Acessibilidade / Reportar erro

Capacidade Absortiva em uma Empresa Pública de Pesquisa: da Maturidade à Escabilidade

Resumo

A capacidade de absorção é uma capacidade dinâmica que pode gerar conhecimento e inovações. No Brasil, o desenvolvimento de novos produtos e processos tem proporcionado avanços tecnológicos na agropecuária, principalmente nas últimas décadas. Nesse contexto, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem desempenhado um importante papel na absorção e geração de conhecimentos e inovações agrícolas a partir de pesquisa e desenvolvimento de projetos (P&D). Portanto, capacidade de absorção (CA) é um construto que envolve a absorção de conhecimento com propostas de procedimentos que requerem verificação empírica. Neste estudo, investigou-se como a maturidade da capacidade de absorção pode ser alcançada em uma empresa pública de pesquisa. Estudaram-se três projetos de P&D da Embrapa os quais envolveram alianças intra e interorganizacionais que resultaram em inovações importantes. Identificamos e sistematizamos rotinas e processos organizacionais de aquisição, assimilação, transformação e exploração do conhecimento. Este estudo contribuiu para o desenvolvimento de um modelo de maturidade proposicional da capacidade absortiva em uma empresa pública de pesquisa que promove escalabilidade de rotinas e processos de absorção de conhecimento nos níveis intra e interorganizacionais.

Palavras chaves:
Capacidade de absorção; Projetos de P&D; Alianças; Inovação da Agricultura

Abstract

Absorptive capacity is a dynamic capability that may generate knowledge and innovations. In Brazil, the development of new products and processes have led to technological advances in farming, especially in the last decades. In this context, the Brazilian Agricultural Research Corporation (Embrapa) has played an important role in the absorption and generation of agricultural knowledge and innovations from research and project development (R&D). Therefore, absorptive capacity (AC) is a construct involving knowledge absorption with procedural propositions that need empirical verification. In this study, we investigated how the maturity of absorptive capacity can be achieved in a public research company. We studied three R&D Embrapa projects that involved intraorganizational and interorganizational alliances that resulted in important innovations. We identified and systematized routines and organizational processes of acquisition, assimilation, transformation, and exploration of knowledge. This study contributed to the development of a propositional maturity model of absorptive capacity in a public research company that promotes scalability of routines and knowledge absorption processes at intraorganizational and interorganizational levels.

Keywords:
Absorptive Capacity; R&D Projects; Alliances; Agricultural Innovation

1. Introdução

O Brasil tem a quinta maior população mundial com 205 milhões de habitantes. O setor agrícola respondeu por 5,3% do Produto Interno Bruto brasileiro em 2017 (IBGE, 2017Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. (2017). Indicadores conjunturais em 2017. Retrieved July 11, 2018, from Retrieved July 11, 2018, from https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/pesquisas/indicadores.php .
https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica...
), impactando a economia brasileira e mundial (Crespi et al., 2019Crespi, T. B., Rezende, P. C., Preusler, T. S., & Porto, G. S. (2019). The alignment of organizational structure and R&D management in internationalized public company: The Embrapa case. Innovation & Management Review, 16(2), 193-216.). Exportações de commodities alimentícias somam US$ 520 bilhões ao ano (MacDonald et al., 2015MacDonald, G. K., et al. (2015). Rethinking Agricultural Trade Relationships in an Era of Globalization. BioScience, 65(3), 275-289.).

Muitos produtos agrícolas são exportados das Américas para o Leste Asiático, especialmente dos Estados Unidos, que usa cerca de 6,1 milhões de hectares de suas safras para exportação para a China, enquanto o Brasil e a Argentina usam cerca de 10% de suas safras para exportação. O Brasil exporta soja, açúcar, carne e café para China, França, Alemanha, Rússia, Irã e Espanha (MacDonald et al., 2015MacDonald, G. K., et al. (2015). Rethinking Agricultural Trade Relationships in an Era of Globalization. BioScience, 65(3), 275-289.).

Os Estados Unidos, com um PIB agrícola de 1,43% em 2013 (Actualitix, 2018Actualitix. (2018). PIB Agrícola. Retrieved June 23, 2018, from Retrieved June 23, 2018, from https://pt.actualitix.com/pais/wld/pib-agricola-por-pais.php .
https://pt.actualitix.com/pais/wld/pib-a...
), contam com o Agricultural Research Service (ARS) do USDA (United States Department of Agriculture) (https: //www.ars. usda.gov/about-ars/). A Argentina, com um PIB agrícola de 8,31% em 2014 (Actualitix, 2018Actualitix. (2018). PIB Agrícola. Retrieved June 23, 2018, from Retrieved June 23, 2018, from https://pt.actualitix.com/pais/wld/pib-agricola-por-pais.php .
https://pt.actualitix.com/pais/wld/pib-a...
), conta com o Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA), o qual permite o acesso de seus produtos agrícolas aos mercados internacionais (https://inta.gob.ar/paginas/sobre-el-inta). O Brasil conta com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), empresa pública de pesquisa com filiais em todo o território nacional e Laboratórios Virtuais no Exterior (LABEX).

A Embrapa mantém alianças estratégicas com parceiros científicos e tecnológicos (universidades, institutos de pesquisa e empresas) para a realização de projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e inovações de mercado de produtos e processos (Embrapa, 2016aEmbrapa. (2016a). Embrapa em Números. (1a ed.). Brasília, DF: Embrapa .; Crespi et al., 2019Crespi, T. B., Rezende, P. C., Preusler, T. S., & Porto, G. S. (2019). The alignment of organizational structure and R&D management in internationalized public company: The Embrapa case. Innovation & Management Review, 16(2), 193-216.). Os projetos de P&D são desenvolvidos a partir de alianças estratégicas que Gulati (1998Gulati, R. (1998). Alliances and networks. Strategic Management Journal, 19(4), 293-317., p. 293) define como “acordos entre empresas envolvendo troca, compartilhamento ou co-desenvolvimento de produtos, tecnologias ou serviços”.

Em países como o Brasil, os institutos de pesquisa dependem da capacidade de acessar o conhecimento externo e combiná-lo com as capacidades de suas unidades (Santos, 2006Santos, J. (2006). O desafio Metanacional. In B. Tanuare & R. G. Duarte (Org.). Gestão Internacional. São Paulo: Saraiva.), exigindo melhorias para organizar e manejar o conhecimento (Inkinen, 2016Inkinen, H. (2016). Review of empirical research on knowledge management practices and firm performance. Journal of Knowledge Management, 20(2), 230-257.; Moura et al., 2019Moura, D. C., Madeira, M. J., Duarte, F. A., Carvalho, J., & Kahilana, O. (2019). Absorptive capacity and cooperation evidence in innovation from public policies for innovation. International Journal of Innovation Science, 11(1), 2-19.) de unidades descentralizadas e de parceiros tecnológicos estrangeiros.

As inovações implicam compreender o processo de absorção do conhecimento nas organizações, e os projetos de P&D a partir de alianças estratégicas são essenciais, pois permitem absorver conhecimentos valiosos e gerar inovações (Crespi et al., 2019Crespi, T. B., Rezende, P. C., Preusler, T. S., & Porto, G. S. (2019). The alignment of organizational structure and R&D management in internationalized public company: The Embrapa case. Innovation & Management Review, 16(2), 193-216.).

Neste estudo, investigou-se como a maturidade da capacidade de absorção pode ser alcançada na Embrapa para desenvolver um modelo proposicional de maturidade da capacidade de absorção. Para tanto, analisaram-se projetos de P&D desenvolvidos a partir de alianças intraorganizacionais ou interorganizacionais. Alianças intraorganizacionais envolvem relações internas, entre as filiais da Embrapa. As interorganizacionais envolvem relações externas com os parceiros da Embrapa, ou seja, universidades, fundações e empresas privadas.

