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Perfil audiológico de motoristas agrícolas expostos: ruído e hidrocarbonetos

RESUMO

Objetivo:

Estabelecer o perfil audiológico de motoristas agrícolas expostos, simultaneamente, a ruído e hidrocarbonetos.

Métodos:

Foram analisados os prontuários de motoristas com queixas auditivas de uma empresa do ramo agrícola do município de Lençóis Paulista (SP), dentro do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). As informações analisadas foram: idade, tempo de exposição combinada a ruído e hidrocarbonetos e exames de audiometria tonal liminar de referência. Para a análise da influência da idade e do tempo de exposição sobre os limiares auditivos, ajustaram-se modelos de sobrevivência para dados grupados (riscos proporcionais e logísticos).

Resultados:

Verificou-se que os efeitos da idade e do tempo de exposição combinada a ruído e hidrocarbonetos foram significativos na perda de audição, nos modelos de riscos proporcionais e logísticos.

Conclusão:

É fundamental o desenvolvimento de ações voltadas para a prevenção de perdas auditivas em motoristas agrícolas expostos aos agentes ruído e hidrocarbonetos.

Descritores:
Ruído; Audição; Exposição ocupacional; Compostos químicos; Hidrocarbonetos

ABSTRACT

Purpose:

To establish the audiological profile of agricultural drivers simultaneously exposed to noise and hydrocarbons.

Methods:

The study comprised analysis of the medical records of agricultural drivers with hearing complaints, from an agricultural company of Lençóis Paulista (SP), Brazil, within the Environmental Risk Prevention Program. The information analyzed included age, period of simultaneous exposure to noise and hydrocarbons and testing of reference pure tone audiometry. Survival models for grouped data (proportional risk and logistic) were adjusted to analyze the influence of age and period of exposure of hearing thresholds.

Results:

It was observed that the effects of age and period of simultaneous exposure to noise and hydrocarbons were significant for hearing loss in proportional risk and logistic models.

Conclusion:

It is fundamental to develop actions for the prevention of hearing loss in agricultural drivers exposed to the agents noise and hydrocarbons.

Keywords:
Noise; Hearing; Occupational exposure; Chemical compounds; Hidrocarbons

INTRODUÇÃO

A perda auditiva é uma doença ocupacional e, apesar de ser passível de prevenção, é considerada um problema de saúde importante em nossa sociedade. Embora a maior prevalência seja em países industrializados, no Brasil, a perda auditiva induzida pelo ruído (PAIR) está entre os principais problemas de saúde dos trabalhadores(11. Bramatti L, Morata TC, Marques JM. Ações educativas com enfoque positivo em programa de conservação auditiva e sua avaliação. Rev CEFAC. 2008;10(3):398–408. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-18462008000300016
http://dx.doi.org/10.1590/S1516-18462008...
).

Os trabalhadores acometidos por perda de audição estão sujeitos ao isolamento social, resultando no prejuízo da comunicação com familiares e amigos, na diminuição na habilidade para monitorar o ambiente de trabalho (sinais de advertência), no risco mais alto de acidentes no local de trabalho e na redução da qualidade de vida, em função do zumbido inflexível(22. Franks JR, Stephenson MR, Merry CJ, editors. Preventing occupational hearing loss: a practical guide. Cincinnati: National Institute for Occupational Safety and Health; 1996.).

Neste sentido, o Ministério do Trabalho(33. Brasil. Lei nº 7.855, de 24 de outubro de 1989. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho, atualiza os valores das multas trabalhistas, amplia sua aplicação, institui o Programa de Desenvolvimento do Sistema Federal de Inspeção do Trabalho e dá outras providências. Diário Oficial União. 25 out 1989.) e a Portaria SSST/MTb nº 5, publicada em 25 de fevereiro de 1997(44. Ministério do Trabalho (BR), Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho. Portaria nº 5, de 25 de fevereiro de 1997. Altera a Portaria nº 24, de 19 de dezembro de 1994 - NR 7 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. Diário Oficial União. 22 abr 1988.), estabeleceram diretrizes e parâmetros mínimos para a avaliação e acompanhamento da audição dos trabalhadores expostos a níveis de pressão sonora elevados. A PAIR foi definida como a alteração dos limiares auditivos, do tipo neurossensorial, decorrente da exposição ao ruído ocupacional, apresentando como características principais, a irreversibilidade e a progressão gradual, com o tempo de exposição.

