Acessibilidade / Reportar erro

Prática do stealthing entre jovens universitários: fatores associados

RESUMO

Objetivo:

Identificar a prática de stealthing entre jovens universitários e as associações entre o perfil desses jovens e a prática do stealthing.

Método:

Estudo transversal realizado em um campus universitário de um município no interior paulista. A coleta de dados foi online pelo RedCap, entre maio e setembro de 2018, por meio de questionários com dados de identificação, características sociodemográficas e de saúde sexual e reprodutiva. Os dados foram analisados pelo IBM-SPSS, versão 17.0.

Resultados:

Participaram do estudo 380 estudantes, com idade entre 18 e 24 anos, a maioria sem exercer função remunerada, advindos(as) de ensino particular, sem religião e solteiras(os). Em sua maioria, eram do sexo biológico feminino e se identificavam como mulheres cisgênero e heterossexuais. Quanto ao stealthing, 1,33% dos participantes tinham realizado e 11,44% já tinham sofrido essa prática. Houve associação significativa entre ter sofrido stealthing e as variáveis sexo biológico feminino (p = 0,000) e se identificar como mulher (p = 0,000).

Conclusão:

A ocorrência do stealthing é maior entre os que sofreram essa prática do que entre aqueles que a praticaram. Ter sofrido stealthing está associado a ser do sexo feminino e se identificar como mulher.

DESCRITORES
Estudantes; Universidades; Saúde Sexual e Reprodutiva; Violência de Gênero; Preservativos; Delitos Sexuais

ABSTRACT

Objective:

To identify the practice of stealthing among university students and the associations between the profile of these young people and this practice.

Method:

Cross-sectional study carried out at a university campus in a city in the countryside of Sao Paulo. Data collection was carried out online by RedCap between May and September 2018, through questionnaires with identification data, sociodemographic characteristics and sexual and reproductive health. Data were analyzed by IBM-SPSS, version 17.0.

Results:

A total of 380 students participated in the study, aged between 18 and 24 years old, most of them unpaid students, coming from private education, not having a religion and being single. Most of them were biologically female and identified as cisgender and heterosexual women. As for stealthing, 1.33% of the participants had performed it and 11.44% had already undergone this practice. There was a significant association between having been stealthed and the variables female biological sex (p = 0.000) and identifying as a woman (p = 0.000).

Conclusion:

The occurrence of stealthing is higher among those who have been stealthed than among those who have done it and having been stealthed is associated with being female and identifying as a woman.

DESCRIPTORS
Students; University; Sexual and Reproductive Health; Gender-Based Violence; Condoms; Sex Offences

RESUMEN

Objetivo:

Identificar el stealthing entre jóvenes universitarios y la asociación entre el perfil de esos jóvenes y su práctica.

Método:

Se trata de un estudio transversal realizado en un campus universitario de un municipio del interior de São Paulo. Los datos se recopilaron en línea, en el RedCap, entre mayo y septiembre de 2018 mediante cuestionarios con datos de identificación, características sociodemográficas, salud sexual y reproductiva, y se analizaron con el IBM-SPSS, versión 17.0.

Resultados:

Participaron del estudio 380 estudiantes, con edades comprendidas entre 18 y 24 años, gran parte sin trabajo remunerado, provenientes de la enseñanza particular, sin religión y solteras(os). En su mayoría eran del sexo femenino biológico y se identificaban como mujeres cisgénero y heterosexuales. En cuanto al stealthing, el 1,33% de los participantes lo había realizado y el 11,44% ya había sufrido esta práctica. Hubo una asociación significativa entre haber sufrido stealthing y las variables sexo biológico femenino (p = 0,000) y el identificarse como mujer (p = 0,000).

Conclusión:

La incidencia del stealthing es mayor entre los que han sufrido esta práctica que entre los que la han practicado. Haber sufrido el furtivismo se asocia a ser mujer y a identificarse como tal.

DESCRIPTORES
Estudiantes; Universidades; Salud Sexual y Reproductiva; Violencia de Género; Condones; Delitos Sexuales

INTRODUÇÃO

A passagem da adolescência para a juventude constitui-se por mudanças físicas, como o crescimento rápido e amadurecimento das características sexuais secundárias, além de construção da personalidade, adaptação ao meio e busca por interação social para maior aceitação dos comportamentos tidos como esperados para um adulto(11. Maranhão AT, Gomes KRO, Oliveira DC, Moita Neto JM. Impact of first sexual intercourse on the sexual and reproductive life of young people in a capital city of the Brazilian Northeast. Cien Saude Colet. 2017;22(12):4083-94. DOI: https://doi.org/10.1590/1413-812320172212.16232015
https://doi.org/10.1590/1413-81232017221...
). Entretanto, ainda que o desenvolvimento da sexualidade seja algo natural e esperado, há um envolvimento dos jovens em relações sexuais precocemente e com implicação de riscos e agravos à saúde(11. Maranhão AT, Gomes KRO, Oliveira DC, Moita Neto JM. Impact of first sexual intercourse on the sexual and reproductive life of young people in a capital city of the Brazilian Northeast. Cien Saude Colet. 2017;22(12):4083-94. DOI: https://doi.org/10.1590/1413-812320172212.16232015
https://doi.org/10.1590/1413-81232017221...
).

