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FINNEGANS RIVOLTA, “O CENTENÁRIO DE CHARLES DICKENS” E “UM ENCONTRO”: CONSIDERAÇÕES SOBRE TRADUZIR JOYCE

FINNEGANS WAKE, “THE CENTENARY OF CHARLES DICKENS”, AND “AN ENCOUNTER”: OBSERVATIONS ON TRANSLATING JOYCE

Resumo

Tendo como tema a tradução de obras no romancista irlandês James Joyce, o artigo tem como objetivo principal apresentar alguns apontamentos, feitos a partir da perspectiva de um mesmo tradutor, acerca dos processos de tradução de três produções joycianas distintas, a saber: os capítulos X e XVI de Finnegans Wake, o ensaio “The Centenary of Charles Dickens” e o conto “An Encounter”. Para tanto, o artigo apresenta algumas características básicas de cada um dos supracitados textos joycianos e discute como tais particularidades influenciaram os diferentes processos tradutórios. A título de ilustração dos pontos levantados, o artigo aborda passagens significativas de cada um dos textos, tanto em suas formas originais, como já vertidos ao português. Um dos resultados obtidos com a investigação desenvolvida ao longo do artigo é evidenciar como, apesar de bastante diversos entre si, todos os textos trazem, cada um a seu modo, a notória complexidade que marca a obra de Joyce e que demanda do tradutor soluções variadas para os multifacetados desafios que se lhe apresentam.

Palavras-chave
James Joyce; Translation; Finnegans Rivolta ; The Centenary of Charles Dickens; An Encounter

Abstract

Having as its theme the translation of Irish novelist James Joyce’s works, the article has as its main objective present, from the perspective of a single translator, some observations on the processes of translation of three distinct Joycean productions: chapters X and XVI of Finnegans Wake, the essay “The Centenary of Charles Dickens” and the short story “An Encounter”. In order to do so, the article expounds some of the basic features of each of the abovementioned Joycean texts and discusses how such characteristics have influenced each different process of translation. With a view to illustrate the points at issue, the article broaches significant passages taken from each text, both in their original forms and translated into Portuguese. One of the results of the investigation carried out throughout the article is to make explicit how, albeit being very dissimilar from one another, all the texts, each in its own terms, display the well-known complexity that marks Joyce’s oeuvre and that demands from the translator varied solutions to the multifaceted challenges they have to face.

Keywords
James Joyce; Tradução; Finnegans Rivolta ; The Centenary of Charles Dickens; An Encounter

Recentemente, me envolvi com três diferentes projetos de tradução relacionados à obra de James Joyce: integrei o Coletivo Finnegans, que, sob coordenação de Dirce Waltrick do Amarante, foi responsável por Finnegans Rivolta, tradução integral de Finnegans Wake para o português lançada pela editora Iluminuras em junho de 2022 – a mim couberam as traduções de dois capítulos, X e XVI; verti para o português o ensaio “The Centenary of Charles Dickens”, escrito por Joyce, em 1912 – a versão traduzida do ensaio foi publicada em uma edição especial da revista Qorpus1 1 Segundo o site da Revista Qorpus, trata-se de “uma publicação digital de acesso aberto vinculada, atualmente, ao Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGET-UFSC). Inserida na área de Linguística, Letras e Artes, Qorpus tem como missão ampliar a divulgação de trabalhos acadêmicos sobre os Estudos da Tradução, mais especificamente, suas intersecções com a Literatura, a Dramaturgia e as Artes.” Fonte online: https://qorpuspget.paginas.ufsc.br/sample-page/, acesso em 04/01/2022. dedicada a James Joyce; sou um dos responsáveis por uma tradução coletiva de Dubliners, a ser lançada em breve também pela Iluminuras.

A ideia do presente texto é apresentar alguns comentários acerca dos processos de tradução de cada um desses projetos – dois deles já finalizados e um, as traduções dos contos, ainda em andamento. Pretendo ilustrar minhas colocações com breves trechos de cada uma das traduções que fiz. Com exceção do capítulo X de Finnegans Wake, sobre o qual comentarei a respeito de alguns trechos isolados, abordarei uma passagem de cada um dos outros textos: o décimo-sexto capítulo da última obra de Joyce, o ensaio sobre Charles Dickens e um dos contos de Dubliners, “An Encouter”. Comecemos pelos capítulos do Finnegans Rivolta.

É ponto pacífico afirmar que a última obra de Joyce, Finnegans Wake, apresenta dificuldades e desafios ímpares para todos aqueles que se aventurem por suas páginas. Para o tradutor, obviamente, não é diferente. No entanto, me parece que os corrediços e instáveis possíveis sentidos engendrados pelas relações entre as inumeráveis e peculiares palavras (-valises) que compõem cada frase, cada parágrafo desse “romance-rio” – como queria Haroldo de Campos (2001)Campos, Haroldo de. “Panaroma em português”. In: Campos, Augusto de; Campos, Haroldo de. Panaroma do Finnegans Wake. São Paulo: Perspectiva, 2001. p. 27-32. – dão uma liberdade inigualável a quem o lê, a quem o traduz. Foi assim, livre, que me aventurei a propor as minhas leituras de cada um dos capítulos que traduzi para o Finnegans Rivolta.

Não devem restar dúvidas, contudo, de que, com minhas traduções, não pretendi apresentar versões definitivas de qualquer um dos dois capítulos. Muito pelo contrário, as apresento como o que são: possíveis leituras, possíveis rotas em meio ao oceano de alternativas que Joyce nos oferece. Ademais, me parece importante explicitar algumas das opções tradutórias das quais me vali e que se aplicaram a ambos os capítulos pelo quais fiquei responsável.

