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Envolvimento dos acompanhantes na segurança do paciente em unidades pediátricas e neonatais: revisão de escopo

RESUMO

Objetivos:

descrever evidências científicas sobre o envolvimento dos acompanhantes na segurança do paciente, na perspectiva desses e dos profissionais de saúde em unidades neonatais e pediátricas.

Métodos:

revisão de escopo realizada segundo recomendações do The Joanna Briggs Institute, em oito bases de dados, seguindo o checklist Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews, entre 2011 e 2021.

Resultados:

os 13 estudos incluídos evidenciaram a importância do envolvimento do acompanhante na segurança do paciente e na prevenção de eventos adversos. Entretanto, apontaram falhas na comunicação e fragilidade na formação dos profissionais, sendo esses dificultadores para o envolvimento. O fortalecimento da educação em saúde, rounds multidisciplinares e tecnologias educativas foram destacadas como estratégias para ampliar o envolvimento dos acompanhantes.

Considerações Finais:

esse estudo direciona elementos para que profissionais de saúde e gestores repensem a atuação do acompanhante na segurança do paciente e desenvolvam estratégias coletivas.

Descritores:
Participação do paciente; Família; Segurança do paciente; Pediatria; Neonatologia

ABSTRACT

Objectives:

to describe scientific evidence on the involvement of companions in patient safety, from their own perspective and health professionals’ perspective in neonatal and pediatric units.

Methods:

scoping review carried out according to The Joanna Briggs Institute’s recommendations, in eight databases, following the Preferred Reporting Items checklist for Systematic Reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews checklist, between 2011 and 2021.

Results:

the 13 studies included highlighted the importance of companions’ involvement in patient safety and the prevention of adverse events. However, they pointed out failures in communication and weakness in the training of professionals, which were obstacles to their involvement. The strengthening of health education, multidisciplinary rounds and educational technologies were highlighted as strategies to expand the involvement of companions.

Final Considerations:

this study directs elements for health professionals and managers to rethink the companions’ role in patient safety and development of collective strategies.

Descriptors:
Patient Participation; Family; Patient Safety; Pediatrics; Neonatology

RESUMEN

Objetivos:

describir la evidencia científica sobre la implicación de los acompañantes en la seguridad del paciente, desde la perspectiva del susodicho y de los profesionales sanitarios de las unidades neonatales y pediátricas.

Métodos:

es una revisión de alcance realizada entre 2011 y 2021 en ocho bases de datos, según las recomendaciones del Instituto Joanna Briggs y siguiendo la lista de verificación Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews.

Resultados:

se incluyeron 13 estudios que demuestran la importancia de la implicación en la seguridad del paciente y en la prevención de eventos adversos. Sin embargo, se han detectado grietas en la comunicación y fragilidad en la formación de los profesionales, lo que dificulta dicha implicación. El fortalecimiento de la educación en salud, las rondas multidisciplinares y las tecnologías educativas se destacaron como estrategias para ampliar el envolvimiento de los acompañantes.

Consideraciones Finales:

Este estudio dirige elementos para que profesionales de la salud y gerentes reconsideren el papel de los acompañantes en la seguridad del paciente y desarrollo de estrategias colectivas.

Descriptores:
Participacón del Paciente; Família; Seguridad del Paciente; Pediatría; Neonatología

INTRODUÇÃO

A discussão sobre iniciativas de promoção da segurança e da qualidade na assistência à saúde tem sido pauta de amplo debate em âmbito mundial. Entende-se por segurança do paciente (SP) a redução dos riscos de danos desnecessários ocasionados pelo cuidado em saúde, por meio de medidas que ofereçam melhores resultados(11 World Health Organization. Patient safety: about us [Internet]. Geneva: WHO; c2009-2016[cited 2016 Dec 02]; [about 2 screens]. Available from: http://www.who.int/patientsafety/about/en/
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). Nesse sentido, a segurança do paciente está vinculada à adoção de estratégias que visam impedir a ocorrência de eventos adversos (EA) preveníveis e, quando não evitáveis, minimizar seus efeitos para o paciente, além de incentivar a adoção de uma cultura de segurança na qual os erros possam ser reconhecidos e evitados(11 World Health Organization. Patient safety: about us [Internet]. Geneva: WHO; c2009-2016[cited 2016 Dec 02]; [about 2 screens]. Available from: http://www.who.int/patientsafety/about/en/
http://www.who.int/patientsafety/about/e...
).

Diante do risco do EA na assistência à saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou a Aliança Mundial para Segurança do Paciente com o intuito de melhorar a qualidade dos serviços de saúde(22 Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BR). Assistência segura: uma reflexão teórica aplicada à prática agência nacional de vigilância sanitária. Brasília, DF: Anvisa; 2017.). Nessa direção, o Ministério da Saúde, visando atingir as metas da OMS, implementou o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), com o objetiva de contribuir para um cuidado seguro no território nacional(33 Ministério da Saúde (BR). Documento de referência para o programa nacional de segurança do paciente. Brasília, DF; MS; 2014.). Um dos eixos desse programa é o “Paciente pela segurança do paciente”, uma vez que a participação dos pacientes e acompanhantes durante o processo de hospitalização tem sido de extrema importância no incremento da SP, bem como na redução de eventos adversos(22 Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BR). Assistência segura: uma reflexão teórica aplicada à prática agência nacional de vigilância sanitária. Brasília, DF: Anvisa; 2017.).

O termo “participação do paciente” pode ser definido como envolvimento do paciente no processo de tomada de decisão em relação às questões de saúde(44 Longtin Y, Sax H, Leape LL, Sheridan SE, Donaldson L, Pittet D. Patient participation: current knowledge and applicability to patient safety. Mayo Clin Proc. 2010;85(1):53-62. https://doi.org/10.4065/mcp.2009.0248
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). Partindo desse princípio, busca-se possibilitar que os pacientes tenham conhecimento sobre seu estado de saúde, sejam estimulados a interagir com os profissionais e participar das decisões do seu plano de cuidado. Assim, o paciente e o acompanhante são incentivados a se envolverem na assistência, com seus direitos e singularidades respeitados, colaborando, concomitantemente, com a prevenção de EA(55 Souliotis K, Agapidaki E, Peppou LE, Tzavara C, Varvaras D, Buonomo OC, et al. Assessing patient organization participation in health policy: a comparative study in France and Italy. Int J Health Policy Manag. 2018;7(1):48-58. https://doi.org/10.15171/ijhpm.2017.44
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-66 Heath S. Distinguishing and defining top patient engagement keywords. Patient Engagement Hit [Internet]. 2018 Aug 28; [about 3 screens]. Available from: https://patientengagementhit.com/news/distinguishing-and-defining-top-patient-engagement-keywords
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).

