Acessibilidade / Reportar erro

VILFREDO PARETO. Manual of Political Economy. A critical and variorum edition. Edited by Aldo Montesano, Alberto Zanni, Luigino Bruni, John Chipman and Michael McLure. Oxford: Oxford University Press, 2014, 664 p.

PARETO, VILFREDO. Manual of Political Economy. A critical and variorum edition. Edited by Aldo Montesano, Alberto Zanni, Luigino Bruni, John Chipman and Michael McLure. Oxford: Oxford University Press, 2014. 664 p

Ao avaliar a obra de Vilfredo Pareto, Joseph A. Schumpeter destacou a reverência dos economistas italianos por seu conterrâneo, ressalvando, contudo, o impacto restrito das ideias paretianas fora da península: "Nenhum outro país ergueu um pedestal similar à sua estátua, e no mundo Anglo-Americano o homem e o pensador permaneceram desconhecidos até o presente" (Schumpeter, 199728 SCHUMPETER, Joseph A. Ten great economists. From Marx to Keynes. London: Routledge, 1997., p. 111). Embora a situação atual não pareça muito distinta daquela registrada por Schumpeter há mais de meio século, o lançamento de nova tradução comentada para a língua inglesa da principal obra de Pareto, Manual of Political Economy, resultado de trabalho editorial coletivo, deve ser saudado pela comunidade científica por representar passo fundamental na difusão do pensamento do economista italiano para além do mundo latino. Antes de revisar a natureza da publicação, porém, alguns comentários sobre o homem e o seu tempo serão pertinentes para prover contexto ao livro em tela.

Vilfredo Pareto nasce em 15 de julho de 1848, em Paris, onde seu pai vivia em exílio. Ainda menino, retorna à Itália, onde obtém o título de engenheiro pelo Instituto Politécnico de Torino no ano de 1869. Sua vida profissional estende-se por mais de vinte anos nos setores ferroviário e siderúrgico. Torna-se membro da academia Georgofili, em Florença, sendo ainda um dos fundadores do instituto Adam Smith, em 1874, voltado à difusão da doutrina liberal e ao progresso da economia científica.1 1 No ano seguinte, em 1875, foi instituída em Pádua a Associazione per il Progresso degli Studi Economici por iniciativa de economistas italianos interessados em promover estudos de cunho histórico e social. Sobre o Methodenstreit, debate metodológico entre, de um lado, os defensores do método dedutivo e, de outro, os partidários da abordagem histórica, transcorrido no último quartel do século dezenove na Alemanha e que se propagou rapidamente à outros países europeus, veja-se, por exemplo, Louzek (2011). Seus escritos da época versam sobre estradas de ferro, política tarifária, representação parlamentar e a estrutura industrial italiana. A atenção de Pareto volta-se à economia teórica ao ler os Principii di Economia Pura (1899) de Maffeo Pantaleoni (1857–1924), professor em Genebra e com quem se encontra no ano seguinte, em uma viagem de trem, iniciando-se ali longa amizade. Pantaleoni sugere o nome de Pareto como sucessor de Léon Walras na Universidade de Lausanne em 1891, nomeação que se efetiva em 1893. Pareto, com 45 anos, fixa residência em Céligny e ensina em Lausanne até 1911. Durante esse intervalo, dedica-se aos escritos econômicos de natureza teórica e aplicada, bem como a sociologia. Em março de 1923, é nomeado senador na Itália, falecendo logo depois, em 19 de agosto, em decorrência de um problema cardíaco (Kirman, 199810 KIRMAN, Alan. "Vilfredo Pareto". In F. MEACCI (Ed.). Italian economists of the twentieth century. Cheltenham: Edward Elgar, p. 11-43, 1998.).

O tempo em que Pareto desponta para a economia corresponde ao auge da era liberal na Itália, que se estende, grosso modo, de 1860 a 1922. Após a unificação do país, cátedras de economia política foram instituídas em mais de vinte universidades, complementadas em 1876 por nova regulamentação geral criando o ensino de estatística e de finanças públicas, essa última disciplina tornada obrigatória em 1885. A partir daí, desenvolve-se uma economia política genuinamente italiana, com profissionais dedicados à vida acadêmica (economisti di metieri), enquanto outros passam a desempenhar papel essencial na condução das políticas públicas do país (economisti funzionari), elegendo-se ao parlamento, tornando-se ministros, e até mesmo chefes de governo, além de criarem diversas instituições como câmaras de comércio, bancos e cooperativas. Multiplicam-se também as publicações e associações econômicas no país (Augello e Guidi, 2008AUGELLO, Massimo M., GUIDI, Marco E.L. "Economics in Italy", in S.N. DURLAUF, L.E. BLUME (Eds.). The New Palgrave Dictionary of Economics. Online edition, 2008.; Faucci, 2000FAUCCI, Riccardo. L'economia politica in Italia. Dal cinquecento ai nostri giorni. Torino: UTET, 2000., p. 5-15).

