NOTAS FITOPATOLÓGICAS PHYTOPATHOLOGICAL NOTES
Ocorrência de Nectria haematococca em maracujazais no estado do Rio de Janeiro e resistência de Passiflora mucronata ao patógeno
Occurrence of Nectria haematococca in passion fruit in the State Rio de Janeiro and resistance of Passiflora mucronata to the pathogen
Ivan H. FischerI; Jorge A.M. RezendeI; Norton Naldi FilhoII; José R. da SilvaIII
IDepartamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola, ESALQ/USP, CEP 13418-900, Piracicaba, SP, e-mail: ihfische@esalq.usp.br
IIEMATER-RIO/SEAAPI, CEP 24120-191, Niterói, RJ
IIIViveiros Flora Brasil Ltda, Araguari, MG
ABSTRACT
The occurrence of passion fruit (Passiflora edulis f. flavicarpa) collar rot, caused by Nectria haematococca is reported for the first time in the State of Rio de Janeiro, Brazil. Plants of Passiflora mucronata were resistant to N. haematococca, but susceptible to Phytophthora nicotianae, which has also been associated with collar rot.
Plantios de maracujazeiro (Passiflora edulis f. flavicarpa Deg.) exibindo alta porcentagem de plantas mortas foram constatados nos municípios de Campos dos Goytacazes e São Francisco do Itabapoana, RJ, no ano de 2003. As plantas exibiam cancros e a desintegração dos tecidos corticais do colo e das raízes, refletindo no amarelecimento, murcha e seca da parte aérea. Porções do tecido do colo de plantas sintomáticas foram desinfetadas em hipoclorito de sódio a 0,5% por 1 min, e fragmentos menores foram plaqueados em meio de cultura agar-água para o isolamento do patógeno. Peritécios de coloração avermelhada, típicos de Necria haematococca Berk & Br. apareceram na colônia isolada e cultivada em meio V8 (Figura 1A). Plantas de maracujazeiro, com cinco semanas após a germinação e cultivadas em vasos, foram inoculadas com o fungo para teste de patogenicidade. A inoculação foi feita com um disco de cultura do patógeno (5 mm de diâmetro) crescido em meio V8, e fixado com fita adesiva sobre um pequeno ferimento circular, de 3 mm de diâmetro, no colo da planta, a uma altura de 2 cm do solo. A fita adesiva foi removida cinco dias depois. As plantas foram mantidas em casa de vegetação, com o solo constantemente úmido. Após 14 dias, as plantas apresentaram lesões no colo de coloração marrom-escura e deprimidas, acompanhado de sintomas de murcha na parte aérea. Após confirmar a identidade do fungo (Booth, C. Fusarium: Laboratory guide to identification of the major species, 1977), este foi inoculado em plantas novas de Passiflora mucronata Lam., considerada resistente à podridão do colo pelos produtores locais. Plantas de P. edulis f. flavicarpa foram inoculadas como controle. Nenhuma das 14 plantas de P. mucronata inoculadas com N. haematococca desenvolveu cancros típicos, apenas uma lesão cicatrizada decorrente da inoculação; enquanto as plantas controle desenvolveram sintomas severos da doença (Figura 1B), que culminaram com a morte de 75% das plantas. Oito plantas de P. mucronata também foram inoculadas com um isolado de Phytophthora nicotianae Breda de Haan, procedente de Vera Cruz, SP, uma vez que esse patógeno também tem sido associado com a podridão do colo do maracujazeiro. Todas elas foram infetadas por essa espécie de patógeno (Figura 1C). Fisher et al. (Fitopatol. Bras. no prelo; Summa Phytopathol. no prelo) recentemente relataram a existência de fontes de resistência a N. haematococca e P. nicotianae em outras espécies silvestres de Passiflora. A resistência de P. mucronata a N. haematococca pode ser explorada para o controle da doença em campo, por meio do seu uso como porta enxerto, conforme já vem sendo investigado por produtores do RJ.
Aceito para publicação em 18/03/2005
Autor para correspondência: Ivan H. Fischer
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
13 Jan 2006 -
Data do Fascículo
Dez 2005
