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Fatores associados ao risco de suicídio entre enfermeiros e médicos: estudo transversal

RESUMO

Objetivo:

estimar a prevalência e os fatores associados ao risco de suicídio entre enfermeiros e médicos.

Método:

estudo transversal, desenvolvido em um hospital universitário com 216 profissionais da saúde, que responderam a um questionário sociodemográfico-laboral; ao Mini International Neuropsychiatric Interview (MINI), para avaliação do risco de suicídio; Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse (DASS 21). Utilizou-se para análise múltipla, o Modelo de Regressão de Poisson.

Resultados:

identificou-se que variáveis, como não ter companheiro, histórico de tentativa de suicídio, sintomas de estresse e depressão se associaram estatisticamente ao risco de suicídio. A prevalência das tentativas de suicídios ao longo da vida entre enfermeiros foi de 9,41% e médicos de 2,29%.

Conclusão:

Os achados desta investigação possibilitam a compreensão do comportamento suicida entre os enfermeiros e médicos da área hospitalar, além de viabilizar a elaboração de estratégias de prevenção com intuito de diminuir a prevalência do risco de suicídio nesse grupo populacional.

Descritores:
Profissionais da Saúde; Enfermeiros; Médicos; Suicídio; Fatores Associados

ABSTRACT

Objective:

to estimate the prevalence and factors associated with suicide risk among nurses and physicians.

Method:

a cross-sectional study carried out at a university hospital with 216 health professionals, who answered a socio-demographic-labor questionnaire, the Mini International Neuropsychiatric Interview (MINI) for assessing suicide risk, and the Depression, Anxiety and Stress Scale (DASS 21). The Poisson Regression Model was used for multiple analysis.

Results:

it was identified that variables such as not having a partner, history of attempted suicide, stress and depression symptoms were statistically associated with suicide risk. The prevalence of lifelong suicide attempts among nurses was 9.41%, and among physicians, 2.29%.

Conclusion:

the findings of this investigation enable the understanding of suicidal behavior among hospital nurses and physicians, in addition to enabling the development of prevention strategies in order to reduce suicide risk prevalence in this population group.

Descriptors:
Health Professionals, Nurses; Physicians; Suicide; Associated Factors

RESUMEN

Objetivo:

estimar la prevalencia y los factores asociados al riesgo de suicidio entre enfermeros y médicos.

Método:

estudio transversal, desarrollado en un hospital universitario con 216 profesionales de la salud, quienes respondieron un cuestionario sociodemográfico-laboral; el Mini International Neuropsychiatric Interview (MINI), para evaluar el riesgo de suicidio; Escala de Depresión, Ansiedad y Estrés (DASS 21). El modelo de regresión de Poisson se utilizó para el análisis múltiple.

Resultados:

se identificó que variables como no tener pareja, antecedentes de intento de suicidio, síntomas de estrés y depresión se asociaron estadísticamente con el riesgo de suicidio. La prevalencia de intentos de suicidio de por vida entre enfermeras y médicos fue del 9,41% y del 2,29%.

Conclusión:

los hallazgos de esta investigación permiten comprender la conducta suicida entre enfermeros y médicos del área hospitalaria, además de posibilitar el desarrollo de estrategias de prevención con el fin de reducir la prevalencia de riesgo suicida en este grupo poblacional.

Descriptores:
Profesionales de la Salud; Enfermeros; Médicos; Suicidio; Factores Asociados

INTRODUÇÃO

O suicídio não é um fenômeno contemporâneo, existe na sociedade há muito tempo(11 World Health Organization. Depression and other common mental disorders: global health estimates [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2017 [cited 2019 May 24]. Available from: http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254610/WHO-MSD-MER-2017.2-eng.pdf?sequence=1
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) e, atualmente, constitui-se um sério problema de saúde pública, causando prejuízos individuais, sociais e econômicos(22 Ferreira Jr A. O comportamento suicida no Brasil e no mundo. Rev Bras Psico [Internet]. 2015 [cited 2018 Dec 05];2(1):15-28. Available from: http://www.mundiblue.com/consultoria/wp-content/uploads/2016/09/O-comportamento-suicida-no-Brasil-e-no-mundo.pdf
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). Considerado um comportamento multidimensional, resulta de uma interação complexa entre fatores biopsicossociais, genéticos, culturais e ambientais(33 Botega NJ. Crise Suicida. Porto Alegre: Artmed; 2015.-44 Turecki G, Brent DA. Suicide and suicidal behaviour. Lancet. 2016;387(10024):1227-39. doi: 10.1016/S0140-6736(15)00234-2
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).

Mundialmente, o suicídio é responsável por cerca de quase 800 mil óbitos por ano. Esses números não abrangem as tentativas de suicídio, que tendem a ocorrer de 10 a 20 vezes mais que o ato consumado(11 World Health Organization. Depression and other common mental disorders: global health estimates [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2017 [cited 2019 May 24]. Available from: http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254610/WHO-MSD-MER-2017.2-eng.pdf?sequence=1
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). De maneira geral, o coeficiente global do suicídio é de 10,6 para cada 100 mil habitantes, compreendendo 1,4% de todos os óbitos do mundo(11 World Health Organization. Depression and other common mental disorders: global health estimates [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2017 [cited 2019 May 24]. Available from: http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254610/WHO-MSD-MER-2017.2-eng.pdf?sequence=1
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). No Brasil, o coeficiente de mortalidade por suicídio é de 6,1 por 100 mil habitantes(55 Ministério da Saúde (BR). Datasus. Óbitos por causas externas - Brasil. Grande grupo CID10: X60-X84. Óbitos por residência segundo sexo, período: 2018 [Internet]. 2018 [cited 2019 May 24]. Available from: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/ext10uf.def
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), índice considerado baixo por ser um país grande e populoso, todavia permanece entre os dez países com maiores números absolutos de suicídios(11 World Health Organization. Depression and other common mental disorders: global health estimates [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2017 [cited 2019 May 24]. Available from: http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254610/WHO-MSD-MER-2017.2-eng.pdf?sequence=1
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).

Frente à magnitude do fenômeno reafirmada nas estatísticas mundiais, no Brasil a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio (PNPAS), foi instituída pela Lei nº 13.819/2019, visando intervir mais efetivamente no seu controle por meio da notificação compulsória e sigilosa pelos estabelecimentos de saúde, segurança, escolas e conselhos tutelares dos casos de tentativa de suicídio e automutilação(66 Ministério da Saúde (BR). Lei nº 13.819, de 26 de abril de 2019. Institui a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio, a ser implementada pela União, em cooperação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios [Internet]. 2019 [cited 2020 Jun 15]. Available from: http://www.in.gov.br/web/dou/-/lei-n%C2%BA-13.819-de-26-de-abril-de-2019-85673796
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).