Trata-se de um estudo aprofundado e multidimensional de três projetos de P&D abordando todas as dimensões da capacidade de absorção (Zahra & George, 2002Zahra, S. A., & George, G. (2002). Absorptive capacity: A review, reconceptualization, and extension. Academy of Management Review, 27(2), 185-203.) que contribui para o avanço teórico do assunto no âmbito das alianças intra e interorganizacionais. Este estudo complementa os estudos de Guedes et al. (2017Guedes, H. de P., Ziviani, F., Paiva, R. V. C. de, Ferreira, M. A. T., & Herzog, M. de M. (2017). Assessment of absorptive capacity: a study in Brazilian manufactures of solar panels. Gestão & Produção, 24(1), 50-63.) sobre a capacidade de absorção e explica como as suas dimensões estão relacionadas com as fases do ciclo de vida de projetos de P&D (Ali & Ali, 2018Ali, I., Musawir, A. U., & Ali, M. (2018). Impact of knowledge sharing and absorptive capacity on project performance: the moderating role of social processes. Journal of Knowledge Management, 22(2), 453-477.; Bjorvatn & Wald, 2018Bjorvatn, T., & Wald, A. (2018). Project complexity and team-level absorptive capacity as drivers of project management performance. International Journal of Project Management, 36(6), 876-888.).

O estudo também propõe a capacidade de absorção escalonável, ou seja, a escalabilidade sistemática das dimensões da capacidade de absorção para as fases do ciclo de vida dos projetos.

2. Referencial teórico

O conhecimento adquirido externamente se configura como importante para as inovações (Lane e Lubatkin, 1998Lane, P. J., & Lubatkin, M. (1998). Relative absorptive capacity and interorganizational learning. Strategic Management Journal, 19(5), 461-477.; Lin et al., 2016Lin, H.-F., Su, J. Q., & Higgins, A. (2016). How dynamic capabilities affect adoption of management innovations. Journal of Business Research, 69(2), 862-876.), no entanto não é suficiente, uma vez que o sucesso depende da capacidade de absorção da empresa, ou seja, “um conjunto de rotinas e processos organizacionais pelos quais as empresas adquirem, assimilam, transformam e exploram o conhecimento”(Zahra & George, 2002Zahra, S. A., & George, G. (2002). Absorptive capacity: A review, reconceptualization, and extension. Academy of Management Review, 27(2), 185-203. p. 186).

Para Cohen e Levinthal (1990Cohen, W. M., & Levinthal, D. A. (1990). Absorptive capacity: A new perspective on learning and innovation. Administrative Science Quarterly, 35(1), 128-152.), a capacidade de absorção é uma capacidade dinâmica de uma organização de absorver conhecimento externo (Lewin et al., 2011Lewin, A. Y., Massini, S., & Peeters, C. (2011). Microfoundations of internal and external absorptive capacity routines. Organization Science, 22(1), 81-98.), resultando em desempenho inovador (Cohen & Levinthal, 1990Cohen, W. M., & Levinthal, D. A. (1990). Absorptive capacity: A new perspective on learning and innovation. Administrative Science Quarterly, 35(1), 128-152.; Lane et al., 2006Lane, P. J., Koka, B. R., & Pathak, S. (2006). The reification of absorptive capacity: A critical review and rejuvenation of the construct. Academy of management review, 31(4), 833-863.; Lin et al., 2006; Lin et al. al., 2016Lin, H.-F., Su, J. Q., & Higgins, A. (2016). How dynamic capabilities affect adoption of management innovations. Journal of Business Research, 69(2), 862-876.; Moilanen et al., 2014Moilanen, M., Østbye, S., & Woll, K. (2014). Non-R&D SMEs: external knowledge, absorptive capacity and product innovation. Small Business Economics, 43(2), 447-462.; Tsai, 2001Tsai, W. (2001). Knowledge transfer in intraorganizational networks: Effects of network position and absorptive capacity on business unit innovation and performance. Academy of Management Journal, 44(5), 996-1004.), em inovações estratégicas (Gebauer et al., 2012Gebauer, H., Worch, H., & Truffer, B. (2012). Absorptive capacity, learning processes and combinative capabilities as determinants of strategic. European Management Journal, 30(1), 57-73.), em transferência de conhecimentos intraorganizacionais (Martinkenaite & Breunig, 2016Martinkenaite, I., & Breunig, K. J. (2016). The emergence of absorptive capacity through micro-macro level interactions. Journal of Business Research, 69(2), 700-708.; Szulanski, 1996Szulanski, G. (1996). Exploring internal stickiness: Impediments to the transfer of best practice within the firm. Strategic Management Journal, 17(S2), 27-43.) e em conhecimentos interorganizacionais (Lane & Lubatkin, 1998Lane, P. J., & Lubatkin, M. (1998). Relative absorptive capacity and interorganizational learning. Strategic Management Journal, 19(5), 461-477.). A relação positiva entre capacidade de absorção e desempenho organizacional não é influenciada por diferentes valores culturais em diferentes países (Adams et al., 2016Adams, D. R., Flatten, T. C., Brinkmann, H., & Brettel, M. (2016). Consequences and antecedents of absorptive capacity in a cross-cultural context. International Journal of Innovation Management, 20(1), 1-39.).

A base conceitual deste estudo considera a capacidade de absorção como um construto multidimensional (Zahra & George, 2002Zahra, S. A., & George, G. (2002). Absorptive capacity: A review, reconceptualization, and extension. Academy of Management Review, 27(2), 185-203.; Lane et al., 2006Lane, P. J., Koka, B. R., & Pathak, S. (2006). The reification of absorptive capacity: A critical review and rejuvenation of the construct. Academy of management review, 31(4), 833-863.; Volberda et al., 2010Volberda, H. W., Foss, N. J., & Lyles, M. A. (2010). Perspective-absorbing the concept of absorptive capacity: how to realize its potential in the organization field. Organization Science, 21(4), 931-951.; Lewin et al., 2011Lewin, A. Y., Massini, S., & Peeters, C. (2011). Microfoundations of internal and external absorptive capacity routines. Organization Science, 22(1), 81-98.). A capacidade de absorção compreende as rotinas de aquisição e assimilação que formam a capacidade de absorção potencial (PACAP) e as rotinas de transformação e exploração, as quais formam a capacidade de absorção realizada (RACAP). A PACAP e a RACAP são sequenciais e complementares, resultando em desempenho inovador, caracterizado pela geração de conhecimento, registro de patentes e cultivares, e inovação de produtos, processos e serviços.

A geração de inovação requer conhecimentos complexos e diversificados. A busca por conhecimento externo ocorre por diferentes formas (alianças estratégicas, joint ventures, fusões e aquisições). Alianças estratégicas aceleram avanços tecnológicos (Costa & Porto, 2014Costa, P. R., & Porto, G. S. (2014). Technological governance and cooperability in Brazilian multinationals. Revista de Administração de Empresas, 54(2), 201-221.; Shin et al., 2016Shin, K., Kim, S. J., & Park, G. (2016). How does the partner type in R&D alliances impact technological innovation performance? A study on the Korean biotechnology industry. Asia Pacific Journal of Management, 33(1), 141-164.).

