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Alice ainda mora aqui: narrativa juvenil contemporânea

Alice still lives here: contemporary juvenile narrative

Resumo

A compreensão de que reside na possibilidade de reconhecer nos textos que lemos aquilo que experimentamos na realidade, expressar, traduzir e dar forma às emoções e aos sentimentos que nos atormentam ou alegram, leva-nos à abordagem do tema da identidade, que conduz a escolhas, relacionamentos, enfim, a situações limites, que configurem, no plano ficcional, etapas da evolução vividas pelo ser humano e que possam traduzir, ao mesmo tempo, modos de preservação da identidade cultural e de participação do processo de universalização. Tais aspectos serão focalizados em narrativas da literatura juvenil contemporânea brasileira, Alice no espelho, de Laura Bergallo, e A maldição do olhar, de Jorge Miguel Marinho, considerando, especialmente, a diversidade das visões oferecidas pelas perspectivas internas dos textos, cuja interação possibilita a emergência do objeto estético, na perspectiva de Wolfgang Iser.

Palavras-chave:
literatura brasileira; narrativa juvenil; identidade cultural; Laura Bergallo; Jorge Miguel Marinho

Abstract

The understanding that lies in the possibility of recognizing in the texts we read what we experience in real life, express, translate and nourish our emotions and feelings of pain or happiness, making us approach the identity of the “subjectmatter” leading us towards choices, relationships and extreme situations. It typifies on the fiction plan, evolution stages experienced by humans, and which may translate, at the same time, ways of preserving the cultural identity and participate in the process of universalization. Such aspects shall be emphasized in juvenile narratives selected from the contemporary Brazilian literature, such as Laura Bergallo’s “Alice no espelho” [Alice in the Mirror] and Jorge Miguel Marinho’s “A maldição do olhar” [The Curse of the Gaze]. This, if we mainly consider the diversity of views offered by the internal perspective of the texts, the interaction of which allows the aesthetic object to emerge, according to Wolfgang Iser.

Key words:
brazilian literature; juvenile narrative; cultural identity; Laura Bergallo; Jorge Miguel Marinho

Em meio à incerteza e muitos tipos de medo, ameaçados pela perda, pela mudança e pelo brotar da dor dentro e fora, para a qual não se pode oferecer conforto, os leitores sabem pelo menos que há, aqui e acolá, uns poucos lugares seguros, tão reais quanto o papel e tão fixos quanto a tinta, para nos conceder teto e comida em nossa passagem pelo bosque escuro e sem nome.

Alberto Manguel

Narrativa juvenil e identidade

O mercado editorial brasileiro, no que se refere à publicação de narrativas para jovens, tem-se mostrado bastante produtivo tanto no quesito da quantidade quanto no que tange à qualidade dos textos. Escritores consagrados e novos narradores dinamizam o campo da literatura destinada a jovens leitores como podemos observar, sem o estabelecimento de um quadro exaustivo, por pequeno rol de autores e obras. Ao lado de Aula de inglês (2006aBOJUNGA, Lygia (2006a). Aula de inglês. Rio de Janeiro: Casa de Lygia Bojunga.), Sapato de salto (2006b______ (2006b). Sapato de salto. Rio de Janeiro: Casa de Lygia Bojunga.) e Querida (2009______ (2009). Querida. Rio de Janeiro: Casa de Lygia Bojunga.), de Lygia Bojunga; Bicho solto (2005SANT’ANNA, Ivan (2005). Bicho solto. Rio de Janeiro: Objetiva .), de Ivan Sant´Anna; Ciumento de carteirinha (2006SCLIAR, Moacyr (2006). Ciumento de carteirinha. São Paulo: Ática .), de Moacyr Scliar; O barbeiro e o judeu da prestação contra o sargento da motocicleta, de Joel Rufino dos Santos (2007SANTOS, Joel Rufino (2007). O barbeiro e o judeu da prestação contra o sargento da motocicleta. São Paulo: Moderna .); Mensagem para você (2008MACHADO, Ana Maria (2008). Mensagem para você. São Paulo: Ática.), de Ana Maria Machado; O olho de vidro de meu avô (2004QUEIRÓS, Bartolomeu Campos (2004). O olho de vidro de meu avô. São Paulo: Moderna .), de Bartolomeu Campos Queirós, ressaltamos novas vozes narrativas em: Eles não são anjos como eu (2004KUPSTAS, Márcia (2004). Eles não são anjos como eu. São Paulo: Moderna.), de Márcia Kupstas; No longe dos gerais (2004NELSON, Cruz (2004). No longe dos gerais. São Paulo: Cosac Naify .), de Nélson Cruz; Lis no peito: um livro que pede perdão (2005MARINHO, Jorge M. (2005). Lis no peito: um livro que pede perdão. São Paulo: Biruta.), de Jorge Miguel Marinho; Pena de ganso (2005MARINHO, Jorge M. (2005). Lis no peito: um livro que pede perdão. São Paulo: Biruta.), de Nilma Lacerda; Heroísmo de Quixote (2005LACERDA, Nilma (2005). Pena de ganso. São Paulo: DCL.), de Paula Mastroberti; O dia em que Felipe sumiu (2005MASTROBERTI, Paula (2005). Heroísmo de Quixote. Rio de Janeiro: Rocco.), de Milu Leite; Alice no espelho (2005LEITE, Milu (2005). O dia em que Felipe sumiu. São Paulo: Cosac Naify .), de Laura Bergallo; O rapaz que não era de Liverpool (Edições SM, 2006RITER, Caio (2006). O rapaz que não era de Liverpool. São Paulo: SM .); Meu pai não mora mais aqui (2008______ (2008). Meu pai não mora mais aqui. São Paulo: Biruta.), ambos de Caio Riter; Hermes, o motoboy (2006BRENMAN, Ilan e VILELA, Fernando (2006). Hermes, o motoboy. São Paulo: Cia das Letras.), de Ilan Brenman e Fernando Vilela; O melhor time do mundo (2006BRENMAN, Ilan e VILELA, Fernando (2006). Hermes, o motoboy. São Paulo: Cia das Letras.), de Jorge Viveiros de Castro; Todos contra D@nte (2008LACERDA, Rodrigo (2008a). Todos contra D@ante. São Paulo: Cia das Letras .); A distância das coisas (2008______ (2008b). A distância das coisas. São Paulo: SM.); O fazedor de velhos (2008______ (2008c). O fazedor de velhos. São Paulo: Cosac Naify.), de Rodrigo Lacerda. Entretanto, em razão das dimensões deste texto, optamos pela leitura de Alice no espelho (2005BERGALLO, Laura (2005). Alice no espelho. São Paulo: Edições SM.), de Laura Bergallo e A maldição do olhar (2008______ (2008). A maldição do olhar. São Paulo: Biruta.), de Jorge Miguel Marinho.

