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Luta pela sobrevivência: a vida de um hanseniano através da correspondência com Adolpho Lutz

Fight for survival: the life of a Hansen's disease sufferer through his correspondence with Adolpho Lutz

Resumos

O presente trabalho apresenta a série completa da correspondência da família de um portador do mal de Hansen residente no Maranhão, Nordeste do Brasil, com o médico e bacteriologista Adolpho Lutz. Fabrício Caldas de Oliveira e Numa Pires de Oliveira, pai e filho, mantiveram durante mais de vinte anos intensa troca de cartas com o cientista na busca da cura da doença que vitimava Numa desde criança. As 24 cartas aqui reunidas retratam, de maneira única, o drama médico-social enfrentado por esta família, os resultados do uso do chalmugra e outros medicamentos, a busca de tratamentos alternativos.

hanseníase; correspondência; Adolpho Lutz; Maranhão; chaulmoogra


This project presents the complete set of letters between the family of a Hansen's disease (leprosy) sufferer in the state of Maranhão, in the northeast of Brazil, and the doctor and bacteriologist Adolpho Lutz. For more than twenty years Fabrício Caldas de Oliveira and Numa Pires de Oliveira, father and son, exchanged a steady flow of letters with the scientist in pursuit of a cure for the disease that had assailed Numa since childhood. The 24 letters compiled here paint a unique portrait of the medical and social drama confronted by this family, and the results of the use of chaulmoogra oil and other medications in their search for alternative treatments.

leper; correspondence; Adolpho Lutz; Maranhão State; chaulmoogra


SOURCES

Luta pela sobrevivência: a vida de um hanseniano através da correspondência com Adolpho Lutz

Jaime Larry BenchimolI; Magali Romero SáI; Mônica de Souza Alves da Cruz* * Correspondence selection, Av. Brasil, 4365, 21045-900 Rio de Janeiro — RJ, alutz@brfree.com.br ; Márcio Magalhães de Andrade* * Correspondence selection, Av. Brasil, 4365, 21045-900 Rio de Janeiro — RJ, alutz@brfree.com.br

Researchers of Casa de Oswaldo Cruz, jben@coc.fiocruz.br, magali@coc.fiocruz.br

RESUMO

O presente trabalho apresenta a série completa da correspondência da família de um portador do mal de Hansen residente no Maranhão, Nordeste do Brasil, com o médico e bacteriologista Adolpho Lutz. Fabrício Caldas de Oliveira e Numa Pires de Oliveira, pai e filho, mantiveram durante mais de vinte anos intensa troca de cartas com o cientista na busca da cura da doença que vitimava Numa desde criança. As 24 cartas aqui reunidas retratam, de maneira única, o drama médico-social enfrentado por esta família, os resultados do uso do chalmugra e outros medicamentos, a busca de tratamentos alternativos.

Palavras-chave: hanseníase, correspondência, Adolpho Lutz, Maranhão, chaulmoogra.

De 1909 a 1929, Adolpho Lutz correspondeu-se com a família de um portador do mal de Hansen, residente no estado do Maranhão, Nordeste do Brasil. Não possuímos as cartas enviadas pelo cientista; ainda assim, sua correspondência passiva retrata, de maneira única, aspectos da doença que transcendem sua realidade física, inclusive a relação muito particular entre o médico, o menino que cresce sob seus cuidados, até tornar-se rapaz, e os familiares deste, todos enredados no drama social criado pela lepra, uma doença que infligia marcas infamantes tão dolorosas quanto as lesões físicas e os efeitos colaterais dos remédios usados para tratá-las.

As cartas pertencem ao Arquivo Adolpho Lutz depositado no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (BRMN, Fundo Adolpho Lutz, pasta 216). Foram recuperadas e tratadas pela equipe do projeto Adolpho Lutz e a história da medicina tropical no Brasil.

Fabrício Caldas de Oliveira, dono de engenho e talvez médico, viajou para São Paulo em 1906 com o filho, Numa Pires de Oliveira, para que ele fosse examinado por Adolpho Lutz, então diretor do Instituto Bacteriológico daquele estado. O aparecimento de manchas características na criança, no ano anterior, levara o pai a procurar aquele que era considerado um dos maiores especialistas no país no estudo e tratamento da doença. Desde a morte do padre Damien, em Molokai, no Havaí, lepra era um nome que nenhum letrado poderia escutar sem sentir um frêmito de pavor. Lutz recebera lá seu batismo de fogo, depois de ter passado por Hamburgo, centro portuário que mantinha estreitas relações comerciais e culturais com as capitais nordestinas.

À época em que o consternado Fabrício procurou-o, Lutz acabava de retornar de uma viagem à ilha do Marajó. A pedido do governo paraense, fora estudar uma doença que vinha causando grandes estragos nos rebanhos da ilha, o quebra-bunda ou peste de cadeiras.1 1 Adolpho Lutz, Estudos e observações sobre o quebra-bunda ou peste de cadeiras pelo dr. Adolfo Lutz. Extraído da Revista da Sociedade Scientífica de S. Paulo (Brazil), vol. 3, 1908, nº3-7. São Paulo, Typographia Henrique Grobel, 1908, pp. 34-58. Publicado também como 'Estudos e observações sobre o quebra-bunda ou peste de cadeiras', Diário Oficial do Estado do Pará (Belém), vol. 17, nº4.780, 1907, pp. 356-62. Pioneiro nos estudos em veterinária no Brasil, Lutz estivera, desde o início de sua carreira, nos anos 1880, em fina sintonia com os avanços da medicina tropical.2 2 Ver a edição dedicada a Adolpho Lutz e a história da medicina tropical de História, Ciências, Saúde — Manguinhos, vol. 10(1), jan.-abr. 2003. Os estudos sobre a malária levaram-no, muito cedo, a desbravar a entomologia médica. A descoberta recente da transmissão pelas moscas tsé-tsé do tripanossomo que causava a doença do sono puseram Lutz no encalço dos tabanídeos — as incômodas mutucas, tão abundantes nos lamaçais marajoaras, cujas fêmeas se alimentavam de sangue, sendo, portanto, fortes candidatas à condição de mais uma hospedeira de parasitos associados a doenças humanas e animais. A atração pelas pesquisas em zoologia médica, impossíveis de serem realizadas em meio à pesada rotina do Instituto Bacteriológico de São Paulo, levou o cientista a se transferir, em 1908, para o Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro.

É para lá que são mandadas as primeiras cartas de Fabrício Caldas de Oliveira. Ele espera de Lutz a salvação do filho, e oferece-lhe em retribuição uma modalidade singular de honorários médicos: mutucas, lagartas, aves, mamíferos e outras criaturas para satisfazer a curiosidade e completar as coleções do zoólogo de Manguinhos.

Ao confirmar o diagnóstico de lepra, Lutz iniciou o tratamento com o óleo de chalmugra, o único terapêutico com algum grau de eficácia em meio ao montão de quimioterápicos, drogas e mezinhas de origem animal e vegetal que vieram sendo, e eram ainda oferecidos aos leprosos, com resultados quase sempre frustrantes. O drama vivido pela família Caldas de Oliveira nos anos em que se correspondeu com Lutz é pontuado por dois longos ciclos: a lenta remissão da doença e, em seguida, seu ressurgimento e recrudescimento. Esse drama em larga medida gira em torno da dificuldade de adquirir no exterior o medicamente que só em 1919 o Instituto Oswaldo Cruz começaria a fabricar, e dos efeitos muito incômodos causados pela ingestão contínua de elevadas doses dele.

