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Efeito da vaporização no poder calorífico de Eucalyptus grandis

Effect of steaming on the calorífic value of Eucalyptus grandis

Resumo

O presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito da vaporização de toras no poder calorífico de Eucalyptus grandis. Para tanto, foram retirados madeira e casca dos topos das toras, antes e depois do processo de vaporização à 90ºC de temperatura durante 18horas. Posteriormente, determinou-se o poder calorífico superior da madeira e da casca pelo método da bomba calorimétrica. Os resultados mostraram que: (1) a vaporização reduziu o poder calorífico superior da madeira de 4752,54 para 4641,55Kcal/ Kg, porém sem prejudicar o potencial de combustão da espécie; e (2) o poder calorífico superior da casca sem tratamento e da vaporizada são iguais estatisticamente e na ordem de 3877,32 e 3862,79Kcal/ Kg.

Palavras-chaves:
Vaporização; Poder calorífico superior; Eucalyptus grandis.

Abstract

The present study has in aim the evaluate the effect of log steaming on calorific value from Eucalyptus grandis. The wood and bark of the log end and bark were removed bark both before and after the steaming process at 90ºC of temperature during 18 hour. After, to determined the calorific value of wood and bark for calorific method. The results showed that: (1) the log’s steaming reduced significantly the wood calorific value of 4752,54 to 4641,55 Kcal/Kg but don’t damaged the burn potential; and (2) the bark calorific value were 3877,32 and 3862,79Kcal/Kg, respective from conhol and steamed barks wi wout significant difference.

Key word:
Steaming; Calorific value; Eucalyptus grandis.

Introdução

A vaporização da madeira é justificada por várias razões, entre elas destacam-se: esterilização da madeira, escurecimento em algumas espécies, liberação das tensões de crescimento e de secagem, recuperação do colapso, aumento da estabilidade dimensional e da permeabilidade e redução do gradiente de umidade e do tempo de secagem (Mackay, 1971MACKAY, J.F.G. Influence of steaming on water vapor diffusion in hardwoods. Wood Science, v.3, p.156-160, 1971.; Simpson, 1975SIMPSON, W.T. Effect of steaming on the drying rate of several species of wood. Wood Science, v.7, p.247-255, 1975.; 1976SIMPSON, W.T. Effect of presteaming on moisture gradient of Northern Red Oak during drying. Wood Science, v.8, p.156-159, 1976.; Weik et al., 1984WEIK, B.B.; WENGERT, E.M.; SCHOREDER, J.; BRISBIN, R.. Practical drying techniques for yellowpoplar S-D-R fliches. Forest Products Journal, v. 34, p.39-44, 1984.).

O tratamento térmico por vaporização tem demonstrado, também, ser uma técnica viável para melhorar a qualidade do desdobro e da secagem da madeira de Eucalyptus (Calonego, 2004CALONEGO, F.W. Estimativa do tempo de vaporização das toras e sua implicação no desdobro e na secagem de Eucalyptus grandis. Botucatu, 2004. 120f. Dissertação (Mestrado em Agronomia/Energia na Agricultura) - Universidade Estadual Paulista.; Severo, 2000SEVERO, E.T.D. Qualidade da secagem de madeira serrada de Eucalyptus dunnii. Ciência Florestal, v.10, n.1, p.109-124, 2000., 2004; Severo & Tomaselli, 2000SEVERO, E.T.D.; TOMASELLI, I. Efeito da vaporização no alívio das tensões de crescimento em toras de duas procedências de Eucalyptus dunnii. Sciencia Agraria, v.1, n.1-2, p.29-32, 2000.).

Skolmen (1967)SKOLMEN, R. G. Heating Logs To Relieve Growth Stresses. Forest Products Journal, v.17, p.41-42, 1967., demonstrou que o emprego da vaporização reduziu as tensões de crescimento em 50% em toras de Eucalyptus saligna após um tratamento de 24 horas em água quente. Em estudo semelhante, Severo & Tomaselli (2000)SEVERO, E.T.D.; TOMASELLI, I. Efeito da vaporização no alívio das tensões de crescimento em toras de duas procedências de Eucalyptus dunnii. Sciencia Agraria, v.1, n.1-2, p.29-32, 2000. concluíram que a vaporização de toras de Eucalyptus dunni a 100ºC de temperatura durante 20 horas proporcionou uma redução significativa nas tensões de crescimento na ordem de 50% do comprimento e largura das rachaduras e da abertura das tábuas em relação às toras.

