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INDICADORES DE ESTILO DE VIDA E ANTROPOMÉTRICOS POSSUEM MAIORES ASSOCIAÇÕES COM PASSOS/DIA NOS MENINOS DO QUE NAS MENINAS: ISCOLE BRASIL

RESUMO

Objetivo:

Verificar a associação dos indicadores de estilo de vida, antropométricos, sociodemográficos, ambiente familiar e escolar com a quantidade de passos/dia em crianças.

Métodos:

A amostra constituiu-se de 334 crianças (171 meninos) de 9 a 11 anos. Os participantes utilizaram o acelerômetro Actigraph GT3X para monitorar a quantidade de passos/dia, a atividade física moderada a vigorosa (AFMV) e o tempo sedentário (TS) durante sete dias consecutivos. Estatura, massa corporal, índice de massa corpórea (IMC), circunferência de cintura (CC) e gordura corporal também foram mensurados. Indicadores de estilo de vida, como dieta, ambiente, vizinhança e nível de escolaridade dos pais, foram obtidos por questionários. Para identificar as variáveis associadas à quantidade de passos/dia, utilizaram-se modelos de regressão linear múltipla.

Resultados:

As médias de passos/dia dos meninos e das meninas foram estatisticamente diferentes (10.471 versus 8.573; p<0,001). Nos meninos, as variáveis associadas à quantidade de passos/dia foram: AFMV (β=0,777), TS (β=-0,131), IMC (β=-0,135), CC (β=-0,117) e gordura corporal (β=-0,127). Já entre as meninas, as variáveis associadas à quantidade de passos/dia foram: AFMV (β=0,837), TS (β=-0,112) e nível educacional dos pais (β=0,129).

Conclusões:

Indicadores de estilo de vida, variáveis de composição corporal e nível educacional dos pais influenciaram a quantidade de passos/dia das crianças. A AFMV e o TS foram comuns para ambos os sexos.

Palavras-chave:
Atividade motora; Estilo de vida; Composição corporal; Saúde pública; Pediatria; Estudantes

ABSTRACT

Objective:

To verify the association of lifestyle, anthropometric, sociodemographic, family and school environment indicators with the number of steps/day in children.

Methods:

The sample consisted of 334 children (171 boys) from nine to 11 years old. Participants used the Actigraph GT3X accelerometer to monitor the number of steps/day, moderate to vigorous physical activity (MVPA) and sedentary time (ST) for seven consecutive days. Height, body weight, body mass index (BMI), waist circumference (WC), and body fat were also measured. Lifestyle indicators such as diet, environment, neighborhood, and parental schooling level were obtained with questionnaires. For the identification of variables associated to the number of steps/day, multiple linear regression models were used.

Results:

The mean steps/day of boys and girls were statistically different (10,471 versus 8,573; p<001). Among boys, the variables associated to the number of steps/day were: MVPA (β=0.777), ST (β=-0.131), BMI (β=-0.135), WC (β=-0.117), and BF (β=-0.127). Among girls, the variables associated to the number of steps/day were: MVPA (β=0.837), ST (β=-0.112), and parents’ educational level (β=0.129).

Conclusions:

Lifestyle indicators, body composition variables and parental educational level influence the number of steps/day of children, and MVPA and ST are common for both sexes.

Keywords:
Motor activity; Lifestyle; Body composition; Public health; Pediatrics; Students