O enfoque pretendido neste artigo, a abordagem de questões relativas ao tema da identidade no corpus da literatura juvenil brasileira contemporânea, pede o aclaramento de noções com as quais nos confrontamos na compreensão das narrativas selecionadas - “identidade e alteridade”, “juventude” e “simbologia do espelho” -, considerado este último tópico em sua íntima conexão com os dois anteriores, uma vez que os textos nos oferecem tais vertentes de leitura.

No que se refere às questões sobre identidades, entendemos hoje que são culturais e não se apresentam rígidas e imutáveis, resultando de processos transitórios de identificação, e, como afirma Boaventura de Sousa Santos, são identificações em curso. Desse modo, as negociações de sentido revelam-se necessárias mesmo para o reconhecimento de identidades aparentemente firmadas, como “homem”, “mulher”, “europeu”, “africano”, “latino-americano”, “jovem” e “criança”. Além disso, segundo ainda Santos,

a questão da identidade é (...) semifictícia e seminecessária. Para quem a formula, apresenta-se sempre como uma ficção necessária. Se a resposta é obtida, o seu êxito mede-se pela intensidade da consciência de que a questão fora, desde o início, uma necessidade fictícia. É, pois, crucial conhecer quem pergunta pela identidade, em que condições, contra quem, com que propósitos e com que resultados. (Santos, 1997SANTOS, Boaventura Sousa (1997). Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. 4. ed. São Paulo: Cortez., p. 135)

Stuart Hall (2003HALL, Stuart (2003). A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva e Guaracira Lopes Louro. 7. ed. Rio de Janeiro: DP&A., p. 7-22), também voltado ao estudo do tema, propõe três modalidades de sujeitos e, portanto, de identidades: do iluminismo, do sociológico e do pós-moderno. O primeiro, segundo Hall, é um sujeito centrado, estabilizado; o sociológico forma-se na confluência com os demais sujeitos; o pós-moderno constitui-se pela mobilidade e instabilidade, aspectos que traduzem estágios em que se encontram personagens e leitores dos textos que pretendemos abordar.

A concepção de identidade somente se completa com a cooperação de seu duplo ou avesso - a alteridade -, cujo significado se fundamenta no pressuposto de que, em sociedade, interagimos e somos interdependentes de outros indivíduos. Sob tal prisma, apenas mediante o contato com o outro, o “eu individual” pode existir. Essa existência está, portanto, determinada pela visão do outro, pela diferença, complementada pelo olhar do próprio indivíduo. Laplantine (2000LAPLANTINE, François (2000). Aprender antropologia. São Paulo: Brasiliense.), em suas considerações sobre o conceito, observa que a elaboração da experiência da alteridade permite que o indivíduo reconheça que mesmo seus mais insignificantes traços comportamentais nada têm de natural e que seu “eu individual” torna-se pleno a partir do conhecimento do outro.