Para evitar a disseminação de novos focos bacilares, o tratamento pelo chalmugra tinha de ser iniciado o mais cedo possível, e mantido energicamente por longo tempo, variando as doses conforme a idade dos doentes, à forma e ao período da doença e às reações ao remédio, que costumavam ser intensas.3 3 As informações sobre o uso do óleo de chalmugra provêm de Grande Enciclopédia Delta Larousse (Rio de Janeiro/Delta, vol. 4, 1975, p. 1532); H. Montague Murray (ed.), Quain's Dictionary of Medicine by various writers (London/Bombay/Calcutta, Longmans, Green and Co., 1910, p. 864); e, sobretudo, Eugenio Coutinho, Tratado de clínica das doenças infectuosas, parasitárias e peçonhentas (Rio de Janeiro, Guanabara, 1957, pp. 319-21).

O óleo de chalmugra era extraído de sementes maduras de plantas nativas da região indo-malaia da família das Flacurtiáceas: Hydnocarpus kurzii, Hydnocarpus laurifolia, venenata e outras espécies. Consta que os livros milenares do budismo já mencionavam o consumo destas sementes pelos leprosos. No Japão e na Índia, eram usadas muitos séculos antes do XIX, quando os ingleses importaram este conhecimento para a medicina acadêmica européia, que se encarregou de difundi-lo por todas as suas províncias.

No Brasil, passou a ser cultivada a Carpotroche Brasiliensis ou sapucainha depois que os estudos realizados nos anos 1920 por Carneiro Felippe, no Instituto Oswaldo Cruz, mostraram que a ação terapêutica do óleo extraído dessa planta era comparável à do chalmugra indiano. Ela então passou a constituir a matéria-prima de preparados nacionais comercializados com o nome de Carpotreno, Caportran etc.

Rico em ácidos graxos como o chalmúgrico e o hidnocárpico, que in vitro revelavam-se ativos contra os bacilos ácido-resistentes, o óleo de chalmugra tinha a consistência da manteiga ou vaselina, cheiro nauseante e sabor muito desagradável. Por via oral, costumava ser ingerido junto com chá ou rum para disfarçar o gosto, ou em cápsulas que continham o equivalente a dez gotas cada. Esta era a dose inicial recomendada, que devia aumentar progressivamente até as cem gotas diárias. Se o paciente não as tolerasse, o que era comum, suspendia-se o tratamento por 15 dias, e recomeçava-se a progressão rumo às doses máximas.

O óleo de chalmugra puro podia ser injetado nos músculos, na dose de 5cc, de cinco em cinco dias, mas era irritante para os tecidos, formando nódulos. Os médicos costumavam diluí-lo em 4% de creosoto ou 1% de cânfora para tornar menos dolorosa as injeções. A via percutânea, por meio de pomada, podia trazer melhoras locais, mas não substituía o tratamento por via oral ou parenteral.

À época em que os Caldas de Oliveira e Adolpho Lutz se corresponderam, empregavam-se, de preferência, os ésteres que os laboratórios farmacêuticos produziam a partir do óleo de chalmugra, com 5% de iodo ou 4% de creosoto; o Instituto Oswaldo Cruz logo prepararia os ésteres etílicos creosotados a 4%. Faziam-se injeções intramusculares, duas por semana, a princípio na dose de 5cc cada, visando atingir doses de 15 a 25cc por semana, ou um total de 300 cc por série. Quando se manifestava intolerância dos músculos injetados, faziam-se pausas de 15 dias até completar a série. Depois de um repouso de um a dois meses, iniciava-se nova série de injeções.

Os ésteres etílicos ou benzílicos podiam ser introduzidos por via intradérmica nas lesões maculosas e tuberculóides, em casos precoces, alternando-se estas aplicações com as injeções intramusculares. Souza Araújo recomendava que se pincelasse a zona infiltrada, uma vez por semana, com solução de ácido tricloroacético a 30%, de maneira a obter-se a descamação epidérmica das máculas até o aparecimento da pele normal. Em caso de febre e abatimento, esperava-se um mês até submeter a lesão a nova infiltração. Nas regiões descobertas (face, pernas, braços) usavam-se os ésteres benzílicos de chalmugra, pois os iodados deixavam a pele tatuada.

Tais combinações de tratamentos derivados do chalmugra e plantas similares só deixaram de ser utilizados com o advento das sulfas em 1946. Mas o nosso doente não parece ter vivido o suficiente para alcançar a redenção proporcionada pelos antibióticos.

O tratamento iniciado por Adolpho Lutz em 1906 no menino Numa de Oliveira consistiu em maciça ingestão de cápsulas com óleo de chalmugra. De janeiro de 1909 a março de 1910, as cartas registram o desaparecimento gradual das manchas. Este feliz resultado fez de Adolpho Lutz a referência para todas as enfermidades que viriam a acometer os membros e amigos da família Caldas de Oliveira, sobretudo o irmão de Numa, o ''naturalista'' que capturava a maior parte dos animais enviados ao cientista e que faleceu em conseqüência de um câncer fulminante.

O medo de que os sinais da lepra reaparecessem no corpo de Numa leva à não interrupção do tratamento. O paciente vive os próximos nove anos sem apresentar sintomas, mas com saúde debilitada, cuidando seu médico, à distância, de suas afecções com redobrada atenção.

Em carta datada de 10 de março de 1919, ele é consultado sobre a possibilidade de casar-se o rapaz. A dúvida sobre a cura definitiva preocupa os familiares, que providenciam exames complementares. Tudo indica que o casamento não se realizou, e em 1921 reaparecem os sintomas. O tratamento com chalmugra prossegue, as manchas desaparecem, mas tem-se agora a certeza de que o jovem Numa não está a salvo da lepra.

As cartas enviadas a Adolpho Lutz entre fevereiro de 1921 e setembro de 1923 mostram a luta para manter a doença estabilizada, e o desejo de experimentar tratamentos alternativos que eram noticiados pelas folhas diárias. Em 1924, a doença retorna mais agressiva, mas com a ajuda de Lutz e os cuidados incessantes da família, Numa de Oliveira é mantido num patamar controlado.

Em 1927, Fabrício, seu pai, que ficara hemiplégico em 1918, sofre novo ataque e fica impossibilitado de escrever. A última fase da correspondência com Lutz passa, então, a ser mantida pelo próprio paciente. A doença, em fase mais agressiva, já não responde como antes ao tratamento à base de chalmugra. Nas cartas a seu médico, Numa relata o intenso sofrimento ocasionado pelas lesões e a falta de ar. Lutz combina as injeções de chalmugra com a ingestão do Salol e o uso de ictiol nas feridas. A última carta da família Oliveira ao cientista de Manguinhos, escrita às vésperas do Natal de 1929, revela o desespero do paciente e não dá a impressão de que um triste desfecho aguardava o desenrolar desse drama.