INTRODUÇÃO

A quantidade de passos/dia é uma medida simples que quantifica o volume total diário de atividade física (AF).11. Tudor-Locke C, Schuna Junior JM, Han HO, Aguiar EJ, Green MA, Busa MA, et al. Step-based physical activity metrics and cardiometabolic risk: NHANES 2005-2006. Med Sci Sports Exerc. 2017;49:283-91. https://doi.org/10.1249/mss.0000000000001100
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Por se tratar de uma medida básica e fundamental de locomoção humana, seu uso apresenta facilidade tanto na medição quanto na tradução de resultados científicos para mensagens de saúde pública. Além disso, seu poder motivacional é um facilitador para mudar comportamentos.22. Bassett Junior DR, Toth LP, LaMunion SR, Crouter SE. Step counting: a review of measurement considerations and health-related applications. Sports Med. 2017;47:1303-15. https://doi.org/10.1007/s40279-016-0663-1
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Há um interesse crescente em utilizar as recomendações de AF baseadas em passos/dia, principalmente por apresentarem associações com a saúde física, cardíaca e metabólica, além da obesidade.11. Tudor-Locke C, Schuna Junior JM, Han HO, Aguiar EJ, Green MA, Busa MA, et al. Step-based physical activity metrics and cardiometabolic risk: NHANES 2005-2006. Med Sci Sports Exerc. 2017;49:283-91. https://doi.org/10.1249/mss.0000000000001100
https://doi.org/https://doi.org/10.1249/...
,22. Bassett Junior DR, Toth LP, LaMunion SR, Crouter SE. Step counting: a review of measurement considerations and health-related applications. Sports Med. 2017;47:1303-15. https://doi.org/10.1007/s40279-016-0663-1
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,33. Yuenyongchaiwat K, Pipatsitipong D, Sangprasert P. Increasing walking steps daily can reduce blood pressure and diabetes in overweight participants. Diabetol Int. 2017;9:75-9. https://doi.org/10.1007/s13340-017-0333-z
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,44. Tudor-Locke C, Schuna Junior JM, Han H, Aguiar EJ, Larrivee S, Hsia DS, et al. Cadence (steps/min) and intensity during ambulation in 6-20 year olds: the CADENCE-kids study. Int J Behav Nutr Phys Act. 2018;15:20. https://doi.org/10.1186/s12966-018-0651-y
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças e adolescentes devam atingir 12 mil passos/dia ou acumular 60 min/dia de atividade física moderada a vigorosa (AFMV).55. World Health Organization. Global recommendations on physical activity for health. Geneva: WHO; 2010. Para se prevenir sobrepeso e obesidade, estudo multicêntrico feito nos Estados Unidos, Suécia e Austrália propôs valores diferentes para meninos e meninas (15 mil e 12 mil passos/dia).66. Tudor-Locke C, Pangrazi RP, Corbin CB, Rutherford WJ, Vincent SD, Raustorp A, et al. BMI-referenced standards for recommended pedometer-determined steps/day in children. Prev Med. 2004;38:857-64. https://doi.org/10.1016/j.ypmed.2003.12.018
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Já no Brasil, os valores propostos são menores: 10.500 (meninos) e 8.500 (meninas) passos/dia.77. Oliveira LC, Ferrari GL, Araújo TL, Matsudo V. Excesso de peso, obesidade, passos e atividade física de moderada a vigorosa em crianças. Rev Saude Publica. 2017;51:38. https://doi.org/10.1590/S1518-8787.2017051006771%201
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Acumular passos/dia ou AF, a partir da infância até a idade adulta, acarreta benefícios de saúde a curto e a longo prazos.88. Physical Activity Guidelines Advisory Committee. 2018 Physical Activity Guidelines Advisory Committee Scientific Report. Washington, DC: U.S. Department of Health and Human Services; 2018. No entanto, os fatores associados da AF infantil precisam ser bem compreendidos para projetar estratégias eficazes de intervenção. A AF é influenciada por fatores complexos e diversos, e as teorias de modelos comportamentais são usadas para orientar a seleção de variáveis.99. Bauman AE, Sallis JF, Dzewaltowski DA, Owen N. Toward a better understanding of the influences on physical activity: the role of determinants, correlates, causal variables, mediators, moderators, and confounders. Am J Prev Med. 2002;23 (Suppl 2):5-14. https://doi.org/10.1016/s0749-3797(02)00469-5
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A integração de teorias em um modelo ecológico - incluindo antropometria (isto é, peso corporal e circunferência da cintura), comportamento individual (ou seja, comportamentos sedentários, tempo de tela, transporte à escola e sono) e ambiente familiar (por exemplo, renda familiar e nível de escolaridade dos pais) - é comum.1010. Sallis JF, Cervero RB, Ascher W, Henderson KA, Kraft MK, Kerr J. An ecological approach to creating active living communities. Annu Rev Public Health. 2006;27:297-322. https://doi.org/10.1146/annurev.publhealth.27.021405.102100
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,1111. Ferrari GL, Matsudo V, Barreira TV, Tudor-Locke C, Katzmarzyk PT, Fisberg M. Correlates of moderate-to-vigorous physical activity in Brazilian children. J Phys Act Health. 2016;13:1132-45. https://doi.org/10.1123/jpah.2015-0666
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Essa abordagem utiliza uma estrutura abrangente para explicar a AF, propondo que os fatores associados em todos os níveis são contribuintes.

Apesar de se investigar possíveis fatores relacionados à AF, ainda existem lacunas em relação aos passos/dia, principalmente por falta de pesquisas com instrumentos objetivos, por exemplo, a acelerometria, que requer uma combinação de recursos financeiros e de conhecimento tecnológico, desafiando pesquisadores de países de baixa e média rendas.1212. Ferrari GL, Matsudo V, Katzmarzyk PT, Fisberg M. Prevalence and factors associated with body mass index in children aged 9-11 years. J Pediatr (Rio J). 2017;93:601-9. http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2016.12.007
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A utilização de acelerômetros é uma boa estratégia para mensurar a quantidade de passos/dia, pois produz informações objetivas com altos valores de concordância e validação.1313. Rosenkranz RR, Rosenkranz SK, Weber C. Validity of the Actical accelerometer step-count function in children. Pediatr Exerc Sci. 2011;23:355-65. https://doi.org/10.1123/pes.23.3.355
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,1414. Barreira TV, Tudor-Locke C, Champagne CM, Broyles ST, Johnson WD, Katzmarzyk PT. Comparison of GT3X accelerometer and YAMAX pedometer steps/day in a free-living sample of overweight and obese adults. J Phys Act Health. 2013;10:263-70. https://doi.org/10.1123/jpah.10.2.263
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Com isso, o objetivo do presente estudo foi verificar os indicadores de estilo de vida, antropométricos, sociodemográficos, ambiente familiar e escolar associados à quantidade de passos/dia de crianças participantes do International Study of Childhood Obesity, Lifestyle and Environment (ISCOLE), Brasil. Buscou-se verificar a possibilidade de associação significativa de indicadores de estilo de vida, antropométricos, sociodemográficos e de ambiente com a quantidade passos/dia das crianças.