No que se refere à rede de significados para “espelho”, a simbologia desse objeto indica que tanto pode nos conduzir à mesmice, em razão da repetição da imagem, como ao seu oposto, a alteridade. Neste caso, há um acréscimo da complexidade e, naturalmente, do fascínio pela imagem especular. A função do espelho não é de refletir meramente a imagem, segundo Chevalier e Gheerbrant (1988CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain (1988). Dicionário de símbolos. Trad. Vera da Costa e Silva, Raul de Sá Barbosa, Angela Melim, Lúcia Melim. Rio de Janeiro: José Olympio., p. 396); como reflexo da alma do sujeito, pode propiciar sua transformação, que se realiza na configuração entre o sujeito contemplado e o espelho que o contempla.

Uma das vertentes interessantes da significação simbólica do espelho é a da sensibilidade, uma vez que sua propriedade elementar, a reprodução de imagens, é percebida pela visão, inegavelmente, o elemento primordial da sensibilidade humana, como observa Pedro de Andrade:

À imagem está associada idealmente o conceito de beleza. O mito, e o símbolo de Narciso, da mitologia grega, demonstra a positividade, mas também a perigosidade, dessa característica, especialmente se associada ao espelho. O espelho permite a autorreflexão, ora das ideias ora do corpo do sujeito. Se o corpo ou as ideias possuem uma beleza intrínseca, essa vantagem pode transformar-se no seu inverso, a vaidade ou a luxúria. Narciso constitui o paradigma do homem que se deixa aprisionar pela sua própria imagem, bela mas também assassina, ou mesmo suicidária. O espelho enquanto símbolo da vaidade e da volúpia surge igualmente em pinturas da Idade Média e da Renascença. (Andrade, 2000ANDRADE, Pedro (2000). “O espelho: objeto refletor do sujeito da reflexão.” In: Discursos e práticas alquímicas. Colóquio Internacional. Lisboa. v. 2.)

Além da sensiblidade, outro polo essencial da simbologia do espelho é, segundo ainda Andrade, a confrontação inacaba do Eu com o seu duplo, entre identidade e alteridade, par simbólico extremamente complexo.

A complexidade de semelhantes noções torna-se latente quando dirigimos o foco à significação de “juventude”, uma vez que o conceito é construído a partir de múltiplos olhares, notadamente das ciências médicas e humanas, do mesmo modo que as concepções de identidade e alteridade. Para o sociólogo Groppo, na sociedade capitalista industrial, “juventude” pode ser considerada uma etapa marcada pela disciplinarização e socialização do sujeito, mas, ao mesmo tempo, um direito concebido pela modernidade, pois os direitos do homem configuram o que se conhece como “justiça do imaginário” na sociedade democrática: “a juventude, suas respectivas atribuições e cuidados seriam um direito de todos os indivíduos que se encontram neste período do desenvolvimento humano. Um direito que seria de todos, não importando a classe social” (Groppo, 2000GROPPO, Luís Antonio (2000). Juventude: ensaios sobre Sociologia e História das juventudes modernas. Rio de Janeiro: DIFEL., p. 72). Entretanto, nas relações sociais concretas, a sociedade formalmente igualitária é desigual e compõe-se de estruturas e estratificações sociais bem como de outras modalidades de diferenciação que impedem a realização do direito à infância e à juventude. Na sociedade moderna, predomina o caráter de evolução nos estágios pelos quais passa o indivíduo, “não existem cortes, mas continuidade em sua evolução” (id., p. 274), enquanto que, na tribal, a passagem de uma configuração social a outra é marcada pelo rito de passagem, divisor entre um ciclo que se completa e outro iniciado. Desse modo, “os ritos de iniciação procuram não construir um indivíduo autônomo, uma identidade individual ou uma vontade particular. Eles buscam a construção de uma “identidade tribal“ (id., ibid.).

Assim como a discussão de tais conceitos é complexa e não podemos esgotá-la em poucas linhas, também a manifestação literária de tais assuntos, considerados “temas de fronteira“, notadamente aqueles que tratam de etapas da evolução humana, não é tarefa fácil. Exige sensibilidade apurada dos narradores e/ou poetas para que não atentem contra a dignidade dos leitores, com a exploração de sentimentos e emoções, à sombra da moral e seus ressentimentos. É preciso fugir de lugares comuns, trabalhar a linguagem em todas suas nuances e possibilidades de sentido, valorizando, entre outros, os recursos sonoros, semânticos e sintáticos, para expressar o mundo em sua totalidade.