Neste estudo, objetivou-se identificar uma capacidade de absorção escalonável, além da PACAP e RACAP, uma vez que a tecnologia da informação possibilita “maiores oportunidades de diversidade, compartilhamento e assimilação de conhecimento” (Grover & Kohli, 2012Grover, V., & Kohli, R. (2012). Cocreating IT value: New capabilities and metrics for multifirm environments. MIS Quarterly, 36(1), 225-232., p. 227), e experiências de aprendizagem das empresas para obter conhecimento externo são essenciais em projetos de P&D, caracterizados pela motivação para alcançar melhores resultados (PMI, 2013PMI. (2013). Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos. (5th ed.). USA: Newton Square.) e dispersos em diferentes níveis organizacionais (Coleman & MacNicol, 2016Coleman, S., & MacNicol, D. (2016). Project leadership. New York: Routledge.). Este estudo propõe: (Proposição 1 - P1) O acúmulo de experiência de aprendizagem na aquisição de conhecimento externo aumenta a escalabilidade da capacidade de absorção; (Proposição 2 - P2) A presença de liderança organizacional ativa em projetos de P&D aumenta a escalabilidade da capacidade de absorção.

Os fatores que influenciam a capacidade de absorção são: antecedentes, facilitadores, indutores e componentes centrais. Antecedentes inicialmente motivam as organizações a prospectar conhecimento externo, incluindo uma busca por conhecimento complementar existente e/ou conhecimento novo e único. As alianças permitem o acesso a recursos valiosos de parceiros (Sáez et al., 2002Sáez, C. B., Arribas, E. H., & García, T. (2002). Collaboration in R&D with universities and research centres: An empirical study of Spanish firms. R&D Management, 32(4), 321-341.). O conhecimento técnico, científico e de mercado também pode ser obtido por meio de alianças (Cohen & Levinthal, 1990Cohen, W. M., & Levinthal, D. A. (1990). Absorptive capacity: A new perspective on learning and innovation. Administrative Science Quarterly, 35(1), 128-152.). O conhecimento idiossincrático, por sua vez, é um subproduto das atividades (Jensen & Meckling, 1992Jensen, M. C., & Meckling, W. H. (1992). Specific and general knowledge and organizational structure. Journal of Applied Corporate Finance, 8(2), 4-18.), é peculiar e tem uma localização descentralizada (Grant, 1996Grant, R. M. (1996). Toward knowledge-based theory of firm. Strategic Management Journal, 17(S2), 109-122.). Silva (2002Silva, E. L. (2002). A construção do conhecimento científico: o processo, a atividade e a comunicação científica em um laboratório de pesquisa. Perspectivas em Ciência da Informação, 7(2), 109-125., p. 109) acrescenta que o conhecimento científico mostra a organização social do ambiente de pesquisa, as idiossincrasias dos produtores (cientistas) e as restrições impostas pelo ambiente (ex.: restrições operacionais e tecnológicas e acesso à informação).

Neste estudo, considera-se que a Embrapa busque conhecimento idiossincrático em alianças intraorganizacionais. Nas alianças interorganizacionais, buscam-se conhecimentos complementares e informações de mercado para inovações de parceiros externos (empresas). Propõe-se também: (Proposição 3 - P3) A busca por conhecimento idiossincrático é o principal fator antecedente da capacidade de absorção em alianças intraorganizacionais; (Proposição 4 - P4) A busca por conhecimento complementar e de mercado é o principal fator antecedente da capacidade de absorção em alianças interorganizacionais.

Os facilitadores da capacidade de absorção envolvem: a) experiência no estabelecimento de alianças; b) diversidade do portfólio de alianças; e c) capacidade individual de absorção. As rotinas estão relacionadas às capacidades dinâmicas (Teece et al., 1997Teece, D. J., Pisano, G., & Shuen, A. (1997). Dynamic capabilities and strategic management. Strategic Management Journal, 18(7), 509-533.; Zollo & Winter, 2002Zollo, M., & Winter, S. G. (2002). Deliberate learning and the evolution of dynamic capabilities. Organization Science, 13(3), 339-351.) e, como a experiência influencia a sistematização de rotinas específicas da capacidade de absorção da empresa (Lewin et al., 2011Lewin, A. Y., Massini, S., & Peeters, C. (2011). Microfoundations of internal and external absorptive capacity routines. Organization Science, 22(1), 81-98.), essas rotinas entram em um processo cíclico de melhoria. Além disso, as alianças permitem o acúmulo de experiências, aumentando a capacidade de gestão das organizações (Rothaermel & Deeds, 2006Rothaermel, F. T., & Deeds, D. L. (2006). Alliance type, alliance experience and alliance management capability in high-technology ventures. Journal of Business Venturing, 21(4), 429-460.).

Com foco nos facilitadores da capacidade absortiva, propõe-se: (Proposição 5 - P5) A experiência com alianças intraorganizacionais e interorganizacionais favorece o desenvolvimento e aprimoramento de rotinas específicas da capacidade absortiva; (Proposição 6 - P6) A diversidade do portfólio de alianças proporciona acesso ao conhecimento externo diversificado, potencializando a capacidade de absorção, principalmente de rotinas de aquisição; (Proposição 7 - P7) A capacidade de absorção individual dos membros da equipe aumenta a capacidade de absorção da organização.

Espera-se maior interação social na capacidade de absorção em alianças intraorganizacionais, uma vez que as unidades da Embrapa compartilham a mesma cultura organizacional. No entanto, o regime de apropriabilidade das inovações e conhecimentos gerados é o indutor mais comumente praticado em alianças interorganizacionais. Um forte regime de apropriabilidade permite a troca segura de conhecimento e versatilidade estratégica (Ritala & Hurmelinna-Laukkanin, 2013Ritala, P., & Hurmelinna-Laukkanen, P. (2013). Incremental and radical innovation in coopetition - The role of absorptive capacity and appropriability. Journal of Product Innovation Management, 30(1), 154-169.). Assim, propõe-se: (Proposição 8 - P8) A interação social é praticada mais na capacidade de absorção em alianças intraorganizacionais do que interorganizacionais; (Proposição 9 - P9) O regime de apropriabilidade é praticado mais na capacidade de absorção em alianças interorganizacionais do que intraorganizacionais.

Portanto, as organizações inovadoras possuem rotinas para cada dimensão da capacidade de absorção (Zahra & George, 2002Zahra, S. A., & George, G. (2002). Absorptive capacity: A review, reconceptualization, and extension. Academy of Management Review, 27(2), 185-203.), que se inter-relacionam com as fases do ciclo de vida dos projetos de P&D (Mikulskienė, 2014Mikulskienė, B. (2014). Research and development project management. Vilnius: Mykolo Romerio Universitetas.; PMI, 2013PMI. (2013). Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos. (5th ed.). USA: Newton Square.; Ali & Ali, 2018Ali, I., Musawir, A. U., & Ali, M. (2018). Impact of knowledge sharing and absorptive capacity on project performance: the moderating role of social processes. Journal of Knowledge Management, 22(2), 453-477.; Bjorvatn & Wald, 2018Bjorvatn, T., & Wald, A. (2018). Project complexity and team-level absorptive capacity as drivers of project management performance. International Journal of Project Management, 36(6), 876-888.). Essas fases conferem maturidade (Guedes et al., 2017Guedes, H. de P., Ziviani, F., Paiva, R. V. C. de, Ferreira, M. A. T., & Herzog, M. de M. (2017). Assessment of absorptive capacity: a study in Brazilian manufactures of solar panels. Gestão & Produção, 24(1), 50-63.) à capacidade de absorção (potencial, realizada ou escalável), ou seja, a capacidade de absorver conhecimento e desenvolver inovação e potencializar o desempenho inovador.Então, propõe-se: (Proposição 10 - P10) A sistematização e o desenvolvimento de rotinas de aquisição, assimilação, transformação e a exploração do conhecimento externo conferem maturidade à capacidade de absorção; (Proposição 11 - P11) As rotinas de aquisição, assimilação, transformação e exploração do conhecimento externo se inter-relacionam com as fases do ciclo de vida dos projetos de P&D, potencializando o desempenho inovador.