Ficha técnica

Organização da correspondência

Mônica de Souza Alves da Cruz

Márcio Magalhães de Andrade

Revisão

Elizabeth Cobra

Digitação

Irene Fachini Souza

Carta 1: carta manuscrita

Engenho Central S. Pedro,

20 de janeiro de 1909

Ilmº amº Sr. Dr. Adolpho Lutz,

Em devido tempo recebi sua estimada carta cuja resposta vim adiando no intuito de poder enviar-lhe o sangue do doente, aproveitando o período das febres que sempre o atacavam no começo das chuvas, em novembro. Como, felizmente, as febres não o visitaram, e o doente acha-se bastante robusto com ótima cor, o que, segundo creio, é uma garantia contra febre, fiz a extração do sangue ontem, às dez da noite, e segue nesta mala sob registro, endereçado ao V. Sª no Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro. Atribuo a falta de casos de febre, aliás repetidos aqui em casa até 1907, ao uso generalizado, em toda a família, dos mosquiteiros, e ao emprego da quinina nas crianças, duas vezes semanalmente. No pacotezinho que leva as quatro lâminas carregadas de sangue, vai um invólucro com insetos, entre estes, três mutucas apanhadas aqui, porém perseguindo cavalos. Ainda não foi possível apanhar-se, na Barra do Corda, as moscas propagadoras do berne. Acha-se encarregado de obter tais moscas um dedicadíssimo amigo e que é também altamente interessado na criação de gados. Escreveu-me ele comunicando que os vaqueiros dizem ser impossível apanhar essas moscas no verão, sendo talvez possível consegui-lo no inverno que, segundo eles supõem, é a época do inseto se metamorfosear, o que apura nas matas então umedecidas pelas chuvas. Pode V. Sª estar certo que não será por carência de esforços que meu amigo deixará de mandar-me os exemplares de moscas do berne. O empenho dele é enorme, máxime com a certeza que temos dos esforços que V. Sª empregará para preservar a criação de um dos maiores males que o perseguem. Não consegui notícia do percevejo de que V. Sª fala. Existe no Maranhão, São Luís, nas amendoeiras que ornam as praças, um inseto que chamam percevejo, o que atribuo à analogia do cheiro que desprende, mui semelhante ao do percevejo doméstico, que a falta do asseio costuma domesticar. Mas tais insetos não são, que me conste, sugadores de sangue. Em todo caso, tenho de ir a São Luís em fevereiro, de lá lhe remeterei alguns espécimes, e pessoalmente me informarei dos hábitos e costumes deles, pois é bem possível que não tenham sido cuidadosamente observados, o que não admira, atentando ao desinteresse com que olhamos para certas coisas.

V. Sª conhece um inseto, à semelhança de uma pequena lagarta, chamada potó, que ao contato da pele causa o efeito de cáustico? Aqui temos dele.

Estimarei que em Manguinhos V. Sª continue gozando saúde e bem assim a Exmª Família, e que toda a sorte de felicidade os acompanhe sempre.

Dando-lhe notícias do doente, cumpre-me dizer-lhe que as manchas acham-se quase imperceptíveis, sendo difícil, em certos lugares em que elas existiam, distinguir a parte afetada da sã. Além do bom apetite, o menino está crescendo e engordando regularmente. Uma ou outra vez, aparece-lhe catarreira, porém sem acusar aumento da temperatura no corpo. Às vezes ele se queixa da vista faltar-lhe quando quer ler. Em setembro, ele tomou 492, em outubro 620, em novembro 623 e em dezembro 744 cápsulas do óleo de chaulmoogra. Neste mês terá que tomar menos, devido à demora que houve na remessa da Inglaterra para cá, do óleo que pedi e deve chegar por estes dias.

Restando-me um tubo com apenas 422 cápsulas, entendi preferível distribuí-las pelos 31 dias de janeiro, em vez de continuar dando as 24 que, desde dezembro, o menino vinha tomando diariamente. O meu intuito foi não desacostumar o estômago do doente do medicamento. Como V. Sª notará, em dezembro o menino suportou perfeitamente 24 cápsulas diárias, equivalentes a cinco gramas, mais ou menos, do óleo.

Deverei aumentar a dosagem ou me limitar ao máximo já atingido?

De resto, devo lhe dizer que continuo com as lavagens frias, manhã e noite, e aos domingos aplico uma lavagem quente (39o a 40oC) à noite. O padrinho do doente que, suponho já lhe ter dito, acompanha com grande interesse o tratamento dele, enviou-me da Ilha Terceira o telegrama que cortou de um jornal, e que remeto a fim de V. Sª apreciá-lo. Se, como pretendem, e não estou longe de acreditar, a eficácia dos bacilos da mesma doença para a cura desta, talvez que o sistema do professor Deycke traga alguma novidade. O telegrama é de 6 de novembro. Pedindo-lhe desculpas da extensão desta, queira ter a bondade de aceitar os nossos respeitosos cumprimentos de amizade e dispor de quem é, com elevada estima e consideração,

De V. Sª

Crº Afº Amº agradecido

Fabrício Caldas de Oliveira

P.S.

Ao concluir esta, recebi mais quatro mutucas de um vizinho de seis léguas distante. Uma delas, que ele diz ser mutuca, é preta e vai com o cartucho assinalado * . Outro cartucho, com a letra P, é uma variedade do Potó, que eu desconhecia e veio-me hoje também. Estimaria saber o que são realmente.

Em recorte de jornal anexado à carta, lê-se:

INGLATERRA

A cura da lepra

Londres, 6 – Segundo as observações feitas pelo professor Mason no posto de leprosos instalado próximo desta cidade, é fácil obter a cura dessa moléstia usando o sistema do professor Deycke, de Constantinopla, das injeções com a cultura dos bacilos da lepra. – S. (N. do E.)

Carta 3: carta datilografada

Engenho Central S. Pedro,

5 de maio de 1909

Ilmº. Amigo e Sr. Dr. Adolpho Lutz,

Respondo a estimada carta de V. S. de 9 de março, fazendo sinceros votos pelo seu bem-estar e de sua Exmª Família.

Vi o que aconteceu à caixinha que lhe enviei, mas como podia ser pior, demos graças a Deus pelo pouco que houve.

Depois que lhe escrevi, o doente teve febres por duas vezes, sendo que a de 26 do passado foi um ataque de influenza. A de 7 de março, pareceu-me um resfriamento que repercutiu no estômago, fazendo o menino vomitar durante sete horas. Em fevereiro, deixei de dar-lhe chaulmoogra por não ter chegado a tempo a que pedi da Europa. Em março, 18, quando chegou, ele tomou 137 cápsulas, e em abril 606 ditas. Como tenho agora bom stock de cápsulas, espero regularizar o tratamento. Quanto ao mais, o menino me parece melhorando, o que faz crer que o óleo é específico para a moléstia.

Contrariamente às notícias que me dá, tenho a informar-lhe que aqui o inverno tem sido rigoroso. Desde novembro chove bem, apenas em dezembro fez um pouco de sol. Apesar de tanto chover, o calor tem sido sensível.

Deixei de aproveitar os períodos febris do menino para extrair o sangue, por não ter lâminas, e nem encontrá-las em São Luís. Como não sei se as obterei em Belém, para onde pedi-as, espero que V. Sª se digne remeter-me algumas, do que lhe serei bastante agradecido.

Não esqueci-me das mutucas do berne, que infesta os campos da Barra do Corda, porém o meu amigo, ali residente, afirma não lhe ter sido possível apanhá-las. Creio seja efetivamente assim, pois trata-se de um bom camarada que toma o maior interesse por mim e deseja também contribuir para o estudo desta questão que o afeta igualmente.