Jogo especular e construção de identidades

Dentre as várias possibilidades de apresentar o processo de construção da identidade juvenil nas obras selecionadas, optamos por verificar como elementos fundamentais da estrutura narrativa, narrador/focalizador e personagens, podem ser responsabilizados pela tarefa, sempre em consonância com os recursos linguísticos empregados. As proposições sobre esses elementos da narrativa mostram-se importantes uma vez que, por seus traços, podemos observar o grau de proximidade estabelecido com os leitores e, a partir daí, acompanhar a instauração do processo de identificação entre jovens leitores e os seres do mundo ficcional, processo que lhes oferece, inclusive, a possibilidade de refletir sobre sua condição e de elaborar suas imagens enquanto seres-no-mundo.

Assim, considerando o pressuposto de que a literatura, como uma das formas de consciência social, reflete, transfigura e, ao mesmo tempo, propõe discussões sobre o mundo e sobre experiências humanas, pretendemos observar o processo de reflexão especular empreendido pelas personagens adolescentes, responsável pelo “nonsense” na construção do mundo narrado, a partir da íntima conexão com Alice através do espelho, de Lewis Carroll (2002CARROLL, Lewis (2002). Alice: edição comentada. Aventuras de Alice no País das Maravilhas & Através do Espelho. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Zahar.), criação que tem suscitado releituras por todo mundo ocidental, desde simples alusões a referências explícitas e intertextos mais refinados. No caso da Literatura Brasileira, mais precisamente aquela destinada à infância e juventude, desde que Monteiro Lobato relatou a visita que Alice “do país das maravilhas” fez ao Sítio do Picapau Amarelo, a menina tem sido observada com frequência em nossa literatura, em formas e gêneros bastante diversificados. O processo de reflexão especular será observado em Alice no espelho, de Laura Bergallo, e A maldição do olhar, de Jorge Miguel Marinho, narrativas que relatam o desabrochar sentimental, a aprendizagem humana dos protagonistas, jovens que buscam o conhecimento de si mesmos e dos outros, participando gradativamente da aventura da existência.

O livro de Laura Bergallo recebeu o Prêmio Jabuti em 2007 na categoria Literatura Juvenil, premiação concedida pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), e integra a Coleção Muriqui (SM), cujas histórias tratam de questões cotidianas para o jovem, e tem títulos publicados como A filha do rei, de Telma Guimarães Castro Andrade, Não é bem assim, de Márcia Leite, O tesouro de Ana, de Mirna Pinsky, e O tempo das surpresas, de Caio Riter. Já o autor de A maldição do olhar recebeu, entre muitos outros, também o Jabuti, em 2006RITER, Caio (2006). O rapaz que não era de Liverpool. São Paulo: SM ., com Lis no peito: um livro que pede perdão (Biruta).

As obras em pauta apresentam projetos gráficos e editoriais bastante atraentes, direcionados ao público jovem. As ilustrações de Alice no espelho, feitas por Edith Derdyk, são pequenas, em branco e preto, e contêm, como o texto verbal, inúmeras referências à Alice de Carroll. O livro é constituído por vários paratextos que confirmam os objetivos da Coleção: no Epílogo, estão o depoimento de uma jovem em tratamento por problemas com bulimia e anorexia, informações sobre a doença e textos que enfocam questões relativas à ditadura da estética, entre outros. O projeto gráfico de A maldição do olhar, por sua vez, com ilustrações de Gustavo Piqueira e Samia Jacintho, investe em formas e em cores, especialmente lilás e preto, no fundo branco da página. Ora são folhas brancas com pequenas bolas lilases, ora páginas em lilás, fundo para duas garrafas negras; outras vezes, grades em formas e dimensões variadas compõem o fundo branco ou lilás do papel. Não há qualquer prefácio ou texto informativo; nas orelhas do livro, apenas alguns dados sobre o escritor e os ilustradores.

Em Alice no espelho, Bergallo enfoca a ditadura a modelos estéticos a que se submetem as adolescentes, que - à custa de sacrifícios de toda ordem - se sentem obrigadas ao enquadramento a padrões físicos e comportamentais, considerados adequados para a integração ao meio social. Alice, a personagem, é vítima de transtornos alimentares - bulimia - gerados pela insatisfação com a própria imagem e pelo desejo de corresponder ao padrão preestabelecido de beleza, sem a ousadia da diferença. Com o agravamento dos sintomas, a anorexia é inevitável.