Ao se tratar de unidades de pediatria e neonatologia, as crianças são mais expostas à ocorrência de EA por apresentarem características específicas. O metabolismo acelerado, a maior variação de peso corporal quando comparada à dos adultos, o ajuste frequente de doses e concentrações medicamentosas, a imaturidade no desenvolvimento de órgãos e sistemas, a curiosidade e imprevisibilidade dos movimentos, características do próprio desenvolvimento infantil, entre outras características, fazem com que os profissionais e gestores tenham atenção especial a esses pacientes(77 Silva CB, Silva DG, Carvalho LL, Goulart CL, Silva, ALG, Angri D. Ocorrência de eventos adversos em unidade de terapia intensiva neopediátrica. Rev Epidemiol Control Infecc. 2017;7(4):2238-3360. http://doi.org/10.17058/reci.v7i4.7564
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8 Harada MJCS, Chanes DC, Kusahara DM, Pedreira MLG. Safety in medication administration in pediatrics. Acta Paul Enferm. 2012;25(4):639-42. https://doi.org/10.1590/S0103-21002012000400025
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-99 Stockwell DC, Bisarya H, Classen DC, Kirkendall ES, Landrigan CP, Lemon V, et al. A trigger tool to detect harm in pediatric inpatient settings. Pediatrics. 2015;135(6):1036-42. https://doi.org/10.1542/peds.2014-2152
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).

Estudo americano desenvolvido pelo Institute of Healthcare Improvement identificou que, a cada 100 crianças, 40 foram vítimas de EA, sendo 18 potencialmente evitáveis(99 Stockwell DC, Bisarya H, Classen DC, Kirkendall ES, Landrigan CP, Lemon V, et al. A trigger tool to detect harm in pediatric inpatient settings. Pediatrics. 2015;135(6):1036-42. https://doi.org/10.1542/peds.2014-2152
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). No Brasil, uma pesquisa descritiva, do tipo transversal e observacional, verificou que na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica houve a ocorrência de 73 eventos adversos, destacando-se, dentre eles, perdas por Cateter Central de Inserção Periférica (PICC), flebite, lesão de pele ou em partes moles, erros de medicamentos, entre outros(77 Silva CB, Silva DG, Carvalho LL, Goulart CL, Silva, ALG, Angri D. Ocorrência de eventos adversos em unidade de terapia intensiva neopediátrica. Rev Epidemiol Control Infecc. 2017;7(4):2238-3360. http://doi.org/10.17058/reci.v7i4.7564
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). Na busca pela SP e prevenção de EA, estudos ressaltam a importância da inclusão dos acompanhantes no cuidado dos pacientes, principalmente na pediatria e na neonatologia(1010 Trier H, Valderas JM, Wensing M, Martin HM, Egebart J. Involving patients in patient safety programmes: a scoping review and consensus procedure by the LINNEAUS collaboration on patient safety in primary care. Eur J Gen Pract. 2015;21(suppl 1):56-61. https://doi.org/10.3109/13814788.2015.1043729
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11 Cavalcante AK, Cavalcante FA, Pires DC, Batista EM, Nogueira LT. Nursing perception of safety culture: integrative review. J Nurs UFPE. 2016;10(10):3890-7. https://doi.org/10.5205/1981-8963-v10i10a11457p3890-3897-2016
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12 Skagerström J, Ericsson C, Nilsen P, Ekstedt M, Schildmeijer K. Patient involvement for improved patient safety: a qualitative study of nurses’ perceptions and experiences. Nurs Open. 2017;4(4):230-9. https://doi.org/10.1002/nop2.89
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13 Azevedo AP, Cristino JS, Viana MF, Medeiros FP, Azevedo LS. Health education for companions of hospitalized patients. J Nurs UFPE. 2018;12(4);1168-73. https://doi.org/10.5205/1981-8963-v12i4a230649p1168-1173-2018
https://doi.org/10.5205/1981-8963-v12i4a...
-1414 Ricciardi R, Shofer M. Nurses and patients: natural partners to advance patient safety. J Nurs Care Qual. 2019;34(1):1-3. https://doi.org/10.1097/NCQ.0000000000000377
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). Encorajar a participação dos acompanhantes no cuidado à criança favorece a educação em saúde e a coprodução do cuidado entre aqueles e os profissionais de saúde(1515 Melo EMOP, Ferreira PL, Lima RAG, Mello DF. The involvement of parents in the healthcare provided to hospitalized children. Rev Latino-Am Enfermagem. 2014;22(3):432-9. https://doi.org/10.1590/0104-1169.3308.2434
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). No entanto, a literatura considera que a participação da família na SP é permeada por muitos desafios, com percepções diferentes entre os atores que participam das circunstâncias de cuidados, os quais precisam serem discutidos em busca de estratégias que direcionem para uma prática mais efetiva(1616 Neves L, Gondim AA, Soares SC, Coelho DP, Pinheiro JA. The impact of the hospitalization process on the caregiver of a chronic critical patient hospitalized in a semi-intensive care unit. Esc Anna Nery. 2018;22(2):e20170304. https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2017-0304
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-1717 Brito MVN, Ribeiro DE, Lima RS, Gomes RG, Fava SMCL, Vilela SD, et al. Role of the companion in hospitalization: nursing professional’s perspective. J Nurs UFPE. 2020;14:e243005. https://doi.org/10.5205/1981-8963.2020.243005
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).

Com a finalidade de fornecer informações essenciais para a criação de estratégias que visam o envolvimento do acompanhante na SP e favorecem a transposição de evidências científicas sobre a temática exposta para a prática assistencial na neonatologia e na pediatria, surgiu o seguinte questionamento: o que a literatura apresenta de evidências sobre o envolvimento dos acompanhantes na SP, na perspectiva destes e dos profissionais de saúde em unidades neonatais e pediátricas? Destaca-se que neste estudo, por retratar cenários de pediatria e neonatologia, os pais, familiares ou outros cuidadores foram caracterizados por acompanhantes.

A realização deste estudo justifica-se pela obtenção de elementos que possam subsidiar as discussões sobre estratégias efetivas em busca de maior envolvimento do acompanhante na SP em unidades neonatais e pediátricas.

OBJETIVOS

Descrever as evidências científicas sobre o envolvimento dos acompanhantes na segurança do paciente, na perspectiva daqueles e dos profissionais de saúde em unidades neonatais e pediátricas.

MÉTODOS

Aspectos éticos

Por tratar-se de uma revisão de escopo, foi dispensada a submissão no Comitê de Ética em Pesquisa, porém, foram garantidas a confiabilidade e a fidelidade das informações contidas nas publicações selecionadas(1818 Ministério da Saúde (BR). Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos [Internet]. Brasília, DF: MS; 2012.).