É sabido que, além do ruído, alguns agentes químicos utilizados em diversas áreas do meio industrial também podem levar à perda auditiva, e que, quando existe o fator coexposição - agente químico associado ao ruído -, a perda auditiva pode ser potencializada(55. Morata TC, Little MB. Suggested guidelines for studying the combined effects of occupational exposure to noise and chemicals on hearing. Noise Health. 2002;4(14):73–87.,66. Johnson AC, Morata TC. Occupational exposure to chemicals and hearing impairment. Gothenburg: Arbete och Hälsa. 2010;44(4):1–177.). A interação sinérgica entre ruído e solventes foi descrita em alguns estudos(77. Barregård L, Axelsson A. Is there an ototraumatic interaction between noise and solvents? Scand Audiol. 1984;13(3):151–5. http://dx.doi.org/10.3109/01050398409043054
http://dx.doi.org/10.3109/01050398409043...
,88. Morata TC, Dunn DE, Sieber WK. Occupational exposure to noise and ototoxic organic solvents. Arch Environ Health. 1994;49(5):359–65. http://dx.doi.org/10.1080/00039896.1994.9954988
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), enquanto outros demonstraram que o ruído se faz dominante, quando pensamos na perda auditiva ocupacional(99. Jacobsen P, Hein HO, Suadicani P, Parving A, Gyntelberg F. Mixed solvent exposure and hearing impairment: an epidemiological study of 3284 men. The Copenhagen male study. Occup Med (Lond). 1993;43(4):180–4. http://dx.doi.org/10.1093/occmed/43.4.180
http://dx.doi.org/10.1093/occmed/43.4.18...
,1010. Sass-Kortsak AM, Corey PN, Robertson JM. An investigation of the association between exposure to styrene and hearing loss. Ann Epidemiol. 1995;5(1):15–24. http://dx.doi.org/10.1016/1047-2797(94)00036-S
http://dx.doi.org/10.1016/1047-2797(94)0...
). De acordo com o National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH)(1111. Center for Disease Control and Prevention (CDC). National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH). Carbon monoxide poisoning. Atlanta: Center for Disease Control and Prevention; 2009 [acesso em: 15 dez 2014]. Disponível em: http://www.cdc.gov/co/default.htm
http://www.cdc.gov/co/default.htm...
), três grupos são considerados de alta prioridade para pesquisa: solventes, asfixiantes e metais, e, mais recentemente, os agrotóxicos organofosforados(1212. Lacerda A, Garofani VG, Ribeiro L, Marques JM. Efeitos auditivos em operadores de empilhadeiras. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2010;15(4):514–9. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-80342010000400007
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).

No presente estudo, foram destacados os efeitos da exposição combinada dos hidrocarbonetos e ruído. Investigações sobre os efeitos do hidrocarboneto no sistema auditivo, bem como os efeitos deletérios da exposição simultânea a mais de um agente, como o ruído, ainda são escassas.

