Acessibilidade / Reportar erro

Tromboprofilaxia e desfechos materno-fetais de mulheres com marcadores séricos para trombofilias hereditárias e antecedentes de complicações obstétricas

Resumo

Objetivos:

avaliar os desfechos maternosfetais da tromboprofilaxia com enoxaparina com base em sistema de pontuação em mulheres com marcadores séricos para trombofilia hereditária e antecedentes de complicações obstétricas.

Métodos:

realizouse estudo retrospectivo com base em dados coletados de prontuários. Foram Incluídas 54 mulheres grávidas com marcadores séricos de trombofilia hereditária submetidos à intervenção terapêutica com enoxaparina no período de novembro de 2009 a dezembro de 2013. A dose inicial de heparina de baixo peso molecular foi norteada por um sistema de pontuação. Os resultados maternosfetais de gestações anteriores e subsequentes ao tratamento foram comparados utilizando Teste quiquadrado com correção de Yates ou Exato de Fisher; p<0,05 foi considerado significativo.

Resultados:

observouse significativa redução de mortes fetais / perinatais (p<0,05) e abortos espontâneos (p<0,001) após intervenção. Os nascidos vivos com parto a termo (p<0,001) e nascidos vivos no parto prematuro (p<0,05) elevaramse significativamente após a intervenção.

Conclusão:

a intervenção terapêutica com enoxaparina com base no sistema de pontuação durante a gravidez parece melhorar o prognóstico fetal.

Palavras chave
Trombofilia; Resultado da gravidez; Heparina de baixo peso molecular; Enoxaparina

Abstract

Objectives:

to evaluate the maternalfetal outcomes of thromboprophylaxis with enoxa parin based on scoring system in women with serum markers for hereditary thrombophilia and previous obstetric complications.

Methods:

a retrospective study was undertaken based on data collected from clinical records. We included 54 pregnant women with serum markers for hereditary thrombophilia undergoing therapeutic intervention with enoxaparin in the period from November 2009 to December 2013. The initial dose of low molecular weight heparin was guided by a scoring system. The maternalfetal outcomes of previous pregnancies and, subsequently, the treatment were compared using the chisquare (χ2) test with the Yates correction and Fisher's Exact Test; p<0.05 was considered significant.

Results:

we observed significant reduction in fetal/perinatal deaths (p<0.05) and spontaneous abortions (p<0.001) after intervention. The live births at fullterm delivery (p<0.001) and live births at preterm delivery (p<0.05) increased significantly after intervention.

Conclusions:

the therapeutic intervention with enoxaparin based on scoring system during pregnancy seems to improve the fetal prognosis.

Key words
Thrombophilia; Pregnancy outcome; Heparin low molecular weight; Enoxaparin

Introdução

Trombofilia hereditárias estão associadas com aproximadamente 50% dos eventos tromboem-bólicos e listada como fator de risco para ocorrência de complicações gestacionais, elevando significativamente os riscos materno e fetais, incluindo aborto precoce e tardio, descolamento prematuro da placenta, restrição de crescimento fetal e pré-eclâmpsia.11 De Stefano V, Martinelli I, Rossi E, Battagliole T, Za T, Mannuccio MP, Leone G. The risk of recurrent venous thromboembolism in pregnancy and puerperium without antithrombotic prophylaxis. Br J Haematol. 2006; 135: 386-91.,22 Kosar A, Kasapoglu B, Kalyoncu S, Turan H, Balcik OS, Gümüs EI. Treatment of adverse perinatal outcome in inherited thrombophilias: a clinical study. Blood Coagul Fibrinolysis. 2011; 22: 14-8.

Embora existam evidências consistentes de que a intervenção terapêutica com heparina de baixo peso molecular (HBPM) reduz a ocorrência de desfechos obstétricos adversos em mulheres com trombofilias adquiridas,33 Hoppe B, Burmester GR, Dorner T. Heparin or aspirin or both in the treatment of recurrent abortions in women with antiphospholipid antibody (syndrome). Curr Opin Rheumatol. 2011; 23: 299-304. os benefícios desta estratégia terapêutica em mulheres com trombofilias hereditárias são menos conclusivos.44 Rambaldi MP, Mecacci F, Guaschino S, Paidas MJ. Inherited and Acquired Thrombophilias. Reprod Sci. 2014; 21: 167-82. Os estudos relativos à eficácia da HBPM para a prevenção de complicações obstétricas neste grupo de pacientes são contraditórios em conseqüência das diferentes metodologias aplicadas.55 Bates SM, Greer IA, Middeldorp S, Veenstra DL, Prabulo AM, Vandvik PO. Venous thromboembolism, thrombophilia, antithrombotic therapy, and pregnancy: Antithrombotic Therapy and Prevention of Thrombosis, 9th ed: American College of Chest Physicians Evidence-Based Clinical Practice Guidelines. Chest. 2012; 141 (Suppl. 2): e691S-736S. A maioria das variações nos métodos devem-se a diferentes critérios de inclusão e definições de resultados gestacionais adversos.66 Mutlu I, Mutlu MF, Biri A, Erdem M, Erdem A. Effects of anticoagulant therapy on pregnancy outcomes in patients with thrombophili a and previous poor obstetric history. Blood Coagul Fibrinolysis. 2015: 26 (3): 267-73. O uso rotineiro da anticoagulação no cenário das trom-bofilias hereditárias ainda é considerado experi-mental.77 Rodger MA, Carrier M, Le Gal G, Martinelli I, Perna A, Rey E, de Vries JI, Gris JC. Meta-analysis of low-molecular-weight heparin to prevent recurrent placenta-mediated pregnancy complications. Blood. 2014; 123 (6): 822-8. A necessida de ensaios controlados por placebo é reconhecida, no entanto, dificuldades logísticas e éticas limitam essa abordagem.88 Sarig G, Vidergor G, Brenner B. Assessment and management of high-risk pregnancies in women with thrombophilia. Blood Rev. 2009; 23: 143-7.

