Verlangen des Verfassers aus seiner Handschrift herausgegeben und zum Theil bearbeitet von Dr Friedrich Theodor Rink”. Kants gesammelte Schriften. Bd. 9. Berlin: Akademie Verlag Berlin, 1902ff., em que o filósofo, considerado um dos maiores representantes da Aufklärung, cria uma hierarquia de raças em que os brancos estão no topo e os povos indígenas das Américas ficam no patamar mais baixo. Na página 316, ele escreve: “Die Menschheit ist in ihrer größten Vollkommenheit in der Race der Weißen. Die gelben Indianer haben schon ein geringeres Talent. Die Neger sind weit tiefer, und am tiefsten steht ein Theil der amerikanischen Völkerschaften” (em português: ‘A humanidade alcança seu estado de perfeição na raça branca. Os índios amarelos [indianos e orientais] já têm um talento limitado. Os negros estão em grau ainda inferior, e, no nível mais baixo de todos, estão os povos americanos’).
  • 9
    Reise in Brasilien, v. I, p. 91.
  • 10
    A obra A Voyage Round the World descreve a segunda viagem do capitão inglês James Cook pelos mares do sul. O autor, Georg FosterFoster, G. A Voyage Round the World in His Britannic Majesty’s Sloop, Resolution, Commanded by Capt. James Cook, During the Years 1772, 3, 4, and 5. London: Benjamin White, 1777., usou os diários de seu pai, Johann Reinhold Forster’, que foi quem realmente participou da expedição. Curiosamente, embora Georg FosterFoster, G. Johann Reinhold Forster’s [...] Reise um die Welt. Bd. 1. Berlin: Haude und Spener, 1778. fosse nascido em território prussiano (que hoje é a Polônia), seu texto foi publicado em inglês (1777) e traduzido para o alemão em edição de 1779 e 1780 (volume 1 e 2, respectivamente). A versão para o alemão foi feita pelo próprio Georg Foster e por Rudolf Erich Raspe, autor a quem são creditadas as conhecidas aventuras do Barão de Munchausen. O livro de Foster alcançou grande sucesso por apresentar os fatos da expedição para o gosto popular, para entretenimento, e tornou-se um clássico da literatura de viagem.

Referências

  • “Convenção para a grafia dos nomes tribais”. Revista de Antropologia 2. 2 (1954): 150-152. Acesso em 10 de fevereiro de 2021. http://www.revistas.usp.br/ra/issue/view/8378/558
    » http://www.revistas.usp.br/ra/issue/view/8378/558
  • Braga, P. D. “Leopoldina de Habsburgo, rainha de Portugal”. Estudos em Homenagem ao Professor Doutor José Marques, v. IV. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2006, pp. 233-245.
  • Câmara Jr., J. M. “A grafia de nomes tribais brasileiros”. Revista de Antropologia 2. 3, (1955): 125-132. Acesso em 10 de fevereiro de 2021. http://www.revistas.usp.br/ra/issue/view/8380/560
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  • Costa, M. F.; Diener, P. (Org.). Spix e Martius: relatórios ao Rei Rio de Janeiro: Capivara, 2018.
  • Costa, M. F. e Diener, P. “Edição reúne novos desenhos e documentos de viagens de Philipp von Martius. Entrevista concedida a Severino Francisco”. Correio Braziliense 02/03/2019. https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2019/03/02/interna_diversao_arte,740725/edicao-reune-novos-desenhos-e-documentos-das-viagens-de-philipp-von-ma.shtml Acesso em 12 de fevereiro de 2021.
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  • Costa, M. F. “Os ‘meninos índios’ que Spix e Martius levaram a Munique”. Artelogie 14, (2019): 1-17. 10/02/2021. DOI: https://doi.org/10.4000/artelogie.3774. http://journals.openedition.org/artelogie/3774
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  • Foster, G. A Voyage Round the World in His Britannic Majesty’s Sloop, Resolution, Commanded by Capt. James Cook, During the Years 1772, 3, 4, and 5 London: Benjamin White, 1777.
  • Foster, G. Johann Reinhold Forster’s [...] Reise um die Welt Bd. 1. Berlin: Haude und Spener, 1778.
  • Humboldt, A. Von. Relation historique du voyage aux régions équinoxiales du Nouveau Continent, fait en 1799, 1800, 1801, 1802, 1803 et 1804, par A. de Humboldt e A. Bonpland. Rédigé par Alexandre de Humboldt Paris: Schoell, 1814-1825.
  • Kant, I. “Immanuel Kants physische Geographie. Auf Verlangen des Verfassers aus seiner Handschrift herausgegeben und zum Theil bearbeitet von Dr Friedrich Theodor Rink”. Kants gesammelte Schriften Bd. 9. Berlin: Akademie Verlag Berlin, 1902ff.
  • Lisboa, K. M. “Viagem pelo Brasil de Spix e Martius: quadros da natureya e esboöos de uma civilização”. Revista Brasileira de História 15. 29, (1995): 73-91.
  • Martius, C. P. F.; Eichler, A. G.; Urban, I. Flora Brasiliensis Monachii et Lipsiae: 1840-1906.
  • Priore, M. D. 1952 – A carne e o sangue: a imperatriz D. Leopoldina, D. Pedro I e Domitila, a marquesa de Santos Rio de Janeiro: Rocco, 2012.
  • Rosa, M. C. “Revisitando a Convenção e A grafia de nomes tribais brasileiros” Confluência 59 (2020): 25-46. 13/02/2021. http://llp.bibliopolis.info/confluencia/rc/index.php/rc/article/view/364
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  • Spix, J. B. Von; Martius, C. F. Ph. Von. Reise in Brasilien 3 Bande. und 1 Atlas. M. Lindauer (Band I), I. J. Lentner (Band II), C. Wolf (Band III): München, 1823, 1828, 1831.
  • Spix, J. B. Von; Martius, C. F. Ph. Von. Viagem pelo Brasil 3 vols. e 1 Atlas Tradução de Lúcia Furquim Lahmeyer. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1938.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Maio 2022
  • Data do Fascículo
    Jan-Jul 2021
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