Tipo de estudo

Trata-se de uma revisão de escopo, que objetiva identificar ou explicar as principais evidências científicas sobre determinada temática, evidenciando as lacunas de conhecimento existentes, além de propor o esclarecimento dos principais conceitos presentes na literatura(1919 Peters MDJ, Godfrey C, McInerney P, Munn Z, Tricco AC, Khalil, H. Scoping reviews: 2020. In: Aromataris E, Munn Z, editors. JBI manual for evidence synthesis. Adelaide: JBI; 2020. Chapter 11. https://doi.org/10.46658/JBIMES-20-12
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). Cabe ressaltar que a pesquisa foi elaborada com base nas diretrizes do Manual de Revisão do Instituto Joanna Briggs(1919 Peters MDJ, Godfrey C, McInerney P, Munn Z, Tricco AC, Khalil, H. Scoping reviews: 2020. In: Aromataris E, Munn Z, editors. JBI manual for evidence synthesis. Adelaide: JBI; 2020. Chapter 11. https://doi.org/10.46658/JBIMES-20-12
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).

Procedimento Metodológico

O presente estudo foi registrado na Plataforma Open Science Framework (https://osf.io/srzvw/) adotando-se o checklist Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR)(2020 Tricco AC, Lillie E, Zarin W, O’Brien KK, Colquhoun H, Levac D, et al. PRISMA extension for scoping reviews (PRISMA-ScR): checklist and explanation. Ann Intern Med. 2018;169(7):467-73. https://doi.org/10.7326/M18-0850
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), com a finalidade de descrever as evidências científicas sobre o envolvimento dos acompanhantes na segurança do paciente.

Assim, para seu desenvolvimento, como referido, foram seguidas as recomendações publicadas no JBI Manual for Evidence Synthesis(1919 Peters MDJ, Godfrey C, McInerney P, Munn Z, Tricco AC, Khalil, H. Scoping reviews: 2020. In: Aromataris E, Munn Z, editors. JBI manual for evidence synthesis. Adelaide: JBI; 2020. Chapter 11. https://doi.org/10.46658/JBIMES-20-12
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), versão 2020, contemplando as seguintes etapas: definir objetivo e pergunta de pesquisa; definir critérios de inclusão; definir estratégia para seleção e extração dos dados; busca, seleção e análise das publicações nas fontes de informação; e apresentação e síntese dos resultados.

Foi utilizada a mnemônica população, conceito e contexto (PCC)(1919 Peters MDJ, Godfrey C, McInerney P, Munn Z, Tricco AC, Khalil, H. Scoping reviews: 2020. In: Aromataris E, Munn Z, editors. JBI manual for evidence synthesis. Adelaide: JBI; 2020. Chapter 11. https://doi.org/10.46658/JBIMES-20-12
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), sendo P: acompanhantes das crianças e neonatos, C: envolvimento na segurança do paciente e C: unidades hospitalares pediátricas e neonatais, para formular a pergunta norteadora: Quais são as evidências disponíveis sobre o envolvimento do acompanhante na segurança do paciente pediátrico e neonatal? Os critérios de inclusão para a pré-seleção dos estudos foram os seguintes: idioma inglês, português ou espanhol; e publicações entre os anos de 2011 e 2021. Artigos duplicados e de revisão, editoriais, cartas ao editor, resumos e opinião de especialistas ou os artigos que não atendiam ao objetivo desta revisão foram considerados como critérios de exclusão.

Coleta e organização dos dados

As etapas seguintes (extração, criação e busca das evidências) correspondem à estratégia de pesquisa e foram relatadas de forma abrangente, de acordo com as recomendações do JBI. A busca foi realizada entre julho de 2020 e abril de 2021, nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciência da Saúde (LILACS), banco de dados em enfermagem (BDENF) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) acesso via PubMed, Cochrane Library, CINAHL, SCOPUS, Web of Science e a EMBASE. Foram escolhidos descritores adequados às bases de dados pesquisadas (Medical Subject Headings - MeSH e Descritores em Ciências da saúde - DeCS), assim como foram adotadas palavras-chave com o intuito de ampliar a pesquisa textual. Ademais, foi utilizada a lista de referências dos artigos incluídos, no intuito de verificar os artigos utilizados e recuperar os pertinentes. O Quadro 1 demonstra as estratégias elaboradas mediante os descritores elencados com o auxílio dos operadores boleanos AND e OR, além do quantitativo de artigos localizados e selecionados em cada base de dados.

Quadro 1
Estratégias de busca e quantidade de artigos localizados e selecionados nas bases de dados, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 2021

Cabe destacar que ainda foram incluídos mais dois artigos da lista de referências, totalizando 13 artigos na amostra.

Análise dos dados

A seleção dos artigos foi realizada por meio de leitura criteriosa de títulos e resumos, a fim de verificar se os trabalhos se ajustavam na seleção final, atendendo aos critérios supracitados. Para a seleção final, foram escolhidos artigos que apresentaram evidências sobre o envolvimento do acompanhante na segurança do paciente pediátrico e neonatal. A coleta e a análise dos dados foram realizadas por meio de três revisoras independentes e, quando não foi possível o consenso, foi utilizada a avaliação de uma quarta revisora. As etapas finais de extração e delimitação das informações relativas às evidências foram realizadas por meio da análise descritiva para caracterizar os estudos. Essa etapa foi realizada por meio de um instrumento elaborado pelos autores, constituído pela caracterização da publicação (ano, país de origem da publicação, título e autores), características metodológicas (desenho do estudo, cenário e amostra), principais resultados e nível de evidência do estudo. A classificação quanto ao nível de evidência se deu com base na categorização da Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ), que propõe sete níveis de evidência, sendo 1 o maior nível e 7 o menor de evidência(2121 Melnyk BM, Fineout-Overholt E. Evidencebased practice in nursing and healthcare: a guide to best practice. Philadelphia: Lippincot Williams & Wilkins; 2005. Making the case for evidence-based practice; p. 3-24.).

Em seguida, realizou-se a análise temática do conteúdo para identificar os postos-chave da literatura encontrada, os quais foram agrupados em eixos norteadores. Por fim, revisaram-se os resultados em relação ao envolvimento dos acompanhantes na segurança do paciente pediátrico e neonatal, especialmente no que tange aos aspectos facilitadores, dificultadores, bem como às estratégias de envolvimento do acompanhante na segurança do paciente.