Embora a atual legislação compreenda a população em geral, alguns grupos em circunstâncias específicas estão mais expostos ao risco de suicídio, como os indígenas, idosos e jovens na faixa etária de 15 a 29 anos(11 World Health Organization. Depression and other common mental disorders: global health estimates [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2017 [cited 2019 May 24]. Available from: http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254610/WHO-MSD-MER-2017.2-eng.pdf?sequence=1
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,33 Botega NJ. Crise Suicida. Porto Alegre: Artmed; 2015.). No que tange às diversas categorias de trabalho, os profissionais da área da saúde, quando comparados à população em geral, apresentam índices de suicídio mais elevados(77 Cheung T, Lee PH, Yip PSF. Suicidality among Hong Kong nurses: prevalence and correlates. J Adv Nurs. 2016;72(4):836-848. doi: 10.1111/jan.12869
https://doi.org/10.1111/jan.12869...

8 Davidson JE, Proudfoot J, Lee KE, Terterian G, Zisook S. A longitudinal analysis of nurse suicide in the United States (2005-2016) with recommendations for action. Worldviews Evid Based Nurs. 2020;17(1):6-15. doi: 10.1111/wvn.12419
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-99 Milner AJ, Maheen H, Bismark MM, Spittal MJ. Suicide by health professionals: a retrospective mortality study in Australia, 2001-2012. Med J Aust. 2016;205(6):260-5. doi: 10.5694/mja15.01044
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). Estudo americano desenvolvido entre 2005 e 2016 identificou taxas de suicídio entre enfermeiros e médicos de 18,51 e 40,72 por 100 mil habitantes, respectivamente(1010 Davidson JE, Stuck AR, Zisook S, Proudfoot J. Testing a strategy to identify incidence of nurse suicide in the United States. J Nurs Adm. 2018;48(5):259-65. doi: 10.1097/NNA.0000000000000610
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). Outro estudo realizado em 18 hospitais peruanos detectou proporção de 19,6% de risco de suicídio entre médicos(1111 Carrasco‐Farfan CA, Alvarez‐Cutipa D, Vilchez‐Cornejo J, Lizana‐Medrano M, Durand‐Anahua PA, Rengifo‐Sanchez JÁ, et al. Alcohol consumption and suicide risk in medical internship: a Peruvian multicentric study. Drug and alcohol review. 2019;38(2):201-208. doi:10.1111/dar.12897
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). A vista desses achados, enfatiza-se que os enfermeiros e médicos têm sido considerados profissionais da saúde pertencentes a grupos de risco para o suicídio(1010 Davidson JE, Stuck AR, Zisook S, Proudfoot J. Testing a strategy to identify incidence of nurse suicide in the United States. J Nurs Adm. 2018;48(5):259-65. doi: 10.1097/NNA.0000000000000610
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,1212 Gerada C. Doctors, suicide and mental illness. BJPsych Bull. 2018;42(4):165-168. doi: 10.1192/bjb.2018.11
https://doi.org/10.1192/bjb.2018.11...
).

Além dos fatores associados ao suicídio amplamente descritos na população geral, alguns podem ser decorrentes da função exercida e do ambiente laboral dos profissionais da saúde(99 Milner AJ, Maheen H, Bismark MM, Spittal MJ. Suicide by health professionals: a retrospective mortality study in Australia, 2001-2012. Med J Aust. 2016;205(6):260-5. doi: 10.5694/mja15.01044
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,1313 Brooks E, Gendel MH, Early SR, Gundersen DC. When doctors struggle: current stressors and evaluation recommendations for physicians contemplating Suicide. Arch Suicide Res. 2018;22(4):519-28. doi: 10.1080/13811118.2017.1372827
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). O trabalho no ambiente hospitalar envolve diversas situações que exigem condutas rápidas e proficientes, como lidar com o manejo da dualidade vida e morte, com a dor física, emocional e o sofrimento vivenciado conjuntamente com o paciente e seus familiares. Tal conjuntura pode tornar o ambiente estressante(1414 Silva DSD, Tavares NVS, Alexandre ARG, Freitas DA, Brêda MZ, Albuquerque MCS, et al. Depressão e risco de suicídio entre profissionais de Enfermagem: revisão integrativa. Rev Esc Enferm USP. 2015;49(6):1023-31. doi: 10.1590/S0080-623420150000600020
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), predispondo-os a adoecimentos mentais, como estresse, ansiedade, depressão, uso indevido de substâncias psicoativas, entre outros, com o agravante da dificuldade que os profissionais têm em buscar ajuda especializada(99 Milner AJ, Maheen H, Bismark MM, Spittal MJ. Suicide by health professionals: a retrospective mortality study in Australia, 2001-2012. Med J Aust. 2016;205(6):260-5. doi: 10.5694/mja15.01044
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-1010 Davidson JE, Stuck AR, Zisook S, Proudfoot J. Testing a strategy to identify incidence of nurse suicide in the United States. J Nurs Adm. 2018;48(5):259-65. doi: 10.1097/NNA.0000000000000610
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,1515 Bailey E, Robinson J, McGorry P. Depression and suicide among medical practitioners in Australia. Intern Med J. 2018;48(3):254-8. doi: 10.1111/imj.13717
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). O fácil acesso a vários mecanismos utilizados para o ato suicida e o conhecimento de como manuseá-los também são fatores que aumentam os riscos aos quais podem estar expostos(99 Milner AJ, Maheen H, Bismark MM, Spittal MJ. Suicide by health professionals: a retrospective mortality study in Australia, 2001-2012. Med J Aust. 2016;205(6):260-5. doi: 10.5694/mja15.01044
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,1515 Bailey E, Robinson J, McGorry P. Depression and suicide among medical practitioners in Australia. Intern Med J. 2018;48(3):254-8. doi: 10.1111/imj.13717
https://doi.org/10.1111/imj.13717...
-1616 Alderson M, Parent-Rocheleau X, Mishara B. Critical review on suicide among nurses. Crisis. 2015;36(2):91-101. doi: 10.1027/0227-5910/a000305
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).

No Brasil, uma revisão de literatura visando analisar o suicídio entre médicos e estudantes de medicina apontou que as principais causas do evento nesta população foram a maior incidência de transtornos psiquiátricos, como depressão e uso excessivo de substâncias, além de sofrimento psíquico referente a experiências inerentes à profissão, como carga horária extensa, privação do sono, problemas com pacientes, ambientes insalubres, dificuldades financeiras e sobrecarga de informações(1717 Santa NS, Cantilino A. Suicídio entre médicos e estudantes de medicina: revisão de literatura. Rev Bras Educ Med. 2016;40(4):772-780. doi: 10.1590/1981-52712015v40n4e00262015
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).

No Canadá, outra revisão investigando o risco de suicídio entre enfermeiros e fatores relacionados reafirma a associação entre as configurações de trabalho e altos índices de estresse, angústia e problemas psiquiátricos. O estudo aponta para a necessidade de explorar de forma mais consistente na literatura os contextos laborais, sem perder de vista os fatores pessoais, especialmente associando-os ao risco de suicídio(1616 Alderson M, Parent-Rocheleau X, Mishara B. Critical review on suicide among nurses. Crisis. 2015;36(2):91-101. doi: 10.1027/0227-5910/a000305
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).