Devido a dilemas na literatura sobre a forma de atuar e, possivelmente, intervir em situações envolvendo grávidas e puérperas com trombofilia hereditária, o presente estudo objetivou avaliar os desfechos materno-fetaisl subsequentes à intervenção com enoxaparina baseada em sistema de pontuação não validado88 Sarig G, Vidergor G, Brenner B. Assessment and management of high-risk pregnancies in women with thrombophilia. Blood Rev. 2009; 23: 143-7. em mulheres com marcadores séricos para trombofilia hereditária e antecedentes de complicações obstétricas.

Métodos

Estudo retrospectivo a partir de dados obtidos de registros clínicos de mulheres submetidas ao Protocolo Assistencial local para trombofilias na gravidez do Ambulatório de Ginecologia e Obstetrícia99 Figueiro-Filho EA, Oliveira VM, Breda I, Coelho LR, Ferreira CM. [Usefulness of a scoring system on perinatal outcomes in pregnant women with thrombophilia in the effectiveness of an enoxaparin-based intervention]. Rev Bras Ginecol Obstet. 2012; 34 (10): 459-65. da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (FAMED/UFMS), Brasil, realizado no período de novembro de 2009 a dezembro de 2013.

Foram incluídas neste estudo gestantes cujas gestações anteriores foram complicadas por pelo menos uma das seguintes opções: abortos espontâneos recorrentes (duas ou mais perdas anteriores a 20ª semana de gestação), óbito fetal/perinatal e/ou pré-eclâmpsia; apresentaram pelo menos um marcador sérico para trombofilias hereditárias na gestação atual; possuíam classificação pelo Sistema de Pontuação adaptado de Sarig et al. ,88 Sarig G, Vidergor G, Brenner B. Assessment and management of high-risk pregnancies in women with thrombophilia. Blood Rev. 2009; 23: 143-7. antes da intervenção terapêutica; iniciaram uso enoxaparina sódica antes da 20" semana de gestação e seguiram corretamente o protocolo clínico local para trom-bofilias. Óbito fetal/perinatal foi considerada como óbito intra-útero superior a 20" semana de gestação ou que foram a óbito até 7 dias de vida completos. Ocorrência de pré-eclâmpsia foi definida como pressão arterial de 140/90 mmHg ou superior, após 20 semanas de gravidez, acompanhada de proteinúria de 0,3 g ou mais em uma coleta de urina de 24 horas. O sistema de pontuação proposto por Sarig et al. ,88 Sarig G, Vidergor G, Brenner B. Assessment and management of high-risk pregnancies in women with thrombophilia. Blood Rev. 2009; 23: 143-7. é composto por quatro categorias principais: história obstétrica, eventos tromboembólicos anteriores, história familiar e tipo de trombofilia. Com base na pontuação obtida pela soma das categorias, é possível destacar o nível de risco das gestantes - baixo (até 5 pontos), intermediário (6-10 pontos), alto (11-14 pontos) e extremamente alto (a partir de 15) - e obter a dose correspondente de HBPM para tromboprofilaxia das pacientes, variando de 20 a 80 mg/dia.88 Sarig G, Vidergor G, Brenner B. Assessment and management of high-risk pregnancies in women with thrombophilia. Blood Rev. 2009; 23: 143-7.

Os critérios de exclusão foram: presença prévia de anticorpos anticardiolipina (IgG e IgM), anticoagulante lúpico ou anti-β2 glicoproteína I, lúpus eritematoso sistêmico prévio, diagnóstico prévio de diabetes mellitus gestacional, episódio prévio de trombose arterial ou venosa, e/ou pacientes que seguiram protocolo específico para trombofilia em gestações anteriores.

A presença de marcadores para trombofilia hereditária foi identificada pelos níveis de proteínas C e S, antitrombina, homocisteína e pesquisa de mutação Q506 do fator V (fator V Leiden). A investigação laboratorial foi realizada na primeira consulta pré-natal da gravidez atual, anterior à 20" semana de gestação.