No que diz respeito às vivências da sexualidade entre adolescentes e jovens, fica evidente que entre muitos que iniciam a vida sexual existe falta de informações sobre os serviços de aconselhamento, o que potencializa a sua vulnerabilidade em relação às Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e às gestações indesejadas(22. Dietrich J, Khunwane M, Laher F, Bruyn G, Sikkema KJ, Gray G. “Group sex” parties and other risk patterns: A qualitative study about the perceptions of sexual behaviours and attitudes of adolescents in Soweto, South Africa. Vulnerable Child Youth Stud. 2011;6(3):244-54. DOI: http://doi.org/10.1080/17450128.2011.597796
http://doi.org/10.1080/17450128.2011.597...
). Dessa forma, promover saúde sexual e reprodutiva é oferecer condições para que esses jovens possam ter uma iniciação sexual segura, através de ações de inclusão, informação, educação e assistência em saúde, no contexto de vida no qual estejam inseridos, permitindo que façam escolhas com segurança, de forma a não comprometer a saúde no exercício da sexualidade(22. Dietrich J, Khunwane M, Laher F, Bruyn G, Sikkema KJ, Gray G. “Group sex” parties and other risk patterns: A qualitative study about the perceptions of sexual behaviours and attitudes of adolescents in Soweto, South Africa. Vulnerable Child Youth Stud. 2011;6(3):244-54. DOI: http://doi.org/10.1080/17450128.2011.597796
http://doi.org/10.1080/17450128.2011.597...
).

Para os jovens que ingressam na universidade, essa fase é marcada por mudanças significativas em seu estilo de vida, sua autonomia, e mudanças nos limites parentais, o que pode influenciar no seu comportamento de forma a ocasionar implicações à saúde(33. Faria YO, Gandolfi L, Moura LBA. Prevalence of risk behaviors in young university students. Acta Paulista de Enfermagem. 2014;27(6):591-5. DOI: https://doi.org/10.1590/1982-0194201400096
https://doi.org/10.1590/1982-01942014000...
). Em estudo sobre comportamentos de risco relacionados à saúde de jovens universitários, o consumo de álcool apareceu como comportamento de risco mais prevalente(33. Faria YO, Gandolfi L, Moura LBA. Prevalence of risk behaviors in young university students. Acta Paulista de Enfermagem. 2014;27(6):591-5. DOI: https://doi.org/10.1590/1982-0194201400096
https://doi.org/10.1590/1982-01942014000...
). O consumo alcoólico elevado predispõe ao agravamento de outros problemas, tais como condutas sexuais desprotegidas, que é um comportamento prevalente entre adolescentes e jovens(44. Mola R, Pitangui ACR, Barbosa SAM, Almeida LS, Sousa MRM, Pio WPL, et al. Condom use and alcohol consumption in adolescents and Youth. Einstein (Sao Paulo). 2016;14(2):143-51. DOI: https://doi.org/10.1590/S1679-45082016AO3677
https://doi.org/10.1590/S1679-45082016AO...
).

O processo que envolve a iniciação sexual, com experimentação e aprendizado, é constituído por fatores como reprodução e contracepção, influenciados e determinados por questões de gênero, os quais podem estar associados a vulnerabilidades e violência, dentre outros marcadores(55. Brandão RE, Cabral CS, Azize RL, Heilborn ML. Young men and abortion: the male perspective on unplanned pregnancies. Cad Saude Publica. 2020;36 Suppl 1:e00187218. DOI: https://doi.org/10.1590/0102-311x00187218
https://doi.org/10.1590/0102-311x0018721...
), como etnia/raça e geração. Além das questões de comportamento de risco à saúde, as mulheres jovens são ainda mais vulneráveis devido a fatores biológicos e sociais(66. Milhausen RR, McKay A, Graham CA, Crosby RA, Yarber WL, Stephanie AS. Prevalence and predictors of condom use in a national sample of Canadian university students. Can J Hum Sex. 2013;22(3):142-51. DOI: https://doi.org/10.3138/cjhs.2316
https://doi.org/10.3138/cjhs.2316...
) que levam a desigualdades de gênero e se refletem diretamente na saúde sexual e reprodutiva desse grupo(77. Araújo EM, Costa, MCN, Noronha CV, Hogan VK, Vines AI, Araújo TM. Desigualdades em saúde e raça/cor da pele: revisão da literatura do Brasil e dos Estados Unidos (1996-2005). Saúde Coletiva [Internet]. 2010 [cited 2021 Aug 30];7(40):116-21. Available from: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84215105005
https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=8...
).

O conceito de gênero é um elemento constitutivo das relações sociais, baseado nas diferenças que são percebidas entre os sexos(88. Scott WJ. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educ Real [Internet]. 1995 [cited 2021 Aug 30];20(2):71-99. Available from: https://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/71721/40667
https://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade...
). Por meio da análise de gênero, é possível entender, visualizar e referir-se à organização social da relação entre os sexos(99. Guedes FEM. Gênero, o que é isso? Psicologia: Ciência e Profissão. 1995;15(1-3):4-11. DOI: https://doi.org/10.1590/S1414-98931995000100002
https://doi.org/10.1590/S1414-9893199500...
).