Severo & Tomaselli (2000)SEVERO, E.T.D.; TOMASELLI, I. Efeito da vaporização no alívio das tensões de crescimento em toras de duas procedências de Eucalyptus dunnii. Sciencia Agraria, v.1, n.1-2, p.29-32, 2000., também observaram que a vaporização da madeira demonstrou ser efetiva na redução do teor de umidade inicial, gradiente de umidade e no aumento da taxa de secagem desta espécie. Chafe (1990)CHAFE, S.C. Effect of brief presteaming on shrinkage, collapse and other wood-water relationships in Eucalyptus regnans F. Muell. Wood Science and Technology, v.24, p.311-326, 1990. & Severo (2000)SEVERO, E.T.D. Qualidade da secagem de madeira serrada de Eucalyptus dunnii. Ciência Florestal, v.10, n.1, p.109-124, 2000. estudando a aplicação de vapor preliminar à secagem convencional respectivamente em Eucalyptus regnans e em Eucalyptus dunnii recomendam a utilização desta técnica para reduzir a incidência de defeitos de secagem, principalmente o colapso.

Segundo Severo (2004)SEVERO, E.T.D. Pré-vaporização: uma técnica para otimizar a secagem de madeira sólida de Eucalyptus grandis. Botucatu, 2004. 85f. Tese (Livre Docência em Secagem da Madeira/Departamento de Recursos Naturais) - Universidade Estadual Paulista - UNESP., a pré-vaporização em madeira serrada de Eucalyptus grandis reduziu a incidência de defeitos durante a secagem. Para o autor, nenhuma das tábuas pré-vaporizadas e 25,0% delas apresentaram, respectivamente, rachaduras e colapso classificados como fortes. Nas tábuas controle o índice dos mesmos defeitos foi de 11,4 e de 40,9%. De forma semelhante, Calonego (2004)CALONEGO, F.W. Estimativa do tempo de vaporização das toras e sua implicação no desdobro e na secagem de Eucalyptus grandis. Botucatu, 2004. 120f. Dissertação (Mestrado em Agronomia/Energia na Agricultura) - Universidade Estadual Paulista. estudando o efeito da vaporização de toras na secagem de Eucalyptus grandis concluiu que o tratamento minimizou a ocorrência de todos os defeitos de secagem.

Embora um grande número de benefícios seja conferido à madeira devido ao tratamento de vaporização, Stamm (1956)STAMM, A.J. Thermal degradation of wood and cellulose. Ind. Eng. Chem., v.48, n.3, p.413-416, 1956., Haygreen & Bowyer (1996)HAYGREEN, J.G.; BOWYER, J.L. Forest products and wood science: an introduction. Iowa State University Press/AMES, 1996. 484p., Forest Products Laboratory (1999)FOREST PRODUCTS LABORATORY. Wood handbook: wood as an engineering material. Washington: US department of agriculture, 1999, 463p., Homan et al. (2000)HOMAN, W.; TJEERDSMA, B.; BECKERS, E.; JORISSEN, A. Structural and other properties of modified wood. In: WORLD CONFERENCE ON TIMBER ENGINEERING, 2000. British Columbia, Canada. Proceedings… British Columbia, Canada, 2000, 8p. e Waskett & Selmes (2001)WASKETT, P.; SELMES, R.E. Opportunities for UK grown timber: wood modification state of the art review. Building Research Establishment LTD, proj. nº 203-343. 2001, 83p. citam que o aquecimento da madeira em altas temperaturas ocasionam degradação de alguns de seus componentes químicos.

Fengel & Wegener (1984)FENGEL, D.; WEGENER, G. Wood chemistry: ultrastructure reactions water. Berlin: De Gruyter, 1984, 612p. afirmam que a ausência da cristalinidade, baixa massa molecular e configuração irregular e ramificada facilita a absorção de água e conseqüente degradação das hemiceluloses. Os autores, ainda, afirmam que a lignina é mais estável que as hemiceluloses e a celulose e suas cadeias são quebradas entre 150 e 300ºC de temperatura.

Homan et. al (2000) e Waskett e Selmes (2001)WASKETT, P.; SELMES, R.E. Opportunities for UK grown timber: wood modification state of the art review. Building Research Establishment LTD, proj. nº 203-343. 2001, 83p. afirmam que durante o tratamento térmico ocorre a liberação de acido acético das hemiceluloses, os quais catalisam a reação do carboidrato e reduz o seu grau de polimerização e promovem a produção de monômeros de furfural.