MÉTODO

O presente estudo caracteriza-se por ser transversal, com análise dos dados brasileiros do ISCOLE, que é um estudo multicêntrico desenvolvido em 12 países. Detalhes sobre o ISCOLE foram descritos por Katzmarzyk et al.1515. Katzmarzyk PT, Barreira TV, Broyles ST, Champagne CM, Chaput JP, Fogelholm M, et al. The International Study of Childhood Obesity, Lifestyle and the Environment (ISCOLE): design and methods. BMC Public Health. 2013;13:900. https://doi.org/10.1186/1471-2458-13-900
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No Brasil, os dados foram obtidos em São Caetano do Sul, entre 2012 e 2013. Em 2013, o município tinha 149.263 habitantes, sendo 1.557 crianças com 10 anos de idade.1616. Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão [homepage on the Internet]. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Indicadores sociais municipais: uma análise dos resultados do universo do censo demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE; 2011 [cited 2019 Jul 01]. Available from: Available from: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv54598.pdf
http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizac...
A cidade destaca-se pelo maior índice de desenvolvimento humano (IDH) do Brasil.1717. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento [homepage on the Internet]. O índice de desenvolvimento humano municipal brasileiro. Brasília (DF): PNUD; 2013. [cited 2017 jul 01] Available from: Available from: http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/130729_AtlasPNUD_2013.pdf .
http://www.ipea.gov.br/portal/images/sto...
Detalhes sobre a seleção das escolas e o cálculo amostral foram mostrados por Ferrari et al.1111. Ferrari GL, Matsudo V, Barreira TV, Tudor-Locke C, Katzmarzyk PT, Fisberg M. Correlates of moderate-to-vigorous physical activity in Brazilian children. J Phys Act Health. 2016;13:1132-45. https://doi.org/10.1123/jpah.2015-0666
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As crianças e pelo menos um dos pais ou responsável ​​legal assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo.1111. Ferrari GL, Matsudo V, Barreira TV, Tudor-Locke C, Katzmarzyk PT, Fisberg M. Correlates of moderate-to-vigorous physical activity in Brazilian children. J Phys Act Health. 2016;13:1132-45. https://doi.org/10.1123/jpah.2015-0666
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Participaram do estudo 564 crianças que atenderam aos critérios de inclusão (ter entre nove e 11 anos, estar regularmente matriculada em escola do município e não ter condições clínicas ou funcionais que limitassem a prática da AF). Dados inválidos de acelerometria ou informações incompletas foram excluídos do estudo. Dessa forma, a amostra total foi composta de 334 crianças.

Para monitorar a quantidade de passos/dia, a AFMV e o tempo sedentário (TS), utilizou-se o acelerômetro Actigraph GT3X (ActiGraph, Ft. Walton Beach, EUA). O aparelho foi colocado na cintura por meio de um cinto elástico, na linha axilar média do lado direito. As crianças foram incentivadas a utilizar o acelerômetro 24 horas/dia por pelo menos sete dias (mais um dia de familiarização inicial e na manhã do último dia), incluindo dois dias de fim de semana. As crianças deveriam remover o acelerômetro apenas para atividades aquáticas e para o banho. A quantidade mínima de dados do acelerômetro considerada aceitável para a análise foi de quatro dias (incluindo pelo menos um dia de fim de semana), com pelo menos 10 horas/dia de tempo de uso, após a remoção na hora do sono.1818. Colley R, Gorber SC, Tremblay MS. Quality control and data reduction procedures for accelerometry-derived measures of physical activity. Health Rep. 2010;21:63-9. Blocos de 20 minutos consecutivos com zero count foram considerados como não utilização do aparelho e eliminados das análises. Empregou-se a versão 5.6 do software ActiLife para verificar os dados.