É importante refletir e considerar no meio social que na identidade de gênero refletida pelo sexo biológico apenas cabem o “feminino” e o “masculino”, dificultando a inclusão social e política de pessoas que não se encaixam nessa estrutura binária(1010. Brandão ER, Cabral CS. Youth, gender and reproductive justice: health inequities in family planning in Brazil’s Unified Health System. Cien Saude Colet. 2021;26(07):2673-82. DOI: https://doi.org/10.1590/1413-81232021267.08322021
https://doi.org/10.1590/1413-81232021267...
). Além disso, essa classificação limitada define socialmente como os corpos devem fluir em relação à sexualidade e aos aspectos da reprodução humana(9. Nesse sentido, é um desafio nos campos político, ético e científico desmistificar os estereótipos enraizados e disseminados de uma determinada ordem biológica hierarquizada que padroniza corpos, sexo e espaços para a reprodução humana, impondo a esses corpos ordens e normas sociais que proporcionam diferentes, porém limitadas, experiências sociais(55. Brandão RE, Cabral CS, Azize RL, Heilborn ML. Young men and abortion: the male perspective on unplanned pregnancies. Cad Saude Publica. 2020;36 Suppl 1:e00187218. DOI: https://doi.org/10.1590/0102-311x00187218
https://doi.org/10.1590/0102-311x0018721...
). As políticas de saúde reprodutiva, voltadas para a população jovem, portanto, não podem se abster de debater questões fundamentais como gênero, sexualidade e violência de gênero, inclusive entre universitárias(1010. Brandão ER, Cabral CS. Youth, gender and reproductive justice: health inequities in family planning in Brazil’s Unified Health System. Cien Saude Colet. 2021;26(07):2673-82. DOI: https://doi.org/10.1590/1413-81232021267.08322021
https://doi.org/10.1590/1413-81232021267...
).

No centro desse debate, dentre outras questões, compreender o consentimento é fundamental. Socialmente, cabe às mulheres consentir ou não as práticas sexuais, o que passa também por questões de hierarquias de gênero, imbrincadas por determinações sociossexuais que vão muito além de querer ou simplesmente aceitar manter relações sexuais(1111. Pérez Y. California defines what is “sexual consent”. Sex Salud Soc (Rio J). 2017;(25):113-33. DOI: https://doi.org/10.1590/1984-6487.sess.2017.25.06.a
https://doi.org/10.1590/1984-6487.sess.2...
). Salienta-se que o “aceitar” passa por uma alienação da vontade, do desejo e do objetivo final da relação sexual, que seria, para além da questão reprodutiva, uma fonte de prazer(1111. Pérez Y. California defines what is “sexual consent”. Sex Salud Soc (Rio J). 2017;(25):113-33. DOI: https://doi.org/10.1590/1984-6487.sess.2017.25.06.a
https://doi.org/10.1590/1984-6487.sess.2...
).

Contudo, considerando os desvios de conduta historicamente construídos e arraigados, por muito tempo não houve concepção acerca do consentimento ou não por parte da mulher diante das intenções dos homens para obter a satisfação sexual, mesmo através de constrangimento ou força física, o que ainda é reproduzido na atualidade em algumas relações amorosas, afetivas ou sexuais(1212. Sousa RF. Rape Culture - the implicit practice of the incitement of sexual violence against women. Estud Fem. 2017;25(1):9-29. DOI: https://doi.org/10.1590/1806-9584.2017v25n1p9
https://doi.org/10.1590/1806-9584.2017v2...
). Dessa forma, sendo a violência de gênero caracterizada por atos de violência psicológica, física, moral e sexual contra a mulher, no contexto doméstico, familiar ou em relações íntimas de afeto, muitas vezes os seus direitos implícita ou explicitamente são violados. No entanto, ainda existem muitas fragilidades na elaboração e concretização de políticas públicas que sejam efetivas para o enfrentamento da violência de gênero(1313. Nothaft JR, Beiras A. What do we know about interventions with perpetrators of domestic and family violence? Estud Fem. 2019;27(3):e56070. DOI: https://doi.org/10.1590/1806-9584-2019v27n356070
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2019v2...
).

O consentimento vai além de dizer sim ou não para o ato sexual, despontando dentro das relações uma prática de risco denominada stealthing, que é a retirada do preservativo durante o ato sexual sem o consentimento da parceira(o). Assim, uma relação sexual consensual pode se tornar não consensual, algo recorrente entre jovens, em situações que na maioria das vezes as vítimas não percebem a conduta do parceiro(a), sendo que, ao notar a prática e negar a continuidade do ato sexual, a vítima sofre ainda mais violência do parceiro(a) ou forte ameaça psicológica para continuar o ato sexual(1414. Brodsky A. ‘Rape-Adjacent’: Imagining Legal Responses to Nonconsensual Condom Removal. Columbia J Gend Law. [Internet]. 2017 [cited 2021 Aug 30];32(2):183-210. Available from: https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2954726
https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?...
).

O termo surgiu nos Estados Unidos da América, onde legisladores estão se esforçando para categorizar o stealthing como uma forma de agressão sexual, devido à não consensualidade desse ato e aos danos físicos e morais que pode acarretar para a vítima. Porém, embora no contexto estadunidense exista um consenso de que a prática se enquadra no âmbito da violência de gênero contra a mulher, existe uma dificuldade em considerá-la um crime quando é compreendida por alguns como um desvio de conduta ou de caráter, e não primordialmente como uma violação dos direitos fundamentais das mulheres(1515. Nunes DH, Lehfeld LS. Stealthing: Aspectos acerca da violência de gênero e afronta aos direitos fundamentais e à cidadania. Libertas: Revista de Pesquisa em Direito [Internet]. 2018 [cited 2021 Aug 30];3(2):93-108. Available from: https://periodicos.ufop.br/libertas/article/view/996
https://periodicos.ufop.br/libertas/arti...
). Ainda sem tradução padronizada no Brasil e não reconhecida como crime efetivamente, a prática de stealthing é recorrente entre jovens, o que expõe as mulheres ao risco de uma gestação indesejada, bem como mulheres e homens às IST, sendo uma violação de confiança e a negação de autonomia, tanto quanto o estupro(1616. Latimer RL, Vodstrcil LA, Fairley CK, Cornelisse VJ, Chow EPF, Read TRH, et al. Non-consensual condom removal, reported by patients at a sexual health clinic in Melbourne, Australia. PLoS One. 2018;14(2):e0213316. DOI: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0209779
https://doi.org/10.1371/journal.pone.020...
). Entretanto, o stealthing ainda é pouco discutido e estudado nacional e internacionalmente como crime e violência sexual(1414. Brodsky A. ‘Rape-Adjacent’: Imagining Legal Responses to Nonconsensual Condom Removal. Columbia J Gend Law. [Internet]. 2017 [cited 2021 Aug 30];32(2):183-210. Available from: https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2954726
https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?...
,1515. Nunes DH, Lehfeld LS. Stealthing: Aspectos acerca da violência de gênero e afronta aos direitos fundamentais e à cidadania. Libertas: Revista de Pesquisa em Direito [Internet]. 2018 [cited 2021 Aug 30];3(2):93-108. Available from: https://periodicos.ufop.br/libertas/article/view/996
https://periodicos.ufop.br/libertas/arti...
). Por esse motivo, este estudo propõe realizar um levantamento da prática do stealthing entre jovens universitários, sob uma perspectiva de gênero, analisando fatores que podem estar relacionados a essa prática de risco.