O naturalista continua colecionando besouros, e o seu doente, couros de onças. Estimaria saber como lhe remeter um volume dos que o correio não recebe. Apresentando-lhe e à Exmª Família os meus respeitosos cumprimentos e dos meus, subscrevo-me com toda estima e consideração.

De V.Sª

Amº atº frº agradecido

Fabrício Caldas de Oliveira

Carta 4: carta datilografada

Maranhão, Engenho Central S. Pedro,

7 de setembro de 1909

Ilmº Amigo e Sr. Dr. Adolpho Lutz,

Rio.

Confirmo minha carta de maio, estimando V. Sª e sua Exmª Família continuem bons e sempre felizes. O menino tem estado em uso continuado de chaulmoogra, sendo que em maio tomou 367, em junho setecentas, em julho 792, e em agosto 868 cápsulas. Neste mês, aproveitando a tolerância do estômago, estou dando-lhe trinta cápsulas diárias, parecendo-me não dever exceder esta dosagem, esperando a valiosa opinião de V. Sª a respeito. As manchas cúpricas desapareceram, restando unicamente uns pontos brancos nos lugares. Não tem tido febre, dispondo de ótimo apetite e disposição para crescer e engordar. Ou muito me engano, ou V. Sª conseguiu vitória assinaladíssima, curando meu filho de lepra. Estou com vontade de, em maio, levar-lhe o menino para ser examinado. Enquanto V. Sª não ordenar o contrário, irei dando o óleo ao menino.

O naturalista pediu-me para remeter a V. Sª uns insetos que vão em uma caixinha pelo correio. Não me pareceram dignos de atenção. Conforme pedi-lhe, espero indicar-me um meio seguro de lhe remeter uns couros de onças. O verão tem sido desabrido cá ao Norte.

Sem mais, aqui me tem ao seu inteiro dispor por ser com elevada estima e toda consideração,

De V. Sª

Atº Amº fervº obr.

Fabrício Caldas de Oliveira

Carta 14: carta datilografada

S. Luís,

22 de novembro de 1916

Estimado amigo e Sr. Dr. Adolpho Lutz.

Muita saúde e toda a sorte de felicidade lhe desejamos e à Exmª Família, de quem esperamos tenha tido ótimas notícias.

Depois de lhe ter escrito, cuja carta confirmo, minha mulher chamou-me a atenção para uma inchação na pele sobre a articulação (2ª) do dedo mínimo da mão direita do meu filho, que tantos trabalhos tem dado a V. Sª. Efetivamente, a pele acha-se intumescida somente nessa região da falange, como se fosse mordida de marimbondo. Nota-se, também, a cor e o luzidio da pele peculiares às manifestações da lepra. Com certeza, tal sofrimento não é recente, sendo-nos encoberto pelo rapaz, diz ele que por considerá-lo sem valor, e sem analogia com as manchas que lhe apareceram em 1905 e que V. Sª fez desaparecer em 1909. As manchas desapareceram completamente e o couro encabelou novamente. Os demais dedos das mãos e também dos pés não apresentam sintomas da doença. Além das 1.273 pílulas que V. Sª mandou dar-lhe, preparadas com óleo de chaulmoogra, o doente tomou mais 17.270 cápsulas contendo quatro gotas desse óleo. O tratamento foi assim distribuído: em 1907 tomou ele as suas pílulas; em 1908 tomou 4.401 cápsulas; em 1909 tomou 7.339 cápsulas; em 1910 tomou 5.218 cápsulas; em 1911 tomou 312 cápsulas. Não havendo causa, aparente pelo menos, que motivasse a insistência das aplicações, suspendi-as. Em face do incidente que me apresso em comunicar a V. Sª, peço-lhe o grande favor de aconselhar-me o que devo fazer, devendo dizer-lhe que o rapaz fica tomando já 16 cápsulas do óleo diariamente, por considerar um medicamento que nenhum mal lhe poderá fazer, caso se não trate do reaparecimento do mal de que sofreu já. Pouco tempo antes da guerra atual, um amigo meu do Pará (Belém) remeteu-me duas caixinhas contendo injeções hipodérmicas contra a lepra, receitadas pelo professor Deycke Pasha, e preparadas em Aktiengerslischatt-Bhir. Tinham o nome de Nastine B0 B1 B2. Não precisando mais de tal medicamento, entreguei-o à Santa Casa, sabendo, entretanto, que lhe haviam notado grande valor. Comunico-lhe isto por descargo de consciência, embora reconheça o enorme serviço que devemos à ciência alemã. V. Sª dará o valor devido à droga.

Sem saber encobrir o meu desassossego, bem sabe que não irei ao desespero sem remédio, mas procurarei, com paciência e interesse costumados, lutar sem tréguas para curar meu filho.

Aguardando ansioso resposta de V. Sª, queira aceitar um abraço do sempre.

Amº e muito agradecido

Fabrício Caldas de Oliveira

12 – Travessa do Palácio, 12

São Luís

Carta 16: carta manuscrita

S. Luís,

29 de julho de 1917

Prezado amigo Sr. Dr. Adolpho Lutz

Com muitos agradecimentos pelos carinhosos cuidados prestados ao bom amigo sr. Edgard Carvalho, venho saber de notícias do Dr. e sua Exmª família, desejando-lhe vigorosa saúde e toda sorte de felicidades.

Creio que o seu doente conseguiu, usando o óleo de chaulmoogra, debelar mais esta vez as manifestações sobrevindas na pele. Desapareceram por completo, do local, a cor cúprica e o lustroso. Como sabe o Dr., as placas resistiram por cerca de dois anos ao emprego do óleo, na razão de vinte cápsulas (oitenta gotas) diárias, mais ou menos seis quilos de óleo, sendo que ainda continua tomando-o, em doses menos fortes e mais espaçadas, por outros dois anos, na razão de três quilos. Pode-se dizer, porém, que, a começar de 1911, cessou o uso do medicamento, que reatou em junho de 1916, quando notei as manifestações recentes localizadas na 2ª articulação do mínimo da mão direita, unicamente.

Em janeiro tais sintomas iam já declinando (pele clareando sem lustro). Presentemente não há, visivelmente, sintomas do mal.

Convém notar que, antes do emprego do óleo, o doente estava muito melhor disposto, fisicamente, do que depois que passou a usá-lo. Hoje tem menos peso, mas o apetite é de quem parece gozar saúde. Devo informar-lhe que as lavagens intestinais, manhã e noite, com cozimento de eucalipto (não sei a variedade) como que auxiliam eficazmente a ação do óleo. Informo-lhe isto, que é fonte de detidas observações de anos, porque costumo desconfiar dos específicos que todos os dias os jornais publicam para a cura da lepra. Agora mesmo remeto-lhe dois dentro desta.

