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DE ESCRAVO A RICO LIBERTO: A TRAJETÓRIA DO AFRICANO MANOEL JOAQUIM RICARDO NA BAHIA OITOCENTISTA* * Este artigo é resultado parcial de pesquisa apoiada pelo CNPq e está inserido no projeto "Bahia 16-19 - Salvador da Bahia: American, European and African forging of a colonial capital city", Marie Curie Actions, Irses, GA-2012-318988, a cujos colegas agradeço pelos comentários nos diversos seminários de que participei. No mesmo sentido, agradeço as críticas dos membros do grupo de pesquisa "Escravidão e invenção da liberdade", do Programa de Pós-Graduação em História da UFBA, especialmente a Lisa Earl Castillo e Urano Andrade que, além de comentarem este texto, forneceram-me várias fontes. Igualmente agradeço os colegas do CECULT/Unicamp. Esta é uma versão consideravelmente revista, corrigida e aumentada de REIS, João José. From slave to wealthy African freedman: The story of Manoel Joaquim Ricardo. In: LINDSAY, Lisa A. & SWEET, John Wood (org.). Black Atlantic biography. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2013, p. 131-145.

FROM SLAVE TO WEALTHY FREEDMAN: THE LIFE STORY OF MANOEL JOAQUIM RICARDO, AFRICAN, IN NINETEENTH-CENTURY BAHIA

Resumo

O artigo discute a biografia de Manoel Joaquim Ricardo, africano haussá que desembarcou na Bahia no início do século XIX como cativo e morreu em 1865 como forro e rico. Sua vida no Brasil permite perceber as possibilidades e limitações à ascensão social dos africanos sob a escravidão e em liberdade. Entre os mecanismos de mobilidade, como era de praxe na época, Ricardo investiu em escravos desde a época em que, ele próprio, ainda era escravo, um fenômeno raramente abordado pela historiografia. Mas também adquiriu e alugou imóveis, negociou (fez mesmo o tráfico transatlântico e interno de escravos), emprestou a juros, entre outras atividades. Outras dimensões de sua trajetória aqui abordadas são, a vida familiar e religiosa, incluindo sua rede de compadrio e relações com gente do Candomblé. O artigo propõe o conceito de ladinização para entender a experiência de africanos como Ricardo, mesmo que não tão bem sucedidos como ele no mundo material.

Palavras-chave:
Biografia; escravidão; liberdade; mobilidade social; Bahia oitocentista

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