O presente estudo tem como objetivo, portanto, identificar a prática de stealthing entre jovens universitários e as associações entre o perfil desses jovens e a prática do stealthing.

MÉTODO

Desenho do Estudo

Trata-se de um estudo observacional, transversal, descritivo e analítico.

Local de Investigação

O estudo foi realizado no campus de uma universidade pública estadual, em um município de grande porte no interior do estado de São Paulo, onde são oferecidos 28 cursos de graduação presenciais e há um polo de ensino de graduação a distância.

População e Amostra

A população do estudo foi constituída por todos os(as) estudantes de graduação do campus da universidade matriculados no primeiro semestre de 2018, que contava com um total de 6969 graduandos. Os estudantes com idade entre 18 e 24 anos de idade foram convidados a participar, tendo sido excluídos aqueles que referiram ser menores de 18 anos ou ter 25 anos completos ou mais, e aqueles não tinham iniciado a vida sexual no momento da coleta de dados. Foram obtidas 1025 entradas na pesquisa. Considerando-se os questionários preenchidos completamente e seguindo-se os critérios de inclusão e exclusão, a amostra deste estudo contou com 380 participantes.

Coleta de Dados

Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário estruturado com dados de identificação, características sociodemográficas e características de saúde sexual e reprodutiva dos participantes, elaborado com base na literatura científica e pesquisas prévias existentes. As características sociodemográficas estudadas foram as seguintes: idade, cor ou raça autorreferida, curso e ano de curso, religião, ocupação, hábito de fumar, hábito de beber, hábito de usar drogas ilícitas, estado marital, tipo de escola que cursou anteriormente (pública ou privada) e renda familiar. Foram estudadas as seguintes características de saúde sexual e reprodutiva: sexo biológico, orientação sexual, identidade de gênero (gênero com o qual o indivíduo se identifica, independentemente do sexo biológico), idade de início das relações sexuais, número de parceiros(as) sexuais ao longo da vida, uso de métodos anticoncepcionais e tipo, motivo de não uso de método anticoncepcional, uso ou não de métodos anticoncepcionais pela parceiro(a), uso ou não de camisinha (interna ou externa), motivo de não uso da camisinha, uso de camisinha pelo parceiro, ocorrência de sexo sob efeito de álcool ou outras drogas ilícitas, ocorrência de sexo cujo parceiro estava sob efeito de álcool ou outras drogas ilícitas, vontade de ter relações sexuais e sensação frente à relação sexual e prática de stealthing (realizado ou sofrido).

O questionário foi transposto para a ferramenta Research Electronic Data Capture (REDCap). A agilidade durante a coleta, a melhor qualidade de dados, o maior controle do processo de pesquisa e a economia de tempo na obtenção mais rápida dos resultados são alguns dos benefícios dessa ferramenta(1717. Blumenberg C, Barros AJ. Electronic data collection in epidemiological research. The use of REDCap in the Pelotas birth cohorts. Appl Clin Inform. 2016;7(3):672-81. DOI: https://doi.org/10.4338/aci-2016-02-ra-0028
https://doi.org/10.4338/aci-2016-02-ra-0...
).

A coleta de dados ocorreu entre os meses de maio e setembro de 2018, quando os estudantes foram convidados a participar por meio de correio eletrônico, recebendo todas as informações sobre o estudo e um endereço eletrônico que os direcionou para a página da pesquisa online. Após terem ciência dos objetivos da pesquisa e dos aspectos éticos, aqueles que aceitaram participar expressaram eletronicamente, ao clicar no botão de aceite na página que continha o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Na sequência, estavam as páginas online que continham os instrumentos de pesquisa, instrumentos autopreenchidos, nos quais o participante fazia a leitura e respondia, sem a intervenção da pesquisadora.

Tratamento e Análise dos Dados

Os dados foram importados diretamente do REDCap para uma planilha eletrônica estruturada no Microsoft Excel, sendo analisados pelo programa estatístico Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 17.0. Para caracterizar a amostra e identificar as demais variáveis estudadas, a análise foi fundamentada na estatística descritiva, por meio da análise univariada dos dados. Para a análise da relação entre as variáveis, foi utilizado o teste Exato de Fisher. Para todas as análises, foi considerado um nível de significância de 5%.