A determinação do nível plasmático da proteína C foi realizada pelo método cromogênico1010 Walker ID, Greaves M, Preston FE. Haemostasis and thrombosis task force, British Committee for standards in haematology. Investigation and management of heritable thrombophilia. Br J Haemato. 2001; 114 (3): 512-28.,1111 Jackson BR, Holmes K, Phansalkar A, Rodger GM. Testing for hereditary thrombophilia: a retrospective analysis of testing referred to a national laboratory. BMC Clin Pathol. 2008; 8: 3. e valores inferiores a 65% de atividade foram considerados como deficiência de proteína C. A determinação plasmática da proteína S foi conduzida pelo método cromogênico, considerando-se deficiência valores inferiores a 30% da atividade.1010 Walker ID, Greaves M, Preston FE. Haemostasis and thrombosis task force, British Committee for standards in haematology. Investigation and management of heritable thrombophilia. Br J Haemato. 2001; 114 (3): 512-28.,1111 Jackson BR, Holmes K, Phansalkar A, Rodger GM. Testing for hereditary thrombophilia: a retrospective analysis of testing referred to a national laboratory. BMC Clin Pathol. 2008; 8: 3. Para avaliar a antitrombina, o método escolhido foi o cromogênico,1010 Walker ID, Greaves M, Preston FE. Haemostasis and thrombosis task force, British Committee for standards in haematology. Investigation and management of heritable thrombophilia. Br J Haemato. 2001; 114 (3): 512-28.,1111 Jackson BR, Holmes K, Phansalkar A, Rodger GM. Testing for hereditary thrombophilia: a retrospective analysis of testing referred to a national laboratory. BMC Clin Pathol. 2008; 8: 3. considerando-se deficiência valores inferiores a 60% da atividade.

Os valores de homocisteína plasmática foram determinados por imunoensaio competitivo de quimioluminescência, cujos resultados superiores a 12 µmol/l foram considerados hiper-homocis-teinemia.1212 Stauffenberg MT, Lange RA, Hillis D, Cigarroa J, Hsu RM, Devaraj S, Jialal I. Hyperhomocysteinemia measured by immunoassay: a valid measure of coronary artery atherosclerosis. Arch Pathol Lab Med. 2008; 128 (11): 1263-6. A pesquisa de mutação fator V de Leiden foi realizada por meio da reação em cadeia da polimerase (PCR) segundo leitura da enzima de restrição MNLI, considerando-se positiva presença de uma mutação homozigótica ou heterozigó-tica.1010 Walker ID, Greaves M, Preston FE. Haemostasis and thrombosis task force, British Committee for standards in haematology. Investigation and management of heritable thrombophilia. Br J Haemato. 2001; 114 (3): 512-28."1111 Jackson BR, Holmes K, Phansalkar A, Rodger GM. Testing for hereditary thrombophilia: a retrospective analysis of testing referred to a national laboratory. BMC Clin Pathol. 2008; 8: 3.

De acordo com Protocolo Assistêncial Local para trombofilia na gravidez,99 Figueiro-Filho EA, Oliveira VM, Breda I, Coelho LR, Ferreira CM. [Usefulness of a scoring system on perinatal outcomes in pregnant women with thrombophilia in the effectiveness of an enoxaparin-based intervention]. Rev Bras Ginecol Obstet. 2012; 34 (10): 459-65. todas as gestantes com marcadores séricos para trombofilias hereditárias receberam enoxaparina, do início do pré-natal até a sexta semana pós-parto. A medicação foi suspensa no início do trabalho de parto quando espontânea ou 24 horas antes da interrupção da gestação quando planejada. Gestantes com hiper-homocisteinemia, além da enoxaparina, receberam suplementação com ácido fólico (15 mg/dia) e vitaminas B6 e B12 em doses de 10 e 0,1 mg/dia, respectivamente.1313 Brazão ML, Silva AS, Gaspar J, Barros C, Pereira H, Arauújo JN. [Thrombophilia and recurrent miscarriages]. Medicina Interna. 2010; 17 (4): 191-9.

A dose inicial de HBPM foi norteada pelo sistema de pontuação adaptado de Sarig et al. ,88 Sarig G, Vidergor G, Brenner B. Assessment and management of high-risk pregnancies in women with thrombophilia. Blood Rev. 2009; 23: 143-7. e definida segundo juízo clínico. Quando o sistema de pontuação indicava doses terapêuticas iniciais, entre 60 e 80 mg/dia, optou-se por iniciar com doses de 40 ou 60 mg/dia de HBPM (juízo clínico) e, conforme necessidade ajustar para o risco real. Em casos de mudança de dose, considerou-se a maior dosegem utilizada durante a gravidez.

As informações deste estudo foram obtidas por meio de revisão dos registros médicos de gestantes que atenderam aos critérios de inclusão. As variáveis materno-fetais pesquisadas foram: número de abortos espontâneos, número de óbitos fetal/perinatal, número de nascidos vivos de parto pré-termo (nascimento com menos de 37 semanas completas de gravidez), número de nascidos vivos de parto a termo (>37 semanas completas de gravidez) e ocorrência de pré-eclâmpsia. As variáveis de controle foram: idade materna, idade gestacional, gestação anterior e etnia. A análise estatística baseou-se na contagem do número absoluto de gestações e comparação dos seus desfechos materno-fetais antes e após o tratamento com enoxaparina.