Estudos de avaliação de risco e fatores associados têm sido realizados em diferentes grupos populacionais, como pacientes neurológicos e psiquiátricos(1818 Castro SCC, Baroni GV, Martins WA, Palmini ALF, Bisol LW. Suicide risk, temperament traits, and sleep quality in patients with refractory epilepsy. Epilepsy Behav. 2018;80:254-8. doi: 10.1016/j.yebeh.2018.01.022
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), pacientes ambulatoriais em geral(1919 Vasconcelos JRO, Lôbo APS, Melo-Neto VL. Risco de suicídio e comorbidades psiquiátricas no transtorno de ansiedade generalizada. J Bras Psiquiatr. 2015;64(4):259-65. doi: 10.1590/0047-2085000000087
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), presidiários(2020 Ayhan G, Arnal R, Basurko C, About V, Pastre A, Pinganaud E, et al. Suicide risk among prisoners in French Guiana: prevalence and predictive factors. BMC Psychiatry. 2017;17(1):156. doi: 10.1186/s12888-017-1320-4
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), adolescentes(2121 Sandoval-Ato R, Vilela-Estrada MA, Mejía CR, Alvarado JC. Suicide risk associated with bullying and depression in high school. Rev Chil Pediatr. 2018;89(2):208-15. doi: 10.4067/s0370-41062018000100209
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), estudantes universitários(2222 Pereira-Morales AJ, Adan A, Camargo A, Forero DA. Substance use and suicide risk in a sample of young Colombian adults: an exploration of psychosocial factors. Am J Addict. 2017;26(4):388-94. doi: 10.1111/ajad.12552
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) e pacientes com doenças crônicas(2323 Zendron M, Zequi SC, Guimarães GC, Lourenço MTC. Assessment of suicidal behavior and factors associated with a diagnosis of prostate cancer. Clinics. 2018;73:e441. doi: 10.6061/clinics/2018/e441
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). O risco de suicídio entre profissionais da saúde tem sido pouco explorado(1010 Davidson JE, Stuck AR, Zisook S, Proudfoot J. Testing a strategy to identify incidence of nurse suicide in the United States. J Nurs Adm. 2018;48(5):259-65. doi: 10.1097/NNA.0000000000000610
https://doi.org/10.1097/NNA.000000000000...
,1414 Silva DSD, Tavares NVS, Alexandre ARG, Freitas DA, Brêda MZ, Albuquerque MCS, et al. Depressão e risco de suicídio entre profissionais de Enfermagem: revisão integrativa. Rev Esc Enferm USP. 2015;49(6):1023-31. doi: 10.1590/S0080-623420150000600020
https://doi.org/10.1590/S0080-6234201500...
,1616 Alderson M, Parent-Rocheleau X, Mishara B. Critical review on suicide among nurses. Crisis. 2015;36(2):91-101. doi: 10.1027/0227-5910/a000305
https://doi.org/10.1027/0227-5910/a00030...
,2424 Dutheil F, Pereira B, Dambrun M, Moustafa F, Mermillod M, Baker JS, et al. Suicide among physicians and health-care workers: a systematic review and meta-analysis. PLoS One. 2019;14(12):e0226361. doi: 10.1371/journal.pone.0226361
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), e, entre os existentes, quatro estudos internacionais foram desenvolvidos no Peru, México e Espanha(1111 Carrasco‐Farfan CA, Alvarez‐Cutipa D, Vilchez‐Cornejo J, Lizana‐Medrano M, Durand‐Anahua PA, Rengifo‐Sanchez JÁ, et al. Alcohol consumption and suicide risk in medical internship: a Peruvian multicentric study. Drug and alcohol review. 2019;38(2):201-208. doi:10.1111/dar.12897
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,2525 Tomás-Sábado J, Maynegre-Santaulària M, Pérez-Bartolomé M, Alsina-Rodríguez M, Quinta-Barbero R, Granell-Navas S. Síndrome de burnout y riesgo suicida en enfermeras de atención primaria. Enfermería Clínica. 2010;20(3):173-8. doi: 10.1016/j.enfcli.2010.03.004
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26 Jiménez-López JL, Arenas-Osuna J, Angeles-Garay U. Síntomas de depresión, ansiedad y riesgo de suicidio en médicos residentes durante un año académico. Rev Med Inst Mex Seguro Soc [Internet]. 2015 [cited 2019 Jun 22];53(1):20-8. Available from: https://www.medigraphic.com/pdfs/imss/im-2015/im151d.pdf
https://www.medigraphic.com/pdfs/imss/im...
-2727 Montes-Hidalgo J, Tomás-Sábado J. Autoestima, resiliencia, locus de control y riesgo suicida en estudiantes de enfermería. Enferm Clín. 2016;26(3):188-93. doi: 10.1016/j.enfcli.2016.03.002
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), e os mesmos demonstraram um aumento do risco de suicídio nessa população. No Brasil, até o presente momento, não há estudos que avaliem especificamente os fatores de risco de suicídio entre profissionais médicos e enfermeiros, mas sim a investigação de variáveis como a qualidade de vida, presença de sintomas depressivos, ansiedade, estresse ocupacional, Síndrome de Burnout, ideação suicida com alguns fatores associados(1414 Silva DSD, Tavares NVS, Alexandre ARG, Freitas DA, Brêda MZ, Albuquerque MCS, et al. Depressão e risco de suicídio entre profissionais de Enfermagem: revisão integrativa. Rev Esc Enferm USP. 2015;49(6):1023-31. doi: 10.1590/S0080-623420150000600020
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). Desta forma, denota-se a complexidade e fragilidade na discussão do tema justamente entre categorias que supostamente deveriam trabalhar na sua prevenção.

OBJETIVO

Estimar a prevalência e fatores associados ao risco de suicídio entre enfermeiros e médicos de um hospital universitário.

MÉTODOS

Aspectos éticos

O protocolo de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Hospital Universitário Júlio Müller em junho de 2018, observando todas as recomendações da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, mantendo-se todos os procedimentos necessários para assegurar a livre participação, confidencialidade, anonimato, segurança e privacidade dos sujeitos. Os profissionais consentiram participar do estudo mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foram orientados, previamente, pelos assistentes de pesquisa sobre os objetivos da pesquisa e que poderiam desistir de participar a qualquer momento. Os riscos e prejuízos causados foram mínimos. Entretanto, como as questões eram relacionadas ao comportamento suicida, os profissionais responderam individualmente e com privacidade, os assistentes de pesquisa aguardaram no corredor da clínica ou era combinado outro horário para recolher os instrumentos, com intuito de minimizar possíveis desconfortos. Com a finalidade de não identificar os participantes e garantir o anonimato, os dados obtidos no estudo foram encaminhados à diretoria do hospital para a formulação de intervenções direcionadas aos profissionais de saúde.

Desenho, local do estudo e período

Realizou-se estudo associativo de delineamento transversal com profissionais enfermeiros e médicos de um hospital universitário localizado na capital Cuiabá, no estado de Mato Grosso, Brasil, no período compreendido entre julho e setembro de 2018. Trata-se de uma instituição federal, pública e destinada exclusivamente para atendimento de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Em 12 de novembro de 2013 firmou parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), contando com outros colaboradores com vínculos empregatícios variados, como regido pela Consolidação da Leis Trabalhistas (CLT), Regimento Jurídico Único (RJU) e os profissionais cedidos da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Secretaria Estadual de Saúde (SES) e Ministério da Saúde (MS). Na época do estudo, havia 116 leitos pactuados para assistência de várias especialidades médico-cirúrgicas, incluindo terapia intensiva adulta/neonatal, obstetrícia e pediatria sendo a instituição de saúde de referência para 14 municípios da região. Foram utilizadas as diretrizes STROBE (Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology)(2828 Von Elm E, Altman DG, Egger M, Pocock SJ, Gøtzsche PC, Vandenbroucke JP. Strengthening the reporting of observational studies in epidemiology (STROBE) statement: guidelines for reporting observational studies. BMJ. 2007;335(7624):806-8 doi: 10.1136/bmj.39335.541782.AD
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) para garantir a qualidade da divulgação deste estudo.