Aspectos Éticos

Quanto aos aspectos éticos, o projeto foi concebido e executado segundo as exigências éticas preconizadas pela Resolução n° 466 de 2012, do Conselho Nacional de Saúde, tendo sido submetido e aprovado junto ao Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, vinculado à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), sob parecer de n° 4.331.209, emitido em 09 de outubro de 2020.

Como já descrito, na página da pesquisa online, após terem ciência dos aspectos éticos, os participantes clicavam no botão de aceite de participação na página que continha o TCLE. Assim, só após sua leitura e confirmação de concordância, seguiam para as páginas do formulário de pesquisa.

RESULTADOS

A idade média dos participantes foi de 21 anos, com desvio padrão de 2,03 anos. A Tabela 1 mostra que a maioria dos participantes se autodeclarou de cor branca (78,16%), não exercia trabalho remunerado (80,00%), não tinha religião (79,21%) e se declarou solteira (51,58%). Em relação aos estudos, a maior porcentagem (41,58%) tinha estudado integralmente em escola particular.

Tabela 1.
Distribuição das participantes segundo cor autorreferida, trabalho, religião, estado marital e tipo de escola que frequentou – Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2018.

No que se refere às características de hábitos de vida, a maioria das(os) participantes referiu não ter o hábito de fumar (88,42%) e nem de usar drogas ilícitas (66,94%). Com relação às bebidas alcoólicas, a maioria referiu o consumo, sendo que a maior porcentagem de participantes (36,84%) relatou fazer uso dessas bebidas uma ou duas vezes por semana. A Tabela 2 apresenta a distribuição das(os) participantes do estudo quanto a essas variáveis.

Tabela 2.
Distribuição dos(os) participantes segundo hábito de fumar, hábito de consumo de bebida alcoólica e uso de drogas ilícitas – Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2018.

Com relação às características de saúde sexual e reprodutiva, salientamos que no presente estudo todas(os) as(os) participantes já haviam iniciado a vida sexual. Em relação ao sexo biológico, 253 (66,58%) jovens eram do sexo feminino e 127 (33,42%) do masculino. Com relação à identidade de gênero, 255 (67,11%) se identificavam como mulher cisgênero e 125 (32,89%) como homem cisgênero, sendo que duas participantes se declararam como mulheres transgênero. A média da idade da primeira relação sexual foi de 17 anos, com desvio padrão de 1,92, mediana de 17,00 anos, mínimo de 9 e máxima de 24 anos. Em relação ao número de parceiros(as) durante a vida, a média foi de 7, com desvio padrão de 12,84, sendo o mínimo de um parceiro e o máximo de 150 (o que foi referido por apenas uma pessoa).

Na Tabela 3 é possível identificar a distribuição dos participantes segundo orientação sexual, uso de métodos contraceptivos (exceto camisinha), uso de camisinha, opção pelo uso da camisinha, sensações durante a relação sexual e vontade de ter relações sexuais.

Tabela 3.
Distribuição dos participantes segundo orientação sexual, uso de métodos contraceptivos (exceto camisinha), uso de camisinha, opção pelo uso da camisinha, sensações durante a relação sexual e vontade de ter relações sexuais – Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2018.

A maioria dos participantes referiu ser heterossexual (74,74%) e fazer uso de algum método contraceptivo (81,58%), sendo que 38,36% declarou sempre usar camisinha em suas relações sexuais, com 79,04% compartilhando a decisão pelo uso da camisinha com a(o) companheira(o). No que diz respeito às sensações durante a relação sexual, a maioria das(os) participantes (89,04%) referiu sentir prazer, declarando ter na maioria das vezes vontade de ter relações sexuais 43,58%.

Com relação às práticas durante as relações sexuais, investigamos entre os jovens universitários se já tinham realizado ou sofrido stealthing e se já tinham mantido relações sexuais sob efeito de álcool ou outras drogas, conforme apresentado na Tabela 4.

Tabela 4.
Distribuição das(os) participantes do estudo quanto às variáveis ter realizado e ter sofrido stealthing e prática de relações sexuais sob efeito de álcool ou outras drogas – Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2018.

Quanto à realização do stealthing, foi identificado que 1,33% da amostra tinha realizado essa prática e 11,44% já tinham sofrido essa situação. Em relação às relações sexuais sob efeito de álcool ou outras drogas, 68,97% da amostra já havia praticado.

Foi realizada a associação entre a prática do stealthing (realizado ou sofrido) e as variáveis sociodemográficas e de hábitos de vida selecionadas. De acordo com a Tabela 5, houve resultado estatisticamente significativo para a associação da variável ter sofrido stealthing com as variáveis sexo biológico (p = 0,000) e identidade de gênero (p = 0,000). Ou seja, ter sofrido stealthing estava associado a ser do sexo feminino e se identificar como mulher.

Tabela 5.
Associação entre a prática do stealthing (realizado ou sofrido) com as variáveis sociodemográficas e de hábitos de vida selecionadas – Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2018.

DISCUSSÃO

Fizeram parte deste estudo 380 estudantes universitários A maioria era branca, não exercia trabalho remunerado, não tinha religião, era solteira ou sem companheiro e estudou a maior parte da vida em escolas particulares. Assim, os achados do presente estudo quanto à essas características do perfil dos universitários estão em conformidade com o fato de que, embora o número de estudantes negros(as) dentro das instituições de ensino superior no Brasil esteja aumentando, a maior parte é de brancos(as)(1818. Brasil. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira | Inep [Internet]. Brasília; c2022 [cited 2021 Aug 30]. Available from: https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/pesquisas-estatisticas-e-indicadores/censo-da-educacao-superior
https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-a...
). Apesar de não ser o foco do presente estudo, o perfil dos participantes remete à reflexão sobre as iniquidades presentes na sociedade, salientando-se a interseccionalidade de gênero, etnia/raça e classe, que mantêm a hegemonia de uma comunidade universitária branca, cis-heteronormativa e elitizada.