RESULTADOS

Foram encontrados nos bancos de dados 2651 artigos, sendo 2 identificados nas listas de referência. A partir da primeira análise, 66 estudos foram removidos por duplicidade, totalizando 2587 para leitura de título e resumo. Posteriormente, os três revisores, de forma independente, verificaram os que respondiam à pergunta de pesquisa ou que estavam dentro do tema, com seleção dos artigos adequados para leitura do texto na íntegra, sendo excluídos 2431 estudos, resultando em trabalhos artigos elegíveis para leitura. Destes, 143 foram analisados conforme os critérios de inclusão e, com isso, 13 artigos atenderam aos critérios de inclusão e fizeram parte da amostra final (Figura 1).

Figura 1
Fluxograma do processo de seleção de artigos da revisão, PRISMA-ScR, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 2021

A amostra final consistiu em 13 artigos, dentre os quais o mais antigo foi publicado em 2014 e o mais recente em 2020. Três (23,1%) foram publicados em 2020, dois (15,4%) em 2019, dois (15,4%) em 2018, três (23,1%) em 2017 e três (23,1%) em 2014.

O delineamento mais frequente foi o qualitativo, com dez (76,9%) artigos, seguido pelos quantitativos, com dois (15,4%), e um (7,7%) caracterizado como método misto. Os estudos incluídos na revisão foram apresentados no Quadro 2 com informações relativas a autores, título, ano, país da publicação, objetivo, desenho, amostra, cenário, resultados e nível de evidência.

Quadro 2
Características dos estudos incluídos na revisão de escopo, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 2021

A partir disso, para facilitar a apresentação das informações extraídas dos registros, os conteúdos foram agrupados em quatro eixos norteadores: percepção sobre o envolvimento dos acompanhantes na segurança do paciente, aspectos facilitadores, dificultadores e estratégias para o incremento do engajamento dos acompanhantes na segurança do paciente (Quadro 3).

Quadro 3
Análise sobre o envolvimento dos acompanhantes na segurança do paciente, na perspectiva daqueles e dos profissionais de saúde, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 2021

DISCUSSÃO

Este estudo contribuiu com investigações sobre o envolvimento dos acompanhantes na SP em unidades pediátricas e neonatais na perspectiva daqueles e dos profissionais de saúde. Os resultados obtidos demonstraram pontos de divergência e concordância em relação aos profissionais e acompanhantes quanto a percepção, estratégias utilizadas, aspectos facilitadores e dificultadores para o envolvimento dos acompanhantes na segurança do paciente.

Em relação à percepção sobre o envolvimento dos acompanhantes na SP, estes reconheceram que podem contribuir para a segurança do paciente sobretudo na prevenção de incidentes e EA(2323 Corbally MT, Tierney E. Parental involvement in the preoperative surgical safety checklist is welcomed by both parents and staff. Int J Pediatr. 2014;2014:791490. https://doi.org/10.1155/2014/791490
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,2525 Hoffman MR, Wegner W, Biasibetti C, Peres MA, Gerhardt LM, Breigeiron MK. Patient safety incidents identified by the caregivers of hospitalized children. Rev Bras Enferm. 2019;72(3):707-14. http://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0484
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,2929 Massa ER, Hooker AC, García Martínez DG. Condiciones de seguridad percibidas por cuidadores familiares en atención pediátrica. Rev Cienc Cuidad. 2019;16(3):80-92. https://doi.org/10.22463/17949831.1574
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), além de ressaltarem que essa participação deveria ser obrigatória(2525 Hoffman MR, Wegner W, Biasibetti C, Peres MA, Gerhardt LM, Breigeiron MK. Patient safety incidents identified by the caregivers of hospitalized children. Rev Bras Enferm. 2019;72(3):707-14. http://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0484
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), divergindo da percepção dos profissionais(3333 Silva TD, Wegner W, Pedro EN. Segurança da criança hospitalizada na UTI: compreendendo os eventos adversos sob a ótica do acompanhante. Rev Eletr Enferm. 2012;14(2):337-44. http://doi.org/10.5216/ree.v14i2.12977
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). Contudo, os profissionais advogam a ideia de que os acompanhantes, desde que orientados e conscientes quanto à sua participação, podem influenciar de maneira positiva a SP. Reforçam, também, a necessidade de interação, diálogo e comunicação clara entre os profissionais e acompanhantes(2323 Corbally MT, Tierney E. Parental involvement in the preoperative surgical safety checklist is welcomed by both parents and staff. Int J Pediatr. 2014;2014:791490. https://doi.org/10.1155/2014/791490
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,3333 Silva TD, Wegner W, Pedro EN. Segurança da criança hospitalizada na UTI: compreendendo os eventos adversos sob a ótica do acompanhante. Rev Eletr Enferm. 2012;14(2):337-44. http://doi.org/10.5216/ree.v14i2.12977
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). Esse ponto apresenta-se de grande importância, tendo em vista que os acompanhantes reconhecem que a falta de atenção e apoio dos profissionais às observações realizadas por eles, relacionadas à saúde e segurança das crianças, contribui para o aumento da ansiedade, da insegurança e até mesmo do estresse, causando distanciamento, ao invés de aproximação(2929 Massa ER, Hooker AC, García Martínez DG. Condiciones de seguridad percibidas por cuidadores familiares en atención pediátrica. Rev Cienc Cuidad. 2019;16(3):80-92. https://doi.org/10.22463/17949831.1574
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-3030 Peres MA, Wegner W, Cantarelli-Kantorski KJ, Gerhardt LM, Magalhães AMM. Perception of family members and caregivers regarding patient safety in pediatric inpatient units. Rev Gaucha Enferm. 2018;39:e2017-0195. http://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.2017-0195
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).

Os profissionais acreditam que o envolvimento depende da atitude profissional de incentivo aos acompanhantes, bem como do desejo destes de participar(3333 Silva TD, Wegner W, Pedro EN. Segurança da criança hospitalizada na UTI: compreendendo os eventos adversos sob a ótica do acompanhante. Rev Eletr Enferm. 2012;14(2):337-44. http://doi.org/10.5216/ree.v14i2.12977
http://doi.org/10.5216/ree.v14i2.12977...
). A equipe de saúde ainda argumenta que a falta de habilidade, formação, tempo para inserir os acompanhantes na segurança, e a preocupação com o aumento de demanda de trabalho são aspectos limitadores nesse processo. Outro ponto relatado diz respeito à ausência do acompanhante em muitos momentos e ao conflito de papéis que pode existir entre acompanhantes e profissionais, os quais provocam desgastes em ambas as partes, muitas vezes desnecessários, interferindo diretamente na qualidade da assistência e na segurança do paciente(1818 Ministério da Saúde (BR). Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos [Internet]. Brasília, DF: MS; 2012.,3333 Silva TD, Wegner W, Pedro EN. Segurança da criança hospitalizada na UTI: compreendendo os eventos adversos sob a ótica do acompanhante. Rev Eletr Enferm. 2012;14(2):337-44. http://doi.org/10.5216/ree.v14i2.12977
http://doi.org/10.5216/ree.v14i2.12977...
).