População/amostra e critérios de elegibilidade

Tratou-se de um estudo censitário, no qual a população elegível foi de 232 profissionais enfermeiros e médicos sendo 88 enfermeiros e 144 médicos. Foram incluídos todos os profissionais enfermeiros e médicos que exerciam atividade laboral na instituição na época da coleta de dados, independentemente do tipo de vínculo empregatício e com idade acima de 18 anos. Foram excluídos aqueles que se encontravam em férias, licença médica ou afastamento. Destes 232, dois se recusaram a participar do estudo, cinco não foram encontrados no setor de atuação ou estavam ocupados, oito devolveram questionários incompletos (missing data) e foram excluídos e um integrou o teste piloto. Assim, a amostra final contou com 216 profissionais (85 enfermeiros e 131 médicos), representando 93,10% da população.

Protocolo do estudo

Os dados foram coletados por assistentes de pesquisa constituída por uma mestranda em enfermagem e três acadêmicas do Curso de Graduação em Enfermagem, inseridas no Programa de Iniciação Cientifica (PIBIC) de uma Universidade Pública, sendo previamente treinadas com intuito de padronizar a coleta. Um bloco contendo três instrumentos autoaplicáveis foi disponibilizado aos respondentes em seu ambiente de trabalho, após convite e esclarecimento sobre a pesquisa, e, posteriormente, foram recolhidos em uma urna lacrada. Foram realizados os testes de confiabilidade das escalas especificamente para a população deste estudo, mediante o coeficiente alfa de Cronbach e o Kuder-Richardson (KR-20). Desse modo, foram utilizados os seguintes instrumentos:

- Questionário para avaliação de quesitos sociodemográficos, laborais e histórico de comportamentos suicidas do profissional (tentativa de suicídio anterior e método utilizado), de familiares e amigos (tentativa de suicídio e suicídio), elaborado, exclusivamente, para este estudo;

- Versão adaptada para forma autoaplicada do módulo C da versão 5.0 da Mini International Neuropsychiatric Interview (MINI) (KR-20 =.574), utilizado para estratificação do risco de suicídio. Essa versão do instrumento foi traduzida para o português brasileiro(2929 Amorim P. Mini International Neuropsychiatric Interview (MINI): validação de entrevista breve para diagnóstico de transtornos mentais. Rev Bras Psiquiatr. 2000;22(3):106-15. doi: 10.1590/S1516-44462000000300003
https://doi.org/10.1590/S1516-4446200000...
), tendo sua validade e aplicabilidade avaliada posteriormente, apresentando bons indicadores psicométricos(3030 Marques JMA, Zuardi AW. Validity and applicability of the Mini International Neuropsychiatric Interview administered by family medicine residents in primary health care in Brazil. Gen Hosp Psychiatry. 2008;30(4):303-10. doi: 10.1016/j.genhosppsych.2008.02.001
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). No presente estudo, vale destacar que esse instrumento foi adaptado para forma autoaplicável para que os participantes tivessem mais privacidade em responder sobre o comportamento suicida, já que a temática é permeada por estigma e preconceito.

O risco de suicídio foi obtido se considerando as questões que avaliam comportamentos suicidas nos últimos 30 dias e, também, ao longo da vida. O instrumento permite pontuação total máxima de 33 pontos, com respostas dicotômicas (sim e não), sendo que cada resposta “sim” recebe uma pontuação específica de acordo com a gravidade do comportamento suicida apresentado. O risco de suicídio pode ser estratificado em risco baixo (1-5 pontos), moderado (6-9 pontos) e alto (≥ 10 pontos). Para efeitos de análise, neste estudo, o valor zero foi considerado sem risco para o suicídio (ausência), e os valores de 1 a 33 pontos foram classificados como com risco de suicídio;

- Versão abreviada da Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse (DASS-21) (α=,935), utilizada para a avaliação de sintomas depressivos, ansiosos e de estresse. Esse instrumento foi adaptado para uso no contexto brasileiro(3131 Vignola RCB, Tucci AM. Adaptation and validation of the depression, anxiety and stress scale (DASS) to Brazilian Portuguese. J Affect Disord. 2014;155:104-9. doi: 10.1016/j.jad.2013.10.031
https://doi.org/10.1016/j.jad.2013.10.03...
) e validado para uso em população adulta(3232 Martins BG, Silva WR, Maroco J, Campos JADB. Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse: propriedades psicométricas e prevalência das afetividades. J Bras Psiquiatr. 2019;68(1):32-41. doi: 10.1590/0047-2085000000222
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), apresentando adequada confiabilidade e validade para a amostra. É formado por três subescalas, sendo elas depressão (α=.865), ansiedade (α=.853) e estresse (α=.893). As respostas são do tipo Likert de quatro pontos, que avalia com qual frequência e intensidade o respondente percebe sinais e sintomas dos desfechos de adoecimento mental mencionados acima. A DASS-21 fornece três notas que variam de “0” a “21”, obtidas a partir da soma de cada uma das setes questões que compõem cada domínio do instrumento, sendo que o escore de cada subescala foi, posteriormente, multiplicado por dois, conforme recomendações dos autores originais, gerando um escore final variando de 0 a 42 pontos(3333 Pais-Ribeiro JL, Honrado A, Leal I. Contribution to the Adaptation study of the Portuguese Adaptation of the Lovibond and Lovibond Depression Anxiety Stress Scales (EADS) with 21 items. Psicol Saúde Doenças [Internet]. 2004 [cited 2019 May 6];5(2):229-239. Available from: http://www.scielo.mec.pt/pdf/psd/v5n2/v5n2a07.pdf
http://www.scielo.mec.pt/pdf/psd/v5n2/v5...
). A partir dessa pontuação final, os sujeitos foram classificados quanto à presença de sintomas sendo categorizados em normal, suave, moderado, grave ou extremamente grave(3131 Vignola RCB, Tucci AM. Adaptation and validation of the depression, anxiety and stress scale (DASS) to Brazilian Portuguese. J Affect Disord. 2014;155:104-9. doi: 10.1016/j.jad.2013.10.031
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). Para efeitos de análise, os grupos suave, moderada, grave e extremamente grave foram recodificados em uma única categoria denominada “presença de sintomas”, e o grupo normal foi recodificado para representar a “ausência de sintomas” depressivos, ansiosos ou de estresse.

Análise estatística dos dados

Para a construção do banco de dados utilizou-se o software Office Excel para Windows®, versão 2013. Os dados obtidos foram codificados e duplamente digitados em planilhas distintas do referido programa e, posteriormente, comparados em busca de inconsistências pelo programa Epi Info, versão 3.5.4. Para a realização dos cálculos estatísticos, foi utilizado o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 20.