No que tange ao consumo de bebidas alcoólicas, apesar de que 15,53% terem referido não fazer uso, esse dado desperta atenção, visto que, no Brasil, o consumo de álcool por estudantes universitários é maior quando comparado à população geral(1919. Brasil. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras [Internet]. Brasília; c2010 [cited 2021 Aug 30]. Available from: https://cetadobserva.ufba.br/sites/cetadobserva.ufba.br/files/634.pdf
https://cetadobserva.ufba.br/sites/cetad...
). No que diz respeito ao uso de drogas ilícitas, 3,16% afirmaram fazer uso todos ou quase todos os dias, porcentagem que chama a atenção pela possibilidade desses jovens, sob efeito dessas drogas, se colocarem em situações de risco, como a relação sexual desprotegida(2020. Fonte VRF, Spindola T, Francisco MTR, Sodré CP, André NLNO, Pinheiro COP. Young university students and the knowledge about sexually transmitted infections. Escola Anna Nery. 2018;22(2):e20170318. DOI: http://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2017-0318
http://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-201...
).

No que se refere às características de saúde sexual e reprodutiva, a maioria (74,74%) das(os) estudantes se autodeclarou como sendo heterossexual, diferentemente de outro estudo sobre saúde sexual e reprodutiva entre jovens universitários, que identificou 97,1% de participantes heterossexuais(2121. Sales WB, Caveião C, Visentin A, Mocelin D, Costa PM, Simm EB. Risky sexual behavior and knowledge of STIs/AIDS among university health students. Revista de Enfermagem Referência. 2016;4(10):19-27.).

Em relação ao uso de métodos contraceptivos que não a camisinha, 81,58% dos estudantes referiram fazer uso, todavia o conhecimento sobre os métodos contraceptivos, assim como a forma certa de usá-lo, não faz com que necessariamente a prática contraceptiva se torne eficaz(2222. Borges ALV, Fujimori E, Hoga LAK, Contin MV. Contraceptive practices among university students: the use of emergency contraception. Cad Saude Publica. 2010;26(4):816-26. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-311X2010000400023
https://doi.org/10.1590/S0102-311X201000...
). Com relação ao uso de camisinha externa ou interna, 38,36% dos participantes declararam fazer uso sempre, seguidos de 32,80% que fazem uso às vezes, sendo que entre aqueles que utilizam 79,04% referiram se tratar de uma opção de ambos os parceiros. Sobre a negociação do uso de preservativos, alguns autores apontam que entre os homens há a crença da necessidade do uso apenas em relações com mulheres consideradas por eles como não confiáveis(2323. Delatorre MZ, Dias ACG. Knowledge and practices on contraception among college students. Revista da SPAGESP [Internet]. 2015 [cited 2021 Aug 30];16(1):60-73. Available from: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-29702015000100006&lng=en
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?scr...
). A confiança, nesse caso, está associada ao fato de conhecer e manter relação afetiva e sexual estável e exclusiva com uma pessoa; já a não confiança está relacionada às relações sexuais esporádicas e que podem expor a situações de risco, como a contaminação por IST e gravidez indesejada(2323. Delatorre MZ, Dias ACG. Knowledge and practices on contraception among college students. Revista da SPAGESP [Internet]. 2015 [cited 2021 Aug 30];16(1):60-73. Available from: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-29702015000100006&lng=en
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?scr...
).

Quanto às sensações durante a relação sexual, 89,04% declararam sentir prazer e 31,28% referiram sempre sentir vontade de ter relações sexuais, seguidos de 43,58% que sentem vontade na maioria das vezes. Em estudo realizado com universitários mexicanos, 78,5% afirmaram ter excelente ou boa qualidade de vida sexual(2424. González-Serrano A, Zabalgoitia MTHM. Práticas e Satisfação Sexual em Jovens Universitários. Revista Latinoamericana de Medicina Sexual – ReLAMS [Internet]. 2013 [cited 2021 Aug 30];2(2):22-8. Available from: https://www.slamsnet.org/relams/pdf/relams-2013-2-22_pt.pdf
https://www.slamsnet.org/relams/pdf/rela...
), corroborando o presente estudo, apesar de ter utilizado métodos de pesquisa diferentes.

Com relação ao stealthing, 1,33% respondeu já ter praticado, em contrapartida a 11,44% que referiram já ter sofrido, corroborando achados estadunidenses, nos quais 12,2% das mulheres jovens já tinham sofrido, cuja porcentagem é menor do que na Austrália, onde a prática sofrida foi referida por 32% de participantes(1616. Latimer RL, Vodstrcil LA, Fairley CK, Cornelisse VJ, Chow EPF, Read TRH, et al. Non-consensual condom removal, reported by patients at a sexual health clinic in Melbourne, Australia. PLoS One. 2018;14(2):e0213316. DOI: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0209779
https://doi.org/10.1371/journal.pone.020...
). A situação de sofrer o stealthing demonstra que, sendo o consentimento geralmente um fenômeno não- verbal, muitas vezes as mulheres não sentem que possuem o poder de direcionar a relação sexual. O ato de consentir é algo considerado de responsabilidade da mulher, muitas vezes cabendo ao homem negociar esse consentimento, como forma de exercer seu poder, o que é construído dentro da dinâmica de dominação e hierarquia de gêneros. No entanto, muitas vezes, é considerado, erroneamente, como algo associado ao biológico, inerente das características de diferenciação sexual, o que permite realizar práticas caso o consentimento não seja explícito, levando a naturalização de ações que não são menos violentas ou de risco(1111. Pérez Y. California defines what is “sexual consent”. Sex Salud Soc (Rio J). 2017;(25):113-33. DOI: https://doi.org/10.1590/1984-6487.sess.2017.25.06.a
https://doi.org/10.1590/1984-6487.sess.2...
).