Os acompanhantes mencionaram também a importância do reconhecimento das situações de risco para os EA, especialmente em relação aos erros de medicação, de identificação do paciente(2626 Hoffman LM, Rodrigues FA, Biasibetti C, Peres MA, Vaccari A, Wegner W. Patient safety incidents reported by relatives of hospitalized children Rev Gaucha Enferm. 2020;41(esp):e20190172. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2020.20190172
https://doi.org/10.1590/1983-1447.2020.2...
-2727 Khan A, Coffey M, Litterer KP, Baird JD, Furtak SL, Garcia BM. et al. Families as partners in hospital error and adverse event surveillance. JAMA Pediatr. 2017;171(4):372-81. https://doi.org/10.1001/jamapediatrics.2016.4812
https://doi.org/10.1001/jamapediatrics.2...
,3030 Peres MA, Wegner W, Cantarelli-Kantorski KJ, Gerhardt LM, Magalhães AMM. Perception of family members and caregivers regarding patient safety in pediatric inpatient units. Rev Gaucha Enferm. 2018;39:e2017-0195. http://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.2017-0195
http://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.20...
-3131 Rodrigues FA, Wegner W, Kantorski KJC, Pedro ENR. Patient safety in a neonatal unit: concerns and strategies experienced by parent. Cogitare Enferm. 2018;23(2):e52166. http://doi.org/10.5380/ce.v23i1.52166
http://doi.org/10.5380/ce.v23i1.52166...
) e de procedimentos assistenciais(2727 Khan A, Coffey M, Litterer KP, Baird JD, Furtak SL, Garcia BM. et al. Families as partners in hospital error and adverse event surveillance. JAMA Pediatr. 2017;171(4):372-81. https://doi.org/10.1001/jamapediatrics.2016.4812
https://doi.org/10.1001/jamapediatrics.2...
,3030 Peres MA, Wegner W, Cantarelli-Kantorski KJ, Gerhardt LM, Magalhães AMM. Perception of family members and caregivers regarding patient safety in pediatric inpatient units. Rev Gaucha Enferm. 2018;39:e2017-0195. http://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.2017-0195
http://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.20...

31 Rodrigues FA, Wegner W, Kantorski KJC, Pedro ENR. Patient safety in a neonatal unit: concerns and strategies experienced by parent. Cogitare Enferm. 2018;23(2):e52166. http://doi.org/10.5380/ce.v23i1.52166
http://doi.org/10.5380/ce.v23i1.52166...
-3232 Rosenberg RE, Williams E, Ramchandani N, Rosenfeld P, Silber B, Schlucter J, et al. Provider perspective on partnering with parents of hospitalized children to improve safety. Hosp Pediatr. 2018;8(6):330-7. https://doi.org/10.1542/hpeds.2017-0159
https://doi.org/10.1542/hpeds.2017-0159...
). Dentre os incidentes reconhecidos pelos acompanhantes, destacam-se os atrasos na administração, a comunicação falha relacionada à terapêutica, o equívoco na suspensão medicamentosa, o tempo de infusão e dosagens incorretos e a falta de pulseira de alergia(2727 Khan A, Coffey M, Litterer KP, Baird JD, Furtak SL, Garcia BM. et al. Families as partners in hospital error and adverse event surveillance. JAMA Pediatr. 2017;171(4):372-81. https://doi.org/10.1001/jamapediatrics.2016.4812
https://doi.org/10.1001/jamapediatrics.2...
). Estudos demonstram que, na pediatria, muitos EA poderiam ser minimizados ou prevenidos diante de uma parceria e comunicação efetiva com a família(3030 Peres MA, Wegner W, Cantarelli-Kantorski KJ, Gerhardt LM, Magalhães AMM. Perception of family members and caregivers regarding patient safety in pediatric inpatient units. Rev Gaucha Enferm. 2018;39:e2017-0195. http://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.2017-0195
http://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.20...
,3333 Silva TD, Wegner W, Pedro EN. Segurança da criança hospitalizada na UTI: compreendendo os eventos adversos sob a ótica do acompanhante. Rev Eletr Enferm. 2012;14(2):337-44. http://doi.org/10.5216/ree.v14i2.12977
http://doi.org/10.5216/ree.v14i2.12977...

34 Souza FCP, Montenegro LC, Goveia VR, Corrêa AR, Rocha PK, Manzo BF. Family participation in patient safety in neonatal units from the nursing perspective. Texto Contexto Enferm. 2017;26(3):e1180016. https://doi.org/10.1590/0104-07072017001180016
https://doi.org/10.1590/0104-07072017001...

35 Oyesanya TO, Bowerd B. "I'm trying to be the safety net": family protection of patients with moderate-to-severe TBI during the hospital stay. Qual Health Res. 2017;27(12):1804-15. https://doi.org/10.1177/1049732317697098
https://doi.org/10.1177/1049732317697098...
-3636 Leonard MS. Patient Safety and Quality Improvement: reducing risk of harm. Pediatr Rev. 2015;36(10):448-56. https://doi.org/10.1542/pir.36-10-448
https://doi.org/10.1542/pir.36-10-448...
). O acompanhante tem direito de ser informado sobre as medicações em uso, podendo, assim, atentar para alguns aspectos, tais como conferência da medicação certa para a criança, horário certo, além de acompanhar e esclarecer dúvidas com profissional durante a administração da medicação(3737 Santos PRA, Rocha FLR, Sampaio CSJC. Actions for safety in the prescription, use and administration of medications in emergency care units. Rev Gaucha Enferm. 2019;40(esp):e20180347. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2019.20180347
https://doi.org/10.1590/1983-1447.2019.2...
-3838 Franco LF, Bonelli MA, Wernet M, Barbieri MC, Dupas G. Patient safety: perception of family members of hospitalized children. Rev Bras Enferm. 2020;73(5):e20190525. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2019-0525
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2019-0...
). Dessa forma, percebe-se a importância da participação do acompanhante para a prevenção de erros de medicação, a fim de contribuir de forma efetiva para a qualidade da assistência em saúde e na SP(3939 Souza FT, Garcia MC, Rangel PPS, Rocha PK. Percepção da enfermagem sobre os fatores de risco que envolvem a segurança do paciente pediátrico. Rev Enfem. 2014;4(1):152-62. https://doi.org/10.5902/217976928781
https://doi.org/10.5902/217976928781...
).

