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O Pasquim e Madame Satã, a "rainha" negra da boemia brasileira

Resumos

Este artigo analisa como e por que, no início da década de 1970, os editores de O Pasquim ressuscitaram Madame Satã da obscuridade e o promoveram como uma representação exótica e nostálgica da boemia carioca dos anos 30. As declarações francas de Madame Satã sobre sua homossexualidade e sua personalidade de malandro capturaram a imaginação dos boêmios modernos da Zona Sul que podiam aceitar suas bravatas viris ao mesmo tempo que os editores faziam piada e rejeitavam os movimentos emergentes gay e feminista que começavam a se implantar no Brasil.

história sociocultural; homessexualismo; imprensa.


This article analyzes how and why the editors of O Pasquim resurrected Madame Satã from obscurity in the early 1970s and promoted him as an exotic and nostalgic representation of Carioca bohemia of the 1930s. Madame Satã's overt declarations of homosexuality and his malandro persona captured the imagination of Rio's modernday bohemians of the Zona Sur who could embrace his masculine bravado at the same time that the editors made fun of and rejected the emergent gay and feminist movements that were beginning to take hold in Brazil.

Socio-cultural history; homossexualism; press.


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  • 20
    Editores do Pasquim: - Voce é homossexual? Madame Satã: - Sempre fui, sou e serei.
  • 1
    Cabral, Sérgio et. al. "Madame Satã", O Pasquim, n. 95, 29 de abril até 5 de maio de 1971. p. 2.
  • 2
    Paezzo, Sylvan. Memórias de Madame Satã: conforme narração a Sylvan Paezzo. Rio de Janeiro: Lidador, 1972. p. 59.
  • 3
    Idem. p. 64.
  • 4
    Idem. pp. 64-65.
  • 5
    Machado, Elmar. "Madame Satã para O Pasquim: 'Enquanto eu viver, a Lapa viverá'". Pasquim, n. 357, 30 de abril de 1976. p. 9.
  • 6
    Citado em Durst, Rogério. Madame Satã: com o diabo no corpo. São Paulo: Brasiliense, 1985. p. 12.
  • 7
    Idem. p. 10-11.
  • 8
    Paezzo. Op. cit. p. 17.
  • 9
    "Todo paulista que não gosta de mulher é bicha", O Pasquim, n. 105, 8 de julho de 1971, p. 3.
  • 10
    Parker, Richard G. Corpos, prazeres e paixões: cultura sexual no Brasil contemporâneo. Trad. Maria Therezinha M. Cavallari. São Paulo: Best Seller, 1992. p. 70.
  • 11
    Paezzo. Op. cit. pp. 23-26. Reduzi o relato de Paezzo sobre esse evento sem modificar a essência do confronto entre João Francisco e o guarda-noturno. O próprio Paezzo recriou o incidente a partir de entrevistas que realizou com Satã quando preparava seu livro. Também mudei a grafia de veado para viado, para refletir o uso popular do termo.
  • 12
    Antônio Corrêa Dias, antigo proprietário do Café Colosso, onde Satã passava grandeparte do seu tempo, insistiu em dizer que, embora Satã mantivesse a ordem nos bares que freqüentava, ele não extorquia dinheiro para proteção e fazia questão de pagar suas contas. Machado, Op. cit. p. 9. Contudo, o próprio Satã admitiu que ele protegia os bares. "Eu dava proteção aos botequins e tinha muito dinheiro, e muitos deles [rapazes] é que me procuravam, porque sabiam que quem estava comigo estava com um rei". Cabral. Op. cit. p. 3.
  • 13
    Paezzo. Op. cit. pp. 115-116.
  • 14
    Idem. p. 116.
  • 15
    Cabral. Op. cit. p. 3.
  • 16
    Idem. p. 5.
  • 17
    Holanda, Nestor de. Memórias do Café Nice: subterrâneos da música popular e da vida boêmia do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Conquista, 1970. p. 171.
  • 18
    Cabral. Op. cit. p. 3.
  • 19
    Machado. Op. cit. p. 6. Resumo.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2003
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