No presente estudo, o stealthing sofrido esteve associado ao sexo biológico feminino (p = 0,000) e à identidade de gênero mulher (p = 0,000), não havendo outras associações estatisticamente significativas para as outras variáveis selecionadas. A violência de gênero pode ser difícil de ser comprovada, como é o caso do stealthing. Nessa perspectiva, a prática do stealthing não costuma ser vista como uma violação dos direitos fundamentais das mulheres em decorrência da construção heteropatriarcal, que valida e legitima esse comportamento, mas que pode gerar graves problemas sociais e de saúde(2525. Belknap J, Sharma N. The Significant Frequency and Impact of Stealth (Nonviolent) Gender-Based Abuse Among College Women. Trauma Violence Abuse. 2014;15(3):181-90. DOI: https://doi.org/10.1177/1524838014520725
https://doi.org/10.1177/1524838014520725...
).

Como limitação deste estudo, pode-se apontar a falta de controle sobre os formulários abertos, mas não preenchidos completamente, o que restringiu o número de participantes incluídos no estudo. Além disso, a variável renda teve que ser desconsiderada, pois a forma como a pergunta foi elaborada possibilitou a inserção de valores aleatórios, os quais não são passíveis de análise.

CONCLUSÃO

Conclui-se que, entre os jovens universitários do campus estudado, a ocorrência do stealthing é maior entre os que sofreram a prática do que entre aqueles que a praticaram. Além disso, ter sofrido stealthing está associado a ser do sexo feminino e se identificar como mulher.

Evidencia-se que o stealthing precisa ser mais debatido na nossa sociedade, havendo a necessidade de ações de educação em saúde sexual e reprodutiva formuladas que considerem questões de gênero e de justiça sexual e reprodutiva, com o intuito de permitir que os jovens compreendam os riscos e a natureza da violência sexual atrelada a essa prática O empoderamento e a instrumentalização das mulheres para que possam entender o que envolve o consentir e como enfrentar esse tipo de violência é uma questão urgente para que os mecanismos sociais possam evoluir a ponto de permitir que mulheres e homens possam praticar sexo de maneira segura e satisfatória.