Cada instrumento foi analisado utilizando elementos de estatística descritiva recomendados pelos seus respectivos autores e, posteriormente, os resultados obtidos foram avaliados de maneira associativa, verificando-se quais elementos sociodemográficos-laborais e de saúde mental se associaram de maneira significativa com o risco de suicídio (variável dependente). Na análise bivariada, aplicou-se o Teste Qui-Quadrado de Pearson e o Exato de Fisher (quando pertinente), adotando-se nível de significância menor ou igual a 0,05 (p≤0,05) e intervalo de confiança de 95%. Para identificação de potenciais fatores associados, utilizou-se um modelo de regressão múltipla de Poisson, com variância Robusta para obter as razões de prevalências ajustadas(3434 Coutinho LMS, Scazufca M, Menezes PM. Methods for estimating prevalence ratios in cross-sectional studies. Rev Saúde Pública. 2008;42(6):992-8. doi: 10.1590/S0034-89102008000600003
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).

Nesse modelo, foram incluídas as variáveis independentes que, na análise bivariada, apresentaram valor de p menor ou igual a 0,20 (p≤0,20), assim como as interações entre as variáveis independentes, isto é, a interação simultânea de duas variáveis independentes, afetando a variável dependente. No modelo final, permaneceram as variáveis que atingiram valor de p menor ou igual a 0,05 (p≤0,05).

RESULTADOS

Em relação aos principais quesitos sociodemográficos e laborais, a população estudada foi caracterizada pelo predomínio do sexo feminino (68,06%), faixa etária de 39 a 59 anos (57,87%), católicos (59,26%), orientação sexual heterossexual (95,83%), estado civil com companheiro (73,61%) e renda familiar superior a 20 salários mínimos (classe A) (50,93%). Desses, 60,65% eram médicos, 99,07% possuíam curso de pós-graduação, 91,20% atuavam em setores assistenciais e 69,44% tinham tempo de serviço na instituição hospitalar inferior ou igual a cinco anos. Em relação à carga horária semanal, 54,17% relataram trabalhar 24 horas ou menos; 78,70% trabalhavam apenas em turno diurno, 59,26% possuíam dois ou mais vínculos empregatícios.

Quanto ao comportamento suicida dos profissionais da saúde, 5,09 % referiram ter tentado suicídio ao longo da vida, a ocorrência de tentativas de suicídio ao longo da vida entre os enfermeiros foi de 9,41% e, entre os médicos, de 2, 29%. A prevalência de histórico de casos de tentativa de suicídio e suicídio entre familiares foi de 23,61% e 15,28 %, respectivamente. Referente às tentativas de suicídio de amigos, observou-se um percentual de 43,52% e para o suicídio de 35,65%.

Em relação aos sintomas depressivos, de ansiedade e estresse entre enfermeiros (85), observaram-se prevalências de 27,05%, 29,45% e, 28,23%, respectivamente. Entre os médicos (131), evidenciaram-se prevalências de 11,45%, 14,50% e 16,03% para sintomas depressivos, ansiosos e de estresse. Quando analisados conjuntamente, os profissionais apresentaram 17,59% para sintomas depressivos, 20, 37% para sintomas ansiosos e 20,83% para estresse.

A Tabela 1 aponta que, dos 216 participantes, 15,74% apresentaram risco de suicídio nos últimos 30 dias.

Tabela 1
Prevalência do risco de suicídio atual (últimos 30 dias) entre os profissionais da saúde do Hospital Universitário (N=216), Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, 2018

Na Tabela 2, apresentam-se as associações das variáveis, sociodemográficas, econômicas e laborais dos profissionais da saúde com o risco de suicídio. Evidencia-se que o risco de suicídio obteve diferença estatisticamente significativa com orientação sexual (p=0,006), sendo a maior proporção entre homossexuais (55,55%) quando comparados com heterossexuais (14,01%), e estado civil sem companheiro (p=0,003), com a maior proporção nessa categoria (28,07%). A presença de risco de suicídio entre os enfermeiros foi de 21,18% e entre os médicos de 12,21%, no entanto nesta variável, assim como nas demais não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas.

Tabela 2
Associação entre as variáveis demográficas, socioeconômicas e laborais dos profissionais da saúde do Hospital Universitário e o risco de suicídio (N=216) Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, 2018

Embora não tenho sido demonstrado na Tabela 2, 12,94% dos enfermeiros apresentaram baixo risco de suicídio e 8,24% alto risco. Entre os médicos foi evidenciado 5,34% dos profissionais com baixo risco, 3, 85%, com moderado e 3,05%, com alto risco.

Observa-se, na Tabela 3, uma diferença estatisticamente significativa entre o risco de suicídio e profissionais da saúde com histórico de tentativas de suicídio anteriores (p<0,001).

Tabela 3
Associação entre comportamento suicida dos profissionais da saúde do Hospital Universitário, de seus familiares e amigos e o risco de suicídio (N=216), Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, 2018

Verifica-se na Tabela 4 a associação significativa entre o risco do suicídio e sintomas autorrelatados de depressão, de ansiedade e de estresse, todos com valores altamente significativos (p<0,001).

Tabela 4
Prevalência e associação de sintomas depressivos, ansiosos e de estresse entre os profissionais da saúde do Hospital Universitário (N=216), Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, 2018

No modelo de regressão múltipla, foram testadas as seguintes variáveis: orientação sexual (p=0,006); estado civil (p=0,004); categoria profissional (p=0,077); carga horária semanal (p=0,098); turno de trabalho (p=0,086); tentativa de suicídio anterior; sintomas de depressão, ansiedade e estresse, com valores de (p<0,001). Permaneceram no modelo final as variáveis estado civil (sem companheiro) (p=0,043), tentativa de suicídio anterior (p<0,001), sintomas de estresse (p=0,027), depressão (p=0,001) e ansiedade (p=0,082) (Tabela 5).

Tabela 5
Fatores associados ao risco de suicídio. Análise de regressão múltipla (N=216), Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, 2018

DISCUSSÃO

Este estudo intencionou preencher uma lacuna na literatura científica sobre os fatores associados ao risco de suicídio entre enfermeiros e médicos da área hospitalar. É importante ressaltar que, no contexto brasileiro, não foram identificadas, até o presente momento, investigações com esse objeto e população de estudo. Além disso, internacionalmente, a maioria das pesquisas realizadas com profissionais médicos e enfermeiros foi desenvolvida em países do hemisfério norte e/ou altamente industrializados, cujos resultados podem não se retratar da mesma maneira entre trabalhadores de países em desenvolvimento que apresentam conjunturas de trabalho com dinâmicas diferentes e são afetados de maneira distinta pelos efeitos da globalização e industrialização, como é o caso do Brasil(3535 Milner A, Witt K, LaMontagne AD, Niedhammer I. Psychosocial job stressors and suicidality: a meta-analysis and systematic review. Occup Environ Med. 2018;75(4):245-53. doi: 10.1136/oemed-2017-104531
https://doi.org/10.1136/oemed-2017-10453...
).

