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Associação de Pseudothis coccodes e seu anamorfo com Machaerium villosum (Papilionoideae)

Association of Pseudothis coccodes and its anamorph with Machaerium villosum (Papilionoideae)

NOTAS FITOPATOLÓGICAS PHYTOPATHOLOGICAL NOTES

Associação de Pseudothis coccodes e seu anamorfo com Machaerium villosum (Papilionoideae)

Association of Pseudothis coccodes and its anamorph with Machaerium villosum (Papilionoideae)

J. Evando A. Beserra JúniorI, * * Bolsistas CNPq. ; Ludwig H. PfenningII, * * Bolsistas CNPq.

IDepartamento de Fitopatologia, Universidade Federal de Viçosa, CEP 36571-000, Viçosa, MG

IIDepartamento de Fitopatologia, Universidade Federal de Lavras, Cx. Postal 3037, CEP 37200-000, Lavras, MG, e-mail: evandojr@vicosa.ufv.br

ABSTRACT

A fungal complex causing black spots can frequently be found on leaves of Machaerium villosum (Papilionoideae, Leguminosae) in the state of Minas Gerais, Brazil. The association consists of Pseudothis coccodes with its anamorph Lasmeniella sp. and an associated species of Phyllachora. A new description of the teleomorphic and anamorphic stages of the fungus is given.

Machaerium villosum Vogel é uma leguminosa arbórea popularmente conhecida como Jacarandá-mineiro, utilizada em reflorestamentos (Documentos Florestais 8:1. 1990). Em coletas feitas no município de Lavras-MG, foram encontradas nas folhas, lesões negras de 0.5-5 mm de diâmetro (Figura 1A). A análise micro-morfológica evidenciou a presença de estromas imerso-irrompentes, negros, peritécios globosos, 215-410 µm de diâmetro e 185-350 µm de altura (Figura 1B), e paráfises abundantes. Ascos unitunicados, de parede fina, evanescentes, clavados, 45-53 x 7-12 µm, contendo oito ascósporos castanhos, lisos, com um septo, 9-12 x 4.5-6 µm, e célula apical maior que a basal. Presença de uma faixa hialina em posição médio-inferior na célula apical e equatorial na célula basal (Figura 1C). O fungo foi identificado como Pseudothis coccodes Theis. & Syd. (Annales Mycologici 12:274. 1915). Foram observados também conídios globosos irregulares, marrons, cerca de 7 µm de diâmetro, com uma gota de substância refringente em seu centro, caracterizando o anamorfo Lasmeniella sp. (Sutton, The Coelomycetes, p.326. 1980) (Figura 1D). Batista (Publicações do Instituto de Micologia da UFPe, 440:12. 1964) e Viégas (Bragantia 4:80. 1944) descreveram ascos com comprimento inferior (34-44 ìm) e largura superior (10-18 µm). Müller & von Arx (Die Gattungen der didymosporen Pyrenomyceten, p.736. 1962) obtiveram medidas de asco superiores (55-68 µm). Em sua descrição, Batista (1964) concluiu equivocadamente que esse fungo possuía ascos bitunicados, contrariando outros relatos disponíveis na literatura, inclusive a descrição original. A formação de paráfises e a presença de uma faixa hialina nas células do ascósporo também não foram registradas por esses autores. Essa variação de observações é provavelmente reflexo do uso de material vegetal herborizado em inadequado estado de conservação, comprometendo a descrição correta do fungo. Outro ascomiceto foi encontrado em associação, apresentando estromas negros, 2-3 mm de diâmetro, lóculos globosos, 314-480 x 242-338 µm. Ascos unitunicados, 41-53 x 13-21 µm, contendo oito ascósporos hialinos, unicelulares, elípticos, 12-14 x 7-9 µm. O fungo foi identificado como Phyllachora sp. A associação de P. coccodes com Phyllachora sp. em Machaerium sp. e outros gêneros de leguminosas lenhosas já foi relatada por Müller & von Arx (1962) e parece ocorrer com freqüência.


Aceito para publicação em 23/06/2005

Autor para correspondência: J. Evando A. Beserra Júnior

  • *
    Bolsistas CNPq.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      10 Mar 2006
    • Data do Fascículo
      Fev 2006
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