EDITOR ASOCIADO

Rosa Maria Godoy Serpa da Fonseca

REFERENCES

  • 1.
    Maranhão AT, Gomes KRO, Oliveira DC, Moita Neto JM. Impact of first sexual intercourse on the sexual and reproductive life of young people in a capital city of the Brazilian Northeast. Cien Saude Colet. 2017;22(12):4083-94. DOI: https://doi.org/10.1590/1413-812320172212.16232015
    » https://doi.org/10.1590/1413-812320172212.16232015
  • 2.
    Dietrich J, Khunwane M, Laher F, Bruyn G, Sikkema KJ, Gray G. “Group sex” parties and other risk patterns: A qualitative study about the perceptions of sexual behaviours and attitudes of adolescents in Soweto, South Africa. Vulnerable Child Youth Stud. 2011;6(3):244-54. DOI: http://doi.org/10.1080/17450128.2011.597796
    » http://doi.org/10.1080/17450128.2011.597796
  • 3.
    Faria YO, Gandolfi L, Moura LBA. Prevalence of risk behaviors in young university students. Acta Paulista de Enfermagem. 2014;27(6):591-5. DOI: https://doi.org/10.1590/1982-0194201400096
    » https://doi.org/10.1590/1982-0194201400096
  • 4.
    Mola R, Pitangui ACR, Barbosa SAM, Almeida LS, Sousa MRM, Pio WPL, et al. Condom use and alcohol consumption in adolescents and Youth. Einstein (Sao Paulo). 2016;14(2):143-51. DOI: https://doi.org/10.1590/S1679-45082016AO3677
    » https://doi.org/10.1590/S1679-45082016AO3677
  • 5.
    Brandão RE, Cabral CS, Azize RL, Heilborn ML. Young men and abortion: the male perspective on unplanned pregnancies. Cad Saude Publica. 2020;36 Suppl 1:e00187218. DOI: https://doi.org/10.1590/0102-311x00187218
    » https://doi.org/10.1590/0102-311x00187218
  • 6.
    Milhausen RR, McKay A, Graham CA, Crosby RA, Yarber WL, Stephanie AS. Prevalence and predictors of condom use in a national sample of Canadian university students. Can J Hum Sex. 2013;22(3):142-51. DOI: https://doi.org/10.3138/cjhs.2316
    » https://doi.org/10.3138/cjhs.2316
  • 7.
    Araújo EM, Costa, MCN, Noronha CV, Hogan VK, Vines AI, Araújo TM. Desigualdades em saúde e raça/cor da pele: revisão da literatura do Brasil e dos Estados Unidos (1996-2005). Saúde Coletiva [Internet]. 2010 [cited 2021 Aug 30];7(40):116-21. Available from: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84215105005
    » https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84215105005
  • 8.
    Scott WJ. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educ Real [Internet]. 1995 [cited 2021 Aug 30];20(2):71-99. Available from: https://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/71721/40667
    » https://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/71721/40667
  • 9.
    Guedes FEM. Gênero, o que é isso? Psicologia: Ciência e Profissão. 1995;15(1-3):4-11. DOI: https://doi.org/10.1590/S1414-98931995000100002
    » https://doi.org/10.1590/S1414-98931995000100002
  • 10.
    Brandão ER, Cabral CS. Youth, gender and reproductive justice: health inequities in family planning in Brazil’s Unified Health System. Cien Saude Colet. 2021;26(07):2673-82. DOI: https://doi.org/10.1590/1413-81232021267.08322021
    » https://doi.org/10.1590/1413-81232021267.08322021
  • 11.
    Pérez Y. California defines what is “sexual consent”. Sex Salud Soc (Rio J). 2017;(25):113-33. DOI: https://doi.org/10.1590/1984-6487.sess.2017.25.06.a
    » https://doi.org/10.1590/1984-6487.sess.2017.25.06.a
  • 12.
    Sousa RF. Rape Culture - the implicit practice of the incitement of sexual violence against women. Estud Fem. 2017;25(1):9-29. DOI: https://doi.org/10.1590/1806-9584.2017v25n1p9
    » https://doi.org/10.1590/1806-9584.2017v25n1p9
  • 13.
    Nothaft JR, Beiras A. What do we know about interventions with perpetrators of domestic and family violence? Estud Fem. 2019;27(3):e56070. DOI: https://doi.org/10.1590/1806-9584-2019v27n356070
    » https://doi.org/10.1590/1806-9584-2019v27n356070
  • 14.
    Brodsky A. ‘Rape-Adjacent’: Imagining Legal Responses to Nonconsensual Condom Removal. Columbia J Gend Law. [Internet]. 2017 [cited 2021 Aug 30];32(2):183-210. Available from: https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2954726
    » https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2954726
  • 15.
    Nunes DH, Lehfeld LS. Stealthing: Aspectos acerca da violência de gênero e afronta aos direitos fundamentais e à cidadania. Libertas: Revista de Pesquisa em Direito [Internet]. 2018 [cited 2021 Aug 30];3(2):93-108. Available from: https://periodicos.ufop.br/libertas/article/view/996
    » https://periodicos.ufop.br/libertas/article/view/996
  • 16.
    Latimer RL, Vodstrcil LA, Fairley CK, Cornelisse VJ, Chow EPF, Read TRH, et al. Non-consensual condom removal, reported by patients at a sexual health clinic in Melbourne, Australia. PLoS One. 2018;14(2):e0213316. DOI: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0209779
    » https://doi.org/10.1371/journal.pone.0209779
  • 17.
    Blumenberg C, Barros AJ. Electronic data collection in epidemiological research. The use of REDCap in the Pelotas birth cohorts. Appl Clin Inform. 2016;7(3):672-81. DOI: https://doi.org/10.4338/aci-2016-02-ra-0028
    » https://doi.org/10.4338/aci-2016-02-ra-0028
  • 18.
    Brasil. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira | Inep [Internet]. Brasília; c2022 [cited 2021 Aug 30]. Available from: https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/pesquisas-estatisticas-e-indicadores/censo-da-educacao-superior
    » https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/pesquisas-estatisticas-e-indicadores/censo-da-educacao-superior
  • 19.
    Brasil. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras [Internet]. Brasília; c2010 [cited 2021 Aug 30]. Available from: https://cetadobserva.ufba.br/sites/cetadobserva.ufba.br/files/634.pdf
    » https://cetadobserva.ufba.br/sites/cetadobserva.ufba.br/files/634.pdf
  • 20.
    Fonte VRF, Spindola T, Francisco MTR, Sodré CP, André NLNO, Pinheiro COP. Young university students and the knowledge about sexually transmitted infections. Escola Anna Nery. 2018;22(2):e20170318. DOI: http://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2017-0318
    » http://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2017-0318
  • 21.
    Sales WB, Caveião C, Visentin A, Mocelin D, Costa PM, Simm EB. Risky sexual behavior and knowledge of STIs/AIDS among university health students. Revista de Enfermagem Referência. 2016;4(10):19-27.
  • 22.
    Borges ALV, Fujimori E, Hoga LAK, Contin MV. Contraceptive practices among university students: the use of emergency contraception. Cad Saude Publica. 2010;26(4):816-26. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-311X2010000400023
    » https://doi.org/10.1590/S0102-311X2010000400023
  • 23.
    Delatorre MZ, Dias ACG. Knowledge and practices on contraception among college students. Revista da SPAGESP [Internet]. 2015 [cited 2021 Aug 30];16(1):60-73. Available from: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-29702015000100006&lng=en
    » http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-29702015000100006&lng=en
  • 24.
    González-Serrano A, Zabalgoitia MTHM. Práticas e Satisfação Sexual em Jovens Universitários. Revista Latinoamericana de Medicina Sexual – ReLAMS [Internet]. 2013 [cited 2021 Aug 30];2(2):22-8. Available from: https://www.slamsnet.org/relams/pdf/relams-2013-2-22_pt.pdf
    » https://www.slamsnet.org/relams/pdf/relams-2013-2-22_pt.pdf
  • 25.
    Belknap J, Sharma N. The Significant Frequency and Impact of Stealth (Nonviolent) Gender-Based Abuse Among College Women. Trauma Violence Abuse. 2014;15(3):181-90. DOI: https://doi.org/10.1177/1524838014520725
    » https://doi.org/10.1177/1524838014520725

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Jun 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    22 Dez 2021
  • Aceito
    11 Abr 2022
Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 419 , 05403-000 São Paulo - SP/ Brasil, Tel./Fax: (55 11) 3061-7553, - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: reeusp@usp.br