No texto “Fininguém Vivelório”2 2 Amaral, Tarso do. “Fininguém vivelório”. In: Joyce, James. Finnegans Rivolta. Org. Dirce Waltrick do Amarante. Trad. Afonso Teixeira Filho et al. São Paulo: Iluminuras, 2022, p. 704-706. , que consta nas páginas finais de Finnegans Rivolta, juntamente com as manifestações de cada um dos integrantes do Coletivo Finnegans, expus as supracitadas opções que ora retomo de modo mais sintético: mantive a pontuação – por vezes, bastante inusitada – utilizada por Joyce; sempre que me pareceu possível, aportuguesei nomes próprios; salvo em pontuais exceções, traduzi todas as palavras para o português, independentemente do idioma em que constassem no texto original – lembremo-nos de que são muitas outras línguas, além do inglês, que compõem o tecido de Finnegans Wake.

Outro dado relevante é o fato de Finnegans Rivolta ser, até o momento, somente a segunda tradução integral de Finnegans Wake para o português. A primeira foi a de Donald Schüler, que acaba de ser relançada em volume único pela Ateliê Editorial. Exposto isso, sigamos, então, para uma breve exploração de alguns trechos do capítulo X de Finnegans Wake.

Em Finnegans Wake, o capítulo X, que pode ser lido como um momento de estudo das crianças – dois meninos, Shaun e Shem, e uma menina, Izzy –, se destaca imediatamente das outras partes da obra devido a sua formatação singular, devido a sua mancha textual bastante peculiar. Além das características que marcam todos os outros capítulos da obra – palavras-valises, sintaxe heterodoxa, vários idiomas além do inglês, entre tantas outras –, as quarenta e oito páginas que compõem o décimo capítulo são organizadas de modo diferenciado: na maioria delas encontramos uma coluna central ladeada por outras duas à direita – com comentários de Shaun – e à esquerda – com comentários de Shem –, além de uma série de notas de rodapé – comentários de Izzy. Essa configuração não é mantida em todas as páginas, uma vez que há algumas páginas sem nota de rodapé, outras com a coluna da direita em branco, outras tantas em que a coluna central se alarga, os comentários de Shem e Shaun trocam de posição etc. Além disso, vale salientar que o texto da coluna da direita está todo em itálico; o da direita, em caixa alta e, ao longo do capítulo, as palavras são ocasionalmente salpicadas por imagens e/ou por formatações textuais incomuns.

Todas essas particularidades já apresentam ao tradutor – e ao editor – uma certa dose de empenho extra, uma vez que nada é aleatório e que cada palavra, cada letra ou sílaba em um determinado lugar na página não se encontra lá por acaso. Ou seja, além de traduzir os vocábulos, me parece que cabe ao tradutor “pintar” as páginas com eles. De minha parte, tentei manter o desenho de cada página o mais próximo possível das manchas textuais originais.

A título de ilustração, seguem, abaixo, dois exemplos: página 300, que pode ser tomada como uma amostra da formatação mais recorrente do capítulo, com as três colunas e as notas de rodapé; página 308, a última do capítulo, com as três colunas, mas, também, com imagens que interferem nas posições das notas de rodapé. As imagens 1 e 3 são retiradas da edição do Finnegans Wake com a qual trabalhei3 3 Joyce, James. Finnegans Wake. London: Penguin, 2000. ; imagens 2 e 4 são páginas do Finnegans Rivolta4 4 Joyce, James. Finnegans Rivolta. Org. Dirce Waltrick do Amarante. Trad. Afonso Teixeira Filho et al. São Paulo: Iluminuras, 2022. :

Figura 1
Finnegans Wake Edição Penguin 2000 – Imagem 1
Figura 2
Finnegans Rivolta Edição Iluminuras 2000 – Imagem 2
Figura 3
Finnegans Wake Edição Penguin 2000 – Imagem 3
Figura 4
Finnegans Rivolta Edição Iluminuras 2000 – Imagem 4

Acredito ser possível notar o cuidado em, dentro do possível, manter as semelhanças das manchas textuais em cada um dos casos acima ilustrados. Ao longo do capítulo, a tradução foi pensada tendo essa preocupação em mente.

Outro exemplo que pode ser dado a fim de ilustrar desafios de ordem formal, de ordem imagética presentes no décimo capítulo está presente em um trecho da página 298 da obra original. Em uma frase na qual há duas comparações sendo feitas, deparamo-nos com o seguinte:

Neste trecho, o vocábulo than, aqui utilizado duas vezes como preposição, é apresentado em duas grafias heterodoxas e, visualmente falando, complementares, no sentido de representar um declínio, seguido de um vale de estabilidade e subsequente elevação. É importante ressaltar que essa construção se encontra toda em uma mesma linha, isto é, o efeito visual gerado pelo declínio, vale e inclinação só acontece, pois as palavras “than or less than”, escritas nessa ordem, encontram-se na mesma linha.