O software SPSS versão 10 (SPSS, Chicago, IL, EUA) foi usado para realizar a análise estatística. O teste do qui-quadrado com a correção de Yates foi utilizado para avaliar associação entre as variáveis materno-fetais. O teste exato de Fisher foi aplicado quando apropriado. Os dados são apresentados como risco relativo (RR) com intervalo de confiança de 95% (IC95%). Os valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, sob protocolo 1586, em 29 de outubro de 2009, número de Certificado de Apresentação para Apreciação Ética: 15330913.6.0000.0021.

Resultados

Durante o período do estudo, 54 pacientes atenderam aos critérios de inclusão e tiveram seus prontuários analisados. Avaliamos o total de 182 gestações, das quais 128 foram anteriores ao diagnóstico e intervenção terapêutica para trombofilias e 54 subsequentes ao seguimento do Protocolo Assistêncial Local para trombofilia na gravidez.99 Figueiro-Filho EA, Oliveira VM, Breda I, Coelho LR, Ferreira CM. [Usefulness of a scoring system on perinatal outcomes in pregnant women with thrombophilia in the effectiveness of an enoxaparin-based intervention]. Rev Bras Ginecol Obstet. 2012; 34 (10): 459-65. A maioria das gestantes do estudo eram caucasianas (57,4%), com idade média de 30,74 ± 6,09 (18 - 46) anos na gravidez atual e média de 2,37 ± 1,29 (1 - 6) gestações anteriores à intervenção terapêutica.

A Tabela 1 mostra os desfechos materno-fetais das gestações anteriores e subsequentes à intervenção com HBPM. A freqüência de nascidos vivos passou de 32,0% (41/128) para 96,3% (52/54) (p<0,001) após intervenção terapêutica com enoxaparina. Nestas mulheres, o número de óbitos fetal/perinatal e abortos espontâneos reduziram significativamente. Ademais, houve significativamente mais nascidos vivos de parto a termo comparado à gestações prévias ao tratamento com HBPM. No entanto, a comparação entre ocorrência de pré-eclâmpsia em gestações anteriores e posteriores ao tratamento com HBPM não atingiu significância estatística.

Tabela 1
Desfechos materno-fetais das gestações prévias e subsequentes à intervenção terapêucica com HBPM.

De acordo com o sistema de pontuação proposto por Sarig et al. , 88 Sarig G, Vidergor G, Brenner B. Assessment and management of high-risk pregnancies in women with thrombophilia. Blood Rev. 2009; 23: 143-7. 24,1% (13/54) das gestações foram classificadas como baixo risco, 51,8% (28/54) risco intermediário, 20,4% (11/54) alto risco e 3,7% (2/54) com risco extremamente elevado.

Dentre as cinquenta e quatro gestações tratadas, 74,1% (40/54) utilizaram apenas HBPM e 25,9% (14/54) utilizaram HBPM associada ao ácido fólico e vitaminas do complexo B. A dose de 20 mg/dia de HBPM foi utilizada em 25,9% (14/54) de gestações, 40 mg/dia em 76,2% (34/54) e 60 mg/dia em 1,9% (1/54) dos casos.

Discussão

O manejo das trombofilia durante a gravidez e pós-parto frequentemente envolve terapia anticoagulante. O potencial efeito benéfico da HBPM na prevenção de complicações obstétricas em mulheres com trombofilias hereditárias foi, em parte, exprolado a partir da eficácia documentada nos casos de síndrome de anticorpos antifosfolípidos.44 Rambaldi MP, Mecacci F, Guaschino S, Paidas MJ. Inherited and Acquired Thrombophilias. Reprod Sci. 2014; 21: 167-82.*55 Bates SM, Greer IA, Middeldorp S, Veenstra DL, Prabulo AM, Vandvik PO. Venous thromboembolism, thrombophilia, antithrombotic therapy, and pregnancy: Antithrombotic Therapy and Prevention of Thrombosis, 9th ed: American College of Chest Physicians Evidence-Based Clinical Practice Guidelines. Chest. 2012; 141 (Suppl. 2): e691S-736S. No entanto, os resultados disponíveis sobre o papel da HBPM durante a gravidez apresentam heterogeneidade substancial.1414 D'Ippolito S, Ortiz AS, Veglia M, Tersigni C, Di Simone N. Low molecular weight heparin in obstetric care: a review of the literature. Reprod Sci. 2011; 18 (7): 602-13.

Embora os mecanismos que explicam os efeitos benéficos da HBPM não estejam totalmente compreendidos, sugere-se que, além da ação anticoagulante, a heparina é capaz de inibir a ativação do sistema complemento, diminuir a resistência vascular e modular a invasão trofoblástica, estimulando a atividade das proteases específicas, como as metaloproteinases de matriz, ou reduzindo o complexo epitelial de adesão célular, tal como a proteína E-caderina. A expressão anormal da proteína E-caderina tem sido relacionada ao histórico de perda fetal e aborto espontâneo recorrente.1515 Erden O, Imir A, Guvenal T, Muslehiddinoglu A, Arici S, Cetin M, Cetin A. Investigation of the effects of heparin and low molecular weight heparin on E-cadherin and laminin expression in rat pregnancy by immunohistochemistry. Hum Reprod. 2006; 21 (11): 3014-8.>1616 Mulla MJ, Myrtolli K, Brosens JJ, Chamley LW, Kwak-Kin JY, Paidas MJ, Abrahams VM. Antiphospholipid antibodies limit trophoblast migration by reducing IL-6 production and STAT3 activity. Am J Reprod Immunol. 2010; 63 (5): 339-48.

