2020 ficará marcado na história

O ano começou com nossos olhares atentos ao que acontecia na China. Afinal, o primeiro caso da COVID-19, nome dado à doença causada pelo SARS-CoV2 foi identificado em Wuhan no final de 2019. Da China para outros países da Ásia e depois da Europa, para chegar ao Brasil em poucos meses, no final de fevereiro.

Em março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reclassificou o surto como pandemia ⁽¹⁾, e de fato, o que temos visto não se trata de mais uma virose respiratória: acompanhamos nos noticiários os impactos não apenas sobre vidas e – o que já seria muito grave – sobre os sistemas de saúde em todo mundo, mas também sobre a economia mundial.

Cada um de nós sentiu, e ainda sente, tais impactos. Nossas rotinas como profissionais foram alteradas. A sustentabilidade de nossos serviços, ameaçada, e nos vimos tendo que repensar tudo muito rapidamente. A cada dia os noticiários nos mostram que as incertezas não são um privilégio nosso: governos e autoridades sanitárias de todo o mundo opinam e mudam de opinião em função de novos fatos, de novos contornos para a crise sem precedentes.

As entidades médicas não ficaram ilesas às transformações.^(2,3) Todos nós sabíamos que o mundo já fazia, antes da crise, da pandemia, um movimento claro na direção digital, do virtual. Sabíamos que as novas gerações, os nativos digitais, consumiam informações científicas e não científicas de forma diferente dos nascidos antes da década de 1990. Precisávamos nos alinhar a isso para oferecer-lhes serviços que fossem ao encontro de suas expectativas e preferências, e nos víamos conciliando formatos e entregas de serviços para os mais antigos e para as novas gerações, em nossos cursos credenciados e residências, assim como aos recém-egressos de lá também. Mas de repente, tudo se acelerou: todos nós necessitamos interagir e absorver as práticas de comunicação e estudo antes atribuídas aos mais jovens e aos mais ligados em tecnologia.

Nossos serviços, comumente alheios aos grandes hospitais, sofrem os reflexos da crise. A COVID-19 adentrou as clínicas oftalmológicas nos sintomas (a conjuntivite, mesmo que em baixa incidência) e no risco de contágio durante os exames.

Tudo muito rápido! Mas estamos todos nos reinventando, precisamos ser resilientes.

A pandemia vai passar, a crise vai passar. No entanto nós, nossos serviços e entidades, não seremos mais os mesmos. Esse período deixará marcas significativas em todos, seja pela perda de vidas, seja pelas dificuldades financeiras e, ainda, pelos novos hábitos sociais.

Vamos voltar a nos encontrar em nossos congressos presenciais, tão importantes não apenas pela troca de conhecimentos, mas também pelos novos contatos, pelo networking e pelo reencontro com velhos amigos e professores. Porém muitos de nós terão adquirido o gosto pelos eventos virtuais, e os frequentaremos mais do que antes.

Teremos, mesmo que não queiramos, questionado nossos hábitos e processos, e certamente sairemos deste momento mais fortes e preparados para uma nova era, que começa neste ano.

Referências

• ¹
  World Health Organization (WHO). Coronavirus disease (COVID-19) pandemic [Internet]. Genève: WHO; c2020.[cited 2020 Apr 23]. Available from: https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019
  » https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019
• ²
  Associação Médica Brasileira (AMB). Diretrizes AMB COVID-19 [Internet]. São Paulo: AMB; c2020 [citado 2020 Abr 23]. Disponível em: https://amb.org.br/diretrizes-amb-covid-19
  » https://amb.org.br/diretrizes-amb-covid-19
• ³
  American Academy of Ophtalmology. Practice managment coronavirus research [Internet]. San Francisco: American Academy of Ophthalmology; c2020. [cited 2020 Apr 23]. Available from: https://www.aao.org/practice-management
  » https://www.aao.org/practice-management

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  07 Ago 2020
• Data do Fascículo
  May-Jun 2020