O risco de suicídio obtido na presente pesquisa foi de 15,74% assemelhando-se ao evidenciado em um estudo multicêntrico desenvolvido com médicos de 18 hospitais do Peru, que apontou prevalência de 19,6%(1111 Carrasco‐Farfan CA, Alvarez‐Cutipa D, Vilchez‐Cornejo J, Lizana‐Medrano M, Durand‐Anahua PA, Rengifo‐Sanchez JÁ, et al. Alcohol consumption and suicide risk in medical internship: a Peruvian multicentric study. Drug and alcohol review. 2019;38(2):201-208. doi:10.1111/dar.12897
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), porém bem superior às proporções obtidas em outros três estudos realizados com enfermeiros, estudantes universitários de enfermagem e médicos residentes, na Espanha e no México (6,20%, 6,40% e 7,41%)(2525 Tomás-Sábado J, Maynegre-Santaulària M, Pérez-Bartolomé M, Alsina-Rodríguez M, Quinta-Barbero R, Granell-Navas S. Síndrome de burnout y riesgo suicida en enfermeras de atención primaria. Enfermería Clínica. 2010;20(3):173-8. doi: 10.1016/j.enfcli.2010.03.004
https://doi.org/10.1016/j.enfcli.2010.03...

26 Jiménez-López JL, Arenas-Osuna J, Angeles-Garay U. Síntomas de depresión, ansiedad y riesgo de suicidio en médicos residentes durante un año académico. Rev Med Inst Mex Seguro Soc [Internet]. 2015 [cited 2019 Jun 22];53(1):20-8. Available from: https://www.medigraphic.com/pdfs/imss/im-2015/im151d.pdf
https://www.medigraphic.com/pdfs/imss/im...
-2727 Montes-Hidalgo J, Tomás-Sábado J. Autoestima, resiliencia, locus de control y riesgo suicida en estudiantes de enfermería. Enferm Clín. 2016;26(3):188-93. doi: 10.1016/j.enfcli.2016.03.002
https://doi.org/10.1016/j.enfcli.2016.03...
). As diferenças entre as prevalências obtidas podem se relacionar aos diferentes delineamentos metodológicos, instrumentos utilizados, bem como às características específicas de determinadas regiões e grupos populacionais.

No que concerne aos fatores associados, o modelo final de análise demonstrou que não ter um companheiro foi um fator estatisticamente significativo para o risco de suicídio na amostra estudada. Outros estudos(33 Botega NJ. Crise Suicida. Porto Alegre: Artmed; 2015.,3636 Carvalho A, Peixoto B, Saraiva CB, Sampaio D, Amaro F, Santos JC, et al. Plano nacional de prevenção do suicídio 2013/2017. Lisboa [Internet]. 2013 [cited 2019 Nov 22]. Available from: https://www.dgs.pt/documentos-e-publicacoes/plano-nacional-de-prevencao-do-suicido-20132017-pdf.aspx
https://www.dgs.pt/documentos-e-publicac...
-3737 World Health Organization. Preventing suicide: a global imperative. Luxembourg [Internet]. 2014 [cited 2019 Nov 22]. Available from: http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/131056/97892?sequence=1
http://apps.who.int/iris/bitstream/handl...
) corroboram essa informação, ao apresentarem a ausência de um companheiro como um preditor importante para o risco da morte autoprovocada. Provavelmente, isso ocorre porque indivíduos que não residem com um companheiro, independentemente da situação conjugal, parecem estar mais propensos à solidão, predispondo à depressão, ansiedade e, consequentemente, ao risco de suicídio(3838 Beutel ME, Klein EM, Brähler E, Reiner I, Jünger C, Michal M, et al. Loneliness in the general population: prevalence, determinants and relations to mental health. BMC Psychiatry. 2017;17(1):97. doi: 10.1186/s12888-017-1262-x
https://doi.org/10.1186/s12888-017-1262-...
-3939 Barroso SM, Baptisa MN, Zanon C. Solidão como variável preditora na depressão em adultos. Estud Interdiscip Psicol. 2018;9(3):26-37. doi: 10.5433/2236-6407.2018v9n3suplp26
https://doi.org/10.5433/2236-6407.2018v9...
). Assim, ter uma relação conjugal parece minimizar tal risco na medida em que os vínculos interpessoais afetivos auxiliam o enfrentamento de eventos estressantes da vida de um indivíduo sem que o mesmo recorra ao suicídio(33 Botega NJ. Crise Suicida. Porto Alegre: Artmed; 2015.,3737 World Health Organization. Preventing suicide: a global imperative. Luxembourg [Internet]. 2014 [cited 2019 Nov 22]. Available from: http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/131056/97892?sequence=1
http://apps.who.int/iris/bitstream/handl...
).Uma possível explicação para essa condição de falta de um companheiro nesse grupo especifico pode ser a intensa rotina profissional em que é muito corriqueiro o trabalhador possuir vários vínculos trabalhistas secundarizando o âmbito amoroso ou fragilizando os relacionamentos que talvez possuam, tendo como reflexo uma provável vivência solitária(4040 Karakash S, Solone MMS, Solone M, Shanafelt PM, Chavez J. Methods for estimating prevalence ratios in cross-sectional studies. Clin Obstet Gynecol. 2019;62(3):455-65. doi: 10.1590/S0034-89102008000600003
https://doi.org/10.1590/S0034-8910200800...
-4141 Daily JA. Divorce among physicians and medical trainees. J Am College Cardiol. 2019;73(4):521-4. doi: 10.1016/j.jacc.2018.12.016
https://doi.org/10.1016/j.jacc.2018.12.0...
).

Neste trabalho, ainda que tenha sido evidenciada a associação entre o risco de suicídio e tentativas anteriores, ilustrar os resultados de outros inquéritos para a comparação com esses profissionais da saúde não foi possível em decorrência do hiato científico sobre a avaliação entre essas variáveis nessa população específica. Além do histórico de tentativas de suicídio, o adoecimento mental é também outro fator importante associado ao risco de suicídio.