De uma parte, a abordagem matemática marginalista ganha espaço no mundo intelectual italiano por meio de autores como Gerolamo Boccardo (1829–1904) e, institucionalmente, via a reativação do Giornale degli Economisti em 1990, editado por Pantaleoni.2 2 A revista foi criada originalmente em Pádua, no ano de 1875, como veículo da Associazione per il Progresso degli Studi Economici, publicando temas em política e legislação econômica, tendo cessado as atividades em 1878 e retornado, sem continuidade, em 1886. L'Economista, publicação liberal, já havia sido fundada em 1874, enquanto outras revistas surgiram nos anos de 1890 como a socialista Critica Sociale (1891), a católica Rivista Internazionale di Scienze Sociali e Discipline Ausiliarie(1893), e a revista Riforma Sociale (1894), vinculada à Escola de Turim. Giuseppe Toniolo (1845–1918), por sua vez, procura conciliar o racionalismo econômico com a fé católica, enquanto Luigi Cossa (1831–96) e Luigi Luzzatti (1841–1927) difundem os preceitos da escola histórica alemã. O marxismo, na sua concepção econômica, é reinterpretado por Arturo Labriola (1843-1904) e Benedetto Croce (1866–1952). Ao longo do período, a abordagem estatística avança, destacando-se neste campo Emilio Morpurgo (1836–1885) e Luigi Bodio (1840–1920), cujos esforços culminaram na criação do International Institute of Statistics, em Roma no ano de 1885. Nas primeiras décadas do século vinte, a Escola de Turim, liderada por Pasquale Jannaccone (1872–1959) e Luigi Einaudi (1874–1961), viria propor a integração entre os métodos histórico e dedutivo, defendendo um novo tipo de liberalismo com regulação dos monopólios, tributação progressiva e legislação social. Marcadas por forte viés ideológico e preocupação política e institucional, as doutrinas econômicas italianas que se formam na transição do século dezenove ao vinte partilhavam a preocupação com a dinâmica econômica e a reforma social (Marchionatti et al., 201317 MARCHIONATTI, Roberto et al. "When Italian economics 'Was second to none'. Luigi Einaudi and the Turin School of Economics". The European Journal of the History of Economic Thought, v. 20, n. 5, Oct 2013.; Augello e Guidi, 2008AUGELLO, Massimo M., GUIDI, Marco E.L. "Economics in Italy", in S.N. DURLAUF, L.E. BLUME (Eds.). The New Palgrave Dictionary of Economics. Online edition, 2008.; Faucci, 2000FAUCCI, Riccardo. L'economia politica in Italia. Dal cinquecento ai nostri giorni. Torino: UTET, 2000., p. 185-220; Meacci, 199820 MEACCI, Ferdinando. "Introduction: two glimpses". In F. MEACCI (Ed.). Italian economists of the twentieth century. Cheltenham: Edward Elgar, p. 1-10, 1998.).3 3 Sobre a contribuição dos economistas italianos entre 1870 e 1914, Schumpeter concluiu que ao início do século vinte, ela não se encontrava atrás de qualquer outra do mundo: "[...] it was second to none by 1914" (Schumpeter, 2008, p. 822).

A obra de Pareto em sua fase acadêmica revelou-se notável, aprofundando o programa de pesquisa walrasiano do equilíbrio geral e estendendo suas reflexões a campos tão diversos como o bem-estar, o comércio internacional, a estatística aplicada, a ciência política, a sociologia e a metodologia da ciência (Chipman, 1999CHIPMAN, John S. "The Paretian heritage". In J.C. WOOD and M. McLURE (Eds.). Vilfredo Pareto. Critical assessments of leading economists. Volume 2. Routledge, p. 157-257, 1999.). De modo geral, é possível distinguir-se três etapas na evolução do pensamento do economista italiano. Na fase inicial, entre 1890 e 1899, Pareto se ocupa em refinar a estrutura analítica de Walras de acordo com a sua própria interpretação pluralista e positivista, estudando não apenas as condições teóricas de estabilidade do equilíbrio geral, mas também aplicações de tal modelo à produção, distribuição, bem-estar e comércio internacional. Entre 1900 e 1911 tem lugar a fase intermediária da contribuição intelectual de Pareto, quando ele fundamenta a sua teoria sociológica de ascensão e queda das elites, ao mesmo tempo em que aprofunda os seus estudos puramente teóricos. Esse é o período em que ele publica o Manuale di Economia Politica e sua versão posterior em francês, no qual propõe a redefinição do equilíbrio geral como a oposição entre entre preferências e obstáculos, além de investigar a lógica dos diferentes tipos de ação humana e suas implicações para a economia e as ciências sociais. Por fim, a terceira e derradeira fase de obra de Pareto transcorre entre 1912 e 1923, marcada pelo aprofundamento de sua teoria social no tocante às condições de equilíbrio nos estados econômico, político e sócio-comportamental da coletividade. Ainda, sua teoria do bem-estar ganha novos contornos, mediante a derivação da função de utilidade social (McLure, 200719 McLURE, Michael. The Paretian School and Italian fiscal sociology. Houndmills: Palgrave Macmil lan, 2007., p. 24-49; Faucci, 2000FAUCCI, Riccardo. L'economia politica in Italia. Dal cinquecento ai nostri giorni. Torino: UTET, 2000., p. 239-255).