3. Método de Pesquisa e Contexto

A pesquisa realizada foi de natureza qualitativa, uma vez que dependeu da fonte de dados no ambiente da pesquisa e do pesquisador como instrumento, condições essenciais para a coleta, seleção, análise e interpretação das informações obtidas (Creswell, 2017Creswell, J. (2017). Research design: Qualitative, quantitative, and mixed methods approaches. London: SAGE publications.). Adotou-se a abordagem descritiva para relatar o ambiente como um todo, e os processos foram valorizados pelas percepções dos indivíduos por meio de seus pensamentos, ações e sentimentos (Godoy, 1995Godoy, A. S. (1995). Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista de Administração de Empresas, 35(2), 57-63.).

Utilizou-se o método de casos múltiplos, por ser adequado para estudos descritivos (Eisenhardt e Graebner, 2007Eisenhardt, K. M., & Graebner, M. E. (2007). Theory building from cases: Opportunities and challenges.The Academy of Management Journal, 50(1), 25-32. ). Esse método não requer controle de eventos comportamentais, mas enfoca eventos contemporâneos, proporcionando uma compreensão dos fenômenos individuais, organizacionais, sociais e políticos relacionados à questão de pesquisa (Eisenhardt & Graebner, 2007Eisenhardt, K. M., & Graebner, M. E. (2007). Theory building from cases: Opportunities and challenges.The Academy of Management Journal, 50(1), 25-32. ).

A pesquisa teve o foco nas unidades Embrapa Soja e a Embrapa Pecuária de Corte, pois elas possuíam projetos de P&D formados por meio de alianças intraorganizacionais e interorganizacionais, as quais resultaram em inovações de grande relevância, a saber: Cultivares de Soja Cultivance®, Coinoculação e Carne Carbono Neutro (Embrapa, 2014Embrapa. (2014). Visão 2014-2034: O futuro do desenvolvimento tecnológico da agricultura brasileira. (1st ed.). Brasília, DF: Embrapa.; 2016aEmbrapa. (2016a). Embrapa em Números. (1a ed.). Brasília, DF: Embrapa .).

3.1. Contexto da pesquisa

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) foi fundada no Brasil em 26 de abril de 1973. É uma empresa estatal, de direito privado, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) (Crestana, 2012Crestana, S. (2012). Relatório do seminário preparatório Internacionalização da inovação brasileira. Parcerias Estratégicas, 15(31), 269-282.). A Embrapa possui unidades em todo o Brasil e Laboratórios Virtuais no Exterior (LABEX) em diversos países.

O seu processo de inteligência possui três componentes principais: observatório de tendências; análises e estudos; e implementado. O observatório de tendências monitora e prospecta tendências da agricultura no Brasil e no exterior, para interação lucrativa e aquisição de conhecimento entre a Embrapa e os LABEX (Embrapa, 2014Embrapa. (2014). Visão 2014-2034: O futuro do desenvolvimento tecnológico da agricultura brasileira. (1st ed.). Brasília, DF: Embrapa.).

Em 2015, a Embrapa desenvolveu 21 novas cultivares e o licenciamento de 165, 12 patentes (sede) e 19 patentes no exterior, proteção intelectual de 65 novas cultivares e registro de outras 91 cultivares. Foi assinado contrato de licenciamento de sementes com 929 produtores e empresas privadas, correspondendo a 96.000 ha de produção de sementes, com 1.500 toneladas de sementes básicas e 110.000 unidades de propágulos de frutas e vegetais. Além disso, 102 toneladas de sementes de milho e 67 toneladas de feijão-caupi beneficiaram 500 mil agricultores familiares no Brasil. A Embrapa detém o maior banco genético da América Latina, com 124 mil amostras de sementes de 765 espécies (Embrapa, 2016aEmbrapa. (2016a). Embrapa em Números. (1a ed.). Brasília, DF: Embrapa .).

3.2. Coleta e análise de dados

Entrevistou-se o assessor do Conselho de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, em Brasília (Brasil), e membros das Unidades Centrais, Secretaria de Negócios Estratégicos (SNE) e Departamento de Transferência de Tecnologia (DTT) (Tabela 1). As entrevistas forneceram dados sobre os aspectos gerenciais das alianças estratégicas (Seção 3.1).

Tabela 1.
Entrevistas realizadas.

Foram incluídas inovações agrícolas geradas com base em projetos colaborativos de P&D com alianças interorganizacionais e intraorganizacionais nos últimos cinco anos (2013-2017), selecionadas e validadas na primeira fase e investigadas na segunda etapa (Tabela 2).

Tabela 2.
Projetos de P&D desenvolvidos de 2013 a 2017 e selecionados para a segunda fase da pesquisa.

Realizaram-se entrevistas semiestruturadas na segunda etapa, com pesquisadores, chefes de transferência de tecnologia e P&D dos três projetos selecionados (Tabela 1). As entrevistas permitem abordar assuntos complexos (Alves-Mazzoti & Gewandsznajder, 1999Alves-Mazzoti, A. J., & Gewandsznajder, F. (1999). O método nas ciências naturais e sociais (2nd ed.). São Paulo: Pioneira.).

A Tabela 1 mostra um mapa descritivo das entrevistas na primeira e segunda fases. Todas as entrevistas foram gravadas, transcritas e interpretadas a partir das categorias: (a)Antecedentes; (b) Facilitadores; (c) Indutores (regimes de integração e apropriação social); (d) Maturidade; e (e) Escalabilidade.

Obtiveram-se também dados da análise de documentos secundários de projetos (seleção de projetos, contratos de parceria e relatórios de projetos de P&D). Os instrumentos de coleta são os mais adequados em pesquisas qualitativas (Alves-Mazzoti & Gewandsznajder, 1999Alves-Mazzoti, A. J., & Gewandsznajder, F. (1999). O método nas ciências naturais e sociais (2nd ed.). São Paulo: Pioneira.) e não são mutuamente exclusivos.

Os dados foram analisados em três etapas: redução, apresentação e conclusão. A redução envolveu selecionar, focar, simplificar, abstrair e transformar os dados, organizando-os de acordo com os temas ou objetivos da pesquisa. A apresentação partiu desses dados e proporcionou uma análise sistemática, observando semelhanças, diferenças e a inter-relação. A conclusão envolveu a revisão dos dados, validados e confirmados (Miles & Huberman, 1994Miles, M. B., & Huberman, A. M. (1994). Qualitative data analysis: An expanded book. London: Sage.).

A triangulação para Zamberlan et al. (2014Zamberlan, L., et al. (2014). Pesquisa em ciências sociais aplicadas. Ijuí, RS: Unijuí., p. 124) é a base lógica para o uso de múltiplas fontes de dados, permitindo resultados convincentes e precisos de um estudo de caso.

A análise foi realizada em três fases: pré-análise; exploração de materiais; e tratamento dos resultados, inferência e interpretação. A pré-análise envolveu organização do assunto; a exploração do material dizia respeito à codificação, classificação e estabelecimento de categorias de análise; e o tratamento dos resultados, inferência e interpretação mostraram condensação e relevância das informações para a análise (Bardin, 2010Bardin, L. (2010). Análise de conteúdo (1977). (70th ed.). Lisboa: Edições 70.; Zamberlan et al., 2014Zamberlan, L., et al. (2014). Pesquisa em ciências sociais aplicadas. Ijuí, RS: Unijuí.). A análise dos dados foi conduzida no software IRAMUTEQ (Interface de R pour les Analyzes Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires), envolvendo análises de especificidade, similaridade e o método Reinert (Camargo & Justo, 2013Camargo, B. V., & Justo, A. M. (2013). Iramuteq: um software gratuito para análises de dados textuais. Temas em Psicologia, 21(2), 513-518.).