No que se refere ao protocolo de identificação do paciente, os pais ou os responsáveis deveriam receber informações, no momento da colocação das pulseiras, sobre a importância de seu uso e a necessidade de manutenção e conferência dos dados. Nesse sentido, estudo alerta que somente 35% dos pais ou responsáveis foram informados sobre a importância do uso da pulseira de identificação, o que motiva a discussão sobre a necessidade de os acompanhantes receberem informações para que sejam coparticipantes no cuidado, contribuindo para a segurança da assistência neonatal(4040 Hoffmeister LV, Moura GMSS. Use of identification wristbands among patients receiving inpatient treatment in a teaching hospital. Rev Latino-Am Enfermagem. 2015;23(1):36-43. https://doi.org/10.1590/0104-1169.0144.2522
https://doi.org/10.1590/0104-1169.0144.2...
).

Sobre os incidentes detectados pelos acompanhantes relacionados aos procedimentos assistenciais, foram identificadas falhas nos cuidados com sondas, no descarte incorreto de materiais, no atraso para o encaminhamento de exames e procedimento cirúrgico, na manipulação incorreta de cateter, entre outros(2727 Khan A, Coffey M, Litterer KP, Baird JD, Furtak SL, Garcia BM. et al. Families as partners in hospital error and adverse event surveillance. JAMA Pediatr. 2017;171(4):372-81. https://doi.org/10.1001/jamapediatrics.2016.4812
https://doi.org/10.1001/jamapediatrics.2...
). Tais incidentes apontados pelos acompanhantes revelam possíveis falhas nos registros de acompanhamento, salientando a importância do envolvimento familiar não somente na prevenção, mas também no processo de avaliação dos procedimentos assistenciais. Para a viabilização do envolvimento do acompanhante na segurança da criança, faz-se necessário que os profissionais aprimorem a instrumentalização dos cuidadores por meio da educação e na documentação dos registros em prontuários(3939 Souza FT, Garcia MC, Rangel PPS, Rocha PK. Percepção da enfermagem sobre os fatores de risco que envolvem a segurança do paciente pediátrico. Rev Enfem. 2014;4(1):152-62. https://doi.org/10.5902/217976928781
https://doi.org/10.5902/217976928781...
).

Outros EA identificados pelos acompanhantes foram risco de infecções(2626 Hoffman LM, Rodrigues FA, Biasibetti C, Peres MA, Vaccari A, Wegner W. Patient safety incidents reported by relatives of hospitalized children Rev Gaucha Enferm. 2020;41(esp):e20190172. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2020.20190172
https://doi.org/10.1590/1983-1447.2020.2...
-2727 Khan A, Coffey M, Litterer KP, Baird JD, Furtak SL, Garcia BM. et al. Families as partners in hospital error and adverse event surveillance. JAMA Pediatr. 2017;171(4):372-81. https://doi.org/10.1001/jamapediatrics.2016.4812
https://doi.org/10.1001/jamapediatrics.2...
,3030 Peres MA, Wegner W, Cantarelli-Kantorski KJ, Gerhardt LM, Magalhães AMM. Perception of family members and caregivers regarding patient safety in pediatric inpatient units. Rev Gaucha Enferm. 2018;39:e2017-0195. http://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.2017-0195
http://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.20...
,3232 Rosenberg RE, Williams E, Ramchandani N, Rosenfeld P, Silber B, Schlucter J, et al. Provider perspective on partnering with parents of hospitalized children to improve safety. Hosp Pediatr. 2018;8(6):330-7. https://doi.org/10.1542/hpeds.2017-0159
https://doi.org/10.1542/hpeds.2017-0159...
), flebite(3030 Peres MA, Wegner W, Cantarelli-Kantorski KJ, Gerhardt LM, Magalhães AMM. Perception of family members and caregivers regarding patient safety in pediatric inpatient units. Rev Gaucha Enferm. 2018;39:e2017-0195. http://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.2017-0195
http://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.20...
), quedas ou risco de queda(2626 Hoffman LM, Rodrigues FA, Biasibetti C, Peres MA, Vaccari A, Wegner W. Patient safety incidents reported by relatives of hospitalized children Rev Gaucha Enferm. 2020;41(esp):e20190172. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2020.20190172
https://doi.org/10.1590/1983-1447.2020.2...
-2727 Khan A, Coffey M, Litterer KP, Baird JD, Furtak SL, Garcia BM. et al. Families as partners in hospital error and adverse event surveillance. JAMA Pediatr. 2017;171(4):372-81. https://doi.org/10.1001/jamapediatrics.2016.4812
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,3030 Peres MA, Wegner W, Cantarelli-Kantorski KJ, Gerhardt LM, Magalhães AMM. Perception of family members and caregivers regarding patient safety in pediatric inpatient units. Rev Gaucha Enferm. 2018;39:e2017-0195. http://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.2017-0195
http://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.20...
-3131 Rodrigues FA, Wegner W, Kantorski KJC, Pedro ENR. Patient safety in a neonatal unit: concerns and strategies experienced by parent. Cogitare Enferm. 2018;23(2):e52166. http://doi.org/10.5380/ce.v23i1.52166
http://doi.org/10.5380/ce.v23i1.52166...
), lesão por pressão(3030 Peres MA, Wegner W, Cantarelli-Kantorski KJ, Gerhardt LM, Magalhães AMM. Perception of family members and caregivers regarding patient safety in pediatric inpatient units. Rev Gaucha Enferm. 2018;39:e2017-0195. http://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.2017-0195
http://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.20...
), falta de controle de acesso à unidade(2727 Khan A, Coffey M, Litterer KP, Baird JD, Furtak SL, Garcia BM. et al. Families as partners in hospital error and adverse event surveillance. JAMA Pediatr. 2017;171(4):372-81. https://doi.org/10.1001/jamapediatrics.2016.4812
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,3232 Rosenberg RE, Williams E, Ramchandani N, Rosenfeld P, Silber B, Schlucter J, et al. Provider perspective on partnering with parents of hospitalized children to improve safety. Hosp Pediatr. 2018;8(6):330-7. https://doi.org/10.1542/hpeds.2017-0159
https://doi.org/10.1542/hpeds.2017-0159...
), falhas na rotina da unidade e na dinâmica da equipe(3232 Rosenberg RE, Williams E, Ramchandani N, Rosenfeld P, Silber B, Schlucter J, et al. Provider perspective on partnering with parents of hospitalized children to improve safety. Hosp Pediatr. 2018;8(6):330-7. https://doi.org/10.1542/hpeds.2017-0159
https://doi.org/10.1542/hpeds.2017-0159...
), erros na dieta oferecida aos pacientes(2626 Hoffman LM, Rodrigues FA, Biasibetti C, Peres MA, Vaccari A, Wegner W. Patient safety incidents reported by relatives of hospitalized children Rev Gaucha Enferm. 2020;41(esp):e20190172. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2020.20190172
https://doi.org/10.1590/1983-1447.2020.2...
-2727 Khan A, Coffey M, Litterer KP, Baird JD, Furtak SL, Garcia BM. et al. Families as partners in hospital error and adverse event surveillance. JAMA Pediatr. 2017;171(4):372-81. https://doi.org/10.1001/jamapediatrics.2016.4812
https://doi.org/10.1001/jamapediatrics.2...
) e leitos de isolamento não identificados(2626 Hoffman LM, Rodrigues FA, Biasibetti C, Peres MA, Vaccari A, Wegner W. Patient safety incidents reported by relatives of hospitalized children Rev Gaucha Enferm. 2020;41(esp):e20190172. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2020.20190172
https://doi.org/10.1590/1983-1447.2020.2...
). Essas situações reforçam a importância do envolvimento dos acompanhantes como parceiros na prevenção dos EA e, consequentemente, da SP(2323 Corbally MT, Tierney E. Parental involvement in the preoperative surgical safety checklist is welcomed by both parents and staff. Int J Pediatr. 2014;2014:791490. https://doi.org/10.1155/2014/791490
https://doi.org/10.1155/2014/791490...
). Nessa direção, há uma crescente preocupação das instituições de saúde e ensino com a política de SP, que inclui investimento na aproximação do acompanhante ao cuidado que está sendo prestado, de torná-los corresponsáveis e parceiros para a prevenção de falhas e danos, com incremento das possibilidades de uma hospitalização segura(4040 Hoffmeister LV, Moura GMSS. Use of identification wristbands among patients receiving inpatient treatment in a teaching hospital. Rev Latino-Am Enfermagem. 2015;23(1):36-43. https://doi.org/10.1590/0104-1169.0144.2522
https://doi.org/10.1590/0104-1169.0144.2...
).