Além do título, outras referências remetem os leitores à narrativa de Carroll e são, de antemão, esclarecidas pela voz narradora, como podemos ler na epígrafe do capítulo inicial, composta pelos versos que abrem a história primeira:

Alice ainda se lembra do pai recitando esses versos, que ficam bem no começo do livro Alice através do espelho. Para ser sincera, não sei se ela se lembra das palavras exatas (ou mais ou menos exatas) ou se gostaria de lembrar. (Bergallo, 2005BERGALLO, Laura (2005). Alice no espelho. São Paulo: Edições SM., p. 9)

Entretanto, não há necessidade de estabelecermos relações pontuais entre os elementos que estruturam a narrativa de Carroll e os textos contemporâneos citados, para compreendermos suas ligações de sentido. Grande parte das conexões que outras narrativas estabelecem com Alice através do espelho não se refere exatamente à obra e sim a um conjunto amplo de livros que determinam a cultura em dado momento, o que a configura como “biblioteca coletiva”, denominação de Pierre Bayard:

é a biblioteca coletiva] que verdadeiramente conta, pois é seu domínio que está em jogo nos discursos a propósito de livros. Mas esse domínio é um domínio de relações, não deste ou daquele elemento isolado, e se adapta perfeitamente à ignorância de grande parte do conjunto. (Bayard, 2007BAYARD, Pierre (2007). Como falar dos livros que não lemos? Trad. Rejane Janowitzer. Rio de Janeiro: Objetiva., p. 32)

A narrativa, dividida em duas partes, apresenta-nos Alice, uma adolescente de quinze anos que enfrenta cotidianamente problemas semelhantes aos de qualquer jovem. Ficamos sabendo que a menina recebeu esse nome em homenagem a Alice “do país das maravilhas”, a grande paixão do pai, agora ausente:

Mas não tem mais histórias de Alice, risadas altas, a barba crescida do pai roçando seu rosto num carinho meio áspero. Alice procura esquecer. Mas também procura lembrar. Lembrar-se do pai é ficar mais um pouco junto dele. Mas também faz Alice viver de novo aquele abandono, que não parece muito justo com ela. (Bergallo, 2005BERGALLO, Laura (2005). Alice no espelho. São Paulo: Edições SM., p. 11)

O relacionamento com a mãe, sempre ocupada em malhar na academia, não ajuda a garota a superar a lacuna criada pelo afastamento paterno: “Em algum lugar de sua história, Alice procura uma culpa que explique essa ausência. E já não acredita no país das maravilhas” (id., p. 12). Após breve flash back narrativo, vamos encontrar Alice com 15 anos e há muito tempo sem notícias do pai, que “ia se tornando tão irreal quanto um coelho que fala” (id., p.13).

Temos aí o conflito delineado no que se refere à situação familiar: a ausência do pai, apontada como traição pela mãe e pela avó, que o criticam o tempo todo. Quanto às aspirações e desejos mais íntimos, são exatamente os mesmos de uma geração encantada por modelos magérrimas: “Felicidade, o que é mesmo? Ser linda, jovem e magra, eis o que é” (id., p. 20). Se a felicidade está na leveza, é preciso buscá-la a todo custo; os regimes alimentares tornam-se frequentes e crescem as desconfianças em casa, principalmente por parte da avó, sempre mais atenta aos problemas da garota. Não está fácil driblar a vigilância: “Mas e o jantar, como é que vai ser? Não está disposta a sair da dieta que está fazendo, mas a avó não pode, de jeito nenhum, saber que ela está de regime outra vez” (id., p. 21).

As angústias de Alice não tomam forma para a mãe e para a avó, almas diferentes. Apenas o espelho, espaço de convergência para o interior, reflete o sofrimento da garota: “Dá uma olhadinha no espelho e faz uma careta horrível: está gorda, gorda, gorda!” (id., p. 26). A crise de identidade ganha vulto na adolescência e a imagem que Alice vê no espelho é a de seu desequilíbrio emocional. Obrigada a comer, resolve o problema no banheiro com a ajuda do cabo da escova de dentes, mas a avó está atenta: “Acho que está doente. Já reparou que ela vai sempre ao banheiro logo depois das refeições? E ainda fica um tempão lá dentro, com aquele som ligado aos berros?” (id., p. 28).

A segunda parte da narrativa inicia-se com o desmaio de Alice, logo após uma sessão de comilança desenfreada. A partir de então, o mundo narrado é construído pelo processo do “nonsense”, marcado pelo jogo de sentido proposto pela ambiguidade entre identidade e alteridade. Como a Alice de Carroll, a personagem transporta-se para o mundo do espelho, onde vê refletida a imagem que seu olhar doente elabora de si mesma, a gorda Ecila, seu avesso:

Levanta do chão e fica em pé na frente do espelho emoldurado. Nele vê uma garota gordona olhando para ela feito pateta (quem seria?). Atrás dela, um quarto igualzinho, só que com tudo em posição invertida. (Bergallo, 2005BERGALLO, Laura (2005). Alice no espelho. São Paulo: Edições SM., p. 52)

Nesse espaço especular, reflexo de seu interior em crise, cujo acesso é permitido pelo estado de coma, pelo choque anoréxico, Alice depara com elementos e questões só aparentemente diferentes do mundo além do espelho, porque fatos e pessoas são projeções de seu íntimo: a nova amiga, Ecila, também possui fortes laços com o pai ausente; os habitantes desse lado são modelos de beleza desejados pela garota, como o corpo de Mirna Lee e o garoto Tiago, por quem pensa estar apaixonada.