As ideias de Pareto, como mencionado, tiveram forte repercussão na Itália, influência que se propagaria até o período imediatamente posterior a Segunda Grande Guerra.4 4 Pareto encontrou certa resistência para disseminar as suas teorias na Universidade de Lausanne. Os estudantes que mais se identificaram com as seus ensinamentos foram Georges-Henri Bousquet, mais tarde professor na Universidade de Argel, Pierre Boven, procurador-geral do Cantão de Vaud e naturalista, e Vladimir Furlan, professor da Universidade de Basel (McLure, 2007; Busino, 2004). Constitui-se no país, ao início do século vinte, grupo importante de adeptos do paradigma científico originário de Lausanne, tendo como veículo primordial de disseminação de seus trabalhos o Giornale degli Economisti. Os primeiros seguidores italianos de Pareto foram Luigi Amoroso (1886-1965), Pasquale Boninsegni (1869-1939, sucessor de Pareto em Lausanne), Guido Sensini (1879-1958) e Alfonso de Pietro Tonelli (1883-1953), os quais buscaram tornar mais acessíveis o conceito de equilíbrio geral e a nova economia matemática. Nos anos de 1930, jovens economistas, estudantes dos adeptos de Pareto da primeira geração, trilhariam o caminho de seus professores, incluindo-se aí nomes como Arrigo Bordin (1898-1963), Giulio La Volpe (1909-1996), Eraldo Fossati (1902-1962) e Giuseppe Palomba (1908-1986), entre outros. Nessa época, apogeu da escola paretiana na Itália, os ensinamentos do "solitário de Céligny" foram estendidos aos campos da dinâmica econômica, da teoria fiscal, das instituições sociais, da ação sob incerteza e do bem-estar em condições de oligopólio (Pomini, 201426 POMINI, Mario. The Paretian tradition during the interwar period. From dynamics to growth. London: Routledge, 2014., p. 28-124; McLure, 200719 McLURE, Michael. The Paretian School and Italian fiscal sociology. Houndmills: Palgrave Macmil lan, 2007., p. 50-113).

Além da barreira linguística, a dificuldade de difusão do pensamento paretiano fora das fronteiras italianas deveu-se, em grande medida, ao mesmo motivo que circunscreveu o alcance da proposta teórica de Léon Walras, a saber, o elevado grau de complexidade matemática utilizado nas formulações do equilíbrio geral, ao menos para o tipo de economista formado no início do século vinte e que constituía o público alvo de tais teorias. Em que pese os compêndios de história das doutrinas econômicas enfatizaram a unidade metodológica e teórica entre os autores ditos marginalistas, a verdade é que pouco entendimento havia entre eles. Basta lembrar aqui a disputa no interior do próprio campo de pesquisa neoclássico entre a corrente do equilíbrio geral e a escola do equilíbrio parcial de Alfred Marshall, a qual possuía orientação mais pragmática e mensagem de reforma social que exercia forte apelo não apenas na Inglaterra, mas particularmente na Itália (Pomini, 201426 POMINI, Mario. The Paretian tradition during the interwar period. From dynamics to growth. London: Routledge, 2014., p. 5-27; Legris, 199511 LEGRIS, André. "La théorie économique italienne de l'entre-deux-guerres. Enquête sur un oubli his toriographique". Revue Économique, v. 46, n. 1, p. 91-113, 1995.; Busini, 1970BUSINO, Giovanni. "Richerce sulla difusione delle doctrine della scuola di Losana". Cahiers Vilfredo Pareto, T. 8, n. 22/23 (1970), p. 243-262, 1970.; Myint, 194824 MYINT, Hla. Theories of welfare economics. London: Longmans, Green, 1948., p. 120-141).5 5 A obra de Pareto, além da das dificuldades indicadas, enfrentaria resistência natural no mundo anglo-saxônico em virtude de sua teoria sociológica das elites ter sido interpretada como precursora do movimento fascista na Itália. Outros, contudo, ressaltam a postura libertária de Pareto e seu distanciamento efetivo da vida política italiana como evidências contrárias a tais alegações, enquanto alguns especialistas identificam até mesmo influência direta de Karl Marx em aspectos centrais da teoria paretiana (veja-se, por exemplo, Lendjel, 1997; Cirillo, 1983; Tarascio, 1973 e Zanden, 1960). Em acréscimo, logo na década de 1910, os ditos paretianos na Itália entraram em conflito com os economistas simpáticos aos ensinamentos de Marshall. Os primeiros, liderados por Sensini no livro Teoria de la Rendita (1912), declararam que a única forma verdadeira de pensar em economia consistia no raciocínio matemático, qualificando os trabalhos discursivos e gráficos na área como mera literatura. Jannaccone, insatisfeito, redigiu Il Paretaio (1912) replicando que os seguidores de Pareto careciam de originalidade, apenas reproduzindo de forma mecânica as teses do mestre. A controvérsia prosseguiu até a década seguinte, com intervenções do próprio Pareto e de Pantaleoni (McLure, 2007, p. 106-13; Magnani, 2004). Como é sabido, o desenvolvimento pleno da problemática do equilíbrio geral no interior da ciência econômica moderna somente viria a se consolidar na segunda metade do século vinte, apoiando-se primordialmente na vertente walrasiana no tocante às condições do equilíbrio geral competitivo, e buscando inspiração paretiana no que se refere à teoria do bem-estar (Ménard, 199022 MÉNARD, Claude. "The Lausanne tradition: Walras and Pareto". In K. HENNINGS and W. SAMUELS (eds.). Neoclassical economic thought, 1870 to 1930. Boston: Kluwer Academic, p. 95-136, 1990.).