Em alta umidade relativa, a madeira é degradada por hidrólise ácida que é muito dependente do pH e, se a concentração do ácido for alta, sua velocidade torna-se apreciável mesmo em temperaturas inferiores a 100ºC (Fengel e Wegener, 1984FENGEL, D.; WEGENER, G. Wood chemistry: ultrastructure reactions water. Berlin: De Gruyter, 1984, 612p.).

A degradação da madeira também apresenta comportamento diferenciado conforme o meio de aquecimento utilizado. Segundo Forest Products Laboratory (1999)FOREST PRODUCTS LABORATORY. Wood handbook: wood as an engineering material. Washington: US department of agriculture, 1999, 463p., essa degradação depende de alguns fatores como o teor de umidade, aquecimento médio, temperatura e tempo de exposição. Para Stamm (1956)STAMM, A.J. Thermal degradation of wood and cellulose. Ind. Eng. Chem., v.48, n.3, p.413-416, 1956., a degradação térmica da madeira é muito maior na presença de vapor do que em condições de aquecimento pelo simples aumento da temperatura.

Como a degradação térmica altera a composição química da madeira, conseqüentemente ocorre alteração na quantidade de energia liberada pela queima do material ligno-celulósico (Fengel & Wegener, 1984FENGEL, D.; WEGENER, G. Wood chemistry: ultrastructure reactions water. Berlin: De Gruyter, 1984, 612p.; Haygreen & Bowyer, 1996HAYGREEN, J.G.; BOWYER, J.L. Forest products and wood science: an introduction. Iowa State University Press/AMES, 1996. 484p.).

A quantidade de energia liberada pelo material combustível durante sua combustão é definida como poder calorífico. Sua unidade de medida é quilocalorias (Kcal) por quilo (Kg) ou calorias (cal) por grama (g) de combustível (Brito, 1986BRITO, J.O. Madeira para a floresta: a verdadeira realidade do uso de recursos florestais. Silvicultura, v.11, n.41, p.188-193, 1986., 1993; Rezende, 1984REZENDE, M.A. Uso da técnica de atenuação da radiação gama no estudo da biomassa de Eucalyptus grandis. Piracicaba, 1984. 74f. Dissertação (Mestrado em Agronomia/Energia Nuclear na Agricultura) - Escola Superior de Agronomia “Luiz de Queiroz”/Universidade de São Paulo.).

O poder calorífico pode ser apresentado como “poder calorífico superior” (PCS) e “poder calorífico inferior” (PCI) dependendo se o calor gerado pela condensação da água de constituição do combustível é ou não considerado (Haygreen & Bowyer, 1996HAYGREEN, J.G.; BOWYER, J.L. Forest products and wood science: an introduction. Iowa State University Press/AMES, 1996. 484p.).

Brito (1993)BRITO, J.O. Expressão da produção florestal em unidades energéticas. In: CONGRESSO FLORESTAL BRASILETIRO, 7, 1993, Curitiba. Anais... Curitiba: Sociedade Brasileira de Silvicultura/Sociedade Brasileira de Engenheiros Florestais, 1993. p. 280-282. afirma que os valores de PCS encontrados para madeiras podem variar entre 3500 e 5000 Kcal/Kg. Rezende (1984)REZENDE, M.A. Uso da técnica de atenuação da radiação gama no estudo da biomassa de Eucalyptus grandis. Piracicaba, 1984. 74f. Dissertação (Mestrado em Agronomia/Energia Nuclear na Agricultura) - Escola Superior de Agronomia “Luiz de Queiroz”/Universidade de São Paulo., em seu estudo de caracterização da biomassa de Eucalyptus grandis, verificou que para essa espécie o poder calorífico superior apresenta-se na ordem de 4805Kcal/Kg.

Carvalho & Nahuz (2001)CARVALHO, A.M.; NAHUZ, M.A.R. Valorização da madeira do híbrido Eucalyptus grandis x urophylla através da produção conjunta de madeira serrada em pequenas dimensões, celulose e lenha. Scientia Forestalis, n.59, p.61-76, jun.2001., estudando a madeira do híbrido Eucalyptus grandis x urophylla demonstraram que o poder calorífico superior é igual à 4423,75Kcal/Kg.

Jara (1989)JARA, E.R.P. O poder calorífico de algumas madeiras que ocorrem no Brasil. IPT - Comunicação Técnica, n.1797, p.1-6, 1989 determinou o poder calorífico superior para a madeira e para a casca de Eucalyptus grandis e encontrou respectivamente os valores de 4790 e 3822Kcal/Kg. De forma semelhante Vale et al. (2000)VALE, A.T.; BRASIL, M.A.M. CARVALHO, C.M.; VEIGA, R.A.A. Produção de energia do fuste de Eucalyptus grandis Hill ex Maiden e Acácia Mangium Willd em diferentes níveis de adubação. Cerne, v.6, n.1, p.83-88, 2000. encontrou valor na ordem de 4641 Kcal/ Kg para o poder calorífico superior da madeira de E. grandis.