Coletaram-se as informações em uma taxa de amostragem de 80 Hz, em períodos de 1 segundo, posteriormente incorporados para ciclos de 15 segundos.1919. Evenson KR, Catellier DJ, Gill K, Ondrak KS, McMurray RG. Calibration of two objective measures of physical activity for children. J Sports Sci. 2008;26:1557-65. https://doi.org/10.1080/02640410802334196
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Classificaram-se os pontos de corte da seguinte forma: TS (≤25 counts/15 segundos), AF moderada (≥574 a 1.002 counts/15 segundos), AF vigorosa (≥1.003 counts/15 segundos). O total de AFMV foi considerado como ≥574 counts/15 segundos.1919. Evenson KR, Catellier DJ, Gill K, Ondrak KS, McMurray RG. Calibration of two objective measures of physical activity for children. J Sports Sci. 2008;26:1557-65. https://doi.org/10.1080/02640410802334196
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Mediu-se a estatura em estadiômetro portátil Seca 213 (Seca®, Hamburgo, Alemanha), estando a criança com a cabeça no plano de Frankfurt e sem sapatos.1515. Katzmarzyk PT, Barreira TV, Broyles ST, Champagne CM, Chaput JP, Fogelholm M, et al. The International Study of Childhood Obesity, Lifestyle and the Environment (ISCOLE): design and methods. BMC Public Health. 2013;13:900. https://doi.org/10.1186/1471-2458-13-900
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A massa corporal e a porcentagem de gordura corporal (GC) foram mensuradas por uma balança Tanita SC-240 (Arlington Heights, IL, EUA), analisador portátil de composição corporal, após a remoção de itens pesados do bolso, sapatos e meias.2020. Barreira TV, Staiano AE, Katzmarzyk PT. Validity assessment of a portable bioimpedance scale to estimate body fat percentage in white and African-American children and adolescents. Pediatr Obes. 2013;8:e29-32. https://doi.org/10.1111/j.2047-6310.2012.00122.x
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Obtiveram-se duas medidas, e a média foi utilizada (uma terceira medida foi obtida quando as duas primeiras deram diferença maior de 0,5 kg ou 2% para massa corporal e porcentagem de gordura, respectivamente). O índice de massa corpórea (IMC; kg/m2) foi calculado com base nas referências de curvas de crescimento da OMS.2121. Onis M, Onyango AW, Borghi E, Siyam A, Nishida C, Siekmann J. Development of a WHO growth reference for school-aged children and adolescents. Bull World Health Organ. 2007;85:660-7. https://doi.org/10.2471/blt.07.043497
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Classificaram-se as crianças em: abaixo do peso (<−2 desvio padrão - DP), eutrófico (−2 DP a 1 DP), sobrepeso (>1 DP a 2 DP) e obesidade (>2 DP).2121. Onis M, Onyango AW, Borghi E, Siyam A, Nishida C, Siekmann J. Development of a WHO growth reference for school-aged children and adolescents. Bull World Health Organ. 2007;85:660-7. https://doi.org/10.2471/blt.07.043497
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Mediu-se a circunferência de cintura (CC) com fita antropométrica não elástica entre a costela e a crista ilíaca.1515. Katzmarzyk PT, Barreira TV, Broyles ST, Champagne CM, Chaput JP, Fogelholm M, et al. The International Study of Childhood Obesity, Lifestyle and the Environment (ISCOLE): design and methods. BMC Public Health. 2013;13:900. https://doi.org/10.1186/1471-2458-13-900
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Para se obter os dados sobre o consumo alimentar, o comportamento sedentário e o tempo de tela, aplicou-se o Diet and Lifestyle Questionnaire.1515. Katzmarzyk PT, Barreira TV, Broyles ST, Champagne CM, Chaput JP, Fogelholm M, et al. The International Study of Childhood Obesity, Lifestyle and the Environment (ISCOLE): design and methods. BMC Public Health. 2013;13:900. https://doi.org/10.1186/1471-2458-13-900
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Analisou-se o consumo alimentar por avaliação de 23 itens durante uma semana habitual. Para identificar padrões alimentares existentes, empregaram-se análises de componentes principais (ACP). A ACP foi realizada com a transformação ortogonal varimax para forçar a não correlação e para aprimorar a interpretação. Identificaram-se dois fatores: padrão de dieta pouco saudável (doces, fast food, refrigerante etc.) e padrão de dieta saudável (frutas, legumes, verduras, entre outros).1515. Katzmarzyk PT, Barreira TV, Broyles ST, Champagne CM, Chaput JP, Fogelholm M, et al. The International Study of Childhood Obesity, Lifestyle and the Environment (ISCOLE): design and methods. BMC Public Health. 2013;13:900. https://doi.org/10.1186/1471-2458-13-900
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Os dois escores foram analisados separadamente e tratados como variáveis contínuas. Os valores mais elevados para cada escore representam um padrão de dieta pouco saudável ou saudável, respectivamente. As crianças também relataram a frequência do consumo do café da manhã.