A probabilidade de perda fetal parece diminuir significativamente com o uso de HBPM.1717 Kovac M, Mikovic Z, Mitic G, Djordjevic V, Mandic V, Rakicevic L, Radojkovic D. Does Anticoagulant Therapy Improve Pregnancy Outcome Equally, Regardless of Specific Thrombophilia Type? Clin Appl Thromb Hemost. 2013; 20 (2) :184-9. Esta premissa foi reforçada pelo presente estudo, visto que o uso de enoxaparina durante a gestação evitou a ocorrência de abortos espontâneos e reduziu significativamente o número de óbitos fetal/perinatal.

Os relatos de sucesso gestacional com o uso de terapia anticoagulante em mulheres com trombofilias hereditárias que referem história prévia de perda fetal, pré-eclâmpsia entre outras complicações, variam de 60,0 a 93,0%.22 Kosar A, Kasapoglu B, Kalyoncu S, Turan H, Balcik OS, Gümüs EI. Treatment of adverse perinatal outcome in inherited thrombophilias: a clinical study. Blood Coagul Fibrinolysis. 2011; 22: 14-8.>1818 Bittar RE, Fonseca EB, Zugaib M. [Prediction and prevention of pretem delivery]. Femina. 2010; 38 (1): 13-22. Estes resultados são comparáveis aos descritos em nosso estudo, em que 96,3% dos casos resultaram em nascidos vivos após a intervenção com enoxaparina. Os partos pré-termos perfizeram 72,2% das gestações tratadas, indicando que a tromboprofilaxia com enoxaparina sódica elevou em 2,8 vezes as chances de nascimentos de fetos vivos a termo (RR=2,80; IC95% = 1,99-3,92).

Apesar do tratamento, 24,1% dos nascidos vivos foram de parto pré-termo. É provável que fatores individuais das pacientes como idade materna, comportamentos de risco durante a gravidez, tipo de complicações em gestações anteriores, presença de infecções ou comorbidades hipertensivas que levaram à interrupção terapêutica da gestação, tenham influenciado a frequência deste desfecho.1818 Bittar RE, Fonseca EB, Zugaib M. [Prediction and prevention of pretem delivery]. Femina. 2010; 38 (1): 13-22.>1919 Araujo BF, Tanaka AC. [Risk factors associated with very low birth weight in a low-income population]. Cad Saúde Pública. 2007; 23 (12): 2869-77. Percentual de nascidos pré-termo semelhante ao relato por nosso estudo foi verificada por Elmahashi et al.2020 Elmahashi MO, Elbareg AM, Essadi FM, Ashur BM, Adam I. Low dose aspirin and low-molecular-weight heparin in the treatment of pregnant Libyan women with recurrent miscarriage. BMC Res Notes. 2014; 7:23. Avaliable: http://www.biomedcentral.com/content/pdf/1756-0500-723.pdf via the INTERNET. Accessed June 11, 2014.
http://www.biomedcentral.com/content/pdf...
Segundo estes autores, na maioria dos casos o trabalho de parto ocorreu espontaneamente. No entanto, em alguns casos, houve indução prematura devido à presença de pré-eclâmpsia e restrição de crescimento intra-uterino.2020 Elmahashi MO, Elbareg AM, Essadi FM, Ashur BM, Adam I. Low dose aspirin and low-molecular-weight heparin in the treatment of pregnant Libyan women with recurrent miscarriage. BMC Res Notes. 2014; 7:23. Avaliable: http://www.biomedcentral.com/content/pdf/1756-0500-723.pdf via the INTERNET. Accessed June 11, 2014.
http://www.biomedcentral.com/content/pdf...

A pré-eclâmpsia é uma das principais causas de morbimortalidade materno fetal. Em mulheres com episódio prévio, o risco de recorrência em gestações subsequentes é importante, variando entre 25,0% a 65,0%.2121 Cudihy D, Lee RV. The pathophysiology of pre-eclampsia: current clinical concepts. J Obstet Gynaecol. 2009; 29 (7): 576-82. Em concordância com a literatura, nosso estudo observou recorrência de pré-eclâmpsia grave em 27,8% (5/18) das pacientes. Infelizmente, não foi possível confirmar os efeitos da HBPM sobre o risco de pré-eclâmpsia. Apesar do efeito da HBPM na redução do risco de pré-eclâmpsia ser esperado, devido à redução na formação de trombose e ao efeito anti-apoptótico sobre os trofoblastos, o risco de pré-eclâmpsia é influenciado principalmente pelas características da paciente como hipertensão, diabetes mellitus, doença renal subjacente, alto índice de massa corporal, idade avançada e episódios anteriores de pré-eclâmpsia.222 Kosar A, Kasapoglu B, Kalyoncu S, Turan H, Balcik OS, Gümüs EI. Treatment of adverse perinatal outcome in inherited thrombophilias: a clinical study. Blood Coagul Fibrinolysis. 2011; 22: 14-8.,2323 Pabinger I. Thrombophilia and its impact on pregnancy. Thromb Res. 2009; 123 (Suppl. 3): S16-S21.