4. Resultados

Foram observadas rotinas de absorção de conhecimento em todas as fases do ciclo de vida dos projetos da Embrapa (Projeto A (soja tolerante à imidazolinona), B (Coinoculação) e C (Carne Carbono Neutro), caracterizando a maturidade da capacidade absortiva e sua escalabilidade nos níveis intra e interorganizacionais (Tabela 3). São propostas sete fases com base em evidências empíricas e na análise do ciclo de vida dos projetos, como em Pillai, Joshi e Rao (2002Pillai, A. S., Joshi, A., & Rao, K. S. (2002). Performance measurement of R&D projects in a multi-project, concurrent engineering environment. International Journal of Project Management, 20(2), 165-177.), PMI (2013PMI. (2013). Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos. (5th ed.). USA: Newton Square.) e Mikulskienè (2014Mikulskienė, B. (2014). Research and development project management. Vilnius: Mykolo Romerio Universitetas.), a saber: 1) escopo inicial; 2) especificação do projeto; 3) planejamento detalhado; 4) avaliação; 5) implementação; 6. Conclusão; e 7) pós-projeto.

Tabela 3.
Palavras-chave dos projetos de P&D em estudo.

As fases dos projetos são semelhantes e são operacionalizadas no âmbito estratégico da Embrapa, incluindo Agropensa, carteiras, arranjos e macroprogramas. Nos projetos da Embrapa P&D, a primeira fase envolve temas estratégicos, com flexibilidade e autonomia para a atuação dos pesquisadores que influenciam a capacidade de absorção individual (Wang et al., 2014Wang, W., Liu, L., Feng, Y., & Wang, T. (2014). Innovation with IS usage: Individual absorptive capacity as a mediator. Industrial Management & Data Systems, 114(8), 1110-1130.).

A fase de especificação inclui recursos (Mikulskienè, 2014Mikulskienė, B. (2014). Research and development project management. Vilnius: Mykolo Romerio Universitetas.) e é caracterizada pela elaboração de editais de licitação, e pela vinculação de arranjos e carteiras para elaboração de projetos (fase de planejamento detalhado) utilizando o Sistema de Gestão de Programação da Embrapa (IDEARE).

Para Mikulskienè (2014Mikulskienė, B. (2014). Research and development project management. Vilnius: Mykolo Romerio Universitetas.), a fase de planejamento detalhado é caracterizada pela aquisição e assimilação do conhecimento. Os projetos A, B e C são influenciados por alianças inter e intraorganizacionais e programas de pós-graduação. A fase de planejamento do Projeto B se refere à aquisição de conhecimento dos clientes, e o Projeto C, pela participação na Rede de Integração da Pecuária Florestal (Rede ILPF). A assimilação dos Projetos A (soja tolerante à imidazolinona®), B (Coinoculação) e C (Carne Carbono Neutro) ocorre por meio de disseminação e troca de conhecimentos, reuniões, programas de pós-graduação, dias de campo e congressos. O Projeto C também envolve viagens científicas e workshops. As alianças são concebidas na fase A, envolvendo termos de confidencialidade e cláusulas de sigilo.

A fase de avaliação foi proposta com base na seleção dos projetos (Pillai et al., 2002Pillai, A. S., Joshi, A., & Rao, K. S. (2002). Performance measurement of R&D projects in a multi-project, concurrent engineering environment. International Journal of Project Management, 20(2), 165-177.) e diz respeito ao tamanho da assimilação, gestão da informação, avaliação e resultados dos editais. O IDEARE foi usado para gerenciar essas informações. O Projeto C envolve interação com o Centro de Apoio a Projetos (CAP), ao nível da unidade.

A implementação envolve a execução de atividades aprovadas na fase de avaliação (Mikulskienè, 2014Mikulskienė, B. (2014). Research and development project management. Vilnius: Mykolo Romerio Universitetas.), caracterizada pela aquisição, assimilação e transformação de dados, envolvendo reuniões, dias de campo e programas de treinamento, rotinas induzidas pela integração social (Dingler & Enkel, 2016Dingler, A., & Enkel, E. (2016). Socialization and innovation: Insights from collaboration across industry boundaries. Technological Forecasting and Social Change, 109, 50-60.).

A fase de implantação do Projeto A utilizou conhecimentos adquiridos por meio de alianças interorganizacionais da indústria química e de alianças intraorganizacionais, de diferentes regiões brasileiras, por meio de treinamento e interação com a equipe técnica e realização de testes.

Na fase de implantação do Projeto B, a aquisição e assimilação de conhecimentos ocorreram por meio de alianças e reuniões técnicas, congressos, dias de campo e internalização de conhecimentos externos (Zahra & George, 2002Zahra, S. A., & George, G. (2002). Absorptive capacity: A review, reconceptualization, and extension. Academy of Management Review, 27(2), 185-203.).

Na implantação do Projeto C, houve aquisição de conhecimentos técnicos, mercadológicos e idiossincráticos. Esse projeto ainda está em andamento, possibilitando novas alianças, e a assimilação ocorre por meio de reuniões, workshops, visitas técnicas, dias de campo e ações de multiplicação de informações e conhecimento.

A fase de conclusão culmina com um relatório final, avaliando o cumprimento dos objetivos do projeto (Mikulskienè, 2014Mikulskienė, B. (2014). Research and development project management. Vilnius: Mykolo Romerio Universitetas.). Nessa fase, a exploração é revelada no Projeto A, pela exploração das cultivares geradas. No Projeto B, a fase de conclusão é caracterizada pela exploração do coinoculante, ou seja, sua aplicação comercial (Lane & Lubatkin, 1998Lane, P. J., & Lubatkin, M. (1998). Relative absorptive capacity and interorganizational learning. Strategic Management Journal, 19(5), 461-477.).

No Projeto C, a fase de conclusão envolve o registro de um conceito de marca e a aquisição de conhecimento por meio de congressos. O registro do conceito de marca ocorre com implantação em áreas já validadas e em diferentes biomas (Zahra & George, 2002Zahra, S. A., & George, G. (2002). Absorptive capacity: A review, reconceptualization, and extension. Academy of Management Review, 27(2), 185-203.).

A fase pós-projeto envolve a análise dos resultados (Mikulskienè, 2014Mikulskienė, B. (2014). Research and development project management. Vilnius: Mykolo Romerio Universitetas.), caracterizada pela aquisição de conhecimento, contato com clientes e outras empresas, subsidiando novos projetos, representando o processo cíclico da capacidade de absorção. Por exemplo, inovações que geram novos cultivares, com características agronômicas diferentes, novas formulações de inoculantes e validação de Carne Carbono Neutro para outros biomas.

O Projeto A teve como objetivo desenvolver eventos de elite, derivados do processo transgênico, proporcionando tolerância ao grupo de herbicidas e geração de cultivares. O experimento foi realizado com três cultivares tolerantes a herbicidas do grupo das imidazolinonas, possibilitado pela absorção de conhecimentos externos oriundos de alianças interorganizacionais e intraorganizacionais, principalmente da BASF, empresa multinacional parceira. A aquisição da capacidade de absorção da Embrapa Soja durante o desenvolvimento do projeto permitiu a absorção do conhecimento de seus parceiros.

O Projeto B investigou a viabilidade da coinoculação de Azospirillum e Bradyrhizobium, obtida com o registro do produto AzoTotal Max. O projeto foi possível devido ao conhecimento externo absorvido de alianças interorganizacionais e intraorganizacionais.