Se garota gorda é o outro, o lado oposto de Alice, é justamente a partir da perspectiva da alteridade que a menina poderá reconhecer-se como individualidade. Inicia-se, assim, pela mão de Ecila, o processo de reflexão, que desencadeia a retomada da consciência e o reconhecimento de sua identidade. Embora cercada da mesmice, de modelos estéticos sonhados por Alice, Ecila aprecia a diferença, como seu pai, leitor de Alice no país das maravilhas, e não quer fazer a transformação, processo que a tornará linda e jovem para sempre, como os protótipos de indivíduos à disposição dos habitantes do mundo especular, cujo verdadeiro objetivo é a conformação:

o que importa mesmo é que todo mundo fique igual. Não querem gente diferente, não querem gente que pense diferente. (...) Alteram os nossos genes - fala a gorda para Alice, com expressão horrorizada - Viramos uma espécie de... gente transgênica. E a violência não para por aí: cortam, repuxam, sugam e costuram a gente toda, até ficar igual ao modelo escolhido. (id., p. 76)

Após a cirurgia forçada de Ecila, ao notar que a ex-gorda, encantada com a própria imagem e reconhecendo que ser bonita como os modelos à disposição e não envelhecer é “tudo de bom”, Alice resolve entregar-lhe o exemplar de Alice no país das maravilhas, “aflita por imaginar que a leitura possa causar em Ecila o mesmo efeito que causou no pai: mudar a cabeça” (Bergallo, 2005BERGALLO, Laura (2005). Alice no espelho. São Paulo: Edições SM., p. 146). Entretanto, como a outra é o seu avesso, imagem que faz de si mesma, a leitura do livro se torna o passaporte para o retorno à consciência e o reencontro com o pai. A importância da resposta obtida por Alice nesse processo de busca da identidade não está no caráter afirmativo da narrativa, mas na compreensão de que apenas uma etapa da evolução foi vencida e que a personagem, como todo ser humano, deve passar por muitas outras:

Quer dizer... tem uma coisa que eu sei sim...

O que é?

Sei que estou precisando de ajuda. Quero parar de sentir raiva do meu corpo, mas não sei como. Eu não controlo a coisa, você entende? E não quero morrer disso. (id., p. 152)

A maldição do olhar, de Jorge Miguel Marinho, relata a história do encontro marcado por intensa sensualidade entre Alexandre, o Alê, e Alice, a garota “do país das maravilhas”, presa no espelho do guarda-roupa do quarto do jovem vampiro, enquanto ao redor deles ocorre o extermínio das criaturas marcadas pela diferença. Nesse clima de medo, Alê vive com o pai, José Régio, “doente e meio corcunda de tanto colar estampilha, bater carimbo, grampear pilhas e pilhas de papéis” (Marinho, 2008______ (2008). A maldição do olhar. São Paulo: Biruta., p. 15), e a madrasta Elza, mais jovem e muito bonita, cujo rosto sofrido tem “olheiras de tanto trabalhar as noites num motel de estrada vendendo preservativos, cigarros e bombons” (id., ibid.).

A sinopse da editora apresenta a narrativa de Jorge Miguel Marinho como uma “história de amor impossível e muito bem conduzida por uma sucessão de crimes tão surpreendente que a próxima vítima pode ser até o próprio leitor”. Entretanto, o estilo lírico do autor, o embricamento de elementos do real e do maravilhoso na estrutura do narrado, como a presença de Alice, presa no espelho por anos e anos, e da família de vampiros, apesar das diferenças, tão semelhante às outras da cidade grande, possibilitam ao leitor outras leituras. É possível encontrarmos caminhos diferenciados no emaranhado bosque do mundo narrado e nos deixarmos levar pela vigorosa força da narrativa (Manguel, 2000MANGUEL, Alberto (2000). No bosque do espelho. Trad. Pedro Maia Soares. São Paulo: Companhia das Letras., p. 20).

Desse modo, para além de uma história de suspense ou de crimes surpreendentes, como anuncia o pequeno texto veiculado pela editora, A maldição do olhar pode ser vista como a busca e o reconhecimento da identidade pelo jovem vampiro, a partir de uma instigante, sensual e questionadora viagem interior, pois os conflitos ocorrem com muito mais força e evidência no íntimo da personagem; a viagem especular, empreendida por Alê e seu outro, Alice, revela maior violência psicológica que os crimes cometidos contra os vampiros; os assassinatos, por sua vez, podem ainda significar outras perdas que não simplesmente a morte das vítimas.

