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Leandra lapae D'El Rei Souza & Baumgratz (seção Leandraria; Miconieae: Melastomataceae), nova espécie do Brasil

Leandra lapae D'El Rei Souza & Baumgratz (section Leandraria; Miconieae: Melastomataceae), a new species from Brazil

Resumos

É descrita uma nova espécie de Leandra para a flora do estado de São Paulo - L. lapae D'El Rei Souza & Baumgratz. São apresentados descrição, ilustração e comentários acerca de diferenças morfológicas com espécies afins.

Brasil; Leandra seção Leandraria; Melastomataceae; São Paulo; taxonomia


A new species of Leandra from São Paulo is described and illustrated - L. lapae D'El Rei Souza & Baumgratz. Comments with related species are also presented.

Brazil; Leandra section Leandraria; Melastomataceae; São Paulo; taxonomy


Leandra lapae D'El Rei Souza & Baumgratz (seção Leandraria; Miconieae: Melastomataceae), nova espécie do Brasil

Leandra lapae D'El Rei Souza & Baumgratz (section Leandraria; Miconieae: Melastomataceae), a new species from Brazil

Maria Leonor D'El Rei SouzaI,1 1 . Autor para correspondência: delrei@ccb.ufsc.br ; José Fernando A. BaumgratzII

IUniversidade Federal de Santa Catarina, CCB, Departamento de Botânica, Campus Universitário, 88040-900 Florianópolis, SC, Brasil

IIInstituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Programa Diversidade Taxonômica, R. Pacheco Leão 915, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil

RESUMO

É descrita uma nova espécie de Leandra para a flora do estado de São Paulo - L. lapae D'El Rei Souza & Baumgratz. São apresentados descrição, ilustração e comentários acerca de diferenças morfológicas com espécies afins.

Palavras-chave: Brasil, Leandra seção Leandraria, Melastomataceae, São Paulo, taxonomia

ABSTRACT

A new species of Leandra from São Paulo is described and illustrated - L. lapae D'El Rei Souza & Baumgratz. Comments with related species are also presented.

Key words: Brazil, Leandra section Leandraria, Melastomataceae, São Paulo, taxonomy

Introdução

O gênero Leandra Raddi possui cerca de 200 espécies, distribuídas pelo Neotrópico e regiões subtropicais, desde o México e Antilhas até o norte da Argentina (Souza & Baumgratz, dados não publicados). Os últimos estudos revisionais sobre este gênero foram elaborados por Cogniaux (1886, 1891), sendo, portanto, comuns problemas de identificação das coleções, muitas vezes posicionadas em gêneros afins, como Miconia Ruiz & Pav. e Ossaea DC. (Judd & Skean 1991, Souza 1998, Wurdack 1962), ou documentadas como espécimes indeterminados.

A necessidade de estudos taxonômicos nesse gênero tornou-se muito evidente ao tratá-lo recentemente para a flora do estado de São Paulo, quando se deparou com complexos de espécies afins que apresentam circunscrições taxonômicas pouco consistentes e com o reconhecimento de táxons novos (Souza & Baumgratz, dados não publicados). Tendo-se como base esses estudos, a bibliografia especializada e a análise morfológica de numerosos exemplares, pôdese reconhecer uma nova espécie endêmica desse estado.

Leandra caracteriza-se, principalmente, por apresentar inflorescências terminais e/ou pseudo- axilares, botões florais de ápice agudo a acuminado, pétalas atenuado-acuminadas a atenuado-agudas e frutos carnosos, do tipo bacídio, polispérmicos (Baumgratz 1985, Souza & Baumgratz, dados não publicados).

Material e métodos

Os dados apresentados resultam de uma revisão bibliográfica e análise das coleções de Leandra dos Herbários ESA, ESAL, FLOR, FUEL, GUA, HB, HBR, HRCB, PMSP, MBM, SP, SPF, SPSF, R, RB e UEC. Além disso, examinaramse fotografias de tipos depositadas nos herbários F, FI, K, RB e US.

Resultados e Discussão

Leandra lapae D'El Rei Souza & Baumgratz

Tipo: BRASIL: São Paulo, São Paulo, Parelheiros, Jardim Novo Parelheiros, sítio Sr. José Guilguer Reimberg (José Toco), à direita na Estrada Engenheiro Marsilac, após o entrocamento com a Estrada da Colônia, 23º50'08'' S, 46º44'06'' W, 15-II-1995, fl., fr., A.A.P. Godoy et al. 389 (Holótipo SP; Isótipos HRCB, SPF, UEC).

Figura 01


Indumento moderate ad dense hirtelo et setuloso-glanduloso; bracteis bracteolisque 3-3,5mm longis, involucratis, persistentibus; floribus 6-meris; hypanthio 2,6-3 mm longo; zona disci sparse setuloso-glandulosa; petalis 3-3,9 mm longis; stylis 7-8,2 mm longis. Species nova L. sericeae et L. umbellatae affinis. A L. sericea indumento hirtello- setuloso-glanduloso, foliorum basi praesertim rotundata vel obtusa et a L. umbellata partibus floribus brevioribus zonaque disci sparse setuloso-glandulosa differt.