Na minha tradução, além de, obviamente, levar em conta o significado da passagem, também tive a preocupação de tentar emular o efeito visual presente no original. Para isso, toda a construção deveria ficar alojada em uma mesma linha. Algo que, quando das revisões para a versão final do capítulo, se mostrou menos simples de ser posto em prática do que, a princípio, parecia. De toda a forma, o resultado final foi o seguinte:

Como acredito ser possível notar nos exemplos referentes ao décimo capitulo de Finnegans Wake brevemente aqui apresentados, as notórias dificuldades enfrentadas pelos leitores da obra apresentam ainda outras camadas para o tradutor. Especialmente em se tratando desse capítulo, em que o aspecto visual tem uma preponderância inegável. Outros tantos exemplos poderiam ser dados, porém, sigamos para algumas considerações sobre um parágrafo retirado do outro capítulo pelo qual fiquei responsável no Finnegans Rivolta, o décimo sexto.

Antes de seguir, penso ser válido destacar que todos os pontos e características que abordarei a seguir estão igualmente presentes, de um modo ou de outro, ao longo de todo o capítulo XVI – e, por que não? de toda a obra –, inclusive no capítulo X acima discutido. Em outras palavras, o décimo capítulo apresenta todas as outras marcas que caracterizam o texto do Finnegans Wake só que acrescidas da evidente ênfase dada à questão visual em suas diversas manifestações.

Muito basicamente falando, no capítulo XVI, estamos na casa dos Porters – mais um dos incontáveis avatares da família de HCE e ALP. Amanhece e, entre cenas amoras e processos judiciais, vagamos pela habitação onde vivem os pais e seus três filhos: uma menina e dois meninos. O parágrafo que selecionei para ilustrar aspectos que marcam a tradução que fiz desse capítulo descreve a menina a dormir. O texto original é o seguinte:

Night by silentsailing night while infantina Isobel (who will be blushing all day to be, when she growed up one Sunday, Saint Holy and Saint Ivory, when she took the veil, the beautiful presentation nun, so barely twenty, in her pure coif, sister Isobel, and next Sunday, Mistlemas, when she looked a peach, the beautiful Samaritan, still as beautiful and still in her teens, nurse Saintette Isabelle, with stiffstarched cuffs but on Holiday, Christmas, Easter mornings when she wore a wreath, the wonderful widow of eighteen springs, Madame Isa Veuve La Belle, so sad but lucksome in her boyblue’s long black with orange blossoming weeper’s veil) for she was the only girl they loved, as she is the queenly pearl you prize, because of the way the night that first we met she is bound to be, methinks, and not in vain, the darling of my heart, sleeping in her april cot, within her singachamer, with her greengageflavoured candywhistle duetted to the crazyquilt, Isobel, she is so pretty, truth to tell, wildwood’s eyes and primarose hair, quietly, all the woods so wild, in mauves of moss and daphnedews, how all so still she lay, neath of the whitethorn, child of tree, like some losthappy leaf, like blowing flower stilled, as fain would she anon, for soon again ’twill be, win me, woo me, wed me, ah weary me! deeply, now evencalm lay sleeping;

(FW, 556.1-22).

A tradução:

Noite a silenciosavelejante noite enquanto a infatina Isobel (que enrubecerá o dia todo para ser, quando ela cresceu um domingo, Santa Sagrada e Santa Marfim, quando ela tirou o véu, a linda freira da apresentação, tão quase vigenária, em sua coifa pura, irmã Isobel, e domingo que vem, visconatal, quando ela parecia um pêssego, a linda Samaritana, ainda tão linda e ainda adolescente, enfermeira Santidade Isabelle, com punhos de manga tesengomados exceto nas manhãs de Heriado, Cristonasce, Erressurreição quando ela vestia uma grinalda, a maravilhosa viúva de dezoito primaveras, Madame Isa Viúva La Belle, tão triste porém sortuda em seu véu de carpideira garotinhoazul longo negro com flor-delaranjeira) pois ela era a única garota que eles amavam, como ela é a pérola régia que você preza, por conta do modo como a noite em que a encontramos pela primeira vez deva ser, eu acho, e não em vão, a querida do meu coração, dormindo em seu berço de abrilcó, em sua unicâmara, com seu pirulitodassobio saborameixa em par com o crazyquilt, Isobel, ela é tão bonita, verdade seja dita, olhos de bosque e cabelos primulares, silenciosamente, todos os bosques tão selvagens, em malva de líquen e serenodeloureiro, como tão completamente calma ela jaz, sob o pilriteiro, criança da árvore, como alguma folha caidalegre, como uma esperança estática, como feliz iria ela logo, pois em breve novamente será, me ganhar, me cortejar, me esposar, ah me cansar! profundamente, agora calmigual jaz dormindo;

(Joyce, 2022Joyce, James. “O centenário de Charles Dickens”. Trad. Tarso do Amaral de Souza Cruz. Qorpus – Edição especial James Joyce, v. 12, n. 2, p. 151-158, junho 2022. Disponível em: https://qorpuspget.paginas.ufsc.br/files/2022/06/Qorpus-v12-n2.pdf.
https://qorpuspget.paginas.ufsc.br/files...
, p. 592).