O Manuale di Economia Politica de Pareto vem a público originalmente em Milão, no ano de 1906. A versão em francês, traduzida por Alfred Bonnet e revista por Pareto, o Manuel d'Économie Politique, é publicada em 1909, contando com novo e extenso apêndice matemático.6 6 Para uma visão geral das resenhas do Manual publicadas na Itália e noutros países, veja-se McLure (2007). Uma versão para o inglês, a partir da edição francesa, é lançada em 1971, pela casa Augustus M. Kelley, com tradução a cargo de Ann S. Schwier. O trabalho é duramente atacado por William Jaffé, especialista na obra de Léon Walras, pelo fato de Schwier haver tomado por base a defeituosa tradução francesa da versão original italiana. Compuseram-se assim, segundo Jaffé, os problemas textuais do livro, agravados pelas deficiências da tradução em si, bem como pela escassez de notas editoriais (sobre o debate a respeito do assunto, veja-se Jaffé, 1974JAFFÉ, William. "Pareto's three Manuals: Rebuttal". Journal of Economic Literature, v. 12, n. 1, p. 88-91, Mar. 1974., 1972JAFFÉ, William. "Pareto translated: A review article. Manual of Political Economy by Vilfredo Pareto, Ann S. Schwier and Alfred N. Page". Journal of Economic Literature, v. 10, n. 4, p. 1190-1201, Dec. 1972.; Schwier e Schwier, 197429 SCHWIER, Jerome F., SCHWIER, Ann. "Pareto's three Manuals". Journal of Economic Literature, v. 12, n. 1, p. 78-87, Mar. 1974.; Tarascio, 197330 TARASCIO, Vincent J. "Vilfredo Pareto: On the occasion of the translation of his Manuel". The Cana dian Journal of Economics, v.6, n. 3, p. 394-408, Aug. 1973.).

Apesar dos exageros de Jaffé, a ausência de revisão por um economista versado em Pareto deve ter tornado a leitura do Manual mais intrincada do que o necessário para o público anglo-saxônico. Tanto que a American Economic Association, ainda nos anos de 1970, planejou nova tradução, levada a cabo pelo economista Roger Dehen e supervisionada por John Chipman, estudioso de Pareto, mas que por problemas legais não chegou à fase de impressão. Em 2006, foi publicada a versão italiana original do Manuale em edição crítica, a qual, combinada com versão francesa do Manuel e a tradução preparada por John Chipman (agora já liberada para publicação), resultou na edição variorum em inglês que ora alcança as prateleiras, contando, inclusive, com os apêndices matemáticos de 1906 e 1909 (Montesano, 201423 MONTESANO, Aldo. "Foreword to the English translation". In A. MONTESANO et al. (Eds). Manual of Political Economy. A critical and variorum edition. Oxford: Oxford University Press, p. VII-VIII, 2014.).7 7 O número 3, volume 67 do Giornale degli Economisti, Nuova Serie, Dicimbre 2008, é uma edição especial com a tradução para o inglês de treze artigos de Pareto por ele publicados anteriormente na mesma revista.

O Manual encontra-se dividido em nove capítulos. O primeiro trata dos princípios gerais da ciência econômica, apresentando as relações entre teoria pura e fenômeno concreto, bem como as limitações do conhecimento. O segundo capítulo aborda elementos introdutórios da sociologia de Pareto, examinando aspectos diversos da ação humana além do puramente econômico, como os psicológicos, morais e sentimentais. O terceiro capítulo lança as bases dos três seguintes, esboçando as noções gerais do equilíbrio resultante da interação entre gostos e obstáculos. O material analítico de Pareto concentra-se nessa parte da obra (caps. III-VI), com exposição gráfica e literária minuciosa do argumento desenvolvido no apêndice matemático. O sétimo capítulo trata da população, abordando a distribuição de renda, as teses de Malthus e os padrões de sucessão nas aristocracias dirigentes. Após, o oitavo capítulo discorre brevemente sobre a terra e os bens de capital, analisando a renda, a poupança, a taxa de juros e a taxa de lucro. O nono e último capítulo, a respeito do fenômeno econômico concreto, configura-se um dos mais interessantes do livro, ressaltando as divergências entre a teoria pura e a realidade econômica, particularmente em relação ao consumo, ao comércio internacional, à distribuição de renda e às crises econômicas. Seguem os dois apêndices matemáticos mencionados e, em acréscimo, as notas dos editores.