Perguntou-se às crianças sobre a quantidade de horas que elas assistiam à televisão, jogavam video games ou utilizavam o computador nos dias da semana e nos fins de semana. O tempo total de tela foi calculado pela soma das atividades individuais.1111. Ferrari GL, Matsudo V, Barreira TV, Tudor-Locke C, Katzmarzyk PT, Fisberg M. Correlates of moderate-to-vigorous physical activity in Brazilian children. J Phys Act Health. 2016;13:1132-45. https://doi.org/10.1123/jpah.2015-0666
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As crianças classificaram a quantidade e a qualidade do sono em: muito mal, mal, bom ou muito bom.1515. Katzmarzyk PT, Barreira TV, Broyles ST, Champagne CM, Chaput JP, Fogelholm M, et al. The International Study of Childhood Obesity, Lifestyle and the Environment (ISCOLE): design and methods. BMC Public Health. 2013;13:900. https://doi.org/10.1186/1471-2458-13-900
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Para o tipo de transporte para a escola, as respostas eram: a pé; bicicleta, patins, skate ou patinete; ônibus, trem, metrô, barco; carro/motocicleta; outro. Categorizaram-se as respostas em transporte ativo ou passivo. Os adolescentes também responderam a respeito do tempo gasto durante o percurso para a escola: <5; 5-15; 16-30; 31-60; >60 minutos.

O Neighborhood and Home Environment Questionnaire foi preenchido pelo pai ou responsável legal. O questionário incluía questões relacionadas com o histórico de saúde da criança, o ambiente que moravam, a situação profissional dos pais, a renda familiar anual e o nível educacional dos pais.1515. Katzmarzyk PT, Barreira TV, Broyles ST, Champagne CM, Chaput JP, Fogelholm M, et al. The International Study of Childhood Obesity, Lifestyle and the Environment (ISCOLE): design and methods. BMC Public Health. 2013;13:900. https://doi.org/10.1186/1471-2458-13-900
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Classificou-se a renda familiar anual (R$) em quatro categorias: <R$ 19.620; R$ 19.620 a 32.700; R$ 32.701 a 58.860; >R$ 58.860. O nível de escolaridade combinado dos pais (nível mais alto de qualquer um dos pais) foi classificado em: não completou ensino médio, completou ensino médio ou graduação/pós-graduação.1515. Katzmarzyk PT, Barreira TV, Broyles ST, Champagne CM, Chaput JP, Fogelholm M, et al. The International Study of Childhood Obesity, Lifestyle and the Environment (ISCOLE): design and methods. BMC Public Health. 2013;13:900. https://doi.org/10.1186/1471-2458-13-900
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O School Environment Questionnaire mensurou informações relacionadas à escola da criança fornecendo informações sobre tipo de administração (pública ou privada), políticas de AF, alimentação saudável e quantidade de aulas de educação física na grade curricular.1515. Katzmarzyk PT, Barreira TV, Broyles ST, Champagne CM, Chaput JP, Fogelholm M, et al. The International Study of Childhood Obesity, Lifestyle and the Environment (ISCOLE): design and methods. BMC Public Health. 2013;13:900. https://doi.org/10.1186/1471-2458-13-900
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Para adaptar os questionários, três profissionais da área da saúde foram convidados a participar da respectiva etapa. Foram enviadas informações detalhadas sobre os questionários, realizando-se reuniões separadamente com cada profissional, até que se chegasse num consenso referente à composição dos questionários, às questões, às opções de respostas, bem como às formas de análises dos resultados.

As análises foram estratificadas por sexo pela diferença do número de passos/dia entre os meninos e as meninas. Categorizaram-se as variáveis por meio da média e do desvio padrão ou das frequências absolutas e relativas. Avaliaram-se as diferenças entre grupos (p<0,05) com o teste t de Student para amostras independentes e com o teste do qui-quadrado.

Para identificar as variáveis associadas ao número de passos, utilizaram-se modelos de regressão linear. Numa primeira fase, executaram-se modelos simples, ajustados para sexo e cor de pele. As variáveis que apresentaram valores significativos (p<0,10) foram posteriormente incluídas em modelos múltiplos, também ajustados para sexo e cor de pele. Nesses modelos, empregou-se o método stepwise para excluir as variáveis não significativas. Assim, nos modelos finais, ficaram apenas as variáveis significativamente associadas ao número de passos, considerando o nível descritivo do teste p<0,05. Quanto aos pressupostos dos modelos de regressão, a normalidade da variável dependente foi validada com o teste de Kolmogorov-Smirnov (p>0,20). Foram também testadas e validadas a normalidade e a homocedasticidade dos resíduos dos modelos. Para avaliar possíveis efeitos de multicolinearidade entre variáveis independentes, analisaram-se as correlações e o variance inflation factor (VIF). Valores do VIF>5 foram considerados indicadores de problemas na estimação dos coeficientes pela multicolinearidade.