A passagem se inicia com “Night by silentsailing night”, uma das diversas variações da expressão “night by night” que estão presentes no início de cinco dos oito primeiros parágrafos do capítulo. Essa “repetição com diferença”, que está no cerne da estrutura de Finnegans Wake, se faz consequentemente – e, dada a natureza da última obra de Joyce, obviamente – presente também no capítulo XVI e neste parágrafo em específico. A seguir, apresento cada uma dessas variações e as respectivas traduções:

“So nat by night by naught by naket” (FW, 555.5) “Então nãoite a noite a nadoite a nuite” “Night by silentsailing night” (FW, 556. 1) “Noite a silenciosavelejante noite” “nowth upon nacht” (FW, 556.23) “noitinstante após noitenquanto” “wan fine night and the next fine night andlast find night” (FW 556.31) “uma bela noite e na bela noite seguinte ena última noite encontrada” “niece by nice by neat by natty” (FW, 558.21) “sombrinha a noitinha a direinoitinha afinoitinha”

Como é possível verificar nos exemplos acima, tendo “noite” como referência, busquei manter a “repetição com variação” da expressão “noite a noite” em cada uma das passagens. Em alguns casos, a palavra “night” foi simples e literalmente vertida para “noite”, em outros, dentro do espírito inventivo da obra, lancei mão de neologismos para dar conta do significado de palavras que, seja devido às suas sonoridades e/ou às suas grafias, aludiam ao vocábulo inglês “night”: “nat”, “naught”, “naket”, “nowth”, “nacht”, “nice”, “neat” e “natty”, vertidas, respectivamente, para “nãoite”, “nadoite”, “nuite”, “noitinstante”, “noitenquanto”, “noitinha”, “direinoitinha” e “finoitinha”. No caso de “niece”, vinculei a tradução mais literal “sobrinha” a “sombra”, palavra do mesmo campo semântico de “noite”.

A “repetição com diferença” é também identificável neste parágrafo nos diversos nomes e epítetos dados à menina que dorme – Isobel, “infantina Isobel”, “sister Isobel”, “Saintette Isabelle” e “Madame Isa Veuve La Belle” – que, diferentemente do caso de “noite a noite”, não apresentou maiores desafios para a tradução.

Outra marca do Finnegans Wake que também está presente neste parágrafo é a sequência de palavras que tem como iniciais as letras “h”, “c”, e “e”, em direta alusão a Humphrey Chimpden Earwicker, um dos mais prováveis protagonistas da última obra de Joyce. Como se sabe, tais ocorrências são inúmeras ao longo da narrativa – sendo a mais famosa “Here Comes Everybody” (FW, 32.18-19) –, assim como são aquelas com as letras “a”, “l” e “p”, em referência a Anna Livia Plurabelle.

No parágrafo em questão, podemos notar a sequência “Holiday, Christmas, Easter” (FW, 556.8). Caso pensemos nas palavras em português que mais comumente são utilizadas para traduzir cada um desses termos, poderemos perceber que, neste caso, a manutenção da sequência HCE em português não é de tão simples obtenção. Levando em conta os significados de cada termo, assim como decidido a manter a sequência das primeiras letras inalterada, cheguei à seguinte solução: “Heriado, Cristonasce, Erressurreição”. Preferi me valer de neologismos que remetessem às palavras e/ou ao campo semântico dos vocábulos originais a ter que sacrificar marca tão emblemática da obra, isto é, a sequência HCE. Em todos os casos em que identifiquei tal sequência nos dois capítulos que traduzi optei por mantê-la na tradução. O mesmo pode ser dito em relação à sequência ALP.

Finalmente, gostaria de comentar sobre uma espécie de rima interna encontrada na passagem “Isobel, she is so pretty, truth to tell” (FW, 556.16), em que os últimos fonemas de “Isobel” ecoam em “tell”. Na tradução, apesar de não gerar a rima com o nome da personagem, fiz questão de apontar essa marca sonora da passagem. Esse foi o resultado: “Isobel, ela é tão bonita, verdade seja dita” (Joyce, 2022Joyce, James. “O centenário de Charles Dickens”. Trad. Tarso do Amaral de Souza Cruz. Qorpus – Edição especial James Joyce, v. 12, n. 2, p. 151-158, junho 2022. Disponível em: https://qorpuspget.paginas.ufsc.br/files/2022/06/Qorpus-v12-n2.pdf.
https://qorpuspget.paginas.ufsc.br/files...
, p. 592), onde “bonita” rima com “dita”.

Para além dos pontos aqui realçados, acredito que a tradução do parágrafo acima transcrita possa trazer à luz alguns dos atributos que permeiam o texto de Finnegans Wake com os quais o tradutor tem que lidar: contorções sintáticas, usos anômalos de letras maiúsculas e da pontuação, abundância de palavras-valises e de neologismos de toda a sorte, a presença de outros tantos idiomas além da língua inglesa etc. Exploremos, a seguir, o ensaio “The Centenary of Charles Dickens”, escrito por Joyce em 1912 e que, se por um lado, nem de longe apresenta dificuldades tais quais as de Finnegans Wake, por outro, apresenta outros tantos desafios para o tradutor.

“The Centenary of Charles Dickens” foi escrito por Joyce como parte de um processo seletivo para uma vaga na Università degli Studi de Padua quando ainda vivia em Trieste. O ensaio, assim como a vasta maioria dos textos que compõem a ensaística joyciana, toca em temas muito presentes na obra de Joyce como um todo: Shakespeare, imperialismo britânico e as imbricações entre cidade e literatura. Um dado digno de nota é fato de que esse ensaio de Joyce, antes de constar traduzido na revista Qorpus, ainda não havia sido publicado em português. Ou seja, a tradução para língua portuguesa é inédita.

O trecho que abordarei a seguir é parte do segundo parágrafo do ensaio, que é composto por três longos parágrafos. No original, a passagem é a seguinte:

His realm is not the London of the time of Lord George Gordon but the London of the time of the Reform Bill. The provinces, indeed the English country of ‘meadows trim with daisies pied’, appear in his work but always as a background or as a preparation. With much greater truth and propriety could Dickens have applied to himself Lord Palmerston’s famous Civis Romanus sum. The noble lord, to tell the truth, succeeded on that memorable occasion (as Gladstone, unless my memory misleads me, took care to point out) in saying the opposite of what he had in mind to say. Wishing to say that he was an imperialist he said that he was a Little Englander.