Os responsáveis pela presente versão do Manual são reconhecidos estudiosos da obra de Pareto e compuseram excepcional trabalho de compilação da versão variorum do livro que se apresenta, desde logo, como referência obrigatória às investigações futuras sobre a contribuição de Pareto. Nela, o pesquisador encontrará os fundamentos de parte considerável da microeconomia moderna, além de reflexões essenciais sobre a natureza da ciência econômica e seus limites. Algumas passagens podem ser aqui mencionadas rapidamente a título de ilustração das teses desenvolvidas no livro. Primeiramente, se a matemática utilizada por Pareto, e em grande medida por Walras, em seus estudos do equilíbrio geral revelou-se frágil em certos aspectos, como evidenciado pelo trabalho posterior dos especialistas no tema, tal limitação deve ser considerada um ponto a favor de tais autores. Isso porque, contrariamente ao que ocorre com relativa frequência na atualidade, Walras e Pareto cobriam terra incognita e procuravam ajustar as técnicas matemáticas sob seu domínio ao problema econômico com que se ocupavam, e não o contrário. Considere o seguinte trecho do Manual em que é discutida a possibilidade de cômputo dos preços de equilíbrio:

That would practically exceed the power of algebraic analysis, and it would do so still more if one were to consider the incredible number of equations that would be needed for a population of forty million individuals and some thousands of commodities. In such a case, the roles would be reversed; it would not be mathematics that would come to the aid of political economy, but political economy that would come to the aid of mathematics. In other words, if all these equations could really be known, the only humanly possible way to solve them would be to observe the practical solution brought about by the market (Pareto, 201425 PARETO, Vilfredo. Manual of political economy. Variorum edition. Edited by Aldo Montesano, Alberto Zanni, Luigino Bruni, John S. Chipman and Michael McLure. Oxford: Oxford University Press, 2014 [1906, 1909]., p. 117-118).

Ainda, os economistas modernos que conhecem os pioneiros neoclássicos apenas por meio dos gráficos e sistemas de equações ficarão agradavelmente surpresos ao descobrir que nem na Escola de Lausanne e tampouco na de Cambridge, Walras, Pareto, Marshall ou Pigou advogaram tratamento exclusivamente formal da economia, restringindo o homem unicamente ao seu ângulo econômico-racional. Antes, embora com diferenças de grau, entendiam eles essencial o uso da matemática na análise econômica, mas devendo tal abordagem ser complementada por reflexões éticas, morais e sociológicas a respeito das relações entre economia e a sociedade (Medema, 200921 MEDEMA, Steven G. The hesitant hand. Taming self-interest in the history of economic ideas. Princeton: Princeton University Press, 2009., p.54-76; Marchionatti, 200717 MARCHIONATTI, Roberto et al. "When Italian economics 'Was second to none'. Luigi Einaudi and the Turin School of Economics". The European Journal of the History of Economic Thought, v. 20, n. 5, Oct 2013.; McCloskey, 200514 McCLOSKEY, Deirdre. "The trouble with mathematics and statistics in Economics". History of Eco nomic Ideas, v. XIII, n. 2, p. 85-102, 2005.). No capítulo de abertura do Manual, Pareto deixa claro que o aspecto econômico da ação individual, embora relevante, não pode ser tratado isoladamente:

A person who recommends free trade by considering its economic effects alone is not formulating an inaccurate theory of international trade, but making an inaccurate application of a theory that is intrinsically correct; his error consists in ignoring other political and social effects which are the subject matter of other theories (Pareto, 201425 PARETO, Vilfredo. Manual of political economy. Variorum edition. Edited by Aldo Montesano, Alberto Zanni, Luigino Bruni, John S. Chipman and Michael McLure. Oxford: Oxford University Press, 2014 [1906, 1909]., p. 10).

Adiante, ao tratar do equilíbrio geral, ele aponta o erro maior dos teóricos precedentes do valor, a saber, o recurso a um único fator de determinação das relações de troca, sem levar em conta a totalidade das preferências individuais e das condições de produção que exercem influência recíproca e simultânea nos diferentes mercados:

Price or value in exchange is determined at the same time as economic equilibrium, and this arises from the conflict between tastes and obstacles. Anyone looking at one side only and considering only tastes, believes that these alone determine prices, and sees the cause of value in utility (ophelimity). Anyone looking at the other side and considering only the obstacles believes that only these determine prices, and he finds the cause of value in the cost of production. And if, among the obstacles, he considers only labor, he finds the cause of value exclusively in labor (Pareto, 201425 PARETO, Vilfredo. Manual of political economy. Variorum edition. Edited by Aldo Montesano, Alberto Zanni, Luigino Bruni, John S. Chipman and Michael McLure. Oxford: Oxford University Press, 2014 [1906, 1909]., p. 121).

A definição de equilíbrio geral como estado de repouso tem essencialmente interesse teórico para Pareto, porquanto ao tratar do fenômeno concreto, ele desce aos pormenores na sua interpretação peculiar do movimento histórico de mudança social. "Societies are continually undergoing transformation, and in the case of civilized societies this transformation is particularly rapid in our times" (Pareto, 201425 PARETO, Vilfredo. Manual of political economy. Variorum edition. Edited by Aldo Montesano, Alberto Zanni, Luigino Bruni, John S. Chipman and Michael McLure. Oxford: Oxford University Press, 2014 [1906, 1909]., p. 241). No domínio econômico propriamente dito, o estado de equilíbrio geral vê-se constantemente violado por uma sucessão de crises, englobando aí, na interpretação peculiar de Pareto, tanto as fases de expansão quanto as recessivas. No mundo real, o produtor é obrigado a projetar com antecedência não só o montante da demanda futura por seu produto, como também o resultado efetivo do uso dos recursos produtivos. "Neither the one nor the other can be done with any certainty" (Pareto, 201425 PARETO, Vilfredo. Manual of political economy. Variorum edition. Edited by Aldo Montesano, Alberto Zanni, Luigino Bruni, John S. Chipman and Michael McLure. Oxford: Oxford University Press, 2014 [1906, 1909]., 268). Decorre daí a relevância capital do fator psicológico nas flutuações da produção e dos preços, juntamente com as mudanças nas condições objetivas de produção, causas maiores da instabilidade econômica ao longo do tempo. O impacto dos ciclos produtivos sobre as expectativas dos homens de negócios, contudo, não seria inteiramente simétrico, adquirindo peso maior nos episódios recessivos:

Much greater damage is imputed to crises than they actually cause; this is so because man is very sensitive to his ills, whereas he easily forgets the benefits he has enjoyed. He feels that the benefits are owed to him, and that the ills are undeserved blows. The distresses of the downward phase of the crisis act strongly on man's imagination, and he forgets the advantages obtained during the upward phase (Pareto, 201425 PARETO, Vilfredo. Manual of political economy. Variorum edition. Edited by Aldo Montesano, Alberto Zanni, Luigino Bruni, John S. Chipman and Michael McLure. Oxford: Oxford University Press, 2014 [1906, 1909]., p. 269).

Os avanços teóricos contidos na obra em tela nos campos da teoria do consumidor, da produção com coeficientes variáveis, da distribuição ótima sob condições competitivas e do princípio da compensação já foram objeto de destaque em diversas ocasiões (veja-se McLure, 200618 McLURE, Michael. "One hundred years from today: Vilfredo Pareto, Manuale di Economia Politica con una introduzione alla scienza sociale". History of Economics Review, n. 44, p. 76-86, Summer 2006.; Chipman, 2002CHIPMAN, John. "Pareto: Manuel of Political Economy". University of Minnesota. 2002. Disponível em: <http://www.econ.umn.edu/~jchipman/DALLOZ5.pdf>. Capturado em julho de 2014.
http://www.econ.umn.edu/~jchipman/DALLOZ...
; Tarascio, 197330 TARASCIO, Vincent J. "Vilfredo Pareto: On the occasion of the translation of his Manuel". The Cana dian Journal of Economics, v.6, n. 3, p. 394-408, Aug. 1973.), restando aqui aduzir apenas algumas observações pontuais sobre o livro. Os esclarecimentos de John Chipman ao texto e as notas dos demais editores perfazem 253 páginas, provendo valioso suporte histórico e analítico aos pesquisadores que se lançam na complexa tarefa de interpretar o Manual. É de se registrar, contudo, que esse material compõe quase quarenta por cento do total da obra, proporção que pode parecer excessiva em vista do tempo adicional que o interessado deverá empregar para cobrir o volume em sua íntegra. A qualidade dos comentários, todavia, é suficiente para afastar tais temores.8 O índice de assuntos, supreendentemente, apresenta-se modesto, e uma catalogação mais detalhada nesse quesito seria de grande valia considerando-se o esforço investido na preparação do livro. Por fim, importa lembrar novamente que a presente edição do Manual permite aos leitores não familiarizados com as línguas italiana ou francesa acesso direto às ideias de Pareto - com os pertinentes comentários dos editores -, muitas das quais ganharam curso na literatura econômica por meio dos trabalhos de John Hicks, Nicholas Kaldor e Abraham Bergson. Ela contém ainda ampla diversidade de elementos teóricos e aplicados em economia e sociologia que, espera-se, venham a motivar novos estudos sobre o pensamento do economista italiano, particularmente no Brasil.