Os achados audiológicos da perda auditiva por exposição ocupacional a substâncias químicas não diferem muito da PAIR, no que diz respeito à configuração audiométrica. Em geral, essa perda se caracteriza por ser coclear, bilateral, simétrica, progressiva e irreversível, com início nas frequências altas, tendo a configuração praticamente idêntica à da PAIR(1313. Mello AP, Waismann W. Exposição ocupacional ao ruído e químicos industriais e seus efeitos no sistema auditivo: revisão da literatura. Arq Int Otorrinolaringol. 2004;8(3):226–34.). A ação tóxica dos agentes químicos sobre o sistema auditivo pode ser periférica ou central, variando de lesões das células ciliadas externas a lesões do VIII par craniano, alterações no sistema vestibular e no sistema nervoso central(1414. Fernandes T, Souza MT. Efeitos auditivos em trabalhadores expostos a ruído e produtos químicos. Rev CEFAC. 2006;8(2):235–9.).

O petróleo é uma mistura complexa que contém vários compostos, sendo que os hidrocarbonetos representam a fração majoritária. De acordo com a sua origem e suas composições químicas e propriedades físicas, há variação de um campo petrolífero para outro. Os compostos de interesse que exigem maior preocupação ambiental são: benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno. Esses compostos, conhecidos também como BTEX, são definidos como hidrocarbonetos monoaromáticos, cujas estruturas moleculares possuem como característica principal a presença do anel benzênico. São usados, principalmente, em solventes e em combustíveis, sendo os constituintes mais solúveis na fração da gasolina. Esses compostos são tóxicos tanto para o meio ambiente, quanto para o ser humano, atuando como depressores do sistema nervoso central e apresentando toxicidade crônica(1515. Andrade JA, Augusto F, Jardim ICS. Biorremediação de solos contaminados por petróleo e seus derivados. Eclet Quím. 2010;35(3):17–43. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-46702010000300002
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).

Estudos demonstraram que o local da lesão, os mecanismos e a extensão do problema causado por essas toxinas, podem variar de acordo com os fatores de risco, que incluem: o tipo de contaminante, as interações com outros agentes ototóxicos, a concentração e o tempo de exposição(1616. Lacerda ABM, Morata TC. O risco de perda auditiva decorrente da exposição ao ruído associada a agentes químicos. In: Morata TC, Zucki F, organizadores. Saúde auditiva: avaliação de riscos e prevenção. São Paulo: Plexus; 2010. p. 99–117.).

Achados de ototoxicidade decorrente da exposição a produtos químicos demonstraram a necessidade de ampliar a discussão sobre a avaliação do risco auditivo e de adotar medidas de prevenção a serem aplicadas em trabalhadores expostos, simultaneamente, a determinados agentes.

Legislações internacionais não exigem o monitoramento da audição dos trabalhadores expostos a produtos químicos, exceto nos casos em que a exposição seja em níveis de ruído acima dos limites permitidos. No Brasil, não há na legislação trabalhista, recomendação para a prática de audiometrias periódicas em trabalhadores expostos a produtos químicos, exceto para aqueles expostos ao ruído, de acordo com os anexos I e II da NR-15(1717. Ministério do Trabalho (BR). Norma Regulamentadora nº 15. Atividades e operações insalubres. Diário Oficial União.8 jun 1978.). O Decreto 3048 da Previdência Social(1818. Azevedo APM. Efeito de produtos químicos e ruído na gênese da perda auditiva ocupacional [dissertação]. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Osvaldo Cruz; 2004.) reconhece o benzeno e seus homólogos tóxicos (tolueno e xileno) e os hidrocarbonetos alifáticos ou aromáticos (seus derivados halogenados tóxicos) como agentes etiológicos, ou fatores de risco de natureza ocupacional para a perda auditiva. Esse decreto indica que as exposições a esses agentes devem ser consideradas ao se examinar uma perda auditiva e as condições do ambiente de trabalho. Porém, o decreto apenas reconhece o nexo causal, não estabelecendo condições de prevenção

Assim, o objetivo desta pesquisa foi analisar o perfil audiológico de motoristas agrícolas expostos, simultaneamente, a ruído e hidrocarbonetos.

MÉTODOS

O presente estudo teve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo (parecer número 488.758), bem como a aquiescência da empresa estudada.