Ainda não há conclusões definitivas sobre a ideal abordagem diagnóstica e terapêutica das trombofilia hereditária na gravidez.55 Bates SM, Greer IA, Middeldorp S, Veenstra DL, Prabulo AM, Vandvik PO. Venous thromboembolism, thrombophilia, antithrombotic therapy, and pregnancy: Antithrombotic Therapy and Prevention of Thrombosis, 9th ed: American College of Chest Physicians Evidence-Based Clinical Practice Guidelines. Chest. 2012; 141 (Suppl. 2): e691S-736S.,2424 Riva E. [Hereditary thrombophilia: association with venous thromboembolic disease and obstetric complications]. Arch Med Int. 2011; 33 (supl. 2): S3-S5. Algumas diretrizes não apoiam a pesquisa de marcadores séricos para trombofilia hereditária, a menos que esteja presente história pessoal ou familiar prévia de tromboembolismo.55 Bates SM, Greer IA, Middeldorp S, Veenstra DL, Prabulo AM, Vandvik PO. Venous thromboembolism, thrombophilia, antithrombotic therapy, and pregnancy: Antithrombotic Therapy and Prevention of Thrombosis, 9th ed: American College of Chest Physicians Evidence-Based Clinical Practice Guidelines. Chest. 2012; 141 (Suppl. 2): e691S-736S.>2424 Riva E. [Hereditary thrombophilia: association with venous thromboembolic disease and obstetric complications]. Arch Med Int. 2011; 33 (supl. 2): S3-S5. No entanto, a maioria dos serviços de ginecologia e obstétrícia consideram clinicamente útil investigar presença de trombofilias hereditárias em mulheres com antecedentes de complicações obstétricas.2525 Hoffmann E, Hedlund E, Perin T, Lyndrup J. Is thrombophilia a risk factor for placenta-mediated pregnancy complications? Arch Gynecol Obstet. 2012; 286 (3): 585-9.,2626 Davenport WB, Kutteh WH. Inherited thrombophilias and adverse pregnancy outcomes: a review of screening patterns and recommendations. Obstet Gynecol Clin North Am. 2014; 41 (1): 133-44. No presente estudo, a maioria das gestantes envolvidas possuía pelo menos uma perda fetal após a 20" semana de gravidez ou no mínimo dois abortos espontâneos consecutivos. Neste contexto, o rastreamento de marcadores para trombofilia hereditária foi considerado benéfico. A abordagem individualizada dos casos, com base no tipo de defeito trombofílico presente, história familiar e presença de fatores de risco adicionais, é essencial para decisão clínica de instituir ou não terapia anticoagulante.88 Sarig G, Vidergor G, Brenner B. Assessment and management of high-risk pregnancies in women with thrombophilia. Blood Rev. 2009; 23: 143-7. Além disso, é importante considerar a investigação das trombofilia para definir com maior precisão o impacto que esta condição desempenha sobre os resultados obstétricos adversos, bem como apontar a melhor intervenção baseada em evidências.

Finalmente, as limitações deste estudo incluem o reduzido tamanho da amostra devido à baixa prevalência de alguns defeitos trombofílicos e a impossibilidade de mensurar a presença de mutação no gene da metilentrahidrofolato redutase e mutação da protrombina, devido ao alto custo destes testes para o Sistema Único de Saúde (SUS). Em relação à natureza retrospectiva do estudo, embora reconhecido como limitação, verifica-se que mulheres grávidas com histórico obstétrico adverso não estão dispostas a serem distribuídas aleatoriamente em estudos com intervenção farmacológica e grupo comparação.1717 Kovac M, Mikovic Z, Mitic G, Djordjevic V, Mandic V, Rakicevic L, Radojkovic D. Does Anticoagulant Therapy Improve Pregnancy Outcome Equally, Regardless of Specific Thrombophilia Type? Clin Appl Thromb Hemost. 2013; 20 (2) :184-9. Portanto, a inclusão de resultados de várias gestações da mesma mulher na análise oferece vantagens em relação ao viés de seleção e permite correspondência ideal frente a fatores maternos, genéticos, idade e história obstétrica.2727 Leduc L, Dubois E, Takser L, Rey E, David M. Dalteparin and low-dose aspirin in the prevention of adverse obstetric outcomes in women with inherited thrombophilia. J Obstet Gynaecol Can. 2007; 29 (10): 787-93. Todavia, os dados obtidos contribuíram com o reduzido número de estudos atuais relatados na literatura que avaliam o tratamento com HBPM em gestantes com trombofilia e desfechos obstétricos adversos, embora possa ser considerado nível de evidência de baixo grau, devido ao desenho do estudo. Existem ensaios clínicos randomizados questionando a capacidade da HBPM na redução de desfechos gestacionais adversos. No entanto, o número relativamente baixo de gestantes com trombofilia incluídas compromete a exclusão dos efeitos benéficos neste grupo de pacientes.66 Mutlu I, Mutlu MF, Biri A, Erdem M, Erdem A. Effects of anticoagulant therapy on pregnancy outcomes in patients with thrombophili a and previous poor obstetric history. Blood Coagul Fibrinolysis. 2015: 26 (3): 267-73.,2828 Clark P, Walker ID, Langhorne P, Crichton L, Thomson Greaves M, Whyte S, Greer IA. SPIN (Scottish Pregnancy Intervention) study: a multicenter, randomized controlled trial of low-molecular-weight heparin and low-dose aspirin in women with recurrent miscarriage. Blood. 2010; 115 (21): 4162-7.,2929 Visser J, Ulander VM, Helmerhorst FM, Lampinen K, Morin Papunen L, Bloemenkamp KW, Kaaja RJ. Thromboprophylaxis for recurrent miscarriage in women with or without thrombophilia. Habenox: a randomised multicentre trial. Thromb Haemost. 2011; 105 (2): 295-301.