  • ♦♦
    O autor agradece o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq, e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES. Recebido em 01 de setembro de 2014. Aceito em 11 de setembro de 2014.
  • 1
    No ano seguinte, em 1875, foi instituída em Pádua a Associazione per il Progresso degli Studi Economici por iniciativa de economistas italianos interessados em promover estudos de cunho histórico e social. Sobre o Methodenstreit, debate metodológico entre, de um lado, os defensores do método dedutivo e, de outro, os partidários da abordagem histórica, transcorrido no último quartel do século dezenove na Alemanha e que se propagou rapidamente à outros países europeus, veja-se, por exemplo, Louzek (2011)13 LOUZEK, Marek. 2011. "The battle of methods in economics. The classical Methodenstreit-Menger vs. Schmoller". American Journal of Economics and Sociology, v. 70, n. 2 April, p. 439-463, 2011..
  • 2
    A revista foi criada originalmente em Pádua, no ano de 1875, como veículo da Associazione per il Progresso degli Studi Economici, publicando temas em política e legislação econômica, tendo cessado as atividades em 1878 e retornado, sem continuidade, em 1886. L'Economista, publicação liberal, já havia sido fundada em 1874, enquanto outras revistas surgiram nos anos de 1890 como a socialista Critica Sociale (1891), a católica Rivista Internazionale di Scienze Sociali e Discipline Ausiliarie(1893), e a revista Riforma Sociale (1894), vinculada à Escola de Turim.
  • 3
    Sobre a contribuição dos economistas italianos entre 1870 e 1914, Schumpeter concluiu que ao início do século vinte, ela não se encontrava atrás de qualquer outra do mundo: "[...] it was second to none by 1914" (Schumpeter, 200827 SCHUMPETER, Joseph A. History of Economic Analysis. Taylor and Francis Elibrary, 2008., p. 822).
  • 4
    Pareto encontrou certa resistência para disseminar as suas teorias na Universidade de Lausanne. Os estudantes que mais se identificaram com as seus ensinamentos foram Georges-Henri Bousquet, mais tarde professor na Universidade de Argel, Pierre Boven, procurador-geral do Cantão de Vaud e naturalista, e Vladimir Furlan, professor da Universidade de Basel (McLure, 200719 McLURE, Michael. The Paretian School and Italian fiscal sociology. Houndmills: Palgrave Macmil lan, 2007.; Busino, 2004).
  • 5
    A obra de Pareto, além da das dificuldades indicadas, enfrentaria resistência natural no mundo anglo-saxônico em virtude de sua teoria sociológica das elites ter sido interpretada como precursora do movimento fascista na Itália. Outros, contudo, ressaltam a postura libertária de Pareto e seu distanciamento efetivo da vida política italiana como evidências contrárias a tais alegações, enquanto alguns especialistas identificam até mesmo influência direta de Karl Marx em aspectos centrais da teoria paretiana (veja-se, por exemplo, Lendjel, 199712 LENDJEL, Emeric. "La critique Paretiéene des thèses de Marx : un contre-discours organisé au tour du concept de spoliation". Revue Européenne des Sciences Sociales, v. XXXV, n. 109, p. 55-73, 1997.; Cirillo, 1983CIRILLO, Roberto. "Was Vilfredo Pareto really a 'precursor' of fascism?". American Journal of Economics and Sociology, v. 42, n. 2, p. 235-245, Apr. 1983.; Tarascio, 197330 TARASCIO, Vincent J. "Vilfredo Pareto: On the occasion of the translation of his Manuel". The Cana dian Journal of Economics, v.6, n. 3, p. 394-408, Aug. 1973. e Zanden, 196031 ZANDEN, James W. V. "Pareto and fascism reconsidered". American Journal of Economics and Sociology, v. 19, n. 4, p. 399-411, Jul. 1960.). Em acréscimo, logo na década de 1910, os ditos paretianos na Itália entraram em conflito com os economistas simpáticos aos ensinamentos de Marshall. Os primeiros, liderados por Sensini no livro Teoria de la Rendita (1912), declararam que a única forma verdadeira de pensar em economia consistia no raciocínio matemático, qualificando os trabalhos discursivos e gráficos na área como mera literatura. Jannaccone, insatisfeito, redigiu Il Paretaio (1912) replicando que os seguidores de Pareto careciam de originalidade, apenas reproduzindo de forma mecânica as teses do mestre. A controvérsia prosseguiu até a década seguinte, com intervenções do próprio Pareto e de Pantaleoni (McLure, 200719 McLURE, Michael. The Paretian School and Italian fiscal sociology. Houndmills: Palgrave Macmil lan, 2007., p. 106-13; Magnani, 200415 MAGNANI, Italo. Il "Paretaio". Quaderni del Dipartamento di Economia Publica e Territoriale, n. 1/2004, Università degli Studi di Pavia, 2004.).
  • 6
    Para uma visão geral das resenhas do Manual publicadas na Itália e noutros países, veja-se McLure (2007)19 McLURE, Michael. The Paretian School and Italian fiscal sociology. Houndmills: Palgrave Macmil lan, 2007..
  • 7
    O número 3, volume 67 do Giornale degli Economisti, Nuova Serie, Dicimbre 2008, é uma edição especial com a tradução para o inglês de treze artigos de Pareto por ele publicados anteriormente na mesma revista.