Em estreita sintonia com Chevalier e Gheerbrant (1988CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain (1988). Dicionário de símbolos. Trad. Vera da Costa e Silva, Raul de Sá Barbosa, Angela Melim, Lúcia Melim. Rio de Janeiro: José Olympio., p. 936) no que se refere à simbologia do vampiro, podemos conceber a presença dessa figura na estrutura da narrativa como uma grande metáfora do processo de reconhecimento do indivíduo sobre si mesmo. Como a imagem sugere o insaciável apetite de viver, uma forma de autodestruição, enquanto durar o sentimento de inadaptação a si mesmo, aos outros e ao meio social, o vampiro existirá; quando, ao contrário, estiver plenamente satisfeito, assumindo suas responsabilidades, desaparecerá, como acontece com Alê e Elza, ao contrário do pai que, cada vez mais frustrado, morre. Esses seres fantásticos, como Alê, o pai e a madrasta, traduzem significação mais ampla no mundo narrado e são entendidos como indivíduos com dificuldades de relacionamento na sociedade e no meio familiar.

Enquanto permanece insatisfeito consigo mesmo e à deriva em relação ao conhecimento de sua identidade, Alê não tem a imagem refletida no espelho, como assegura a mitologia dos vampiros. Somente no momento em que o filete da tinta vermelha, com a qual o jovem escreve, escorre e se encontra com o líquido transparente de Alice, que escapa do guarda-roupa, é que ele se reconhece no outro, já que se vê na imagem de Alice:

Colou o rosto a ele buscando uma identidade muito pouco familiar. Em seguida recuou dois passos para se ver melhor. Estranhou a falta de barba, o tamanho dos cabelos e sobretudo os pequenos seios de Alice que provocavam nele um desejo irresistível de se tocar. (...).

Saiu imediatamente do quarto supondo que fugia da imagem de seu retrato mais íntimo ou de seu corpo astral. (Marinho, 2008______ (2008). A maldição do olhar. São Paulo: Biruta., p. 62)

A construção perspectivística, responsável por muitas caminhadas dos leitores por entre as dobras do texto, permite que, além da ótica do narrador, possamos dispor, de igual modo nesta narrativa, de outras perspectivas que nos conduzam ao conflito interior de Alê. Uma delas é a do próprio jovem que registra, no diário, dúvidas e angústias quanto a sua identidade:

Hoje mesmo os jornais deram que mais um vampiro apareceu morto e esquartejado na Estação da Luz. Deve ser por isso tudo que eu gosto tanto do filme do Nosferatu. É como se ele fosse eu. Ao contrário, claro. Ele sofre de um jeito, eu peno de outro. No meu caso, eu tenho dois caninos no ponto e nunca sei o que devo morder.

Não sei direito quem sou eu. (id., p. 14)

Ao procurar sua imagem no espelho, não a vê, pois, insatisfeito e incompleto, o vampiro não a reflete; somente o encontro com o outro, projeção de seus questionamentos íntimos, permite-lhe visualizar seus traços, em estreita ligação com a forma feminina refletida pelo espelho:

Alê vislumbrou seu rosto nos olhos de Alice, agora por trás dos óculos. E ela, quase sem forças, se viu cadavérica no olhar do vampiro que se iluminou ainda mais. Os dois se estranharam muito. Ele, porque desconfiou da sua própria imagem, diminuída e assustada, dentro de um rosto que não era o seu. Ela, porque não se olhava havia muito tempo e mal reconhecia a antiga menina curiosa na fisionomia meio débil de uma garota tão doente, com cara de mulher. (Marinho, 2008______ (2008). A maldição do olhar. São Paulo: Biruta., p. 7)

Os leitores têm também à disposição o olhar das pessoas que cercam Alê, que notam a perplexidade causada pelo esforço em busca da afirmação de sua identidade: “Para espanto da família e de uma faxineira que limpava a casa duas vezes por mês, ele deu de jogar uma cabeleira invisível por trás dos ombros e fechar a camisa até o pescoço, igual a uma virgem cheia de pudor” (id., p. 62). O pai, convicto de que a atitude diferente do rapaz era proveniente do excesso de leituras, se “pôs a destruir os livros do filho” (id., p. 63).

Perspectividade e interação

O processo de reflexão empreendido tanto por Alice como por Alê, personagens das narrativas enfocadas, ocorre a partir da perspectividade interna do texto, com o ponto de vista em movimento, um dos atos de apreensão do texto elencados por Wolfang Iser (1999ISER, Wolfang (1999). O ato da leitura. Trad. Johannes Kretschmer. São Paulo: Editora 34. v. 2.), ou seja, visões diferenciadas que tematizam de modo sensível questões relativas à identidade e às apreensões de emoções dos jovens no mundo narrado.