Portanto, considerando que as vaporizações são técnicas que proporcionam inúmeros benefícios, tais como: melhora na qualidade do desdobro e da secagem de eucalipto e pouco se sabe sobre o efeito da técnica no poder calorífico superior do material, o presente estudo teve por objetivo avaliar o efeito da vaporização de toras no poder calorífico superior de Eucalyptus grandis.

Material e métodos

Coleta do material

Para realização do estudo foram utilizadas madeira e casca dos resíduos de toras de Eucalyptus grandis, provenientes da Fazenda Experimental Lageado, pertencente à Faculdade de Ciências Agronômicas, Campus da UNESP, localizada no município de Botucatu-SP.

A coleta do material envolveu a derrubada, ao acaso, de 3 (três) árvores de Eucalyptus grandis com diâmetro médio entre 20 e 22cm.

Amostragem e vaporização das toras

Dos topos das toras foram retirados discos, de 5cm de espessura, denominados controle.

Posteriormente, as toras com 2,8 m de comprimento foram submetidas ao tratamento de vaporização à 90ºC de temperatura e 100% de umidade relativa, durante 18 horas.

Com uso de uma motoserra retirou-se discos, com 5cm de espessura, das extremidades das toras vaporizadas.

Determinação do poder calorífico superior

O poder calorífico superior foi determinado pelo método da bomba calorimétrica. O PCS do lenho e da casca da espécie estudada foi determinado segundo a norma ABNT NBR 8633, e pelo manual de operações do calorímetro PARR 1201.

Para o cálculo do PCS, retirou-se amostras de serragem dos discos controles e vaporizados. Foram preparadas amostras compostas por toras, sendo a quantidade de serragem tomada em cada disco proporcional a massa do próprio disco.

Posteriormente, 4 (quatro) pastilhas de casca e igual número de madeira, com massa aproximada a 1g, foram confeccionadas com o auxilio de uma prensa e secas em estufa a 1032ºC até peso constante.

Após a combustão das pastilhas utilizou-se a equação (1) para a determinação do poder calorífico superior das amostras de madeira e casca:

(1)

onde:

PCS - poder calorífico superior, Kcal/Kg;

MA - massa de água utilizada no calorímetro, 2500g;

MS - massa seca da amostra, g;

Dt - gradiente de temperatura antes e após a combustão, ºC;

K - constante do calorímetro, 407,5g.

Resultados e Discussão

Seguindo as normas da ABNT, através do método da bomba calorimétrica e da equação (1), foram obtidas os valores do poder calorífico superior para as amostras de Eucalyptus grandis. Com os valores obtidos construiu-se a Tabela 1.

Tabela 1
Poder Calorífico Superior da madeira e da casca vaporizadas e não vaporizadas de Eucalyptus grandis.
Table 1
Calorific Value of steamed and not steamed wood and bark of Eucalyptus grandis.

O valor de PCS encontrado para a madeira não vaporizada de Eucalyptus grandis é igual à 4752,54Kcal/Kg e pode ser verificado na Tabela 1. Esse valor é semelhante ao encontrado por Rezende (1984)REZENDE, M.A. Uso da técnica de atenuação da radiação gama no estudo da biomassa de Eucalyptus grandis. Piracicaba, 1984. 74f. Dissertação (Mestrado em Agronomia/Energia Nuclear na Agricultura) - Escola Superior de Agronomia “Luiz de Queiroz”/Universidade de São Paulo. que, ao estudar Eucalyptus grandis, verificou o poder calorífico superior equivalente à 4805 Kcal/Kg e por Jara (1979) citado por Vale et al. (2002) que obteve valores de PCS para E. grandis na ordem de 4790 Kcal/Kg.

O poder calorífico encontrado para a casca do material não vaporizado (controle) de Eucalyptus grandis foi de 3877Kcal/Kg. Valor que se enquadra com àquele encontrado por Jara (1979) o qual obteve 3822 Kcal/Kg para a casca de E. grandis.

Com o objetivo de verificar a influência da vaporização no poder calorífico superior da madeira e da casca de Eucalyptus grandis foi realizado o teste “t” pareado, levando-se em consideração o PCS do material controle e do vaporizado.