(Joyce, 2000Joyce, James. Finnegans Wake. London: Penguin, 2000., p. 184).

A tradução:

Seu domínio não é a Londres do tempo de Lorde George Gordon, mas a Londres do tempo da Lei de Reforma. As províncias, na verdade, o campo inglês de ‘prados aparados de margaridas variegado’, aparecem em sua obra, porém sempre como um plano de fundo ou como uma preparação. Com muito maior propriedade poderia Dickens ter se aplicado ao famoso Civis Romanus sum de Lorde Palmerston. O nobre lorde, para falar a verdade, conseguiu, naquela ocasião memorável (como Gladstone, a não ser que minha memória me engane, cuidou de apontar), dizer o oposto do que tinha em mente. Querendo dizer que era um imperialista, ele disse que era um Little Englander.

(Joyce, 2022Joyce, James. Finnegans Rivolta. (Org.) Dirce Waltrick do Amarante. Trad. Afonso Teixeira Filho et al. São Paulo: Iluminuras, 2022., p. 153).

O curto trecho em questão aborda o inegável vínculo existente entre Dickens e a cidade de Londres. No entanto, para tratar de tal conexão, Joyce se vale de uma sequência de referências a figuras e momentos emblemáticos da então história recente da Inglaterra, a saber: Lorde George Gordon, Lei de Reforma, “o famoso Civis Romanus sum de Lorde Palmerston” e Gladstone. Ademais, há, ainda, uma citação de um verso – “meadows trim with daisies pied” – do poema “LAllegro”, do poeta inglês John Milton. É bastante claro que somente alguém com considerável conhecimento sobre a cultura e a história política da Inglaterra – particularmente das eras vitoriana e eduardiana – pode/poderia compreender as alusões feitas por Joyce.

Ao traduzir o ensaio, que é repleto de passagens similares, mesmo tendo em mente um leitor culto, optei pelo uso de notas de rodapé que explicassem minimamente as alusões e referências feitas por Joyce. Reproduzo, abaixo, o trecho traduzido já com a inserção das notas de rodapé tal qual foram publicadas na revista Qorpus:

Seu domínio não é a Londres do tempo de Lorde George Gordon5 5 Político protestante escocês que viveu entre 1751-93 e que foi figura central nas chamadas Gordon Riots, série de rebeliões anticatólicas que aconteceram em Londres em 1780. , mas a Londres do tempo da Lei de Reforma6 6 Atos do parlamento inglês que, em 1832, promoveram várias alterações no sistema eleitoral inglês e galês (https://www.parliament.uk/about/living-heritage/evolutionofparliament/houseofcommons/reformacts/overview/reformact1832/, acessado em 16/08/2021) . As províncias, na verdade, o campo inglês de ‘prados aparados de margaridas variegado’7 7 “Meadows trim with daises pied”: verso do poema L’Allegro, do poeta inglês John Milton. , aparecem em sua obra, porém sempre como um plano de fundo ou como uma preparação. Com muito maior propriedade poderia Dickens ter se aplicado ao famoso Civis Romanus sum8 8 Célebre expressão Latina que pode ser traduzida como ‘Sou um cidadão romano’ e que, como apontam Arno Dal Ri Jr. e Luciene Dal Ri, no artigo “Civis, hostis ac peregrinus – Representações da condição de homem livre no ordo iuris da Roma Antiga”, representa “a afirmação de um direito perante a autoridade romana, materializado em um forte sistema de garantias jurisdicionais e de proteção do cidadão” (https://periodicos.unifor.br/rpen/article/viewFile/2695/pdf, acessado em 17/08/2021). de Lorde Palmerston9 9 Henry John Temple, 3º Visconde Palmerston foi um estadista inglês que atuou em diversas funções, inclusive como Primeiro Ministro entre 1859 e 1865. Em junho de 1850, proferiu célebre discurso em que se valeu da expressão “Civis Romanus sum” para argumentar que, assim como um cidadão do Império Romano tinha direitos e privilégios por toda a extensão dos domínios imperiais, um cidadão nascido no Reino Unido também os teria em qualquer território governado pelo Império Britânico. Para maiores informações, acessar https://history.blog.gov.uk/2015/03/20/lord-palmerston-and-the-civis-romanus-sum-principle/. . O nobre lorde, para falar a verdade, conseguiu, naquela ocasião memorável (como Gladstone10 10 William Gladstone foi um político liberal britânico que lutou no parlamento em Londres pelo Home Rule irlandês, isto é, pelo autogoverno autônomo irlandês. Gladstone não aprovou o supracitado discurso de Lorde Palmerston, pois viu como problemática associação feita pelo estadista entre o Império Britânico e o Império Romano, que Gladstone alegou ser escravagista. Para maiores informações, acessar https://history.blog.gov.uk/2015/03/20/lord-palmerston-and-the-civis-romanus-sum-principle/. , a não ser que minha memória me engane, cuidou de apontar), dizer o oposto do que tinha em mente. Querendo dizer que era um imperialista, ele disse que era um Little Englander11 11 Como aponta Kevin Barry, trata-se de expressão “aplicada àqueles escritores contrários ao aventureirismo imperial nas primeiras décadas do século XX.” – “‘Little Englander’ was a frase Applied to those writers opposed to imperial adventurism in the Early decades of the twentieth century”. (Barry apud Joyce, 2000, p. 355). . (Joyce, 2022Joyce, James. “O centenário de Charles Dickens”. Trad. Tarso do Amaral de Souza Cruz. Qorpus – Edição especial James Joyce, v. 12, n. 2, p. 151-158, junho 2022. Disponível em: https://qorpuspget.paginas.ufsc.br/files/2022/06/Qorpus-v12-n2.pdf.
https://qorpuspget.paginas.ufsc.br/files...
, p. 153).