Caracterização do estudo

Trata-se de um estudo analítico, de coorte, com seguimento prospectivo, caracterizado por uma amostra não probabilística, que teve como base a coleta de dados de prontuários de trabalhadores de uma empresa do ramo agrícola do interior do Estado de São Paulo, a partir do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA).

Critérios de inclusão e seleção da amostra

Os critérios de inclusão adotados para a composição da amostra foram: apresentar exposição combinada a ruído e hidrocarbonetos, além da presença de queixas auditivas.

Foram selecionados, no período de novembro a dezembro de 2013, prontuários de 25 motoristas que atenderam aos critérios de seleção. A idade dos trabalhadores avaliados variou de 21 a 54 anos, com média de idade de 37,8 anos (±9,81). Já o tempo de exposição combinada a ruído e hidrocarboneto foi de 6 a 20 anos, com média de exposição de 8,5 anos (±7,04).

Coleta de dados

Foram coletados os dados dos trabalhadores referentes à idade, tempo de exposição combinada a ruído e hidrocarbonetos e os resultados de audiometrias tonais liminares de referência.

Análise dos dados

Em virtude da ocorrência de grande número de empates dos limiares auditivos em valores múltiplos de cinco, o modelo estatístico adequado para esse tipo de experimento foi o de sobrevivência para dados agrupados(1919. Colosimo EA, Giolo SR. Análise de sobrevivência aplicada. São Paulo: Edgard Blücher; 2006). Além disso, foram avaliados os limiares auditivos nas frequências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz, para classificação do grau da perda auditiva. Compreende-se a importância de se analisar, em estudos que envolvam exposição a agentes ototóxicos, os limiares nas frequências de 6000 Hz, que são frequentemente acometidos nesse tipo de perda auditiva (ruído e/ou agentes químicos), e de 8000 Hz, que pode sofrer a influência da idade (presbiacusia). Contudo, visando contemplar o critério internacionalmente padronizado para a classificação do grau da perda auditiva(2020. World Health Organization. Prevention of blindness and deafness: Grades of hearing impairment. Geneve: World Health Organization; 2014 [acesso em 12 dez 2014]. Disponível em: http://www.who.int/pbd/deafness/hearing_impairment_grades/en/
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), as referidas frequências não foram consideradas na análise estatística. Os resultados do presente estudo podem, inclusive, suscitar a reflexão sobre o uso da classificação do grau da perda auditiva nos casos de exposição a agentes ototóxicos. Considerando que a proporção de empates expressivos foi igual a 0,80, então o modelo adequado para a determinação do limiar auditivo foi o modelo discreto. Além disso, devido à baixa frequência em alguns intervalos, os limiares auditivos foram agrupados em intervalos de (0,15], (15,20], (20,25] e (25,45], para ambas as orelhas. Os modelos ajustados foram os modelos discretos clássicos de riscos proporcionais e logístico de Colosimo(1919. Colosimo EA, Giolo SR. Análise de sobrevivência aplicada. São Paulo: Edgard Blücher; 2006), que modelam a probabilidade condicional de não detectar o estímulo em determinado intervalo de tempo, dado que o indivíduo o detectou nos intervalos anteriores. Os modelos consideram, ainda, as covariáveis idade e tempo de exposição e a interação entre ambas. Para o ajuste do modelo de riscos proporcionais, utilizou-se a linearização da probabilidade condicional, em função das covariáveis. Na estimação do modelo logístico, trabalhou-se com a transformação logito, que é o logaritmo da razão das probabilidades condicionais. Ambos os ajustes podem ser feitos somente numericamente e com o auxílio de pacotes computacionais.