O modo de narrar, o embate de perspectivas diferentes, a experiência de acontecimentos ambíguos, vividos pelos protagonistas, como projeções de suas consciências, confirmam a catarse, uma vez que a vivência de fatos avessos os libera da submissão a modelos a que foram submetidos em seu meio social e familiar. Os leitores, a partir dessa dinâmica, procuram entender os meandros do narrado, acompanhando perspectivas dos narradores, das personagens principais e secundárias. No caso de Alice no espelho, os fatos são apresentados a partir da ótica da própria Alice e de personagens como a mãe, o pai, Ecila e sua família; em A maldição do olhar, acompanhamos os acontecimentos pelos olhares de Alê e de Alice, bem como das demais personagens, principalmente José Régio e Elza.

O jogo empreendido pela perspectividade, revelador da evolução do processo de construção da identidade das personagens Alice e Alê, mostrase fundamental para a interação entre leitores e textos. A reação provocada pelas diferentes perspectivas pode ser considerada, a partir das “categorias de recepção” (Jauss, 1974JAUSS, Hans Robert (1974). “Levels of identification of hero and audience”. New literary history. Charlotte Ville: Virgínia. v. 5. n. 2.), elemento fundamental para aqueles que se preocupam com as relações entre o texto literário e seus potenciais receptores, neste caso, jovens leitores. A atuação das personagens provoca duas modalidades de identificação, principalmente: a “catártica”, própria da tragédia, e a “irônica”, que se manifesta com reações antagônicas do leitor, de aproximação e de rejeição.

Tanto a reflexão final da personagem de Bergallo, observada no excerto transcrito anteriormente, como a atitude de Alê de quebrar todos os espelhos do país, como ordena Alice (Marinho, 2008______ (2008). A maldição do olhar. São Paulo: Biruta., p. 117), para que todos possam observar-se de modo diferenciado, podem exemplificar o cumprimento da função “catártica”, referida por Jauss. No que se refere ao resultado da ação de Alê, como ele e Alice colaram novamente os estilhaços dos espelhos em todas “as passagens visíveis deste outro país”, fora da prisão especular, as pessoas, por onde passassem, eram obrigadas a se ver, a assumir suas identidades. Ao se dissiparem as angústias que assaltam as personagens, a partir da reflexão sobre suas experiências, os leitores podem reconhecer as emoções que experimentam no cotidiano das relações humanas, promovendo, ao mesmo tempo, a liberação de temores que os assaltam e angustiam:

E não viam o próprio rosto, até então desconhecido. Pela disposição dos espelhos, enxergavam o corpo, a espessura da nuca, os sinais mais agradáveis e também os aleijões. Muitos fugiram da cidade, alguns morreram em casa e nas ruas, a maior parte permaneceu ali, feliz ou infeliz. (id., ibid.)

No caso da função “irônica”, contraditória por natureza, a identificação ocorre, justamente, pelo reconhecimento de que as dúvidas e angústias das personagens são comuns aos leitores; o distanciamento permite que eles, também homens partidos, marcados pela mobilidade e instabilidade do sujeito pós-moderno, possam refletir sobre sua própria situação, rejeitando-a ou não.

Em síntese, a partir dos pressupostos de Iser, observamos que as principais perspectivas no texto de Bergallo e de Marinho - narrador e personagem - são perspectivizadas, configurando-se o processo de múltiplos olhares, que promove relações diferentes entre textos e realidade, e, em consequência, nenhuma delas pode representar integralmente o objeto estético. Este somente se constitui graças às relações estabelecidas entre as diferentes perspectivas. O que parece fundamental na construção narrativa de Alice no espelho e A maldição do olhar é o modo como o narrador instaura, na estrutura e organização do mundo narrado, o jogo entre identidade e alteridade, pois, a partir dessa estratégia, atitudes e sentimentos dos protagonistas e das demais personagens, notadamente, as figuras de Alice, em Marinho, e de Ecila, em Bergallo, enredam-se e, constituindo a constelação de perspectivas da narrativa, possibilitam a emersão do objeto estético, que surge, como propõe Iser, “da interação dessas ‘perspectivas internas’ do texto; ele é um objeto estético à medida que o leitor tem de produzi-lo por meio da orientação que a constelação dos diversos pontos de vista oferece” (Iser, 1999ISER, Wolfang (1999). O ato da leitura. Trad. Johannes Kretschmer. São Paulo: Editora 34. v. 2., p. 180).

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    31 Out 2019
  • Data do Fascículo
    Jul-Dec 2010

Histórico

  • Recebido
    Jan 2010
  • Aceito
    Maio 2010
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