O ensaio do jovem Joyce – que contava 20 anos em 1912 – claramente não contém as dificuldades e os mirabolantes jogos linguísticos por meio dos quais o experiente e já renomado autor de Ulysses engendra suas emblemáticas últimas obras em prosa. Todavia, “O centenário de Charles Dickens” possui, sim, um refinado conjunto de referências e alusões que, de modo ainda incipiente, porém evidente, dá uma boa noção dos intricados mecanismos que caracterizariam a produção joyciana como um todo.

Da perspectiva do tradutor, o sofisticado aparato de menções e citações que se faz presente nesse ensaio demandou atenção e cuidado, no sentido de decidir onde e quando seria melhor intervir no texto e prover informações extras que pudessem oferecer um melhor entendimento de certas referências e alusões – que podem, sim, ser bem obscuras para muitas pessoas. Isto é, em uma abordagem mais domesticadora, nos termos de Venuti (2001)Venuti, Lawrence. “Strategies of Translation”. In: Baker, Mona; Saldanha, Gabriela (eds.). Routledge Encyclopedia of Translation Studies. London: Routledge, 2001, p. 240-244. , pensei que, caso fosse do interesse do leitor buscar por uma compreensão um pouco mais aprofundada de determinado nome, evento, obra ou personagem mencionado no ensaio, as notas de rodapé poderiam/podem servir como um apoio inicial.

Por fim, voltemo-nos para o terceiro projeto de tradução vinculado à obra de Joyce: a tradução coletiva da coletânea de contos Dubliners. Publicado originalmente em 1914, esse conjunto de quinze narrativas curtas é a primeira das quatro grandes obras em prosa ficcional que garantiriam a Joyce um lugar entre os maiores nomes da literatura universal. Dubliners já foi traduzida para a língua portuguesa inúmeras vezes por nomes como Caetano Galindo, José Roberto O’Shea, Hamilton Trevisan, entre outros.

No momento em que escrevo o presente texto, a tradução coletiva da qual faço parte está em andamento e ainda não tem uma data definida para seu lançamento pela editora Iluminuras. No entanto, de minha parte, as traduções de alguns dos contos pelos quais fiquei responsável já se encontram praticamente finalizadas. Aquele cuja tradução eu diria estar mais próxima da conclusão é “An Encounter”, o segundo conto de Dubliners. O parágrafo traduzido que a seguir discutiremos, portanto, ainda não foi publicado e pode ser futuramente alterado, uma vez que não dou a tradução do conto como definitivamente concluída.

Sem entrar em maiores minúcias a respeito da estrutura da coletânea, podemos afirmar tratar-se de um dos três contos – “The Sisters”, “An Encounter” e “Araby” – que compõem a sequência de narrativas voltadas à infância – há, ainda, outros tantos dedicados à adolescência, maturidade e vida pública. Basicamente, “Um encontro” – título do conto na minha tradução – narra a experiência de dois colegas de escola que decidem cabular aula e sair naquilo que eles consideram ser uma aventura. Em dado momento do dia, quando se encontravam sozinhos em um local aberto, porém deserto, travam contato com um homem mais velho que, em meio a ações e atitudes duvidosas, fala, de modo bastante intimidador, sobre garotos e suas namoradas, assim como de punições físicas que deveriam ser aplicadas a crianças.

O parágrafo com que ilustrarei meus comentários narra, da perspectiva do menino-narrador, os momentos iniciais do dia em que os dois garotos sairiam em sua aventura. No original, o parágrafo é o seguinte:

That night I slept badly. In the morning I was first-comer to the bridge as I lived nearest. I hid my books in the long grass near the ashpit at the end of the garden where nobody ever came and hurried along the canal bank. It was a mild sunny morning in the first week of June. I sat up on the coping of the bridge admiring my frail canvas shoes which I had diligently pipeclayed overnight and watching the docile horses pulling a tramload of business people up the hill. All the branches of the tall trees which lined the mall were gay with little light green leaves and the sunlight slanted through them on to the water. The granite stone of the bridge was beginning to be warm and I began to pat it with my hands in time to an air in my head. I was very happy.

(Joyce, 2006Joyce, James. Dubliners. Ed. Margot Norris. London: W. W. Norton & Company, 2006., p. 14)

Minha tradução:

Naquela noite, dormi mal. De manhã, fui o primeiro a chegar na ponte, pois morava mais perto. Escondi meus livros na grama alta perto do poço de cinzas no fim do jardim, para onde ninguém nunca vinha, e corri pela margem do canal. Era uma manhã ensolarada amena na primeira semana de junho. Sentei no guarda-corpo da ponte, admirando meus frágeis sapatos de lona que eu tinha clareado cuidadosamente durante a noite e assistindo aos cavalos mansos puxando um bonde cheio de comerciantes ladeira acima. Todos os galhos das árvores altas que alinhavam a alameda estavam radiantes com folhinhas verde-claras e a luz do sol incidia, através delas, na água. A pedra de granito da ponte estava começando a esquentar e eu comecei a batucar com as mãos no compasso de uma melodia que trazia na cabeça. Eu estava muito feliz.