O Projeto C validou o Protocolo de Carne Carbono Neutro, incluindo o desenvolvimento de aplicações, apoio a políticas públicas e capacitação de multiplicadores.

5. Discussão

Discute-se a aderência das proposições ao referencial teórico (Tabelas 4, 5, 6, 7 e 8). A maioria das proposições aderiu às evidências coletadas em campo, exceto a Proposição “P3”, que não aderiu ao Projeto B, e a Proposta “P8”, que não aderiu aos Projetos A, B e C.

Nas alianças intraorganizacionais dos Projetos A e C, o conhecimento idiossincrático foi predominante devido ao alto nível de especialização dos pesquisadores parceiros e conhecimento único (Jensen & Meckling, 1992Jensen, M. C., & Meckling, W. H. (1992). Specific and general knowledge and organizational structure. Journal of Applied Corporate Finance, 8(2), 4-18.). A proposição 3 foi aderente nos projetos A e C. No entanto, no Projeto C, as alianças intraorganizacionais complementaram o conhecimento técnico e científico. Nas alianças interorganizacionais dos três projetos, buscou-se conhecimento técnico, científico e mercadológico (Tabela 4).

Tabela 4.
Revisão e Validação das Propostas do Estudo da Análise Intracaso para a categoria Antecedentes.
Tabela 5.
Revisão e Validação das Propostas do Estudo da Análise Intracaso para a categoria Facilitadores.
Tabela 6.
Revisão e Validação das Propostas do Estudo da categoria Análise Intracaso para Indutores.
Tabela 7.
Revisão e Validação das Propostas do Estudo da Análise Intracaso para a categoria Maturidade.
Tabela 8.
Revisão e Validação das Propostas do Estudo da Análise Intracaso para a categoria Escalabilidade.

Todas as proposições relacionadas aos facilitadores (P5, P6 e P7) foram aderentes. A diversidade de portfólios de alianças potencializou o acesso ao conhecimento, resultando no amadurecimento da capacidade de absorção organizacional e escalabilidade das rotinas de capacidade de absorção para as fases do ciclo de vida dos projetos de P&D, bem como da capacidade de absorção individual (Tabela 5).

O estudo revelou que a integração social é praticada em alianças intra e interorganizacionais, pois nos projetos, a integração social é um potencializador da capacidade de absorção em ambas as alianças. Uma vez que a integração social é praticada em alianças intraorganizacionais e interorganizacionais, a Proposição 8 não foi confirmada. Por outro lado, os regimes de apropriabilidade são mais praticados em alianças interorganizacionais, confirmando a aderência da proposição (P9) (Tabela 6)

Os projetos mostraram maturidade da capacidade de absorção através da sistematização e desenvolvimento de suas potencialidades, realizadas e escalonáveis. Essa maturidade é demonstrada pela aquisição, assimilação, transformação e exploração inter-relacionadas com as fases do ciclo de vida (Tabela 7). Essa sistematização de rotinas, processos e sistemas evidencia sua maturidade nos três projetos, comprovando a aderência à Proposta 10.

As unidades da Embrapa em estudo possuem um sistema de gestão estratégica com mecanismos desenvolvidos ao longo do tempo e com experiência (Zahra & George, 2002Zahra, S. A., & George, G. (2002). Absorptive capacity: A review, reconceptualization, and extension. Academy of Management Review, 27(2), 185-203.). Além disso, a liderança ativa em projetos de P&D contribui para o compartilhamento de objetivos e metas, bem como a execução de testes, favorecendo o fluxo de conhecimento. As proposições 1 e 2 são aderentes. A capacidade de absorção da Embrapa, particularmente suas rotinas de aquisição, assimilação, transformação e exploração, caracterizada por sua maturidade, é dimensionada do nível organizacional ao de projeto e é praticada nas fases do ciclo de vida de projetos de P&D intra e interorganizacionais. Portanto, a escalabilidade ocorre por meio do aprimoramento das rotinas de nível operacional dos projetos de P&D. A escalabilidade também ocorre da Embrapa para o parceiro (Tabela 8), aderente à Proposta 11.

7. Modelo Proposicional

A investigação intracaso e a análise da aderência das proposições permitiram desenvolver um modelo proposicional de maturidade da capacidade absortiva na Embrapa (Figura 1).

Figura 1.
Modelo propositivo de maturidade da capacidade absortiva em empresa pública de pesquisa.

No modelo proposicional (Figura 1), a análise central é (a) as dimensões potenciais e realizadas, que conferem maturidade à capacidade de absorção das organizações (Guedes et al., 2017Guedes, H. de P., Ziviani, F., Paiva, R. V. C. de, Ferreira, M. A. T., & Herzog, M. de M. (2017). Assessment of absorptive capacity: a study in Brazilian manufactures of solar panels. Gestão & Produção, 24(1), 50-63.). O acúmulo de aprendizagem organizacional e interorganizacional na gestão de alianças inter e interorganizacionais (Zahra & George, 2002Zahra, S. A., & George, G. (2002). Absorptive capacity: A review, reconceptualization, and extension. Academy of Management Review, 27(2), 185-203.) permite a escalabilidade das dimensões da capacidade de absorção organizacional para as fases do ciclo de vida de projetos de P&D (Mikulskienė, 2014Mikulskienė, B. (2014). Research and development project management. Vilnius: Mykolo Romerio Universitetas.; Pillai et al., 2002Pillai, A. S., Joshi, A., & Rao, K. S. (2002). Performance measurement of R&D projects in a multi-project, concurrent engineering environment. International Journal of Project Management, 20(2), 165-177.; PMI, 2013PMI. (2013). Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos. (5th ed.). USA: Newton Square.).

O Projeto A apresenta escalabilidade da capacidade de absorção organizacional para as fases do ciclo de vida dos projetos. Têm-se como categoria secundária de análise, no modelo proposicional, (b) as fases do ciclo de vida dos projetos de P&D. Nos estágios iniciais, envolvendo (1) escopo inicial, (2) especificação do projeto e (3) planejamento detalhado, rotinas e processos de aquisição de conhecimento externo são predominantes. Na fase de avaliação (4), predominam as rotinas e os processos de assimilação de conhecimentos externos.

Na fase de implementação (5), rotinas e processos de transformação são recombinados com aquisição e assimilação de conhecimento externo. No ciclo de vida do projeto, ocorrem ciclos recursivos de capacidade de absorção para complementar o conhecimento e permitir a transformação adequada do conhecimento.

Nas fases (6) conclusão e (7) pós-projeto, prevalecem as rotinas e processos de exploração do conhecimento externo.

A experiência garante a distinção de facilitadores da capacidade de absorção (Cohen & Levinthal, 1990Cohen, W. M., & Levinthal, D. A. (1990). Absorptive capacity: A new perspective on learning and innovation. Administrative Science Quarterly, 35(1), 128-152.; Moreira et al., 2016Moreira, F. G. P., Torkomian, A. L. V., & Soares, T. F. C. C. (2016). Exploration e o desempenho inovador da firma: como funciona essa relação?. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 18(61), 392-415. ; Wang et al., 2014Wang, W., Liu, L., Feng, Y., & Wang, T. (2014). Innovation with IS usage: Individual absorptive capacity as a mediator. Industrial Management & Data Systems, 114(8), 1110-1130.; Zahra & George, 2002Zahra, S. A., & George, G. (2002). Absorptive capacity: A review, reconceptualization, and extension. Academy of Management Review, 27(2), 185-203.) porque confere maturidade organizacional e aumenta a escalabilidade de rotinas e absorção de conhecimento práticas para as fases do ciclo de vida dos projetos, visto que essa categoria envolve experiência em alianças, diversidade de portfólio de alianças e capacidade de absorção individual.