Como já mandei dizer ao Dr., meu genro adquiriu, aqui na costa do mar, próximo da cidade, uma ilha onde tem ido passar temporada com a família, voltando todos bem, dispostos. Ali encontrou uns tubérculos (batatas) semelhantes à batata rainha do Ceará, em abundância. Agora que transportou para a ilha é guloso dessa batata, ramos e tubérculos, sem denotar qualquer prejuízo causado por eles, o que leva-me a crer que se trata de uma forragem de grande valor pela sua conservação através do tempo seco, quando o gado fica sem pastagens. Caso o Dr. quisesse, eu lhe enviaria o que fosse necessário deste vegetal, para ser convenientemente analisado, pois não sei se teríamos de incorporar mais um elemento do alto valor à minha própria alimentação. Também ignoro se foi já analisado a ''cidreira da chapada'', ou ''do campo'', como é aqui chamado o vegetal do qual aqui junto duas folhas que, machucadas, deixam desprender aroma agradável, tirante à erva-cidreira (melissa) e ao capim-limão, bastante conhecido também do Dr. Esta ''cidreira do campo'' fornece um chá delicioso, ao qual os doentes do estômago, rins e fígado atribuem grandes virtudes. Eu consegui restabelecer-me de certo sofrimento da próstata usando-a e... o caso é que me habituei, tomando-o às seis da manhã e, às vezes, no forte do calor, à uma da tarde. As folhas que remeto são para cinco xícaras de chá, feito a demorado como se faz com o chá da Índia. Convém fragmentar as folhas, e adicionar açúcar no chá também.

E os guarás? Como o Dr. os prefere, grandes ou pequenos, ainda sem a cor vermelha? Não há dificuldade em obter os guarás, o pior será o transporte para aí, Rio. Há época apropriada para serem apanhados. Estimaria esclarecimentos seus a respeito, certo de querer remeter o que lhe convier.

Adeus. O meu filho, e todos nós, já se vê, o apoiamos, que o preferível seria o Dr. vir passar uma temporada aqui na ilha (Itapucutiara) e ali arrumar-se uma barcada de guarás e outros pássaros. Aí fica o convite que estimaríamos pudesse ser uma realidade. Nossos cumprimentos de muita amizade e queira abraçar a quem é com elevada estima e consideração o

Velho amigo agradecido

Fabrício Caldas de Oliveira

P.S.

Em vez de duas, vão mais folhas de chá, o que dará para mais número de xícaras. Cada duas folhas — 250 gramas de água fervendo — repouso ½ hora.

Notei desta feita que o Ichthyol irritava muito a pele doente do dedo do rapaz. Tenho este medicamento ainda vindo de Hamburgo diretamente. Outrossim, nada de anormal se dava nas placas cobertas com ele. É do mesmo bem guardado.

O mesmo

Carta 25: carta datilografada

S. Luís do Maranhão,

18 de maio de 1921

Prezado amigo e Sr. Dr. Adolpho Lutz,

Folgaremos se esta for encontrá-lo e a toda a Exmª Família em pleno gozo da melhor saúde.

Aqui continuamos a vida de sempre, isto é, sem alteração de maior, embora à mercê de um inverno rigoroso quanto outro nunca assisti, apesar do meio século vivido de inteira compreensão dos fatos e das coisas, pois recordo-me perfeitamente de muita cena passada no transcurso dos meus 63 janeiros a completar em 31 do corrente.

Em janeiro tivemos 21 dias de chuvas, em fevereiro 27, em março trinta, em abril trinta e, neste mês, 18, parecendo um fim de mundo.

Acaba de regressar aqui o major Parga, a quem tomei a liberdade de recomendar a V. Sª. Voltou o mesmo bastante agradecido ao Dr., agradecimentos também rendidos por mim, que muito me interesso por este amigo, o qual considera-se gozando de boa saúde. Aguardava ter de lhe dar notícias deste Sr. para devolver-lhe a carta inclusa recebida uns dias depois da de 18.3.

Ciente e muito grato pelos conselhos sobre o tratamento do nosso doente. Um parente médico que esteve no Pará recentemente, e muito se interessa por nós e não é fácil em aceitar métodos maravilhosos de curar, escrevendo-me sobre as faladas curas ali realizadas pela açacurana, disse-me:

''As curas ainda não têm a sanção do tempo. Convém esperar. Refiro-me ao que pude ver e ouvir. Um colega que tem probidade profissional, asseverou-me que a açacurana, de combinação com a hectina, é um tratamento pronto e talvez de radical resultado. Este tratamento misto ainda é segredo do meu operoso colega, e estou certo que também o guardarás. Embora sem razão para esperar muita coisa neste terreno, pelo mau êxito de tantas lutas, sinto-me feliz por me sentir impressionado com a esperança de F. que, além de uma consciência admirável, é um talento privilegiado.''

Realmente também influiu em mim os dizeres do meu parente e distinto clínico, talvez por ignorar o que seja hectina e se o auxílio dela não se verificará também quando combinada com o chaulmoogra.

Não seria bom tentar? É o Dr. quem me guiará como sempre, nesta emergência. Apenas quis antecipar, denunciando um tratamento que não sei se foi já experimentado, pois ignoro o que seja a hectina, sabendo, não há muito, que se trata de uma injeção, o que me diminuiu o entusiasmo, refratário como sou a tal meio de tratamento que não pode ser rápido, como Dr. bem sabe. Enfim, cumprirei como sempre suas ordens. E basta de tanto apoquentá-lo. Queira dispor como convier de quem é com elevada amizade e muita consideração, do seu sempre,

Amigo agradecido,

Fabrício Caldas de Oliveira

P.S. Direi, concluindo, que o doente vai bem, sendo bem apreciável a descoloração das placas. Continuo dando-lhe seis cachêts de óleo incorporado à magnésia. Consegui preparar quarenta cachêts com as cem gramas de óleo, aumentando assim a dosagem diária. Repugnou nos dois primeiros dias.

Manuscrito à caneta no final da carta.

Carta 33: carta datilografada

S. Luís,

3 de agosto de 1924

Prezado amigo e Sr. Dr. Adolpho Lutz,

Recebi, em devido tempo, a sua estimada carta de 30 de março último, na qual nos dá a triste notícia do seu querido lar ter sido assaltado pela influenza, transformando-o em hospital, o que obrigou o Dr. a voltar à clínica, naturalmente com grandes vantagens para os seus doentes. É bem de crer que a estas horas o mal haja cedido e que apenas reste das agonias passadas lembrança pouco grata.