O que me chamou a atenção logo nos primeiros momentos em que comecei a traduzir os contos de Dubliners foi o peculiar (não-) uso das vírgulas feito por Joyce. Por exemplo, nas oito frases que compõem o parágrafo original acima transcrito não há sequer uma única vírgula. Foi e é um desafio decidir se e quando utilizar vírgulas em cada uma das frases em português. Pensando em uma melhor compreensão por parte do leitor lusófono, diferentemente do que fiz nas traduções dos capítulos de Finnegans Wake, em que conscientemente mantive a pontuação incomum e, em certos casos, extravagantemente inusitada utilizada por Joyce, optei por alterar a pontuação dos contos. Na vasta maioria dos casos, acrescentando e/ou movendo vírgulas. Como acima mencionado, não considero que a tradução, inclusive no que diz respeito ao uso das vírgulas nesse parágrafo em particular, esteja de fato sacramentada como minha versão final, porém, manter a pontuação de Joyce ainda não me parece ser a melhor escolha.

Outra opção tradutória que adotei foi a de não me valer de notas de rodapé explicativas para termos que pudessem causar algum estranhamento ao leitor lusófono, em particular ao leitor brasileiro. Diferentemente da supracitada opção domesticadora que adotei na tradução do ensaio “The Centenary of Charles Dickens”, no caso dos contos, assim como no caso dos capítulos do Finnegans Rivolta, uma opção mais estrangeirizadora (Venuti, 2001Venuti, Lawrence. “Strategies of Translation”. In: Baker, Mona; Saldanha, Gabriela (eds.). Routledge Encyclopedia of Translation Studies. London: Routledge, 2001, p. 240-244. ) em relação a termos com os quais o leitor brasileiro possa não estar familiarizado me pareceu mais acertada dado à natureza artística, ficcional da obra. Isto é, a ambiguidade, um “não-entendimento” completo – que, no caso dos contos, pode estar vinculado, entre outros fatores, à opacidade de certos termos – me parece intrínseco à fruição de qualquer obra de arte, inclusive e especialmente dos textos ficcionais de Joyce.

Um exemplo claro de um tal termo pode ser encontrado no vocábulo “ashpit”, traduzido como “poço de cinzas”. O que seria um poço de cinzas? Uma coisa comum o suficiente para ser mencionada, de passagem, pelo menino-narrador como algo que normalmente se encontra no jardim de uma casa. Quantos leitores brasileiros saberiam identificar o que seria um poço de cinzas e quantos teriam um nos jardins de suas casas? Que a imaginação de cada leitor conceba não só o poço de cinzas, mas o local onde o garoto escondeu seus livros me parece parte significativa do processo de fruição do conto.

O parágrafo contém, ainda, uma bela frase na qual o narrador faz uma precisa e preciosa descrição de parte do cenário que o cercava. No original, a frase é “All the branches of the tall trees which lined the mall were gay with little light green leaves and the sunlight slanted through them on to the water.” (Joyce, 2006Joyce, James. Dubliners. Ed. Margot Norris. London: W. W. Norton & Company, 2006., p. 14). Além da imagem engendrada em si na e pela frase, acredito haver em sua sonoridade algo de uma liquidez gerada pela repetição do fonema [l] em várias palavras: “All”, “tall”, “lined”, “mal”, “little”, “light”, “leaves”, “sunlight” e “slanted”. Tentei manter tal efeito em minha tradução ao me valer de palavras tais quais “galhos”, “alinhavam”, “alameda” “folhinhas”, “luz” e “delas”. Utilizei também “altas” e “sol”, porém, nem todos os falantes do português pronunciam os éles que se encontram nessas palavras com o fonema [l], mas, sim, como [w], o que pode acabar não contribuindo para o efeito de repetição presente na frase original. De toda a forma, houve uma busca intencional por emular a sonoridade da frase.

Assim como nos casos dos outros textos de Joyce aqui abordados, há muito que poderia ser considerado não só em “Um encontro”, mas em Dubliners como um todo. Seja da perspectiva dos desafios da leitura, seja daqueles referentes à tradução – desafios esses que estão claramente imbricados e em relação de complementariedade.

Por fim, espero que as breves considerações acima expostas possam apresentar uma dimensão dos desafios e descobertas que o ato tradutório desses tão distintos textos de Joyce se me apresentaram e que as soluções e opções por mim adotadas possam servir para futuras discussões das traduções, dos textos originais e, principalmente, da infinita obra de Joyce.