O critério Bayesiano de Schwars (BIC) foi utilizado para a seleção entre os dois modelos (riscos proporcionais e logístico). Esse critério pressupõe um modelo verdadeiro, que descreve a relação entre o limiar de audição e as variáveis independentes (idade e tempo de exposição), entre os dois modelos propostos. Dessa forma, o critério baseia-se na estatística que maximiza a probabilidade de identificar esse modelo verdadeiro, mais especificamente, BIC=-2L + 2 k ln (n), onde L é logaritmo natural da função da verossimilhança avaliada no máximo, k é o número de parâmetros e n o número de observações. O modelo com o menor valor de BIC é aquele com melhor ajuste(2121. Wit E, Heuvel E, Romeijn J-W. “All models are wrong...”: an introduction to model uncertainty. Stat Neerl. 2012;66(3):217–36. http://dx.doi.org/10.1111/j.1467-9574.2012.00530.x
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).

Para a determinação do grau de perda auditiva, foi utilizada a classificação proposta pela Organização Mundial da Saúde(2020. World Health Organization. Prevention of blindness and deafness: Grades of hearing impairment. Geneve: World Health Organization; 2014 [acesso em 12 dez 2014]. Disponível em: http://www.who.int/pbd/deafness/hearing_impairment_grades/en/
http://www.who.int/pbd/deafness/hearing_...
), que utiliza a média das frequências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz (Quadro 1).

Quadro 1
Classificação do grau da perda auditiva de acordo com a OMS(2323. Cohr KH, Stokholm J. Toluene: a toxicologic review. Scand J Work Environ Health. 1979;5(2):71–90. http://dx.doi.org/10.5271/sjweh.2664
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)

Para o processamento e análise dos dados, foram utilizados o programa Microsoft Office Professional Plus 2013 e o software R, versão 2.12.2.

RESULTADOS

A caracterização da amostra quanto aos limiares auditivos para as frequências de 500 a 4000 Hz, para as orelhas direita e esquerda, respectivamente, está demonstrada nas Tabelas 1 e 2.

Tabela 1
Caracterização da amostra quanto aos limiares auditivos para as frequências de 500 a 4000 Hz, na orelha direita
Tabela 2
Caracterização da amostra quanto aos limiares auditivos para as frequências de 500 a 4000 Hz, na orelha esquerda

Foram analisados os modelos logísticos e de riscos proporcionais para os limiares auditivos da orelha direita, não havendo interação significativa do tempo de exposição combinada a ruído e hidrocarbonetos e idade (p=0,882) (Tabela 3), e da orelha esquerda que demonstrou interação significativa entre o tempo de exposição combinada a ruído e hidrocarbonetos e a idade do trabalhador (p=0,043) (Tabela 4).

Tabela 3
Modelos de riscos proporcionais e logísticos para os limiares auditivos da orelha direita
Tabela 4
Modelos de riscos proporcionais e logísticos para os limiares auditivos da orelha esquerda

As estimativas dos coeficientes dos modelos logísticos e de riscos proporcionais foram realizadas para cada orelha. Observou-se que a variação dos erros padrão das estimativas foi pequena, indicativo de que a convergência foi alcançada e o ajuste dos modelos foi adequado para análise. Além disso, com o cálculo do critério de seleção BIC (utilizado, neste caso, devido ao grande tamanho amostral), observou-se pouca variação nos valores obtidos e, desse modo, ambos os modelos puderam ser aplicados na determinação do limiar auditivo (Tabela 5).

Tabela 5
Estimativas e erro padrão dos parâmetros dos intervalos e das idades e tempo de exposição para cada uma das orelhas

As curvas de sobrevivência estimadas estiveram próximas aos limiares obtidos na orelha direita. Por outro lado, na orelha esquerda, observou-se uma grande diferença no limiar auditivo para os indivíduos com diferentes tempos de exposição.

Como o limiar auditivo é definido como a menor intensidade sonora em que o indivíduo detecta a presença do estímulo em 50% das apresentações, as altas probabilidades de sobrevivência indicam piores desempenhos nos testes audiométricos, verificados, neste trabalho, para trabalhadores com maiores tempos de exposição combinada a ruído e hidrocarbonetos (Figura 1).