Outro ponto relevante nos achados está relacionado à participação do acompanhante durante o checklist de cirurgia segura. Para os profissionais, a presença dos acompanhantes durante o checklist tem sido uma experiência de grande valia, ao passo que oportuniza chance de interação, diálogo e de escuta(2424 Gonçalves KMM, Costa MTTCA, Silva DCB, Baggio ME, Corrêa AR, Manzo BF. Ludic strategy for promoting engagement of parents and caregivers in the safety of pediatric patients. Rev Gaucha Enferm. 2020;41:e20190473. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2020.20190473
https://doi.org/10.1590/1983-1447.2020.2...
). Os autores afirmam que a confiança nos profissionais(2929 Massa ER, Hooker AC, García Martínez DG. Condiciones de seguridad percibidas por cuidadores familiares en atención pediátrica. Rev Cienc Cuidad. 2019;16(3):80-92. https://doi.org/10.22463/17949831.1574
https://doi.org/10.22463/17949831.1574...
-3030 Peres MA, Wegner W, Cantarelli-Kantorski KJ, Gerhardt LM, Magalhães AMM. Perception of family members and caregivers regarding patient safety in pediatric inpatient units. Rev Gaucha Enferm. 2018;39:e2017-0195. http://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.2017-0195
http://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.20...
) e a clara comunicação entre profissionais-acompanhantes são fatores determinantes para o envolvimento. Entende-se como “clara comunicação” o recebimento de explicações sobre as normas e os procedimentos oferecidos pela equipe de saúde e de informações sobre riscos, complicações e procedimentos realizados(3030 Peres MA, Wegner W, Cantarelli-Kantorski KJ, Gerhardt LM, Magalhães AMM. Perception of family members and caregivers regarding patient safety in pediatric inpatient units. Rev Gaucha Enferm. 2018;39:e2017-0195. http://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.2017-0195
http://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.20...
). A comunicação revela-se como um dos principais pontos de atenção no que tange à efetividade do envolvimento do acompanhante na SP.

Dessa forma, apesar de os estudos apontarem múltiplos fatores que favorecem o distanciamento dos acompanhantes durante o processo de cuidado, nota-se que a comunicação transpassa todas essas esferas. As falhas de comunicação são identificadas tanto pelos profissionais quanto pelos acompanhantes, podendo acontecer dentro da própria equipe, como em situações de desentendimento entre profissionais, alta rotatividade de pessoal, burocratização no preenchimento de prontuários e conversas paralelas durante a passagem de plantão. A falta de conhecimento científico por parte dos acompanhantes pode gerar dependência do fornecimento de informações específicas de forma clara e objetiva(2323 Corbally MT, Tierney E. Parental involvement in the preoperative surgical safety checklist is welcomed by both parents and staff. Int J Pediatr. 2014;2014:791490. https://doi.org/10.1155/2014/791490
https://doi.org/10.1155/2014/791490...
,2727 Khan A, Coffey M, Litterer KP, Baird JD, Furtak SL, Garcia BM. et al. Families as partners in hospital error and adverse event surveillance. JAMA Pediatr. 2017;171(4):372-81. https://doi.org/10.1001/jamapediatrics.2016.4812
https://doi.org/10.1001/jamapediatrics.2...
,2929 Massa ER, Hooker AC, García Martínez DG. Condiciones de seguridad percibidas por cuidadores familiares en atención pediátrica. Rev Cienc Cuidad. 2019;16(3):80-92. https://doi.org/10.22463/17949831.1574
https://doi.org/10.22463/17949831.1574...
,3232 Rosenberg RE, Williams E, Ramchandani N, Rosenfeld P, Silber B, Schlucter J, et al. Provider perspective on partnering with parents of hospitalized children to improve safety. Hosp Pediatr. 2018;8(6):330-7. https://doi.org/10.1542/hpeds.2017-0159
https://doi.org/10.1542/hpeds.2017-0159...
-3333 Silva TD, Wegner W, Pedro EN. Segurança da criança hospitalizada na UTI: compreendendo os eventos adversos sob a ótica do acompanhante. Rev Eletr Enferm. 2012;14(2):337-44. http://doi.org/10.5216/ree.v14i2.12977
http://doi.org/10.5216/ree.v14i2.12977...
). Dessa forma, as estratégias para promover o envolvimento do acompanhante muito se pautam na melhora da comunicação.

Como ferramenta para qualificar o processo de comunicação, sobretudo entre os profissionais, é importante que seja feita a dupla checagem das informações, com inclusão do acompanhante. Essa prática de conferência é recomendada desde a dispensação do medicamento na farmácia até a administração ao paciente. A dupla verificação pode ser uma estratégia que promove a comunicação entre os profissionais, sendo proposta para evitar maiores riscos de EA(2222 Biasibetti C, Hoffmann LM, Rodrigues FA, Wegner W, Rocha PK. Communication for patient safety in pediatric hospitalizations. Rev Gaucha Enferm. 2019;40(esp):e20180337. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2019.20180337
https://doi.org/10.1590/1983-1447.2019.2...
).