A ação de indutores da capacidade de absorção (Teece & Pisano, 1994Teece, D., & Pisano, G. (1994). The dynamic capabilities of firms: An introduction. Industrial and Corporate Change, 3(3), 537-556.; Zahra & George, 2002Zahra, S. A., & George, G. (2002). Absorptive capacity: A review, reconceptualization, and extension. Academy of Management Review, 27(2), 185-203.) se refere aos antecedentes (Lane et al., 2006Lane, P. J., Koka, B. R., & Pathak, S. (2006). The reification of absorptive capacity: A critical review and rejuvenation of the construct. Academy of management review, 31(4), 833-863.; Martinkenaite & Breunig, 2016Martinkenaite, I., & Breunig, K. J. (2016). The emergence of absorptive capacity through micro-macro level interactions. Journal of Business Research, 69(2), 700-708.; Volberda et al., 2010Volberda, H. W., Foss, N. J., & Lyles, M. A. (2010). Perspective-absorbing the concept of absorptive capacity: how to realize its potential in the organization field. Organization Science, 21(4), 931-951.). O indutor da integração social aumenta as alianças interorganizacionais e intraorganizacionais. O regime de apropriabilidade indutiva maximizou predominantemente as alianças interorganizacionais, e essas alianças possuem rotinas e/ou processos de formalização para garantir a exploração da inovação.

Uma representação das categorias central e secundária do modelo proposicional é mostrada na Figura 1.

7. Conclusão

A produtividade e as tecnologias têm aumentado na agricultura, com foco na sustentabilidade. Aqui, investigaram-se as principais inovações da Embrapa em projetos de P&D a partir de alianças interorganizacionais e intraorganizacionais: soja tolerante à imidazolinona (Projeto A), primeira soja transgênica com tecnologia 100% brasileira; Coinoculação (Projeto B), agregando Azospirillum ao processo tradicional de inoculação, e a marca Carne Carbono Neutro (Projeto C), produção sustentável de carnes e novos mercados.

Foram identificados e sistematizados rotinas e processos organizacionais de aquisição, assimilação, transformação e exploração do conhecimento, tais como: a) rotinas e processos de aprovisionamento; b) rotinas e processos de assimilação; c) rotinas e processos de transformação; e d) rotinas e processos de exploração.

As rotinas e os processos de capacidade absortiva estão inter-relacionados com as fases do ciclo de vida dos projetos de P&D intraorganizacionais e interorganizacionais da Embrapa (Figura 1). O conhecimento é constantemente adquirido, assimilado e transformado durante a implementação de projetos de P&D. A Embrapa alcançou maturidade na sistematização e adaptação de sua capacidade de absorção com essas fases.

Na Embrapa, a capacidade absortiva escalável foi evidenciada em dois níveis: intraorganizacional e interorganizacional. Intraorganizacional ocorreu quando rotinas e processos de absorção de conhecimento tornaram-se escaláveis e, portanto, adaptados à particularização de rotinas e processos. Interorganizacional refere-se à incorporação de rotinas e processos da Embrapa por parceiros em alianças interorganizacionais.

A capacidade de absorção escalável aqui proposta contribui para o seu surgimento: experiência de aprendizagem na absorção de conhecimentos externos e liderança ativa em projetos de P&D. A análise de antecedentes, facilitadores e indutores revelou detalhes com uma diferenciação entre alianças intraorganizacionais e interorganizacionais.

Este estudo pode orientar gestores de instituições de P&D agropecuárias e de outras áreas, pois apresenta considerações importantes sobre o desenvolvimento da capacidade absortiva em instituições de pesquisa, como o fomento à formação de alianças estratégicas para busca de conhecimento e aumento da capacidade absortiva, estimulando a formação de quadros técnicos, estimulando o contato com os clientes como fonte de aquisição de conhecimento, promovendo um ambiente propício ao compartilhamento de informações, autonomia para execução de P&D, utilização de sistemas de recompensa e buscando a escalabilidade da capacidade de absorção por meio da formação de alianças com empresas líderes em P&D com experiência em aquisição de conhecimento.

As limitações do estudo referem-se à escalabilidade da capacidade de absorção, pois foi obtida apenas nos projetos em estudo e realizados nas unidades da Embrapa, a partir de entrevistas, observação não participante e análise de documentos secundários. Estudos futuros devem se concentrar na percepção do parceiro da capacidade de absorção escalável, contribuição da capacidade de absorção escalável para a maturidade da capacidade de absorção organizacional, alianças escalabilidade e contribuição da capacidade de absorção escalável para o desempenho inovador do parceiro