Quanto ao questionário de dieta e estilo de vida, a confiabilidade das escalas de alimentação saudável e não saudável foi avaliada por meio do alfa de Cronbach. Os valores obtidos, 0,760 e 0,741, respectivamente, são indicadores de uma boa confiabilidade de ambas as escalas. Os escores das escalas variam de 1-7 - quanto mais elevado é o escore, maior é a frequência de consumo de alimentos saudáveis e de alimentos não saudáveis. Realizaram-se as análises pelo software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 22.0.

RESULTADOS

A amostra incluiu 334 alunos (171 meninos) com média de 10,4 anos. Mais de metade era de famílias com renda anual de até R$ 32.700, das quais 65,5% das mães trabalhavam em tempo integral e mais da metade dos pais completou o ensino médio. A porcentagem de alunos que frequentavam escolas com políticas de AF foi maior nas meninas do que nos meninos (Tabela 1).

Tabela 1
Caraterísticas (média [desvio padrão] ou n [%]) sociodemográficas e ambientais conforme o sexo.

Não houve diferenças significativas no escore da escala da alimentação não saudável, mas os meninos têm média maior do que as meninas para alimentação saudável. Por volta de 40% dos alunos se deslocavam para a escola de forma ativa. Em média, os meninos gastavam 4,1 horas/dia de televisão, video game ou computador, superior às meninas (3,6 horas/dia). O número de minutos de AF (moderada, vigorosa e AFMV) foi significativamente maior nos meninos do que nas meninas. Em média, os meninos realizam mais passos/dia (p<0,001) do que as meninas. O TS foi mais elevado nas meninas (p=0,011) quando comparado ao dos meninos. A porcentagem da GC foi maior nas meninas do que nos meninos (p<0,001). Não foram encontradas diferenças entre os sexos quanto à CC, à estatura, à massa corporal e ao IMC. No IMC categorizado, houve diferença significativa (p=0,016) e mais da metade dos alunos estava com sobrepeso ou obesidade (Tabela 2).

Tabela 2
Caraterísticas (média [desvio padrão] ou n [%]) comportamentais, estilo de vida e antropometria conforme o sexo.

Nas Tabelas 3 e 4 são apresentados os resultados dos modelos de regressão simples, ajustados para a idade e a cor de pele para cada sexo. Nesse modelo, a AFMV e o tempo sedentário alcançaram resultados significativos para ambos os sexos. As variáveis significativas (p<0,10) foram incluídas em modelos de regressão múltipla (Tabela 5).

Tabela 3
Modelos de regressão linear simples - meninos (n=171).
Tabela 4
Modelos de regressão linear simples - meninas (n=163).
Tabela 5
Modelos de regressão linear múltiplos para cada sexo.

Pelos problemas de multicolinearidade entre GC, CC e IMC (correlações superiores a 0,90 e VIF>10) nos meninos, essas não foram incluídas simultaneamente em um único modelo de regressão. Uma vez que essas variáveis estão fortemente associadas ao número de passos, conduziram-se três modelos de regressão, cada um com uma dessas variáveis somadas às variáveis restantes que tinham p<0,10 nos modelos simples (Tabela 5).

Nos meninos, a AFMV foi positivamente associada ao número de passos. Já TS, GC, CC e IMC foram negativamente associados. Em cada modelo, as variáveis independentes explicam mais de 80% do número de passos/dia. Já nas meninas, o nível educacional combinado dos pais e a AFMV foram positivamente associadas ao número de passos, e o TS foi negativamente associado. Essas variáveis, em conjunto, explicaram 83,3% do número de passos diários (Tabela 5).

DISCUSSÃO

O objetivo do presente estudo foi identificar os indicadores comportamentais e ambientais associados à quantidade de passos/dia em crianças. Com diferença significante (p<0,001), as médias de passos/dia dos meninos e das meninas foram de 10.470,57 e 8.573,23. De todas as variáveis analisadas nos modelos múltiplos, AFMV, TS, GC, CC e IMC foram significantemente associados com o número de passos/dia dos meninos. Já nas meninas, o nível educacional dos pais, AFMV e TS foram associados ao número de passos/dia.

A média de passos/dia das crianças participantes do estudo foi inferior às recomendações da OMS e também à média das crianças de países de alta renda.55. World Health Organization. Global recommendations on physical activity for health. Geneva: WHO; 2010.,66. Tudor-Locke C, Pangrazi RP, Corbin CB, Rutherford WJ, Vincent SD, Raustorp A, et al. BMI-referenced standards for recommended pedometer-determined steps/day in children. Prev Med. 2004;38:857-64. https://doi.org/10.1016/j.ypmed.2003.12.018
https://doi.org/https://doi.org/10.1016/...
Sabendo da importância da AF como forma de proteção à saúde das crianças, esses dados são altamente preocupantes dada a epidemia da inatividade física e da obesidade infantil.2222. Guthold R, Stevens GA, Riley LM, Bull FC. Worldwide trends in insufficient physical activity from 2001 to 2016: a pooled analysis of 358 population-based surveys with 1.9 million participants. Lancet Glob Health. 2018;6:e1077-86. https://doi.org/10.1016/S2214-109X(18)30357-7
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,2323. Althoff T, Sosič R, Hicks JL, King AC, Delp SL, Leskovec J. Large-scale physical activity data reveal worldwide activity inequality. Nature. 2017;547:336-9. https://doi.org/10.1038/nature23018
https://doi.org/https://doi.org/10.1038/...

