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CONSUMINDO COMO UMA GAROTA: SUBJETIVAÇÃO E EMPODERAMENTO NA PUBLICIDADE VOLTADA PARA MULHERES 1 1  Uma versão resumida deste trabalho foi apresentada no GT de Sociologia da Cultura do 18º Congresso Brasileiro de Sociologia, em julho de 2017, e deverá constar de seus anais. Agradecemos aos professores Edson Farias e Maria Celeste Mira pela oportunidade. Também agradecemos a Maria Eduarda Rocha, Gabriel Cohn, Frédéric Vandenberghe e aos membros do Grupo de Estudos em Teoria Social e Subjetividades (GETSS) do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco (PPGS-UFPE) pelas valiosas críticas e sugestões ao texto, em particular: Aloízio Barbosa, Amarildo Malvezzi, Dayra Batista, Fernanda Fonseca, Mariana Pimentel, Rodrigo Mota, Suzy Luna e Thiago Panica.

CONSUMING LIKE A GIRL: SUBJECTIVATION AND EMPOWERMENT IN ADS TARGETING WOMEN

Resumo

O artigo explora o uso de temas feministas na publicidade contemporânea, com ênfase na apropriação publicitária da noção de “empoderamento”. A análise desse “feminismo da mercadoria” demonstra que, a despeito de potenciais aspectos emancipatórios, os usos publicitários do conceito de empoderamento revelam um sentido individualizante que se afina ideologicamente com o ethos do capitalismo tardio e com formas de subjetivação que enfatizam a autoconsciência, o autogoverno, a independência, o sucesso individual e a liberdade para fazer escolhas. Tal inflexão destoa dos compromissos coletivistas com transformações estruturais antes atrelados ao conceito pelo feminismo de segunda onda. Se o slogan feminista de que “o pessoal é político” vinculava a autotransformação individual à transformação social, a proposta de empoderamento veiculada no femvertising esvazia aqueles compromissos através da sugestão implícita de que “o político é pessoal”. O artigo ilustra tais argumentos com o exame de uma campanha publicitária promovida pela marca de absorventes Always, enfatizando como a dimensão política do feminismo de segunda onda, presente em reflexões como as de Carol Gilligan e de Iris M. Young, pode ser apropriada de forma a compatibilizá-la ao ethos neoliberal e suas formas específicas de subjetivação.

Palavras-chave:
Feminismo; Publicidade; Empoderamento; Subjetivação

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