Acessibilidade / Reportar erro

Batom, pó de arroz e microchips - o falso paradoxo entre as dimensões masculina e feminina nas organizações e a gestão de pessoas

Resumos

Neste artigo identificamos e analisamos o falso paradoxo entre as dimensões masculina e feminina nas organizações. Segundo o paradigma da análise de gênero aplicado à teoria organizacional, mostramos que a estrutura burocrática formal é muitas vezes expressão de uma racionalidade instrumental ligada a valores masculinos, na qual a dimensão feminina relaciona-se a comportamentos vistos como irracionais e incompatíveis. Apresentamos um estudo de caso realizado em uma empresa de alta tecnologia para exemplificar o confronto entre a estrutura burocrática formal e a organização informal. Mostramos como, na realidade, a tolerância com comportamentos dos atores sociais tidos como irracionais e a criação de "espaços de diferenciação" ou de "expressão identitária" são fundamentais para o funcionamento de uma estrutura de trabalho que se mostra muitas vezes rígida e despersonalizante. Ao final, sustentamos que um equilíbrio dinâmico entre as dimensões masculina e feminina nas organizações deve ser consequência de políticas de gestão da diversidade, que deve viabilizar a criação de um ambiente onde todos possam desenvolver plenamente o seu potencial individual na realização dos objetivos coletivos.


In this paper we identify and analyse the false paradox between the male and female dimensions in oganizations. According to the gender analysis paradigm in organizational studies, we show that the formal burocratic estructure is often the expression of a instrumental rationality based on male values, in which the female dimension is associated to patterns of behaviour seen as irational and incompatible. We present a case study in a high tech company to ilustrate the battle between the formal burocratic structure, the taylorist organization and the informal organization. We show that, in reality, the tolerance to behaviour seen as irational and the creation of "identity expression zones" are necessary to the functioning of a rigid work structure. We conclude arguing that a dinamic equilibrium between the male and female dimensions in organizations must be consequence of diversity management policies, that may contribute to the creation of an environment where individuals can develop their potential in the process of achievement of colective goals.


ARTIGOS / ARTICLES

Batom, pó de arroz e microchips - o falso paradoxo entre as dimensões masculina e feminina nas organizações e a gestão de pessoas

Isabella Freitas Gouveia de VasconcelosI ; Flávio Carvalho de VasconcelosII ; André Ofenhejm MascarenhasIII

IProfa PPGA/Universidade Mackenzie e FGV/EAESP

IIProf. FGV-EAESP

IIIDoutorando FGV/EAESP e Prof. Universidade Mackenzie

RESUMO

Neste artigo identificamos e analisamos o falso paradoxo entre as dimensões masculina e feminina nas organizações. Segundo o paradigma da análise de gênero aplicado à teoria organizacional, mostramos que a estrutura burocrática formal é muitas vezes expressão de uma racionalidade instrumental ligada a valores masculinos, na qual a dimensão feminina relaciona-se a comportamentos vistos como irracionais e incompatíveis. Apresentamos um estudo de caso realizado em uma empresa de alta tecnologia para exemplificar o confronto entre a estrutura burocrática formal e a organização informal. Mostramos como, na realidade, a tolerância com comportamentos dos atores sociais tidos como irracionais e a criação de "espaços de diferenciação" ou de "expressão identitária" são fundamentais para o funcionamento de uma estrutura de trabalho que se mostra muitas vezes rígida e despersonalizante. Ao final, sustentamos que um equilíbrio dinâmico entre as dimensões masculina e feminina nas organizações deve ser consequência de políticas de gestão da diversidade, que deve viabilizar a criação de um ambiente onde todos possam desenvolver plenamente o seu potencial individual na realização dos objetivos coletivos.

ABSTRACT

In this paper we identify and analyse the false paradox between the male and female dimensions in oganizations. According to the gender analysis paradigm in organizational studies, we show that the formal burocratic estructure is often the expression of a instrumental rationality based on male values, in which the female dimension is associated to patterns of behaviour seen as irational and incompatible. We present a case study in a high tech company to ilustrate the battle between the formal burocratic structure, the taylorist organization and the informal organization. We show that, in reality, the tolerance to behaviour seen as irational and the creation of "identity expression zones" are necessary to the functioning of a rigid work structure. We conclude arguing that a dinamic equilibrium between the male and female dimensions in organizations must be consequence of diversity management policies, that may contribute to the creation of an environment where individuals can develop their potential in the process of achievement of colective goals.

Texto completo disponivel apenas em PDF.

Full text avaliable only in PDF.