Encontraram-se associações negativas entre a quantidade de passos/dia e a GC, a CC e o IMC nos meninos, porém o mesmo não aconteceu no sexo feminino. A quantidade de passos/dia é um importante marcador contra a obesidade infantil e que também pode ser utilizado como intervenção para diminuir o risco metabólico em crianças, mesmo tendo um impacto maior nos meninos do que nas meninas.2424. Stabelini Neto A, Corrêa RC, Farias JP, Santos GC, Santos CF, Elias RG, et al. Effects of an intervention with pedometer on metabolic risk in obese children. Rev Bras Med Esporte. 2016;22:476-9. https://doi.org/10.1590/1517-869220162206146692
https://doi.org/https://doi.org/10.1590/...
,2525. Basterfield L, Pearce MS, Adamson AJ, Frary JK, Parkinson KN, Wright CM, et al. Physical activity, sedentary behavior, and adiposity in English children. Am J Prev Med. 2012;42:445-51. https://doi.org/10.1016/j.amepre.2012.01.007
https://doi.org/https://doi.org/10.1016/...
Outros estudos que relacionaram a composição corporal com AF também não encontraram associações com o sexo feminino.2525. Basterfield L, Pearce MS, Adamson AJ, Frary JK, Parkinson KN, Wright CM, et al. Physical activity, sedentary behavior, and adiposity in English children. Am J Prev Med. 2012;42:445-51. https://doi.org/10.1016/j.amepre.2012.01.007
https://doi.org/https://doi.org/10.1016/...
,2626. Jiménez-Pavón D, Kelly J, Reilly JJ. Associations between objectively measured habitual physical activity and adiposity in children and adolescents: systematic review. Int J Pediatr Obes. 2010;5:3-18. https://doi.org/10.3109/17477160903067601
https://doi.org/https://doi.org/10.3109/...

Em ambos os sexos, a quantidade de passos/dia foi positivamente associada à AFMV e negativamente ao TS. Embora tratados como variáveis independentes, sabe-se que existe uma relação negativa entre AF e TS.2727. Ferrari GL, Pires C, Solé D, Matsudo V, Katzmarzyk PT, Fisberg M. Factors associated with objectively measured total sedentary time and screen time in children aged 9-11 years. J Pediatr (Rio J). 2019;95:94-105. https://doi.org/10.1016/j.jped.2017.12.003
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Esses resultados sugerem que tanto o TS quanto os passos/dia podem ser considerados quando o planejamento estratégico e a implementação do programa forem preparados para reduzir riscos em crianças.

Meninas cujos pais tinham o ensino médio completo obtiveram maior número de passos/dia do que aquelas cujos pais não completaram o ensino médio. O nível educacional e a AF dos pais podem exercer grande influência na quantidade de passos/dia nas crianças. Craig et al.2828. Craig CL, Cameron C, Tudor-Locke C. Relationship between parent and child pedometer-determined physical activity: a sub-study of the CANPLAY surveillance study. Int J Behav Nutr Phys Act. 2013;10:8. https://doi.org/10.1186/1479-5868-10-8
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mostraram que o aumento da quantidade de passos dos pais estava associado ao aumento da quantidade de passos de seus filhos: um aumento de 1.000 passos/dia do pai ou da mãe determinava o aumento de 195-479 passos/dia dos filhos. Esses achados ressaltam a influência dos pais na quantidade de passos das crianças, principalmente em países de baixa e média renda, onde a influência do nível educacional dos pais parece causar maior impacto sobre a AF e o sobrepeso das crianças.2929. Muthuri SK, Onywera VO, Tremblay MS, Broyles ST, Chaput JP, Fogelholm M, et al. Relationships between parental education and overweight with childhood overweight and physical activity in 9-11 year old children: results from a 12-country study. PLoS One. 2016;11:e0147746. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0147746
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Maior nível educacional pode estar associado a melhores condições socioeconômicas, permitindo assim optar por espaços privados destinados à pratica de AF quando se tem a falta de espaço público adequado.