Figura 1
Modelos de riscos proporcionais, logístico e curvas de sobrevivência estimadas para os limiares auditivos obtidos na orelha esquerda

DISCUSSÃO

Nos ambientes de trabalho, existem inúmeros agentes físicos e químicos que, combinados com estressores sociais e organizacionais, tornam-se riscos à saúde e comprometem o bem-estar dos indivíduos expostos. Tais agentes representam fatores de risco à audição: o ruído intenso, as vibrações e as substâncias químicas(2222. Silva LF, Mendes R. Exposição combinada entre ruído e vibração e seus efeitos sobre a audição de trabalhadores. Rev Saúde Pública. 2005;39(1):9–17. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102005000100002
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). Mesmo em empresas onde o ruído é o principal agente de risco para a perda auditiva, podem existir outros que, por sua ação independente, ou, principalmente, pela interação com altos níveis de pressão sonora, podem acarretar alterações dos limiares auditivos(2323. Cohr KH, Stokholm J. Toluene: a toxicologic review. Scand J Work Environ Health. 1979;5(2):71–90. http://dx.doi.org/10.5271/sjweh.2664
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).

Neste sentido, confirma-se a relevância e a necessidade de se desenvolver estudos e pesquisas sobre as condições dos ambientes de trabalho que apresentam riscos à saúde e ao bem-estar dos trabalhadores do agronegócio.

No presente estudo, foi possível verificar, para a orelha esquerda, uma nítida relação entre o tempo de exposição combinada a ruído e hidrocarbonetos, a perda auditiva e a idade do trabalhador. Houve uma associação, com significância estatística, entre o tempo de exposição combinada a ruído e hidrocarbonetos e a idade dos indivíduos (Tabela 4), o que torna a relação entre o limiar auditivo e a idade distinta e dependente do tempo de exposição do indivíduo.

Na literatura, poucos estudos epidemiológicos demonstram o desencadeamento da perda auditiva, em relação ao tempo de exposição a agentes químicos. Um estudo realizado com agricultores no Rio Grande do Sul, expostos a agentes químicos, encontrou perda auditiva em 60% dos indivíduos expostos aos praguicidas e ao ruído. Em contrapartida, apenas 7% do seu grupo controle (sem exposição aos elementos insalubres) apresentou limiares alterados(2424. Manjabosco CM, Morata TC, Marques JM. Perfil audiométrico de trabalhadores agrícolas. Arq Int Otorrinolaringol. 2004;8(4):285–95.).

Um estudo(2525. Metwally FM, Aziz HM, Mahdy-Abdallah H, ElGelil KS, El-Tahlawy EM. Effect of combined occupational exposure to noise and organic solvents on hearing. Toxicol Ind Health. 2012;28(10):901–7. http://dx.doi.org/10.1177/0748233711427051
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) encontrou diferença significativa quanto à idade e tempo de exposição, demonstrando que as perdas auditivas sensorioneurais em indivíduos expostos, simultaneamente, ao ruído e a solventes, ocorreram mais precocemente, em comparação com o grupo exposto somente ao ruído ocupacional, o que confirma os resultados obtidos no presente estudo.

Analisando os limiares auditivos e a relação entre o tempo de exposição, a idade e a perda de audição, foi observada associação com significância estatística apenas para a orelha esquerda. Uma pesquisa no setor industrial petroquímico(2626. Sá MS. Efeitos auditivos em indivíduos expostos a ação combinada ao ruído e hidrocarbonetos [monografia]. Curitiba: Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná; 2010.) analisou o perfil audiológico de 63 trabalhadores de ambos os gêneros, com idade entre 18 e 60 anos, todos expostos a ruído e hidrocarbonetos derivados do petróleo. Foi observado rebaixamento nos limiares, predominantemente nas frequências altas, a partir de 4000 Hz, em ambas as orelhas, associando a evolução da perda com o aumento da idade. No presente estudo, foi demonstrada a mesma característica no rebaixamento dos limiares, relacionado ao aumento da idade.