  • AIDAR, M., BRISOLA, A., MOTTA, F., WOOD JR., T. Cultura Organizacional Brasileira. Em: WOOD JR., T., Mudança Organizacional, (coord.), São Paulo, Atlas, 2ª.ed., 2000.
  • BETIOL, M ., Ser Administradora é o Feminino de ser Administrador? , artigo apresentado na 1 a. conferência da Rede Aliança, HEC/França, 2000.
  • BURREL, G., MORGAN, G., Sociological paradigms and organiztional analysis Londres, Ashgate Publishing, 1994.
  • CALAS, M., SMIRCICH, L., Do Ponto de Vista da Mulher: Abordagens Feministas em Estudos Organizacionais, Em: CALDAS, M., FACHIN, R. FISCHER, T. (orgs.), Handbook de Estudos Organizacionais. São Paulo, Editora Atlas, 1999.
  • CARVALHO, M., Redes Sociais: Convergências e Paradoxos na Ação Gerencial, Salvador, Anais do ENANPAD, 2002.
  • COX, T., Cultural diversity in organizations: theory, research and practice. São Francisco, Berrett-Koehler Publishers, 1993.
  • DA MATTA, R. Carnaval, Malandros e Heróis - para uma Sociologia do Dilema Brasileiro. Rio de Janeiro, Guanabara, 1990.
  • EISENHARDT, K., Paradox, spirals, ambivalence: the new language of change and pluralism. The Academy of Management Review,-25(4):703-706, 2000.
  • FLEURY, M. Gerenciando a diversidade cultural: experiências de empresas brasileiras. São Paulo, Revista de Administração de Empresas, V. 40, N° 3, 2000.
  • FOUCALT, M. Discipline and Punish, Nova Iorque, Vintage Books, 1979.
  • HECKSCHER, C., The Post-Bureaucratic Organization. Thousand Oaks, Sage, 1994.
  • HISCHMANN, A., Exit, Voice and Loyalty. Cambridge, Harvard University Press, 1970.
  • HOFSTEDE, G., Cultures and Organizations - Software of the Mind. Nova Iorque, McGraw-Hill, 1997.
  • LEWIS, M., Exploring Paradox -toward a more comprehensive guide. The Academy of Management Review, 25(4):760-776,2000.
  • MANDELL, B., KOHLER-GRAY, S., Management development that values diversity, Personnel, AMA, março de 1990.
  • MORGAN, G., Imagens da Organização, São Paulo, Editora Atlas, 1996.
  • PAGÈS, M, BONNETTI, M, DE GAULEJAC, V., DESCENDRE, D., L 'Emprise de l'Organisation. Paris, P.U.F., 1991.
  • ROSENZWEIG, P., Managing the new global workforce: fostering diversity, forging consistency. European Management Journal, Vol. 16, No 6, p.644-652, Dezembro 1998.
  • SAINSAULIEU, R., Identité au Travail, Paris, PFNSP, 1977.
  • SCOTT, J., Gender: a useful category of historical analysis. American Historical Review, 91: 1053-75, 1986.
  • SEGNINI, L., Nota Técnica: Do Ponto de Vista do Brasil: Estudos Organizacionais e a Questão do Feminismo, Em: CALDAS, M., FACHIN, R. FISCHER, T. (ORGS), Handbook de Estudos Organizacionais. São Paulo, Atlas, 1999.
  • SHEPPARD, D. Image and Self-Image of Women in Organizations. Trabalho apresentado para a Annual Conference of the Canadian Research Institute for the Advancement of Women, Montreal, 1984.
  • SMIRCICH, L., Organizations as shared meanings. Em: PONDY, L. (org.), Organizational symbolism. Greenwich: Jal, 1983a.
  • SMIRCICH, L., Studying Organizations as culures. In: MOGAN, G. (org.), Beyond method: strategies for social research. Beverly Hills: sage, 1983b.
  • SIMON, H., A behavioral model of rational choice. Quartely Jounal of Economies, L XIX, 99-118,1955.
  • THOMAS, David A., Making Differences Matter: a New Paradigm for Managing Diversity, Harvard Business Review, vol.74 n.5, Set./Out., 1996.
  • VASCONCELOS, I., "La Gestion Symbolique dans une Entreprise d'Informatique Bresilienne et dans une entreprise d'Informatique Française: Une Analyse Critique du Programme "Market Driven Quality", mémoire de D.E.A- Diplome d'Etudes Approfondies apresentado à universidade de Paris IX Dauphine, Paris, França, 1994.
  • VASCONCELOS, I., MOTTA, F., PINOCHET, L., Tecnologia, paradoxos organizacionais e gestão de pessoas. Revista de Administração de Empresas, volume 43, número 2, Abr./Jun. 2003.
  • VASCONCELOS, I. E MASCARENHAS, A. Paradoxos Organizacionais e Tecnologia da Informação: Uma Análise Crítica da Implantação de Sistemas de Auto-Atendimento na Área de Gestão de Pessoas da Souza Cruz, Anais do XXVII ENANPAD, Atibaia, 2003.
  • WEBER, M., A "objetividade" do conhecimento nas ciências sociais, In: COHN, G., Weber, coleção grandes cientistas sociais, Editora Ática, 1997.
  • ZUBOFF, S., In the Age of The Smart Machine. Nova Iorque, Basicbooks, 1988.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Out 2014
  • Data do Fascículo
    Dez 2004
Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia Av. Reitor Miguel Calmon, s/n 3o. sala 29, 41110-903 Salvador-BA Brasil, Tel.: (55 71) 3283-7344, Fax.:(55 71) 3283-7667 - Salvador - BA - Brazil
E-mail: revistaoes@ufba.br