O uso do transporte ativo pode contribuir diretamente na quantidade de passos/dia,3030. Pabayo R, Maximova K, Spence JC, Ploeg KV, Wu B, Veugelers PJ. The importance of active transportation to and from school for daily physical activity among children. Prev Med. 2012;55:196-200. https://doi.org/10.1016/j.ypmed.2012.06.008
https://doi.org/https://doi.org/10.1016/...
porém, no presente estudo, não se observaram associações significativas. Uma justificativa para isso pode ser a curta distância percorrida de casa à escola pelas crianças que utilizavam o transporte ativo. Pabayo et al.3030. Pabayo R, Maximova K, Spence JC, Ploeg KV, Wu B, Veugelers PJ. The importance of active transportation to and from school for daily physical activity among children. Prev Med. 2012;55:196-200. https://doi.org/10.1016/j.ypmed.2012.06.008
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também não observaram associações significativas entre transporte ativo e quantidade de passos/dia, mas salientaram que aqueles que utilizavam o transporte ativo para a escola eram mais propensos a atingir as recomendações de passos quando comparados àqueles que não utilizavam o transporte ativo. A participação nas aulas de educação física também poderia estar relacionada com a quantidade de passos/dia, entretanto não foram encontradas associações. Levantamos a hipótese de que as crianças estão passando mais tempo sentadas nas aulas de educação física do que em movimento e, talvez, isso justificaria tais achados.

Algumas limitações devem ser consideradas. O desenho transversal não permite estabelecer uma relação causa e efeito; a amostra é não representativa; a cidade de São Caetano do Sul tem um IDH alto e possui programas de política e prática de AF e de alimentação saudável que auxiliam a diminuir o TS e a obesidade de crianças do município.1212. Ferrari GL, Matsudo V, Katzmarzyk PT, Fisberg M. Prevalence and factors associated with body mass index in children aged 9-11 years. J Pediatr (Rio J). 2017;93:601-9. http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2016.12.007
https://doi.org/http://dx.doi.org/10.101...
,1717. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento [homepage on the Internet]. O índice de desenvolvimento humano municipal brasileiro. Brasília (DF): PNUD; 2013. [cited 2017 jul 01] Available from: Available from: http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/130729_AtlasPNUD_2013.pdf .
http://www.ipea.gov.br/portal/images/sto...
,2727. Ferrari GL, Pires C, Solé D, Matsudo V, Katzmarzyk PT, Fisberg M. Factors associated with objectively measured total sedentary time and screen time in children aged 9-11 years. J Pediatr (Rio J). 2019;95:94-105. https://doi.org/10.1016/j.jped.2017.12.003
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Em contrapartida, o uso de acelerômetro como instrumento de medição objetiva do número de passos, além do cuidado com a vasta quantidade de variáveis de estilo de vida e ambiente doméstico e escolar seguramente foram pontos fortes do estudo.

Estudos futuros são necessários para se compreender melhor os indicadores de estilo de vida e o ambiente das crianças que influenciam na quantidade de passos/dia das crianças. Por esta ser facilmente medida por diversos aplicativos de celulares, mais estudos sobre esse tema devem ser realizados. Além disso, tratando-se de uma medida acessível e de fácil utilização pelas crianças, incentivá-las a aumentar a quantidade de passos pode ser uma estratégia importante na saúde pública. Apesar de a literatura recente priorizar estudos sobre a AF com base na intensidade e no comportamento sedentário, os autores deste estudo destacam a importância de se estudar a AF por meio dos passos/dia, pois se trata de um movimento básico de locomoção humana, com inúmeras vantagens citadas anteriormente, além de apresentar relações significativas com a saúde.22. Bassett Junior DR, Toth LP, LaMunion SR, Crouter SE. Step counting: a review of measurement considerations and health-related applications. Sports Med. 2017;47:1303-15. https://doi.org/10.1007/s40279-016-0663-1
https://doi.org/https://doi.org/10.1007/...
,44. Tudor-Locke C, Schuna Junior JM, Han H, Aguiar EJ, Larrivee S, Hsia DS, et al. Cadence (steps/min) and intensity during ambulation in 6-20 year olds: the CADENCE-kids study. Int J Behav Nutr Phys Act. 2018;15:20. https://doi.org/10.1186/s12966-018-0651-y
https://doi.org/https://doi.org/10.1186/...

Concluiu-se que os indicadores de estilo de vida, as variáveis de composição corporal e o nível educacional dos pais associaram-se à quantidade de passos/dia das crianças. Nos meninos, AFMV, TS, GC, CC e IMC foram associados com a quantidade de passos/dia. Já nas meninas, o nível educacional dos pais, a AFMV e o TS foram associados com os passos/dia. Compreender os fatores determinantes da quantidade de passos/dia pode orientar intervenções futuras na AF de crianças. Continua sendo um desafio para o Brasil promover a AF na comunidade escolar e outros indicadores de saúde em crianças brasileiras.

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Financiamento

  • O projeto de pesquisa ISCOLE Brasil foi financiado pelo Pennington Biomedical Research Center em convênio com a Coca-Cola Company.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Dez 2020
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    26 Dez 2019
  • Aceito
    24 Abr 2020
  • Publicado
    04 Dez 2020
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