A troca de informações frequente entre os profissionais, por meio de passagem de plantão sistemática e criteriosa, rounds multidisciplinares, transferência de cuidado entre setores e reuniões ordinárias de equipe, também pode amplificar a segurança do paciente hospitalizado. Para que essa prática seja incorporada e continuada no cuidado, fatores como a multidisciplinaridade e a aptidão dos profissionais podem ser implementados. Além desses, é recomendável que sejam evitadas as conversas paralelas, as interrupções do método, bem como as entradas e saídas antecipadas(2222 Biasibetti C, Hoffmann LM, Rodrigues FA, Wegner W, Rocha PK. Communication for patient safety in pediatric hospitalizations. Rev Gaucha Enferm. 2019;40(esp):e20180337. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2019.20180337
https://doi.org/10.1590/1983-1447.2019.2...
).

Uma outra estratégia refere-se aos jogos lúdicos, que são ferramentas cada vez mais utilizadas para fornecer informações de forma simples. Esses jogos, além de aproximar os profissionais dos acompanhantes, favorecem a distração e o relaxamento, visto que o ambiente hospitalar é extremamente estressante(2424 Gonçalves KMM, Costa MTTCA, Silva DCB, Baggio ME, Corrêa AR, Manzo BF. Ludic strategy for promoting engagement of parents and caregivers in the safety of pediatric patients. Rev Gaucha Enferm. 2020;41:e20190473. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2020.20190473
https://doi.org/10.1590/1983-1447.2020.2...
,4141 Parcianello AT, Felin RB. E agora doutor, onde vou brincar?: considerações sobre a hospitalização infantil. Barbaroi. 2008;28:147-66. http://doi.org/10.17058/barbaroi.v0i0.356
http://doi.org/10.17058/barbaroi.v0i0.35...
-4242 Fernandes CS, Martins MM, Gomes BP, Gomes JA, Gonçalves LHT. Family nursing game: developing a board game. Esc Anna Nery. 2016;20(1):33-7. https://doi.org/10.5935/1414-8145.20160005
https://doi.org/10.5935/1414-8145.201600...
).

A educação em saúde também é um planejamento relevante para a formação dos profissionais da saúde no que se refere ao enfoque da comunicação objetiva. Como forma de estratégia educacional, membros da equipe multiprofissional sugerem que sejam realizados treinamentos dentro do próprio serviço com pauta na segurança do paciente(2222 Biasibetti C, Hoffmann LM, Rodrigues FA, Wegner W, Rocha PK. Communication for patient safety in pediatric hospitalizations. Rev Gaucha Enferm. 2019;40(esp):e20180337. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2019.20180337
https://doi.org/10.1590/1983-1447.2019.2...
). Tal estratégia não se remete apenas à falha de comunicação, mas também abrange de forma útil a correta higienização das mãos, procedendo de forma adequada na utilização das luvas de procedimento e no uso de equipamentos de proteção individual e coletivo, os quais se usados, quando aplicados, de maneira incorreta afetam a SP(2525 Hoffman MR, Wegner W, Biasibetti C, Peres MA, Gerhardt LM, Breigeiron MK. Patient safety incidents identified by the caregivers of hospitalized children. Rev Bras Enferm. 2019;72(3):707-14. http://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0484
http://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-04...
). A utilização de metodologias informatizadas também tem sido considerada como uma estratégia para melhorar a comunicação entre os profissionais de saúde(2222 Biasibetti C, Hoffmann LM, Rodrigues FA, Wegner W, Rocha PK. Communication for patient safety in pediatric hospitalizations. Rev Gaucha Enferm. 2019;40(esp):e20180337. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2019.20180337
https://doi.org/10.1590/1983-1447.2019.2...
).

Ademais, um ambiente propício à solução de conflitos é fundamental para a promoção de um cuidado mais seguro. Os acompanhantes também apontaram que uma comunicação mais clara com os profissionais de saúde acarreta uma melhor instrução para participarem dos cuidados, preservando possíveis riscos para a saúde da criança(2222 Biasibetti C, Hoffmann LM, Rodrigues FA, Wegner W, Rocha PK. Communication for patient safety in pediatric hospitalizations. Rev Gaucha Enferm. 2019;40(esp):e20180337. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2019.20180337
https://doi.org/10.1590/1983-1447.2019.2...
).

Outro estudo infere que a inclusão dos acompanhantes no cuidado geral da criança seja importante, a ressaltar na vigilância da seguridade do paciente(2626 Hoffman LM, Rodrigues FA, Biasibetti C, Peres MA, Vaccari A, Wegner W. Patient safety incidents reported by relatives of hospitalized children Rev Gaucha Enferm. 2020;41(esp):e20190172. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2020.20190172
https://doi.org/10.1590/1983-1447.2020.2...
). Essa vigilância amplia a detecção de erros acometidos por profissionais de saúde; portanto, dar voz aos acompanhantes e fazer escuta dos relatos podem aumentar a qualidade e segurança do atendimento ao paciente hospitalizado.

Sendo assim, a inclusão de disseminação de informação correta dentro do ambiente hospitalar, bem como estratégias de sua amplificação, é de extrema importância, visto que a falta de conhecimento sobre os EA, a prevenção desses erros, a falta de comunicação e a falta de aprimoramentos em técnicas básicas de segurança do paciente podem colocar em risco a hospitalização da criança.

Limitações do estudo

Foi possível perceber em alguns estudos contemplados nesta revisão a falta de detalhamento de informações relativas às características das estratégias de envolvimento utilizadas e ao seu processo de avaliação pelos participantes. Ademais, algumas bases de dados não utilizam descritores controlados, o que pode favorecer alguma perda.

Contribuições para a área da enfermagem

Os resultados encontrados favorecem discussões sobre a compreensão da participação do acompanhante na promoção da SP, além de contribuírem para o planejamento e a execução de estratégias que visam incentivar o envolvimento desses acompanhantes e consequentemente oferecer um cuidado mais seguro a crianças e neonatos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo permitiu desvelar como acompanhantes e profissionais de saúde na pediatria e na neonatologia percebem o envolvimento dos acompanhantes na SP, os aspectos facilitadores, dificultadores e as estratégias que almejam essa finalidade.

  • FOMENTO
    Os autores não receberam suporte financeiro para o desenvolvimento da pesquisa, análise dos dados ou submissão do manuscrito.

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Editado por

EDITOR CHEFE: Antonio José de Almeida Filho
EDITOR ASSOCIADO: Hugo Fernandes

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Fev 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    07 Jul 2021
  • Aceito
    30 Set 2021
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