O histórico de tentativas de suicídio tem sido apontado, por pesquisadores e especialistas, como um dos mais importante preditor para o suicídio completo(4242 World Health Organization. Investing in treatment for depression and anxiety leads to fourfold return. Washington [Internet]. 2016 [cited 2019 May 23]. Available from: https://www.who.int/news-room/detail/13-04-2016-investing-in-treatment-for-depression-and-anxiety-leads-to-fourfold-return
https://www.who.int/news-room/detail/13-...
). Evidências indicam que as tentativas de suicídio tendem a ser recorrentes, e um indivíduo que tenha tentado o suicídio previamente tem de cinco a seis vezes mais chances de tentar novamente em uma próxima oportunidade, quando comparado a quem nunca teve uma tentativa(4343 Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP. Suicídio: informando para prevenir. Comissão de Estudos e Prevenção de Suicídio[Internet]. Brasília. 2014 [cited 2019 Dec 15]. Available from: http://www.flip3d.com.br/web/pub/cfm/index9/?numero=14
http://www.flip3d.com.br/web/pub/cfm/ind...
). Em relação ao risco de suicídio, estudos desenvolvidos com pacientes neuropsiquiátricos demonstraram associação com significância estatística entre tentativas anteriores e o risco de suicídio (ambos com p<0,001)(4444 Montaño SH, Zableh AV, Léon BC, Ospino CG. Riesgo suicida y desesperanza en pacientes psiquiátricos hospitalizados. Pensando Psicol. 2014;10(17):43-51. doi: 10.16925/pe.v10i17.783
https://doi.org/10.16925/pe.v10i17.783...
-4545 Rogers ML, Ringer FB, Joiner TE. The association between suicidal ideation and lifetime suicide attempts is strongest at low levels of depression. Psychiatry Res. 2018;270:324-8. doi: 10.1016/j.psychres.2018.09.061
https://doi.org/10.1016/j.psychres.2018....
). A circunstância fica mais complexa entre médicos e enfermeiros, pois são categorias laborais que dispõem de acesso fácil a mecanismos que podem oportunizar constantes tentativas de suicídio, como manejo de medicações e substâncias tóxicas e objetos perfurocortantes, além de um conhecimento adequado da anatomia humana favorecendo a ocorrência de autolesões em sítios anatômicos letais(33 Botega NJ. Crise Suicida. Porto Alegre: Artmed; 2015.,1010 Davidson JE, Stuck AR, Zisook S, Proudfoot J. Testing a strategy to identify incidence of nurse suicide in the United States. J Nurs Adm. 2018;48(5):259-65. doi: 10.1097/NNA.0000000000000610
https://doi.org/10.1097/NNA.000000000000...
).

Em relação aos sofrimentos mentais, pessoas que convivem com sintomas depressivos apresentam tristeza, apatia ou anedonia, sentimento de culpa ou baixa autoestima, padrão alterado do sono e/ou apetite, sensação de cansaço e falta de concentração, condições que causam danos substanciais à capacidade do indivíduo de exercer atividades laborais e enfrentar com êxito situações cotidianas(11 World Health Organization. Depression and other common mental disorders: global health estimates [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2017 [cited 2019 May 24]. Available from: http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254610/WHO-MSD-MER-2017.2-eng.pdf?sequence=1
http://apps.who.int/iris/bitstream/handl...
,33 Botega NJ. Crise Suicida. Porto Alegre: Artmed; 2015.), essa variável também apresentou significância no modelo final.

Pesquisas demonstram que as prevalências para os sintomas depressivos entre enfermeiros e médicos são mais elevadas quando comparadas à população em geral(1515 Bailey E, Robinson J, McGorry P. Depression and suicide among medical practitioners in Australia. Intern Med J. 2018;48(3):254-8. doi: 10.1111/imj.13717
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,2525 Tomás-Sábado J, Maynegre-Santaulària M, Pérez-Bartolomé M, Alsina-Rodríguez M, Quinta-Barbero R, Granell-Navas S. Síndrome de burnout y riesgo suicida en enfermeras de atención primaria. Enfermería Clínica. 2010;20(3):173-8. doi: 10.1016/j.enfcli.2010.03.004
https://doi.org/10.1016/j.enfcli.2010.03...
,4646 Cano-Langreo M, Cicirello-Salas S, López-López A, Aguilar-Vela M. Marco actual del suicidio e ideas suicidas en personal sanitario. Med Segur Trab. 2014;60(234):198-218. doi: 10.4321/S0465-546X2014000100015
https://doi.org/10.4321/S0465-546X201400...
). Fatores como ambiência de trabalho adoecida, solidão, conflitos familiares e interpessoais entre trabalhadores, estresse ocupacional, falta de autonomia profissional, relações hierarquizadas entre profissionais e gestores, insegurança em desenvolver atividades, plantões noturnos, renda familiar e sobrecarga de trabalho podem influenciar significativamente a ocorrência de sintomas depressivos entre profissionais de saúde, sobretudo, entre enfermeiros(1414 Silva DSD, Tavares NVS, Alexandre ARG, Freitas DA, Brêda MZ, Albuquerque MCS, et al. Depressão e risco de suicídio entre profissionais de Enfermagem: revisão integrativa. Rev Esc Enferm USP. 2015;49(6):1023-31. doi: 10.1590/S0080-623420150000600020
https://doi.org/10.1590/S0080-6234201500...
).

Outro aspecto se refere às dificuldades em admitir ou reconhecer problemas mentais. Elas podem ter relação com a forma que tais conteúdos têm sido dispostos na academia, sem que sejam valorizadas as discussões sobre relações interpessoais e o autoconhecimento. Além disso, há o preconceito, a vergonha e o medo de se mostrar vulnerável a tais situações, optando por auto diagnóstico e tratamento, dificultando ou postergando, desta forma, a busca de ajuda de um especialista(4747 Neponuceno HJ, Souza BDM, Neves NMBC. Transtornos mentais comuns em estudantes de medicina. Rev Bioét. 2019;27(3):465-70. doi: 10.1590/1983-80422019273330
https://doi.org/10.1590/1983-80422019273...
).

Esse cenário é preocupante, uma vez que a existência de sintomas depressivos pode aumentar em até seis vezes o risco para o suicídio(1919 Vasconcelos JRO, Lôbo APS, Melo-Neto VL. Risco de suicídio e comorbidades psiquiátricas no transtorno de ansiedade generalizada. J Bras Psiquiatr. 2015;64(4):259-65. doi: 10.1590/0047-2085000000087
https://doi.org/10.1590/0047-20850000000...
), sendo que, dentre os transtornos mentais, os quadros depressivos graves são os mais prevalentes entre os indivíduos que morreram por suicídio(11 World Health Organization. Depression and other common mental disorders: global health estimates [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2017 [cited 2019 May 24]. Available from: http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254610/WHO-MSD-MER-2017.2-eng.pdf?sequence=1
http://apps.who.int/iris/bitstream/handl...
,33 Botega NJ. Crise Suicida. Porto Alegre: Artmed; 2015.,3636 Carvalho A, Peixoto B, Saraiva CB, Sampaio D, Amaro F, Santos JC, et al. Plano nacional de prevenção do suicídio 2013/2017. Lisboa [Internet]. 2013 [cited 2019 Nov 22]. Available from: https://www.dgs.pt/documentos-e-publicacoes/plano-nacional-de-prevencao-do-suicido-20132017-pdf.aspx
https://www.dgs.pt/documentos-e-publicac...
). Os achados do presente estudo demonstraram que o risco de suicídio foi mais prevalente entre indivíduos com autorrelato de sintomas depressivos, alinhando-se ao panorama descrito na literatura(11 World Health Organization. Depression and other common mental disorders: global health estimates [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2017 [cited 2019 May 24]. Available from: http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254610/WHO-MSD-MER-2017.2-eng.pdf?sequence=1
http://apps.who.int/iris/bitstream/handl...
,33 Botega NJ. Crise Suicida. Porto Alegre: Artmed; 2015.,1414 Silva DSD, Tavares NVS, Alexandre ARG, Freitas DA, Brêda MZ, Albuquerque MCS, et al. Depressão e risco de suicídio entre profissionais de Enfermagem: revisão integrativa. Rev Esc Enferm USP. 2015;49(6):1023-31. doi: 10.1590/S0080-623420150000600020
https://doi.org/10.1590/S0080-6234201500...
,1919 Vasconcelos JRO, Lôbo APS, Melo-Neto VL. Risco de suicídio e comorbidades psiquiátricas no transtorno de ansiedade generalizada. J Bras Psiquiatr. 2015;64(4):259-65. doi: 10.1590/0047-2085000000087
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,3636 Carvalho A, Peixoto B, Saraiva CB, Sampaio D, Amaro F, Santos JC, et al. Plano nacional de prevenção do suicídio 2013/2017. Lisboa [Internet]. 2013 [cited 2019 Nov 22]. Available from: https://www.dgs.pt/documentos-e-publicacoes/plano-nacional-de-prevencao-do-suicido-20132017-pdf.aspx
https://www.dgs.pt/documentos-e-publicac...
).