O inverno aqui também foi descomunal, pois ainda anteontem choveu muito e houve fortíssimas descargas elétricas. A minha hemiplegia de 1918 mais ou menos veio me consentindo viver sem maiores incômodos até fins do ano passado, quando me sobrevieram achaques que me levaram a deixar o estafante serviço da alfândega. Vou para Cururupu, onde nasci, e onde possuo terras distantes daqui horas de viagem. É possível que a bondade do clima nos faculte a mim e a meu filho um pouco mais de saúde. Ele nenhuma melhora tem conseguido, desta vez, com o uso do óleo, o que me faz crer que o mal acha-se num período mais adiantado. O interessante é que desta feita o mal não irrompeu, como das anteriores, gradativamente, mas, bruscamente, aparecendo na orelha uma bolha d'água idêntica às que era comum surgirem, às vezes, entre os dedos das mãos do doente. Tratei de picar com um alfinete para vazar, porém notei sair quantidade diminuta de água e que não se tratava de bolha d'água, e sim de um tubérculo o qual persiste. Por outro lado, o seu doente de 1906 era uma criança, hoje é um homem que vai compreendendo nitidamente a situação. Não tem mais as esperanças de outrora, creio eu, e se bem que docilmente não recuse o chaulmoogra, anseia por um sucedâneo menos repugnante, preocupando-o deveras a ciência que tanta virtude atribui ao óleo não ter buscado, até hoje, torná-lo menos repulsivo ao estômago que, afinal, é a via preferida para a sua introdução no organismo avariado. A fé viva de outros tempos ele a perdeu, outro tanto acontecendo à mãe, sua dedicadíssima enfermeira. Resto eu que ainda creio, por ser indiscutível, o óleo ter feito desaparecerem as manchas, aumentar o apetite e restabelecerem as boas disposições morais do doente. Valha-nos isto. Estou inclinado a atribuir à velhice do óleo empregado a inércia notada no mesmo. O odor peculiar e a cor conservam-se os mesmos; como, porém, mandei buscá-lo em 1917, ignoro se o período decorrido possa ou não contribuir para anular as virtudes medicinais do óleo, sem lhe alterar a cor e o aroma conhecidos. Aqui não há quem entenda disto: grandes espíritos que não se preocupam com pequenas coisas. Isto justifica-me perante o Dr. por insistir para me fazer o favor de obter uma muda ou semente da árvore que produz o óleo, as quais vieram para o jardim do Rio. Prometo não faltarem cuidados e carinhos à planta. E, como já não é sem tempo, concluo estimando e a toda a caríssima família saúde e todos os bens. Ao seu inteiro dispor o seu velho amigo agradecido que o abraça.

Fabrício Caldas de Oliveira

Carta 39: carta datilografada

Cururupu,

22 de novembro de 1925

Prezado Amigo e Sr. Dr. Adolpho Lutz,

Não sei o itinerário do Dr. no regresso da Venezuela, porém, tendo tido a honra de me corresponder com a Exmª Srª D. Bertha Lutz, vou endereçar-lhe esta por intermédio do dr. Tovar, estimando-lhe chegue às mãos, e que o Dr. continue sempre gozando saúde.

O seu doente teve uma porção de dores, ora nas mãos, ora nos pés, o que atribuí a reumatismo, dores que se prolongaram por mais de vinte dias, emagrecendo um pouco o rapaz. Apliquei-lhe umas pílulas de Ichthyol, com bastante proveito para o reumatismo. É que tinham se acabado as cápsulas de chaulmoogra que ele vinha usando e antes de voltar às feitas por mim, lembrei-me do Ichthyol.

Continuo ansioso para recomeçar o uso das cápsulas que o Dr. lhe estava dando e que o doente parece preferir às que preparo com o óleo aqui, as quais sempre ele repugna, apesar de usá-las há quase vinte anos. Estou mal servido de máquina de escrever e também de escrevente. Este é um bom camarada; a máquina que comprei em S. Paulo, quando lá estive em 1906, já vai caducando e tem custado a compreender que chaulmoogra tem uma grafia sui generis. O Sr. Dr. relevará estas faltas que infelizmente não são as primeiras, e Deus permita não se reproduzam. Voltando breve, aqui concluo com toda estima e muita consideração.

Do mtº

amigo velho sempre agradecido

Fabrício Caldas de Oliveira

Carta 44: carta manuscrita

São Luís,

2 de abril de 1927

Prezado amº Exmº Sr. Dr. Adolpho Lutz,

Aceite V. Sª e a Exmª família os nossos sinceros cumprimentos, desejamos-lhes muita saúde e felicidades. Meu pai, o sr. Fabrício Caldas de Oliveira, tem sofrido bastante neste últimos tempos dos seus atrozes sofrimentos de congestão, tendo tido novo ataque de ameaço, o qual lhe acabou muito mais o organismo já muito fraco que da primeira vez, privando-o muito os movimentos dos braços e pernas, dormências etc.

Como sabemos ser o Exmº Sr. Dr. amigo dedicadíssimo de nossa família, pedimos desculpas dos aborrecimentos que lhe vamos causar. Esperamos, porém, de V. Sª sincero acolhimento. Como sabe V. Sª, apareceu-me, há tempos, algumas manchas leprosas para o que V. Sª tem enviado cápsulas de chaulmoogra feitas neste douto Instituto. Ultimamente, porém, por dias consecutivos tenho sentido dores terríveis que me têm prostrado de cama com fastio, inflamação das orelhas etc.

Chamando-se um médico amigo da família, ele aconselhou dessem-me uma injeção por semana de ''Chaulmoogrol'' total, série III, de Laboratórios Dias da Cruz, até a 10ª série, obtendo sensíveis melhoras. Peço, porém, ao amigo Exmº Sr. Dr. que já conhece bastante o meu estado e organismo os sábios e bons conselhos de V. Sª, apelando para o bom coração e generosidade de V. Sª.

Aceite recomendações de toda a minha família e recomende-nos aos demais da Exmª família.

Do dedicado amº

crº obº

Numa Pires de Oliveira

São Luís

Rua dos Afogados, nº 156

Carta 45: carta manuscrita

São Luís do Maranhão,

24 de maio de 1927

Prezado amigo e Sr. Dr. Adolpho Lutz,

Desejo-vos muita saúde e felicidades extensivamente à vossa digníssima família, a quem nos recomendamos afetuosamente.

Confirmo a minha carta anterior, pedindo os sábios conselhos de V. Sª no meu tratamento. Meu pai, que teve um novo ameaço de congestão, ficando inteiramente privado de escrever, pede, por meu intermédio, muitas desculpas.

Apareceu-me ultimamente muitas dores na mão direita e no pé esquerdo, bastante inflamação nas orelhas. Já não podendo suportar tanta dor e sem poder dormir dias consecutivos, recorro a V. Sª por este meio, como amigo sincero que há tantos anos bondosamente nos atende com os seus conselhos de amigo e de médico, para mais uma vez dizer-nos o que devemos fazer, pois eu estou sentindo-me aliviar com muita lentidão depois que recorri aqui a um amigo que me aconselhou o uso das injeções Chaulmoogrol dos laboratórios Dias da Cruz, as quais tenho usado uma por semana, já estando na 4ª série.

Já tendo concluído o uso das cápsulas, desejo saber se continuo tomando-as.

Espero que V. Sª se digne aconselhar-me a respeito, fazendo-me o favor de mandar o número de cápsulas que julgar necessárias.

No caso de V. Sª aprovar o emprego das injeções de chaulmoogra, peço-lhe o favor de me enviar uma série delas, dirigida aqui para Maranhão, à rua dos Afogados, n º 156, onde nos encontramos presentemente por causa dos sofrimentos de meu pai.

Aguardando a bondade de V. Sª

Subscrevo-me,

Amigo dedicado

Numa Pires de Oliveira

Carta 46: carta manuscrita

São Luís do Maranhão,

14 de julho de 1927

Prezado amigo Sr. Dr. Adolpho Lutz,

Recebi a sua prezada cartinha datada de 25 p.p. que V. Sª se dignou enviar-me, acompanhada de três séries do óleo. Pelo muito que já lhe devemos, como amigo dedicado e médico que é V. Sª, acrescente-se mais este de que seremos eternamente agradecidos, desejando muitas felicidades a V. Sª e a vossa digníssima família. Meus pais, que seguiram há dias para o Cururupu, enviam também a V. Sª e Vossa digna família muitas recomendações.