Em conclusão, as gestantes com marcadores séricos para trombofilia hereditária e história anteriror de complicações obstétricas podem beneficiar-se do tratamento com enoxaparina em termos de elevação do número de nascidos vivos. Apesar do sistema de pontuação proposto por Sarig et al. ,88 Sarig G, Vidergor G, Brenner B. Assessment and management of high-risk pregnancies in women with thrombophilia. Blood Rev. 2009; 23: 143-7. não ter sido validado, foi particularmente útil para orientar a dose inicial de enoxaparina administrada durante a gravidez. Contudo, nos pacientes aqui estudados, a dose prescrita foi determinada pelo julgamento clínico.

References

  • 1
    De Stefano V, Martinelli I, Rossi E, Battagliole T, Za T, Mannuccio MP, Leone G. The risk of recurrent venous thromboembolism in pregnancy and puerperium without antithrombotic prophylaxis. Br J Haematol. 2006; 135: 386-91.
  • 2
    Kosar A, Kasapoglu B, Kalyoncu S, Turan H, Balcik OS, Gümüs EI. Treatment of adverse perinatal outcome in inherited thrombophilias: a clinical study. Blood Coagul Fibrinolysis. 2011; 22: 14-8.
  • 3
    Hoppe B, Burmester GR, Dorner T. Heparin or aspirin or both in the treatment of recurrent abortions in women with antiphospholipid antibody (syndrome). Curr Opin Rheumatol. 2011; 23: 299-304.
  • 4
    Rambaldi MP, Mecacci F, Guaschino S, Paidas MJ. Inherited and Acquired Thrombophilias. Reprod Sci. 2014; 21: 167-82.
  • 5
    Bates SM, Greer IA, Middeldorp S, Veenstra DL, Prabulo AM, Vandvik PO. Venous thromboembolism, thrombophilia, antithrombotic therapy, and pregnancy: Antithrombotic Therapy and Prevention of Thrombosis, 9th ed: American College of Chest Physicians Evidence-Based Clinical Practice Guidelines. Chest. 2012; 141 (Suppl. 2): e691S-736S.
  • 6
    Mutlu I, Mutlu MF, Biri A, Erdem M, Erdem A. Effects of anticoagulant therapy on pregnancy outcomes in patients with thrombophili a and previous poor obstetric history. Blood Coagul Fibrinolysis. 2015: 26 (3): 267-73.
  • 7
    Rodger MA, Carrier M, Le Gal G, Martinelli I, Perna A, Rey E, de Vries JI, Gris JC. Meta-analysis of low-molecular-weight heparin to prevent recurrent placenta-mediated pregnancy complications. Blood. 2014; 123 (6): 822-8.
  • 8
    Sarig G, Vidergor G, Brenner B. Assessment and management of high-risk pregnancies in women with thrombophilia. Blood Rev. 2009; 23: 143-7.
  • 9
    Figueiro-Filho EA, Oliveira VM, Breda I, Coelho LR, Ferreira CM. [Usefulness of a scoring system on perinatal outcomes in pregnant women with thrombophilia in the effectiveness of an enoxaparin-based intervention]. Rev Bras Ginecol Obstet. 2012; 34 (10): 459-65.
  • 10
    Walker ID, Greaves M, Preston FE. Haemostasis and thrombosis task force, British Committee for standards in haematology. Investigation and management of heritable thrombophilia. Br J Haemato. 2001; 114 (3): 512-28.
  • 11
    Jackson BR, Holmes K, Phansalkar A, Rodger GM. Testing for hereditary thrombophilia: a retrospective analysis of testing referred to a national laboratory. BMC Clin Pathol. 2008; 8: 3.
  • 12
    Stauffenberg MT, Lange RA, Hillis D, Cigarroa J, Hsu RM, Devaraj S, Jialal I. Hyperhomocysteinemia measured by immunoassay: a valid measure of coronary artery atherosclerosis. Arch Pathol Lab Med. 2008; 128 (11): 1263-6.
  • 13
    Brazão ML, Silva AS, Gaspar J, Barros C, Pereira H, Arauújo JN. [Thrombophilia and recurrent miscarriages]. Medicina Interna. 2010; 17 (4): 191-9.
  • 14
    D'Ippolito S, Ortiz AS, Veglia M, Tersigni C, Di Simone N. Low molecular weight heparin in obstetric care: a review of the literature. Reprod Sci. 2011; 18 (7): 602-13.
  • 15