Outro elemento presente e com significativa associação com risco de suicido foi o estresse. Este constitui uma condição com potencial à cronificação e recorrência que, quando excessivo e relacionado ao ambiente de trabalho, gera uma experiência deletéria, desagradável e negativa, que pode afetar a saúde física, mental e a qualidade de vida do trabalhador.

Enfermeiros e médicos que atuam em ambiente hospitalar vivenciam diversas situações desgastantes no seu cotidiano laboral, decorrentes da contínua exposição a estressores laborais como dimensionamento escasso de material favorecendo sobrecarga nas atividades, falta de investimento em capacitação/ educação continuada, sentimento de menos valia profissional, o constante contato com a morte, entre outros(88 Davidson JE, Proudfoot J, Lee KE, Terterian G, Zisook S. A longitudinal analysis of nurse suicide in the United States (2005-2016) with recommendations for action. Worldviews Evid Based Nurs. 2020;17(1):6-15. doi: 10.1111/wvn.12419
https://doi.org/10.1111/wvn.12419...
,4848 Oliveira RJ, Cunha T. Estresse do profissional de saúde no ambiente de trabalho: causas e consequências. Cad Saúde Desenvolv[Internet]. 2014 [cited 2019 Dec 18];3(2):78-93. Available from: https://www.uninter.com/revistasaude/index.php/cadernosaudedesenvolvimento/article/download/302/238
https://www.uninter.com/revistasaude/ind...
). Esses contribuem para o surgimento de doenças ou de sofrimento psíquico, a exemplo os transtornos depressivos e o risco para comportamentos suicidas(4949 Chagas D. Riscos psicossociais no trabalho: causas e consequências. Int J Develop Educ Psychol. 2015;2(1):439-46. doi: 10.17060/ijodaep.2015.n1.v2.24
https://doi.org/10.17060/ijodaep.2015.n1...
). Mesmo diante da importância dessa variável, poucos estudos têm investigado as relações existentes entre risco de suicídio com o estresse de modo geral e, especificamente, o estresse laboral, sobretudo entre profissionais de enfermagem(1010 Davidson JE, Stuck AR, Zisook S, Proudfoot J. Testing a strategy to identify incidence of nurse suicide in the United States. J Nurs Adm. 2018;48(5):259-65. doi: 10.1097/NNA.0000000000000610
https://doi.org/10.1097/NNA.000000000000...
), o que justifica a realização de novos estudos investigando tais variáveis. A cobrança para com essas duas categorias profissionais também merece atenção, já que, ao médico, é atribuído, em muitas ocasiões, a responsabilidade pela vida dos pacientes hospitalizados e aos enfermeiros, o compromisso com os cuidados na recuperação de saúde. Qualquer adversidade que ocorra no processo saúde-doença comumente se culpabiliza quase de imediato esses profissionais, o que pode avigorar o estresse de suas rotinas laborais(5050 Kovács MJ. Sofrimento da equipe de saúde no contexto hospitalar: cuidando do cuidador profissional [Internet]. Mundo Saúde [Internet]. 2010 [cited 2020 Jun 16];34(4):420-9. Available from: http://www.saocamilo-sp.br/pdf/mundo_saude/79/420.pdf
http://www.saocamilo-sp.br/pdf/mundo_sau...
).

Limitações do estudo

Algumas limitações precisam ser destacadas no presente estudo, como a impossibilidade de se estabelecer relações de causalidade devido ao desenho metodológico utilizado e a possibilidade de subestimação dos dados por omissão de informações verdadeiras, considerando que o tema suicídio é tratado como um tabu e não abordado abertamente nas instituições e serviços de saúde, por, ainda hoje, ser estigmatizado nesses espaços e na sociedade em geral. Visando minimizar essa limitação, optou-se por trabalhar com instrumentos autoaplicáveis que foram depositados em urnas, garantindo o anonimato dos participantes.

Enfatiza-se, ainda, a dificuldade de comparação dos achados com estudos que tenham avaliado o risco de suicídio nessa população específica. Quanto ao fato da escassez do assunto na literatura, embora seja uma limitação, também pode ser considerada uma potencialidade na medida em que gera informações fundamentais para preencher essa lacuna científica e possibilitar intervenções direcionadas a essa população no espaço hospitalar. Ressalta-se, ainda, a necessidade de desenvolvimento de novos estudos sobre a temática, principalmente estudos longitudinais que permitam estabelecer uma relação causal e também estudos qualitativos, visando uma análise em profundidade sobre os aspectos de vida e saúde mental de profissionais da saúde.

Contribuições para a área

O risco de suicídio entre profissionais de saúde, sobretudo enfermeiros e médicos, é um fenômeno real e atual que tem ganhado cada vez mais destaque na literatura científica, na mídia e nos ambientes de trabalho, sobretudo pelo seu caráter cada vez mais frequente e pelas sérias e graves implicações e impactos que traz para o trabalhador, sua família e comunidade. Acredita-se que os achados desta investigação possibilitarão melhor compreensão do comportamento suicida entre os profissionais da saúde da área hospitalar no contexto brasileiro, além de viabilizar a elaboração de estratégias de prevenção com o intuito de diminuir a prevalência do risco de suicídio nesse grupo populacional. Além disso, por se tratar de um problema complexo, multideterminado, imbricado nas relações de trabalho e que, comumente, perpassa o terreno do “não dito” nas instituições por, ainda, ser considerado um tabu, espera-se que este estudo contribua de alguma forma para o fomento da discussão aberta e diálogo sobre o comportamento suicida dos trabalhadores.

CONCLUSÃO

Os resultados indicaram que ausência de companheiro, histórico de tentativas de suicídio e variáveis relacionadas ao deterioramento da condição psíquicas foram fatores associados ao aumento da prevalência do risco de suicídio entre enfermeiros e médicos atuando no contexto hospitalar. Aponta-se a necessidade de novas pesquisas, com metodologias mais robustas, que contribuam para o aumento da produção científica sobre risco de suicídio entre profissionais de enfermagem e médicos e auxiliem na construção de evidências científicas sólidas a respeito da identificação de fatores risco e preditores nessa população, sobretudo no cenário nacional.

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Editado por

EDITOR CHEFE: Antonio José de Almeida Filho
EDITOR ASSOCIADO: Ana Fátima Fernandes

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Out 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    25 Abr 2020
  • Aceito
    27 Jul 2020
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