Fico aguardando as cápsulas que V. Sª bondosamente ficou de me remeter. Ontem tomei a primeira injeção, não sentindo reação. Peço ao Dr. aconselhar-me o que devo botar nas orelhas, que estão muito inflamadas, se faz mal carne de porco etc.

O digníssimo amigo, além dos inúmeros favores que devemos, poderá também dizer-me alguma coisa a respeito da cura da lepra pelas vacinas de Row de que fala o Dr. Oliveira Botelho em conferência na Academia de Medicina aí, e que os jornais daqui publicaram minuciosamente em telegrama.

Aceite recomendações minhas e de toda a minha família extensivamente à Vossa digníssima família

e creia no amigo dedicado e grande admirador

Numa Pires de Oliveira

Rua dos Afogados, nº 156

Carta 49: carta manuscrita

São Luís,

1 de dezembro de 1927

Prezado amº e Sr. Dr. Adolpho Lutz,

Estimarei ao caro amigo e digníssima família muitas felicidades, saúde e prosperidade. O velho continua no mesmo, hoje então, nem quase pode andar em casa.

Os mais ficam sem novidade e mui se recomendam afetuosamente.

Recebi pelo Correio uma caixinha de comprimidos e outra de injeções que se dignou bondosamente enviar-me e que muito agradeço a V. Sª de todo coração.

Deixei de comunicar há mais tempo ao Dr. devido o estado do velho, e me achar doente: que na primeira ampola da 3ª e última série senti repentinamente, logo após a injeção, subir à boca uma porção de cânfora que me sufocou, impedindo-me a respiração e perdendo o sentido, aparecendo na vista uns traços coloridos e como um candeeiro que se quer apagar e está piscando. Tive também muita febre e dor de cabeça, mas continuei a tomar somente uma por semana em vez de duas, e já terminei, passando para as da 2ª série que V. Sª me mandou ultimamente.

Não se esqueça o prezado amigo de enviar-me antecipadamente algumas ampolas ou o que achar conveniente que desde já ficarei grato a V. Sª.

Numa Pires de Oliveira

10, Travessa do Palácio

P.S. Estamos residindo atualmente em nossa casinha própria, à Travessa do Palácio, nº 10, para onde deve V. Sª dirigir alguma coisa que se dignar enviar-me.

O mesmo

Carta 50: carta manuscrita

São Luís do Maranhão,

6 de fevereiro de 1928

Prezado amigo Sr. Dr. Adolpho Lutz,

Recebi a prezada carta de V. Sª acompanhada de quatro caixinhas de injeções que bondosamente me enviou e que de todo coração agradeço, desejando-vos e a vossa digníssima família muitas felicidades, e que tenha tido boas entradas no ano-novo.

O dedicado amigo decerto me desculpará não haver escrito há mais tempo, devido ao meu pai ter tido uma repetida, digo, uma repetição da congestão há 15 dias. Ele costumava almoçar às dez horas, e nesse dia, após o mesmo, ouvimos um grito, achamos ele na cama em contrações, bastante roxo, com um ronco, sem querer falar, que só veio a falar muito depois devido termos aplicado um escalda-pés, que o feriu bastante, mas era o único recurso de momento; e depois, no momento éramos três, aliás duas, porque uma foi chamar auxílio. Enfim, prezado amigo, ele tem passado mal e há 15 dias que não se sabe o que é sossego. Os médicos indicam para a febre que tem vindo sempre ''Septicemine Cortial''...

Ele diz muita asneira...

Aguardamos os conselhos de V. Sª que é amigo dedicado de nossa família.

Eu vou indo sem alterações, a não ser umas feridas que me apareceram no calcanhar e uma espécie de impigem até certa altura, pelo que peço não me chamar aborrecido indicar-me um remédio.

Vou terminar, pedindo desculpas dos erros e de tantos aborrecimentos.

Queira dispor e a vossa digníssima família

do velho amigo de sempre,

Numa Pires de Oliveira

P.S.

Esqueci-me de comunicar ao Dr. que ao tomar a injeção sinto falta de ar, suor frio, enfim, um mal-estar etc.

O mesmo.

Carta 51: carta manuscrita

Maranhão,

7 de maio de 1928

Ilmº Sr. Dr. Adolpho Lutz,

Minhas respeitosas saudações.

Venho responder a carta de V. Exª datada de 22 de março.

Eu, meu ilustre Dr., continuo no mesmo; agora me apareceu febre, todos os dias, com muitos frios e de dor na cabeça.

Devido às febres, suspendi as injeções. Sinto-me fraco, muito fastio, a boca amarga.

Escrevo a V. Exª a fim de me aconselhar o que devo fazer, se posso tomar as injeções mesmo com febre. Há 15 dias que a febre me persegue, sempre alta, e com ela apareceu-me inflamação nos testículos. Também os tornozelos inchados, o dedo mínimo da mão direita bastante inchado e vermelho.

Apareceu-me também uma espécie de impigem atrás da perna até no calcanhar, sinto quente. E muitas dores reumáticas pelo corpo. Estou tomando os comprimidos que V. Exª teve a gentileza de me enviar. Quando os tomo sinto mal-estar no estômago e tonteiras.

Aguardo ansioso a resposta de V. Exª a fim de me orientar no tratamento.

Tenha compaixão deste seu pobre doente.

Os escorpiões que foram não morderam ninguém, e da qualidade do maior, meu pai foi mordido há nove anos, mas ignoro se ele sentiu alguma alteração.

Já encomendei os sapos chinelo, as rãs, e também outros escorpiões.

Ultimamente sinto grande aflição no coração e falta de ar.

Espero que o meu caro Dr. não se esqueça de mim com os seus bons e sábios conselhos, pois tenho esperanças que V. Exª há de me pôr bom.

Recomendações a Exmª família.

Aguardando as ordens de V. Exª aqui fica o crº obº

Numa Pires de Oliveira

Travessa do Palácio, 10

Maranhão

Carta 52: carta manuscrita

São Luís,

7 de junho de 1928

Prezado amº Sr. Dr. Adolpho Lutz

Recebi a estimada cartinha que V. Sª dignou enviar-me, de 25 do mês passado, desejando muitas felicidades, extensivas a Vossa digníssima família.

Os meus passam sem novidades e mui respeitosamente se recomendam.

Eu, depois de uns vinte dias de febre, passei alguns dias em casa de uns tios meus, e já se vão oito dias que não me aparecem as malditas febres. Sentia muita falta de ar, parecia-me que os intestinos cresciam e me impediam a respiração.

Em virtude disso, o farmacêutico Fonseca, meu cunhado, mandou-me tomar a seguinte fórmula Benzonaphtol 0,25, Salól 0,15, Sal de Vichy 0,20 para um cachêt nº 10, e para a febre poção de Jacud. Sinto-me muito fraco, pelo que peço ao prezado amigo e Dr. indicar-me um tônico, as minhas pernas jogam como quem sofre de beribéri.

Aguardando ansioso os sábios conselhos do amigo, grato e desejando as maiores felicidades a V. Sª e Vossa digníssima família, subscrevo-me sempre ao Vosso dispor, amigo sincero.

Numa Pires de oliveira

P.S.

Esqueci-me de dizer ao Dr. que estou aplicando as injeções de ''Nevrosthenyl Granado'', sem notar lá essas vantagens, pelo que aguardo os Vossos conselhos.

O Dr. decerto me desculpará os erros, que é devido o meu estado de fraqueza.