Como pode-se verificar na Tabela 1, existe uma diferença significativa, com nível de 1% de significância, entre o poder calorífico da madeira de Eucalyptus grandis, antes e após a vaporização, sendo que ambas as condições apresentam os valores 4752,54 e 4641,55Kcal/Kg, respectivamente.

A perda de capacidade de geração de energia da madeira vaporizada de Eucalyptus grandis pode ser explicada pela decomposição dos componentes químicos durante o processo de vaporização. Processo que, segundo Stamm (1956)STAMM, A.J. Thermal degradation of wood and cellulose. Ind. Eng. Chem., v.48, n.3, p.413-416, 1956. e Forest Products Laboratory (1999)FOREST PRODUCTS LABORATORY. Wood handbook: wood as an engineering material. Washington: US department of agriculture, 1999, 463p. provoca a degradação da substância madeira, o que resulta, também, em perda de massa. Homan et al. (2000)HOMAN, W.; TJEERDSMA, B.; BECKERS, E.; JORISSEN, A. Structural and other properties of modified wood. In: WORLD CONFERENCE ON TIMBER ENGINEERING, 2000. British Columbia, Canada. Proceedings… British Columbia, Canada, 2000, 8p. e Waskett & Selmes (2001)WASKETT, P.; SELMES, R.E. Opportunities for UK grown timber: wood modification state of the art review. Building Research Establishment LTD, proj. nº 203-343. 2001, 83p. afirmam que durante o tratamento térmico ocorre a liberação de ácido acético das hemiceluloses os quais catalisam a reação do carboidrato e reduz o seu grau de polimerização e promovem a produção de monômeros de furfural. Fengel e Wegener (1984)FENGEL, D.; WEGENER, G. Wood chemistry: ultrastructure reactions water. Berlin: De Gruyter, 1984, 612p. afirmam que em alta umidade relativa, a degradação por hidrólise ácida das hemiceluloses da madeira é muito dependente do pH e, se a concentração do ácido for alta, sua degradação torna-se apreciável mesmo em temperaturas inferiores a 100ºC.

Entretanto, verificou-se na Tabela 1, que o potencial de produção de energia desta espécie, quando vaporizada, demonstra ser perfeitamente viável, o qual é evidenciado pelo PCS igual a 4641,55Kcal/Kg. Carvalho e Nahuz (2001)CARVALHO, A.M.; NAHUZ, M.A.R. Valorização da madeira do híbrido Eucalyptus grandis x urophylla através da produção conjunta de madeira serrada em pequenas dimensões, celulose e lenha. Scientia Forestalis, n.59, p.61-76, jun.2001. classificam a madeira de Eucalyptus grandis x urophylla com PCS equivalente a 4423,75Kcal/Kg como material com bom potencial de combustão. E Jara (1989)JARA, E.R.P. O poder calorífico de algumas madeiras que ocorrem no Brasil. IPT - Comunicação Técnica, n.1797, p.1-6, 1989 e Vale et al. (2000)VALE, A.T.; BRASIL, M.A.M. CARVALHO, C.M.; VEIGA, R.A.A. Produção de energia do fuste de Eucalyptus grandis Hill ex Maiden e Acácia Mangium Willd em diferentes níveis de adubação. Cerne, v.6, n.1, p.83-88, 2000. encontraram, respectivamente, o poder calorífico superior para a madeira de Eucalyptus grandis sem tratamento térmico na ordem de 4790 e 4641Kcal/Kg.

Através do mesmo teste estatístico pôde-se verificar que não foi verificada diferença estatística entre a casca de Eucalyptus grandis, antes e depois do processo de aplicação de vapor, como mostra os valores 3877,32Kcal/Kg para a casca sem o tratamento térmico e 3862,79 para o material proveniente de resíduos que passaram pelo processo de vaporização.

Verificou-se que a casca de toras vaporizadas de Eucalyptus grandis não apresentaram diminuição do PCS, diferentemente do que ocorre com a madeira. Isto mostra que a composição química do material é fator importante para a sua degradação térmica durante o processo de aplicação de vapor.

Conclusões

Conclui-se que a vaporização em toras de Eucalyptus grandis:

  • promoveu redução significativa do poder calorífico superior da madeira de 4752,54 para 4641,55Kcal/ Kg sem prejudicar o potencial de combustão da espécie.

  • não alterou o poder calorífico superior da casca, o qual apresentou-se na ordem de 3877,32 para o material controle e 3862,79Kcal/Kg para o vaporizado.

Agradecimentos

Os autores agradecem à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pelo apoio financeiro através do processo Nº02/05028-6.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Jan 2024
  • Data do Fascículo
    Jan-Nov 2005

Histórico

  • Recebido
    20 Out 2005
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