References

  • Actualitix. (2018). PIB Agrícola Retrieved June 23, 2018, from Retrieved June 23, 2018, from https://pt.actualitix.com/pais/wld/pib-agricola-por-pais.php
    » https://pt.actualitix.com/pais/wld/pib-agricola-por-pais.php
  • Adams, D. R., Flatten, T. C., Brinkmann, H., & Brettel, M. (2016). Consequences and antecedents of absorptive capacity in a cross-cultural context. International Journal of Innovation Management, 20(1), 1-39.
  • Ali, I., Musawir, A. U., & Ali, M. (2018). Impact of knowledge sharing and absorptive capacity on project performance: the moderating role of social processes. Journal of Knowledge Management, 22(2), 453-477.
  • Alves-Mazzoti, A. J., & Gewandsznajder, F. (1999). O método nas ciências naturais e sociais (2nd ed.). São Paulo: Pioneira.
  • Bardin, L. (2010). Análise de conteúdo (1977). (70th ed.). Lisboa: Edições 70.
  • Bjorvatn, T., & Wald, A. (2018). Project complexity and team-level absorptive capacity as drivers of project management performance. International Journal of Project Management, 36(6), 876-888.
  • Camargo, B. V., & Justo, A. M. (2013). Iramuteq: um software gratuito para análises de dados textuais. Temas em Psicologia, 21(2), 513-518.
  • Cohen, W. M., & Levinthal, D. A. (1990). Absorptive capacity: A new perspective on learning and innovation. Administrative Science Quarterly, 35(1), 128-152.
  • Coleman, S., & MacNicol, D. (2016). Project leadership New York: Routledge.
  • Costa, P. R., & Porto, G. S. (2014). Technological governance and cooperability in Brazilian multinationals. Revista de Administração de Empresas, 54(2), 201-221.
  • Crespi, T. B., Rezende, P. C., Preusler, T. S., & Porto, G. S. (2019). The alignment of organizational structure and R&D management in internationalized public company: The Embrapa case. Innovation & Management Review, 16(2), 193-216.
  • Crestana, S. (2012). Relatório do seminário preparatório Internacionalização da inovação brasileira. Parcerias Estratégicas, 15(31), 269-282.
  • Creswell, J. (2017). Research design: Qualitative, quantitative, and mixed methods approaches London: SAGE publications.
  • Dingler, A., & Enkel, E. (2016). Socialization and innovation: Insights from collaboration across industry boundaries. Technological Forecasting and Social Change, 109, 50-60.
  • Eisenhardt, K. M., & Graebner, M. E. (2007). Theory building from cases: Opportunities and challenges.The Academy of Management Journal, 50(1), 25-32.
  • Embrapa. (2014). Visão 2014-2034: O futuro do desenvolvimento tecnológico da agricultura brasileira (1st ed.). Brasília, DF: Embrapa.
  • Embrapa. (2016a). Embrapa em Números (1a ed.). Brasília, DF: Embrapa .
  • Embrapa. (2016b). Macroprogramas Retrieved August 31, 2016, from Retrieved August 31, 2016, from https://www.EMBRAPA.br/pesquisa-e-desenvolvimento/macroprogramas
    » https://www.EMBRAPA.br/pesquisa-e-desenvolvimento/macroprogramas
  • Gebauer, H., Worch, H., & Truffer, B. (2012). Absorptive capacity, learning processes and combinative capabilities as determinants of strategic. European Management Journal, 30(1), 57-73.
  • Godoy, A. S. (1995). Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista de Administração de Empresas, 35(2), 57-63.
  • Grant, R. M. (1996). Toward knowledge-based theory of firm. Strategic Management Journal, 17(S2), 109-122.
  • Grover, V., & Kohli, R. (2012). Cocreating IT value: New capabilities and metrics for multifirm environments. MIS Quarterly, 36(1), 225-232.
  • Guedes, H. de P., Ziviani, F., Paiva, R. V. C. de, Ferreira, M. A. T., & Herzog, M. de M. (2017). Assessment of absorptive capacity: a study in Brazilian manufactures of solar panels. Gestão & Produção, 24(1), 50-63.
  • Gulati, R. (1998). Alliances and networks. Strategic Management Journal, 19(4), 293-317.
  • Henttonen, K., Hurmelinna-Laukkanen, P., & Ritala, P. (2016). Managing the appropriability of R&D collaboration. R&D Management, 46(S1), 145-158.
  • Inkinen, H. (2016). Review of empirical research on knowledge management practices and firm performance. Journal of Knowledge Management, 20(2), 230-257.
  • Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. (2017). Indicadores conjunturais em 2017 Retrieved July 11, 2018, from Retrieved July 11, 2018, from https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/pesquisas/indicadores.php
    » https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/pesquisas/indicadores.php
  • Jensen, M. C., & Meckling, W. H. (1992). Specific and general knowledge and organizational structure. Journal of Applied Corporate Finance, 8(2), 4-18.
  • Lane, P. J., & Lubatkin, M. (1998). Relative absorptive capacity and interorganizational learning. Strategic Management Journal, 19(5), 461-477.
  • Lane, P. J., Koka, B. R., & Pathak, S. (2006). The reification of absorptive capacity: A critical review and rejuvenation of the construct. Academy of management review, 31(4), 833-863.
  • Lewin, A. Y., Massini, S., & Peeters, C. (2011). Microfoundations of internal and external absorptive capacity routines. Organization Science, 22(1), 81-98.
  • Lin, H.-F., Su, J. Q., & Higgins, A. (2016). How dynamic capabilities affect adoption of management innovations. Journal of Business Research, 69(2), 862-876.
  • MacDonald, G. K., et al. (2015). Rethinking Agricultural Trade Relationships in an Era of Globalization. BioScience, 65(3), 275-289.
  • Martinkenaite, I., & Breunig, K. J. (2016). The emergence of absorptive capacity through micro-macro level interactions. Journal of Business Research, 69(2), 700-708.
  • Mikulskienė, B. (2014). Research and development project management Vilnius: Mykolo Romerio Universitetas.
  • Miles, M. B., & Huberman, A. M. (1994). Qualitative data analysis: An expanded book London: Sage.
  • Moilanen, M., Østbye, S., & Woll, K. (2014). Non-R&D SMEs: external knowledge, absorptive capacity and product innovation. Small Business Economics, 43(2), 447-462.
  • Moura, D. C., Madeira, M. J., Duarte, F. A., Carvalho, J., & Kahilana, O. (2019). Absorptive capacity and cooperation evidence in innovation from public policies for innovation. International Journal of Innovation Science, 11(1), 2-19.
  • Moreira, F. G. P., Torkomian, A. L. V., & Soares, T. F. C. C. (2016). Exploration e o desempenho inovador da firma: como funciona essa relação?. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 18(61), 392-415.
  • Packendorff, J., Crevani, L., & Lindgren, M. (2014). Project leadership in becoming: A process study of an organizational change project. Project Management Journal, 45(3), 5-20.
  • Pillai, A. S., Joshi, A., & Rao, K. S. (2002). Performance measurement of R&D projects in a multi-project, concurrent engineering environment. International Journal of Project Management, 20(2), 165-177.
  • PMI. (2013). Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos (5th ed.). USA: Newton Square.
  • Ritala, P., & Hurmelinna-Laukkanen, P. (2013). Incremental and radical innovation in coopetition - The role of absorptive capacity and appropriability. Journal of Product Innovation Management, 30(1), 154-169.
  • Roberts, N. (2015). Absorptive capacity, organizational antecedents, and environmental dynamism. Journal of Business Research, 68(11), 2426-2433.
  • Rothaermel, F. T., & Deeds, D. L. (2006). Alliance type, alliance experience and alliance management capability in high-technology ventures. Journal of Business Venturing, 21(4), 429-460.
  • Sáez, C. B., Arribas, E. H., & García, T. (2002). Collaboration in R&D with universities and research centres: An empirical study of Spanish firms. R&D Management, 32(4), 321-341.
  • Shin, K., Kim, S. J., & Park, G. (2016). How does the partner type in R&D alliances impact technological innovation performance? A study on the Korean biotechnology industry. Asia Pacific Journal of Management, 33(1), 141-164.
  • Santos, J. (2006). O desafio Metanacional. In B. Tanuare & R. G. Duarte (Org.). Gestão Internacional São Paulo: Saraiva.
  • Silva, E. L. (2002). A construção do conhecimento científico: o processo, a atividade e a comunicação científica em um laboratório de pesquisa. Perspectivas em Ciência da Informação, 7(2), 109-125.
  • Szulanski, G. (1996). Exploring internal stickiness: Impediments to the transfer of best practice within the firm. Strategic Management Journal, 17(S2), 27-43.
  • Teece, D. J., Pisano, G., & Shuen, A. (1997). Dynamic capabilities and strategic management. Strategic Management Journal, 18(7), 509-533.
  • Teece, D., & Pisano, G. (1994). The dynamic capabilities of firms: An introduction. Industrial and Corporate Change, 3(3), 537-556.
  • Tsai, W. (2001). Knowledge transfer in intraorganizational networks: Effects of network position and absorptive capacity on business unit innovation and performance. Academy of Management Journal, 44(5), 996-1004.
  • Volberda, H. W., Foss, N. J., & Lyles, M. A. (2010). Perspective-absorbing the concept of absorptive capacity: how to realize its potential in the organization field. Organization Science, 21(4), 931-951.
  • Wang, W., Liu, L., Feng, Y., & Wang, T. (2014). Innovation with IS usage: Individual absorptive capacity as a mediator. Industrial Management & Data Systems, 114(8), 1110-1130.
  • Wang, Y., & Rajagopalan, N. (2015). Alliance Capabilities Review and Research Agenda. Journal of Management, 41(1), 236-260.
  • Zahra, S. A., & George, G. (2002). Absorptive capacity: A review, reconceptualization, and extension. Academy of Management Review, 27(2), 185-203.
  • Zamberlan, L., et al. (2014). Pesquisa em ciências sociais aplicadas Ijuí, RS: Unijuí.
  • Zollo, M., & Winter, S. G. (2002). Deliberate learning and the evolution of dynamic capabilities. Organization Science, 13(3), 339-351.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Mar 2022
  • Data do Fascículo
    Mar-Apr 2022

Histórico

  • Recebido
    28 Nov 2019
  • Revisado
    09 Jun 2020
  • Aceito
    10 Maio 2021
  • Publicado
    08 Fev 2022
Fucape Business School Av. Fernando Ferrari, 1358, Boa Vista, 29075-505, Vitória, Espírito Santo, Brasil, (27) 4009-4423 - Vitória - ES - Brazil
E-mail: bbronline@bbronline.com.br