O mesmo

Carta 53: carta manuscrita

São Luís,

21 de julho de 1928

Prezado amº Dr. Adolpho Lutz,

Recebi a honrosa cartinha que o digníssimo e desinteressado amigo se dignou enviar-me, estimando saber que V. Sª está com saúde, pelo que faço votos ao bom Deus e Nossa Senhora que V. Sª e vossa digna filha D. Drª Bertha Lutz assim sempre seja, e que peço aceitarem as saudações e recomendações de toda minha família.

O meu estado vai indo regularmente. O Dr. decerto me desculpará os aborrecimentos. Estou tomando o Salol como o bom amigo indicou-me, mas ainda sinto de vez em quando falta de ar, um fastio imenso, umas feridas no calcanhar que me incham muito os pés. Quando me aparece a falta de ar, esfriam as extremidades.

Enfim Dr., o clima aqui é muito quente e alimentação má e deficiente.

Se não fosse, quero dizer, se fosse permitido viajar, eu iria até aí para o bom amigo ver-me, e seguir um tratamento mais enérgico que V. Sª me indicasse, mas como não é possível, espero do bondoso amigo que me indique um medicamento para esse fastio e falta de ar. Bem sei que o prezado amigo não se encontra atualmente no Rio, por ter seguido para o Rio Grande do Norte em companhia de Vossa digna filha em missão científica, o que soube pelos jornais desta Capital, mas conto que o bom amigo, assim que possa, far-me-á o grande favor de enviar-me as indicações acima e das feridas também, são uma espécie de impigem. Peço ao bom amigo desculpar os erros e aborrecimentos, e aceitar com Vossa digna família, as saudações de toda a minha família e os bons desejos do amigo certo e agradecido

Numa Pires de Oliveira

Travessa do Palácio, nº 10

Carta 54: carta manuscrita

S. Luís,

2 de setembro de 1928

Prezado Amigo Sr. Dr. Adolpho Lutz,

O meu maior desejo é que esta cartinha vá encontrar-lhe, com todos da sua Exmª família, gozando perfeita saúde. Que aí tenha regressado com a sua gentilíssima filha da grande viagem aérea fortes e felizes.

Deixei de escrever-lhe não só por não saber da sua indece (sic), como também por me terem reaparecido as febres. Já lhe havia escrito para o Rio, e agora vou aborrecer-lhe um pouco, o que lhe peço desculpas. Peço-lhe encarecidamente que o amº me indique o que eu faço. Tenho as orelhas inchadas e encalombadas, tenho umas perebas nos pés; o que devo tomar para desaparecê-las?

Sinto-me fraco, nervoso.

Quanto à alimentação, aqui não temos que preste. Porém tomo bom leite, ovos, criações e ervas. O que devo comer?

Está aqui tomando-se com muita influência as injeções de Aleprol, porém eu que só me tenho tratado com o Dr. Lutz, queria que o Dr. me desse a sua franca opinião sobre elas. Eu, com todos da minha família recomendamos ao Dr. e a sua Exmª família. Ansioso aguardo uma cartinha sua que muito prazer irá dar-me.

Aqui fico sempre à sua disposição.

Queira abraçar seu amigo agradecido.

Numa Pires de Oliveira

Travessa do Palácio, nº 10

Carta 55: carta manuscrita

Maranhão

10 de agosto de 1929

Prezado distinto amigo

Dr. Adolpho Lutz

Meus sinceros cumprimentos. Que o bom amigo e sua Exmª família estejam de perfeita saúde.

Eu vou indo no mesmo, a minha família vão (sic) indo sem alteração.

Continuo deitado sem poder andar; a febre esses dias não me tem dado. Um médico amigo aconselhou-me tomar o Aleprol, pois aqui tem dado resultado para minha moléstia. Tomei uma caixa e senti melhoras, porém há falta delas aqui, e como o bom amigo disse-me em sua última carta que se eu quisesse o Dr. me mandaria daí, então peço-lhe a bondade de mandar-me umas caixas daí para ver se consigo me levantar da cama.

Minha família muito se recomendam (sic) ao Dr. e sua Exmª família.

Queira, bom amigo, desculpar os meus aborrecimentos. Infelizmente sou um doente e muito preciso do seu valiosíssimo auxílio.

Adeus, aqui fico sempre ao seu dispor

Amigo agradecido

Numa Pires de Oliveira

Travessa do Palácio, nº 10

São Luís do Maranhão

Carta 56: carta manuscrita

Maranhão,

21 de dezembro de 1929

Prezado amigo Dr. Lutz,

Tenho em meu poder a sua cartinha de 12 do corrente, a qual respondo-lhe. O meu desejo é que ao receber esta esteja em pleno gozo de saúde, bem assim a sua Exmª família. Os meus vão indo. Eu continuo deitado sem poder andar, sentindo muitas dores nas juntas, e não as espicho, porém tenho movimento nelas. Já estou assim há meses. Sentia frio, febres e muitas dores que agora acalmaram um pouco.

Junto-lhe uma nota do meu médico, Dr. José Murta.

Tenho do lado uma ferida pequena na perna, já usei o Ichthyol e ainda não sarou.

Agüentei um pouco com o azul de metileno, pois estava muito azul. O que acha o meu bom amigo que eu deva fazer? Preciso muito da sua sábia opinião. Tenho aqui médicos, porém os sábios conselhos do Dr. para mim é tudo. Eu sou um doente que preciso do Dr. eternamente. Portanto, meu bom amigo, dê-me a sua opinião de amigo.

Minha família e eu muito recomendamos ao Sr. e sua Exmª família.

Queira o bom amigo perdoar-me os aborrecimentos.

Aqui fico ao seu inteiro dispor.

Abraça-lhe com muita amizade e gratidão

Numa Oliveira

Travessa do Palácio, nº 74 (antigo nº 10)

  • *
    Correspondence selection, Av. Brasil, 4365, 21045-900 Rio de Janeiro — RJ,
  • 1
    Adolpho Lutz,
    Estudos e observações sobre o quebra-bunda ou peste de cadeiras pelo dr. Adolfo Lutz. Extraído da
    Revista da Sociedade Scientífica de S. Paulo (Brazil), vol. 3, 1908, nº3-7. São Paulo, Typographia Henrique Grobel, 1908, pp. 34-58. Publicado também como 'Estudos e observações sobre o quebra-bunda ou peste de cadeiras',
    Diário Oficial do Estado do Pará (Belém), vol. 17, nº4.780, 1907, pp. 356-62.
  • 2
    Ver a edição dedicada a Adolpho Lutz e a história da medicina tropical de
    História, Ciências, Saúde — Manguinhos, vol. 10(1), jan.-abr. 2003.
  • 3
    As informações sobre o uso do óleo de chalmugra provêm de
    Grande Enciclopédia Delta Larousse (Rio de Janeiro/Delta, vol. 4, 1975, p. 1532); H. Montague Murray (ed.),
    Quain's Dictionary of Medicine by various writers (London/Bombay/Calcutta, Longmans, Green and Co., 1910, p. 864); e, sobretudo, Eugenio Coutinho,
    Tratado de clínica das doenças infectuosas, parasitárias e peçonhentas (Rio de Janeiro, Guanabara, 1957, pp. 319-21).
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      08 Mar 2004
    • Data do Fascículo
      2003
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