    Erden O, Imir A, Guvenal T, Muslehiddinoglu A, Arici S, Cetin M, Cetin A. Investigation of the effects of heparin and low molecular weight heparin on E-cadherin and laminin expression in rat pregnancy by immunohistochemistry. Hum Reprod. 2006; 21 (11): 3014-8.
  • 16
    Mulla MJ, Myrtolli K, Brosens JJ, Chamley LW, Kwak-Kin JY, Paidas MJ, Abrahams VM. Antiphospholipid antibodies limit trophoblast migration by reducing IL-6 production and STAT3 activity. Am J Reprod Immunol. 2010; 63 (5): 339-48.
  • 17
    Kovac M, Mikovic Z, Mitic G, Djordjevic V, Mandic V, Rakicevic L, Radojkovic D. Does Anticoagulant Therapy Improve Pregnancy Outcome Equally, Regardless of Specific Thrombophilia Type? Clin Appl Thromb Hemost. 2013; 20 (2) :184-9.
  • 18
    Bittar RE, Fonseca EB, Zugaib M. [Prediction and prevention of pretem delivery]. Femina. 2010; 38 (1): 13-22.
  • 19
    Araujo BF, Tanaka AC. [Risk factors associated with very low birth weight in a low-income population]. Cad Saúde Pública. 2007; 23 (12): 2869-77.
  • 20
    Elmahashi MO, Elbareg AM, Essadi FM, Ashur BM, Adam I. Low dose aspirin and low-molecular-weight heparin in the treatment of pregnant Libyan women with recurrent miscarriage. BMC Res Notes. 2014; 7:23. Avaliable: http://www.biomedcentral.com/content/pdf/1756-0500-723.pdf via the INTERNET. Accessed June 11, 2014.
    » http://www.biomedcentral.com/content/pdf/1756-0500-723.pdf
  • 21
    Cudihy D, Lee RV. The pathophysiology of pre-eclampsia: current clinical concepts. J Obstet Gynaecol. 2009; 29 (7): 576-82.
  • 22
    Duckitt K, Harrington D. Risk factors for pre-eclampsia at antenatal booking: systematic review of controlled studies. BMJ. 2005; 330 (7491): 565. Avaliable: http://www.bmj.com/content/bmj/330/7491/565.full.pdf via the INTERNET. Accessed June 11, 2014.
    » http://www.bmj.com/content/bmj/330/7491/565.full.pdf
  • 23
    Pabinger I. Thrombophilia and its impact on pregnancy. Thromb Res. 2009; 123 (Suppl. 3): S16-S21.
  • 24
    Riva E. [Hereditary thrombophilia: association with venous thromboembolic disease and obstetric complications]. Arch Med Int. 2011; 33 (supl. 2): S3-S5.
  • 25
    Hoffmann E, Hedlund E, Perin T, Lyndrup J. Is thrombophilia a risk factor for placenta-mediated pregnancy complications? Arch Gynecol Obstet. 2012; 286 (3): 585-9.
  • 26
    Davenport WB, Kutteh WH. Inherited thrombophilias and adverse pregnancy outcomes: a review of screening patterns and recommendations. Obstet Gynecol Clin North Am. 2014; 41 (1): 133-44.
  • 27
    Leduc L, Dubois E, Takser L, Rey E, David M. Dalteparin and low-dose aspirin in the prevention of adverse obstetric outcomes in women with inherited thrombophilia. J Obstet Gynaecol Can. 2007; 29 (10): 787-93.
  • 28
    Clark P, Walker ID, Langhorne P, Crichton L, Thomson Greaves M, Whyte S, Greer IA. SPIN (Scottish Pregnancy Intervention) study: a multicenter, randomized controlled trial of low-molecular-weight heparin and low-dose aspirin in women with recurrent miscarriage. Blood. 2010; 115 (21): 4162-7.
  • 29
    Visser J, Ulander VM, Helmerhorst FM, Lampinen K, Morin Papunen L, Bloemenkamp KW, Kaaja RJ. Thromboprophylaxis for recurrent miscarriage in women with or without thrombophilia. Habenox: a randomised multicentre trial. Thromb Haemost. 2011; 105 (2): 295-301.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2017

Histórico

  • Recebido
    16 Mar 2017
  • Revisado
    12 Set 2017
  • Aceito
    03 Out 2017
Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira Rua dos Coelhos, 300. Boa Vista, 50070-550 Recife PE Brasil, Tel./Fax: +55 81 2122-4141 - Recife - PR - Brazil
E-mail: revista@imip.org.br