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Composição florística e estrutura de dossel em trecho de Floresta Ombrófila Densa Atlântica sobre morrote mamelonar na Reserva Biológica de Poço das Antas, Silva Jardim, Rio de Janeiro, Brasil1 1 Parte da tese de doutorado da primeira autora, apresentada ao Depto. Ecologia - USP.

Floristics and structure of the forest canopy on hillocks in the lowlands, Rio de Janeiro, Brazil

RESUMO

(Florística e estrutura de dossel em floresta sobre morrote mamelonar no Rio de Janeiro, Brasil) Os remanescentes de Floresta Ombrófila Densa submontana Atlântica, ocorrentes nos mamelões da baixada do Rio de Janeiro, carecem de estudos florísticos e estruturais. Inventariou-se 1 ha, empregando parcelas, adotando como critério de inclusão DAP ≥ 5 cm e, através de relações alométricas, estabeleceu-se como árvores de dossel aquelas com limites de DAPs e alturas superiores a 10 cm e 10 m, respectivamente. Foram amostrados 580 indivíduos, de 174 espécies e 45 famílias. O índice de diversidade de Shannon (H´) foi de 4,57 nats/ind e a eqüabilidade (J) de 0,88, valores próximos aos encontrados para a Floresta Ombrófila Densa submontana Atlântica no estado. Dentre as famílias com maiores riquezas, reunindo ca. 74% das espécies destacam-se: Euphorbiaceae, Fabaceae, Moraceae, Lauraceae, Melastomataceae, Myrtaceae, Monimiaceae, Clethraceae, Flacourtiaceae, Annonaceae, Rubiaceae, Meliaceae, Sapindaceae e Myristicaceae. Destacam-se como espécies com maiores VIs: Senefeldera verticillata , Siparuna reginae, Mabea piriri, Casearia sylvestris, Clethra scabra, Tibouchina scrobiculata, Pseudopiptadenia inaequalis, Guapira opposita, Apuleia leiocarpa e Brosimum guianense. Caracterizam-se como espécies indicadoras de morrote: Apuleia leiocarpa, Eugenia macahensis, Simarouba amara e Pseudopiptadenia contorta.

Palavras-chave:
Mata Atlântica; florística; estrutura de comunidade; dossel; floresta de baixada; mamelões

ABSTRACT

The remnant areas of Atlantic coastal Forest on hillocks in the coastal lowlands of Rio de Janeiro State, Brazil, have been poorly studied in terms of both their structure and floristics. Sample plots, totaling one hectare, were inventoried using a DBH ≥ 5 cm inclusion criterion. Allometric relationships were used to define a canopy tree as having a DBH ≥ 10cm and height ≥ 10 m. A total of 580 individuals were sampled, comprising 174 species belonging to 45 families. The Shannon diversity index (H´) was 4.57 nats/ind, and the equitability (J) was 0.88. These were considered representative values for an area of Atlantic Coastal Forest in that state. Among the families with the highest species richness (74% of the total number of species) were: Euphorbiaceae, Fabaceae, Moraceae, Lauraceae, Melastomataceae, Myrtaceae, Monimiaceae, Clethraceae, Flacourtiaceae, Annonaceae, Rubiaceae, Meliaceae, Sapindaceae, and Myristicaceae. Among the species with the highest VI were: Senefeldera verticillata , Siparuna reginae, Mabea piriri, Casearia sylvestris, Clethra scabra, Tibouchina scrobiculata, Pseudopiptadenia inaequalis, Guapira opposita, Apuleia leiocarpa, and Brosimum guianense. The indicator species for hillock forests were: Apuleia leiocarpa, Eugenia macahensis, Simarouba amara, and Pseudopiptadenia contorta.

Key words:
Atlantic Coastal Forest; floristics; community structure; canopy; lowland forest; hillocks

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  • 1
    Parte da tese de doutorado da primeira autora, apresentada ao Depto. Ecologia - USP.
  • Apoio financeiro: Petrobras/Jardim Botânico do Rio de Janeiro/MMA.

AGRADECIMENTOS

Ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro pelo apoio ao projeto de doutorado; ao CNPq pela bolsa concedida, durante parte do período do curso, à primeira autora; ao Depto. de Ecologia da Universidade de São Paulo - USP; à The John D. and Catherine T. MacArthur Foundation e à Cia. Petrobrás financiadoras do Programa Mata Atlântica (PMA) e aos colegas que nos auxiliaram na obtenção de dados de campo, especialmente: Gustavo Martinelli, Solange de V. A. Pessoa, Tânia S. Pereira, Lana da S. Sylvestre, Claudia F. Barros, Catia Callado e ao auxiliar de campo Jorge Caruso Gomes; e, finalmente, aos taxonomistas que conferiram acurácia às identificações: Alexandre Quinet, Angela S.da Fonseca Vaz, Ariane L. Peixoto, Arline de Souza, Ary Gomes da Silva, Claudia M. Vieira, Elsie F. Guimarães, Genise V. Somner, Jorge Pedro Carauta, José Fernando A. Baumgratz, Nilda Marquete F. da Silva e, especialmente, Haroldo C. de Lima e Dra. Graziela M. Barroso, esta última in memoriam.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Sep-Dec 2006

Histórico

  • Recebido
    Set 2005
  • Aceito
    Out 2006
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