Subarbustos ca. 0,5 m alt.; indumento dos ramos, pecíolos, face abaxial da lâmina foliar e inflorescências alvo-rosado, moderada a densamente hirtelo-setuloso-glanduloso, cabeça glandular vinosa, caduca ou não. Pecíolo 1,5-2,5 cm compr.; lâmina 6,2-9,5 X 3-5,4 cm, membranácea, ovada, às vezes elíptica, base arredondada, às vezes obtusa, margem crenulado-ciliolada, ápice acuminado, face adaxial moderada a densamente setuloso-adpressa; 5-7 nervuras acródromas 2-15 mm suprabasais. Tirsóides de glomérulos 3,6-5,5 cm compr.; indumento da face abaxial das brácteas, bractéolas, hipanto e lacínias do cálice esparsa a densamente seríceo e seríceo-glanduloso, canescente, cabeça glandular vinosa, caduca ou não; brácteas 3-3,5 X 1,8-3,1 mm, elípticas a largamente elípticas, obtusas a arredondado-acuminadas, bractéolas 3-3,5 X 0,7-1,7 mm, oblongas, elípticas ou obovadas, obtusas a arredondadas, ambas involucrais, persistentes, ciliadas, face adaxial glabra. Flores 6-meras; hipanto 2,6-3,4 mm compr., tubuloso; zona do disco esparso setuloso-glandulosa; cálice com tubo de ca. 0,3 mm compr., lacínias persistentes, reflexas, as externas 0,61,2 X 0,1-0,2 mm, apiculadas, linear-subuladas, as internas 0,8-1 X 0,4-0,5 mm, eretas, oblongo-triangulares, ciliadas; pétalas 3-3,9 mm compr., alvas, glabras; filetes ca. 3,6 mm compr., anteras ca. 2,7 mm compr., amarelas, poro terminal, conectivo não prolongado, apêndice dorsal inconspícuo, apiculado; ovário 2/5-1/2-ínferos, 2,5-3 mm compr., 3-locular, piloso-glanduloso; estilete 7-8,2 mm compr., glabro. Fruto maduro não visto.

Etimologia - O epíteto específico lapae é em homenagem a Dra. Maria das Graças Lapa Wanderley, do Instituto de Botânica de São Paulo, pelo seu constante apoio e dedicação ao projeto Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo e sua contribuição à taxonomia das famílias Xyridaceae e Bromeliaceae no Brasil.

Espécie coletada, até o momento, no Estado de São Paulo, com ocorrência restrita à região de Parelheiros, Município de São Paulo, onde foi encontrada em bordas de mata. Coletada com flores e frutos imaturos em fevereiro.

Leandra lapae enquadra-se na seção Leandraria DC., com base em Cogniaux (1886, 1891), principalmente pelas inflorescências em tirsóides de glomérulos, congestas, e brácteas involucrais, persistentes.

Espécie afim de L. sericea DC., que se distingue, principalmente, pelo indumento da planta nunca com tricomas hirtelo-setuloso-glandulosos, sendo o dos ramos, pecíolos e inflorescências hirtelo-viloso, além da lâmina foliar com base predominantemente aguda, às vezes obtusa ou arredondada, e face abaxial serícea, hipanto seríceo, não glanduloso, zona do disco glabra e conectivo prolongado abaixo das tecas. Também se aproxima, vegetativamente, de L. umbellata DC., mas esta se diferencia, em especial, pelo maior comprimento das brácteas (7-9mm), hipanto (6-7 mm), pétalas (5-6 mm), filetes (6-7 mm) e anteras (6-6,5 mm), conectivo prolongado abaixo das tecas e zona do disco glabra. Ambas as espécies distribuem-se praticamente nos mesmos estados que L. lapae - Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, sendo L. sericea também encontrada no Paraná (Souza & Baumgratz, dados não publicados).

Agradecimentos - Ao Dr. Jorge Fontella Pereira, Museu Nacional/UFRJ, e à Dra. Graziela Maciel Barroso (in memoriam), do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, pela revisão da diagnose latina. Aos curadores dos herbários, pelos empréstimos concedidos. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela bolsa de Produtividade em Pesquisa concedida ao segundo autor.

(recebido: 18 de dezembro de 2003; aceito: 17 de março de 2005)

  • BAUMGRATZ, J.F.A. 1985. Morfologia dos frutos e sementes de Melastomatáceas brasileiras. Arquivos do Jardim Botânico do Rio Janeiro 27:113-155.
  • COGNIAUX, A. 1886. Melastomataceae. In Flora brasiliensis (C.F.P. Martius & A.G. Eichler, eds.). F. Fleischer, Monachii, v.14, pars 4, p.1-209, t.1-45.
  • COGNIAUX, A. 1891. Melastomataceae. In Monographiae Phanerogamarum (A. De Candolle & C. De Candolle, eds.). G. Masson, Paris, v.7, p.1-1256.
  • JUDD, W.S. & SKEAN JUNIOR, J.D. 1991. Taxonomic studies in the Miconieae (Melastomataceae). IV. Generic realignments among terminal-flowered taxa. Bulletin of the Florida Museum of Natural History, Biological Sciences 36:25-84.
  • SOUZA, M.L.D.R. 1998. Revisão taxonômica do gênero Ossaea DC. (Melastomataceae) no Brasil. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo.
  • WURDACK, J.J. 1962. Melastomataceae of Santa Catarina. Sellowia 14:109-217.
  • 1
    . Autor para correspondência:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      13 Jan 2006
    • Data do Fascículo
      Jun 2005

    Histórico

    • Recebido
      18 Dez 2003
    • Aceito
      17 Mar 2005
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