É possível observar a relação entre o tempo de exposição combinada a ruído e hidrocarbonetos e a perda de audição. Alguns estudos referem não ter encontrado associação entre o agravo da perda auditiva, quando ocorre com a exposição combinada a ruído e agentes químicos, enquanto outros demonstram fortemente o efeito dessa coexposição.

Um estudo realizado em trabalhadores de uma indústria de fibras de vidro, na Suécia(2727. Morata TC, Johnson AC, Nylen P, Svensson EB, Cheng J, Krieg EF, et al. Audiometric findings in workers exposed to low levels of styrene and noise. J Occup Environ Med. 2002;44(9):806–14. http://dx.doi.org/10.1097/00043764-200209000-00002
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), demonstrou maior prevalência de perda auditiva em altas frequências no grupo exposto, simultaneamente, a ruído e estireno (48%), seguido pelo grupo exposto a estireno isoladamente (47%) e pelo grupo exposto a ruído (42%). Entretanto, a diferença entre as prevalências não foi significativa. Idade, exposição ao ruído e marcador biológico de exposição ao estireno foram as únicas variáveis consideradas significativas.

Uma pesquisa realizada com trabalhadores expostos a ruído e produtos químicos(1414. Fernandes T, Souza MT. Efeitos auditivos em trabalhadores expostos a ruído e produtos químicos. Rev CEFAC. 2006;8(2):235–9.), em uma usina de açúcar e álcool do interior de São Paulo, analisou o perfil audiológico desses funcionários. Eles foram divididos em três grupos: (1) exposição a ruído; (2) exposição a produtos químicos e (3) exposição combinada (ruído e produtos químicos). Ao classificar os achados audiológicos, verificou-se que 40% dos trabalhadores do grupo 2 apresentaram grau de perda 1 (rebaixamento auditivo nas frequências de 4 kHz e 6 kHz), com a maior porcentagem de perdas. Em 10% dos trabalhadores do grupo 3, foi verificada a ocorrência de grau de perda 1 e 20% apresentaram grau de perda 2 (rebaixamento auditivo nas frequências de 3, 4 e 6 kHz). Esses resultados demonstraram menor número de perdas, mas com agravamento em relação ao grau, indicando a nocividade ampliada dos agentes associados. No setor de exposição a ruído, 20% dos trabalhadores apresentaram grau de perda 1. Concluiu-se, portanto, que há existência do risco de perda auditiva não apenas na exposição ao ruído, mas também na exposição a produtos químicos, indicando maior gravidade quando a exposição é associada (ruído e produtos químicos).