Referências

  • 1
    AUGELLO, Massimo M., GUIDI, Marco E.L. "Economics in Italy", in S.N. DURLAUF, L.E. BLUME (Eds.). The New Palgrave Dictionary of Economics Online edition, 2008.
  • 2
    BUSINO, Giovanni. "Richerce sulla difusione delle doctrine della scuola di Losana". Cahiers Vilfredo Pareto, T. 8, n. 22/23 (1970), p. 243-262, 1970.
  • 3
    BUSINO, Giovanni. "Les heures du crépuscule de l'école de Lausanne". Revue Européenne des Sciences Sociales, v. XLVIII, n. 146 ,p. 45-60, 2010.
  • 4
    CHIPMAN, John S. "The Paretian heritage". In J.C. WOOD and M. McLURE (Eds.). Vilfredo Pareto. Critical assessments of leading economists. Volume 2. Routledge, p. 157-257, 1999.
  • 5
    CHIPMAN, John. "Pareto: Manuel of Political Economy". University of Minnesota. 2002. Disponível em: <http://www.econ.umn.edu/~jchipman/DALLOZ5.pdf>. Capturado em julho de 2014.
    » http://www.econ.umn.edu/~jchipman/DALLOZ5.pdf
  • 6
    CIRILLO, Roberto. "Was Vilfredo Pareto really a 'precursor' of fascism?". American Journal of Economics and Sociology, v. 42, n. 2, p. 235-245, Apr. 1983.
  • 7
    FAUCCI, Riccardo. L'economia politica in Italia Dal cinquecento ai nostri giorni. Torino: UTET, 2000.
  • 8
    JAFFÉ, William. "Pareto translated: A review article. Manual of Political Economy by Vilfredo Pareto, Ann S. Schwier and Alfred N. Page". Journal of Economic Literature, v. 10, n. 4, p. 1190-1201, Dec. 1972.
  • 9
    JAFFÉ, William. "Pareto's three Manuals: Rebuttal". Journal of Economic Literature, v. 12, n. 1, p. 88-91, Mar. 1974.
  • 10
    KIRMAN, Alan. "Vilfredo Pareto". In F. MEACCI (Ed.). Italian economists of the twentieth century Cheltenham: Edward Elgar, p. 11-43, 1998.
  • 11
    LEGRIS, André. "La théorie économique italienne de l'entre-deux-guerres. Enquête sur un oubli his toriographique". Revue Économique, v. 46, n. 1, p. 91-113, 1995.
  • 12
    LENDJEL, Emeric. "La critique Paretiéene des thèses de Marx : un contre-discours organisé au tour du concept de spoliation". Revue Européenne des Sciences Sociales, v. XXXV, n. 109, p. 55-73, 1997.
  • 13
    LOUZEK, Marek. 2011. "The battle of methods in economics. The classical Methodenstreit-Menger vs. Schmoller". American Journal of Economics and Sociology, v. 70, n. 2 April, p. 439-463, 2011.
  • 14
    McCLOSKEY, Deirdre. "The trouble with mathematics and statistics in Economics". History of Eco nomic Ideas, v. XIII, n. 2, p. 85-102, 2005.
  • 15
    MAGNANI, Italo. Il "Paretaio" Quaderni del Dipartamento di Economia Publica e Territoriale, n. 1/2004, Università degli Studi di Pavia, 2004.
  • 16
    MARCHIONATTI, Roberto. "On the application of mathematics to political economy. The Edgewor th-Walras-Bortkievicz controversy, 1889-1891". Cambridge Journal of Economics, v. 31, n. 2, p. 291-307, 2007.
  • 17
    MARCHIONATTI, Roberto et al "When Italian economics 'Was second to none'. Luigi Einaudi and the Turin School of Economics". The European Journal of the History of Economic Thought, v. 20, n. 5, Oct 2013.
  • 18
    McLURE, Michael. "One hundred years from today: Vilfredo Pareto, Manuale di Economia Politica con una introduzione alla scienza sociale". History of Economics Review, n. 44, p. 76-86, Summer 2006.
  • 19
    McLURE, Michael. The Paretian School and Italian fiscal sociology Houndmills: Palgrave Macmil lan, 2007.
  • 20
    MEACCI, Ferdinando. "Introduction: two glimpses". In F. MEACCI (Ed.). Italian economists of the twentieth century. Cheltenham: Edward Elgar, p. 1-10, 1998.
  • 21
    MEDEMA, Steven G. The hesitant hand. Taming self-interest in the history of economic ideas. Princeton: Princeton University Press, 2009.
  • 22
    MÉNARD, Claude. "The Lausanne tradition: Walras and Pareto". In K. HENNINGS and W. SAMUELS (eds.). Neoclassical economic thought, 1870 to 1930 Boston: Kluwer Academic, p. 95-136, 1990.
  • 23
    MONTESANO, Aldo. "Foreword to the English translation". In A. MONTESANO et al (Eds). Manual of Political Economy A critical and variorum edition. Oxford: Oxford University Press, p. VII-VIII, 2014.
  • 24
    MYINT, Hla. Theories of welfare economics London: Longmans, Green, 1948.
  • 25
    PARETO, Vilfredo. Manual of political economy Variorum edition. Edited by Aldo Montesano, Alberto Zanni, Luigino Bruni, John S. Chipman and Michael McLure. Oxford: Oxford University Press, 2014 [1906, 1909].
  • 26
    POMINI, Mario. The Paretian tradition during the interwar period From dynamics to growth. London: Routledge, 2014.
  • 27
    SCHUMPETER, Joseph A. History of Economic Analysis Taylor and Francis Elibrary, 2008.
  • 28
    SCHUMPETER, Joseph A. Ten great economists. From Marx to Keynes London: Routledge, 1997.
  • 29
    SCHWIER, Jerome F., SCHWIER, Ann. "Pareto's three Manuals". Journal of Economic Literature, v. 12, n. 1, p. 78-87, Mar. 1974.
  • 30
    TARASCIO, Vincent J. "Vilfredo Pareto: On the occasion of the translation of his Manuel". The Cana dian Journal of Economics, v.6, n. 3, p. 394-408, Aug. 1973.
  • 31
    ZANDEN, James W. V. "Pareto and fascism reconsidered". American Journal of Economics and Sociology, v. 19, n. 4, p. 399-411, Jul. 1960.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2015

Histórico

  • Recebido
    01 Set 2014
  • Aceito
    11 Set 2014
Departamento de Economia; Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo (FEA-USP) Av. Prof. Luciano Gualberto, 908 - FEA 01 - Cid. Universitária, CEP: 05508-010 - São Paulo/SP - Brasil, Tel.: (55 11) 3091-5803/5947 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: estudoseconomicos@usp.br