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    Segundo o site da Revista Qorpus, trata-se de “uma publicação digital de acesso aberto vinculada, atualmente, ao Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGET-UFSC). Inserida na área de Linguística, Letras e Artes, Qorpus tem como missão ampliar a divulgação de trabalhos acadêmicos sobre os Estudos da Tradução, mais especificamente, suas intersecções com a Literatura, a Dramaturgia e as Artes.” Fonte online: https://qorpuspget.paginas.ufsc.br/sample-page/, acesso em 04/01/2022.
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    Amaral, Tarso do. “Fininguém vivelório”. In: Joyce, James. Finnegans Rivolta. Org. Dirce Waltrick do Amarante. Trad. Afonso Teixeira Filho et al. São Paulo: Iluminuras, 2022, p. 704-706Amaral, Tarso do. “Fininguém vivelório”. In: Joyce, James. Finnegans Rivolta. (Org.) Dirce Waltrick do Amarante. Trad. Afonso Teixeira Filho et al. São Paulo: Iluminuras, 2022, p. 704-706..
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    Joyce, James. Finnegans Wake. London: Penguin, 2000Joyce, James. Finnegans Wake. London: Penguin, 2000..
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    Joyce, James. Finnegans Rivolta. Org. Dirce Waltrick do Amarante. Trad. Afonso Teixeira Filho et al. São Paulo: Iluminuras, 2022Joyce, James. Finnegans Rivolta. (Org.) Dirce Waltrick do Amarante. Trad. Afonso Teixeira Filho et al. São Paulo: Iluminuras, 2022..
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    Político protestante escocês que viveu entre 1751-93 e que foi figura central nas chamadas Gordon Riots, série de rebeliões anticatólicas que aconteceram em Londres em 1780.
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    Atos do parlamento inglês que, em 1832, promoveram várias alterações no sistema eleitoral inglês e galês (https://www.parliament.uk/about/living-heritage/evolutionofparliament/houseofcommons/reformacts/overview/reformact1832/, acessado em 16/08/2021)
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    Meadows trim with daises pied”: verso do poema L’Allegro, do poeta inglês John Milton.
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    Célebre expressão Latina que pode ser traduzida como ‘Sou um cidadão romano’ e que, como apontam Arno Dal Ri Jr. e Luciene Dal Ri, no artigo “Civis, hostis ac peregrinus – Representações da condição de homem livre no ordo iuris da Roma Antiga”, representa “a afirmação de um direito perante a autoridade romana, materializado em um forte sistema de garantias jurisdicionais e de proteção do cidadão” (https://periodicos.unifor.br/rpen/article/viewFile/2695/pdf, acessado em 17/08/2021).
  • 9
    Henry John Temple, 3º Visconde Palmerston foi um estadista inglês que atuou em diversas funções, inclusive como Primeiro Ministro entre 1859 e 1865. Em junho de 1850, proferiu célebre discurso em que se valeu da expressão “Civis Romanus sum” para argumentar que, assim como um cidadão do Império Romano tinha direitos e privilégios por toda a extensão dos domínios imperiais, um cidadão nascido no Reino Unido também os teria em qualquer território governado pelo Império Britânico. Para maiores informações, acessar https://history.blog.gov.uk/2015/03/20/lord-palmerston-and-the-civis-romanus-sum-principle/.
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    William Gladstone foi um político liberal britânico que lutou no parlamento em Londres pelo Home Rule irlandês, isto é, pelo autogoverno autônomo irlandês. Gladstone não aprovou o supracitado discurso de Lorde Palmerston, pois viu como problemática associação feita pelo estadista entre o Império Britânico e o Império Romano, que Gladstone alegou ser escravagista. Para maiores informações, acessar https://history.blog.gov.uk/2015/03/20/lord-palmerston-and-the-civis-romanus-sum-principle/.
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    Como aponta Kevin Barry, trata-se de expressão “aplicada àqueles escritores contrários ao aventureirismo imperial nas primeiras décadas do século XX.” – “‘Little Englander’ was a frase Applied to those writers opposed to imperial adventurism in the Early decades of the twentieth century”. (Barry apud Joyce, 2000Joyce, James. “The Centenary of Charles Dickens”. In: Joyce, James. Occasional, Critical, and Political Writing. Ed. Kevin Barry. Oxford: Oxford University Press, 2000, p. 183-186., p. 355).

Referências

  • Amaral, Tarso do. “Fininguém vivelório”. In: Joyce, James. Finnegans Rivolta (Org.) Dirce Waltrick do Amarante. Trad. Afonso Teixeira Filho et al São Paulo: Iluminuras, 2022, p. 704-706.
  • Campos, Haroldo de. “Panaroma em português”. In: Campos, Augusto de; Campos, Haroldo de. Panaroma do Finnegans Wake São Paulo: Perspectiva, 2001. p. 27-32.
  • Joyce, James. Dubliners Ed. Margot Norris. London: W. W. Norton & Company, 2006.
  • Joyce, James. Finnegans Rivolta (Org.) Dirce Waltrick do Amarante. Trad. Afonso Teixeira Filho et al São Paulo: Iluminuras, 2022.
  • Joyce, James. Finnegans Wake London: Penguin, 2000.
  • Joyce, James. “O centenário de Charles Dickens”. Trad. Tarso do Amaral de Souza Cruz. Qorpus – Edição especial James Joyce, v. 12, n. 2, p. 151-158, junho 2022. Disponível em: https://qorpuspget.paginas.ufsc.br/files/2022/06/Qorpus-v12-n2.pdf
    » https://qorpuspget.paginas.ufsc.br/files/2022/06/Qorpus-v12-n2.pdf
  • Joyce, James. “The Centenary of Charles Dickens”. In: Joyce, James. Occasional, Critical, and Political Writing Ed. Kevin Barry. Oxford: Oxford University Press, 2000, p. 183-186.
  • Venuti, Lawrence. “Strategies of Translation”. In: Baker, Mona; Saldanha, Gabriela (eds.). Routledge Encyclopedia of Translation Studies London: Routledge, 2001, p. 240-244.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Out 2023
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    13 Ago 2022
  • Aceito
    10 Dez 2022
  • Publicado
    Dez 2022
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