Outros estudos concordam com os achados acima. Um exemplo é um estudo transversal, realizado com 99 trabalhadores de uma indústria petroquímica, expostos a uma mistura de solventes orgânicos e ruído(2828. Loukzadeh Z, Shojaoddiny-Ardekani A, Mehrparvar A H, Yazdi Z, Mollasadeghi A. Effect of exposure to a mixture of organic solvents on hearing thresholds in petrochemical industry workers. Iran J Otorhinolaryngol. 2014;26(77):235–43.). Foi revelado que indivíduos com duração média de trabalho de 3,7 anos, expostos a uma mistura de solventes aromáticos em teores superiores aos níveis admissíveis, sem exposição ao ruído, não tiveram o limiar auditivo afetado. Outros estudos(2929. Sliwinska-Kowalska M, Zamyslowska-Szmytke E, Szymczak W, Kotylo P, Fiszer M, Dudarewicz A et al. Hearing loss among workers exposed to moderate concentrations of solvents. Scand J Work Environ Health. 2001;27(5):335–42. http://dx.doi.org/10.5271/sjweh.622
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) investigaram que a associação entre a exposição em curto prazo (≤4 anos) e uma mistura de baixa concentração de produtos químicos (<10 ppm) não aumentou o risco de perda auditiva. No entanto, as concentrações dos produtos químicos intermediários aumentaram o risco de perda de audição. Estudo realizado(3030. Morata TC, Dunn DE, Kretschmer LW, Lemasters GK, Keith RW. Effects of occupational exposure to organic solvents and noise on hearing. Scand J Work Environ Health. 1993;19(4):245–54. http://dx.doi.org/10.5271/sjweh.1477
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) com 190 trabalhadores brasileiros da indústria gráfica revelou que a exposição simultânea a ruído e a níveis excessivos de tolueno aumenta em 11 vezes a probabilidade de desencadeamento da perda auditiva. Quando se comparou trabalhadores expostos apenas ao ruído, essa probabilidade chegou a quatro vezes e, com trabalhadores expostos apenas ao tolueno, o risco foi cinco vezes maior. Dessa forma, concluíram que a mistura de solventes (tolueno, xileno, metil-etil-cetona, metil-isobutil-cetona) associada ao ruído aumenta o risco da perda auditiva, sendo este risco relativamente maior do que aquele obtido no grupo exposto apenas ao ruído.

Essa íntima relação já foi discutida por um estudo(77. Barregård L, Axelsson A. Is there an ototraumatic interaction between noise and solvents? Scand Audiol. 1984;13(3):151–5. http://dx.doi.org/10.3109/01050398409043054
http://dx.doi.org/10.3109/01050398409043...
) que, por meio de extensa revisão bibliográfica, analisou a interação entre solventes e o ruído ocupacional e o comprometimento do sistema auditivo. Foi demonstrado que a incidência de perda auditiva sensorioneural foi maior que a esperada, em trabalhadores expostos ao ruído associado à exposição a solventes.

Os solventes são conhecidos por seus efeitos neurotóxicos, tanto para o sistema nervoso central, quanto para o sistema periférico, podendo causar lesões em níveis cocleares, ou seja, lesar células ciliadas externas, ou lesar nervo auditivo e vias auditivas(88. Morata TC, Dunn DE, Sieber WK. Occupational exposure to noise and ototoxic organic solvents. Arch Environ Health. 1994;49(5):359–65. http://dx.doi.org/10.1080/00039896.1994.9954988
http://dx.doi.org/10.1080/00039896.1994....
). Os cenários de exposição aos agentes químicos, em sua maioria, apresentam essa exposição concomitante ao ruído. As perdas auditivas, quando observadas nessas situações, são frequentemente atribuídas à exposição ao ruído, porém, apenas com análise do audiograma não se pode determinar sua etiologia. A configuração audiométrica em casos de perda auditiva induzida por ruído e ototoxicidade pode ser idêntica. Assim, é necessária a realização de exames audiológicos complementares, para conclusão do diagnóstico.

O presente estudo buscou analisar o perfil audiológico de motoristas agrícolas expostos, simultaneamente, a ruído e hidrocarbonetos. Embora os resultados tenham demonstrado associações importantes entre a perda auditiva, o tempo de exposição combinada a ruído e hidrocarbonetos e a idade dos trabalhadores, a possível generalização dos mesmos para outras realidades deve ser analisada, em virtude do tamanho da amostra e do delineamento metodológico estabelecido.

CONCLUSÃO

A exposição combinada a ruído e hidrocarbonetos, considerando-se as variáveis tempo de exposição e idade do trabalhador, pode ser um fator agravante para as perdas auditivas ocupacionais. Assim, as estratégias voltadas para prevenção e promoção da saúde auditiva devem estabelecer um olhar mais crítico, para além dos fatores ambientais, como o ruído.

  • Trabalho realizado no Instituto Alfa de Comunicação e Audição, Bauru (SP), Brasil

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2015

Histórico

  • Recebido
    18 Jan 2015
  • Aceito
    26 Out 2015
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