Acessibilidade / Reportar erro

Análise da violência no trabalho contra profissionais de enfermagem e possibilidades de prevenção

RESUMO

Objetivo

Investigar a violência no trabalho dirigida a profissionais de enfermagem, sua relação com variáveis pessoais, de saúde e trabalho, e conhecer possibilidades de prevenção.

Método

Estudo descritivo, transversal e de abordagem quantitativa com 267 profissionais de enfermagem de unidades de pronto atendimento e emergência hospitalar entre 2015 e 2017. O Questionário sobre Dados Sociodemográficos, Estilo de Vida, Aspectos de Saúde e Trabalho e o questionário de violência no trabalho coletaram dados, posteriormente submetidos a análises estatísticas.

Resultados

61,6% relataram ter sido vítima de abuso verbal, assédio sexual ou violência física no trabalho nos últimos 12 meses. Identificou-se relações estatisticamente significantes entre sofrer ou não violência e variáveis pessoais, de saúde e trabalho. Indicou-se possibilidades de prevenção, que constituíram um modelo multidimensional.

Conclusões

Mais da metade da amostra relatou ter sofrido violência no trabalho no ano anterior, e possibilidades de como evitá-la foram reveladas em prol de protocolos de prevenção.

Palavras-chave
Violência; Violência no trabalho; Trabalho; Pessoal de saúde; Enfermagem

ABSTRACT

Objective

To investigate workplace violence against nursing professionals, its relationship with personal, health and work variables, and to know possibilities for prevention.

Method

Descriptive and cross-sectional study, with quantitative approach, conducted with 267 nursing professionals from urgency and emergency units between 2015 and 2017. The Questionnaire of socio-demographic, life style and work and health aspects and Questionnaire on Workplace violence collected data, after submitted to statistical analysis.

Results

61.6% reported having been victims of verbal abuse, sexual harassment, or physical violence at work in the last 12 months. Statistically significant relationships were identified between suffering or not violence and personal, health and work variables. Possibilities for prevention were revealed and constituted a multidimensional model.

Conclusion

More than half of the sample reported having suffered workplace violence in the previous year, and possibilities of how to avoid it were revealed to support prevention protocols.

Keywords
Violence; Workplace violence; Work; Health personnel; Nursing

RESUMEN

Objetivo

Investigar la violencia laboral dirigida a profesionales de enfermería, su relación con variables personales, de salud y laborales, y conocer las posibilidades de prevención.

Método

Estudio descriptivo, transversal y cuantitativo con 267 profesionales de enfermería de unidades de urgencia y emergencia entre 2015 y 2017. El Cuestionario sobre datos sociodemográficos, estilo de vida, salud y aspectos laborales y el Cuestionario sobre violencia laboral recopilaron los datos, que luego se sometieron a análisis estadístico.

Resultados

61.6% informó haber sido víctima de abuso verbal, acoso sexual o violencia física en el trabajo en los últimos 12 meses. Se identificaron relaciones estadísticamente significativas entre sufrir o no violencia y variables personales, de salud y laborales. Se indicaron posibilidades de prevención, que constituyeron un modelo multidimensional.

Conclusión

Más de la mitad de la muestra informó haber sufrido violencia en el lugar de trabajo en el año anterior, y posibilidades de cómo evitarla fueron reveladas a favor de los protocolos de prevención.

Palabras clave
Violencia; Violencia laboral; Trabajo; Personal de salud; Enfermería

INTRODUÇÃO

A violência no trabalho é reconhecida internacionalmente como um risco ocupacional para os profissionais de saúde e tem sido fator de preocupação em várias nações11. Fernandes H, Sala DCP, Horta ALM. Violence in health care settings: rethinking actions. Rev Bras Enferm. 2018;71(5):2599-601. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0882
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0...
-22. Magnavita N. Workplace violence and occupational stress in healthcare workers: a chicken-and-egg situation-results of a 6-year follow-up study. J Nurs Scholarsh. 2014;46(5):366-76. doi: https://doi.org/10.1111/jnu.12088
https://doi.org/10.1111/jnu.12088...
. Dados demonstram que o risco destes profissionais estarem expostos à violência física e não-física no local de trabalho é significativo e varia de acordo com a categoria profissional e setor22. Magnavita N. Workplace violence and occupational stress in healthcare workers: a chicken-and-egg situation-results of a 6-year follow-up study. J Nurs Scholarsh. 2014;46(5):366-76. doi: https://doi.org/10.1111/jnu.12088
https://doi.org/10.1111/jnu.12088...
. Os enfermeiros, técnicos de enfermagem e médicos são geralmente as maiores vítimas, assim como os profissionais que trabalham em unidades de psiquiatria e emergência22. Magnavita N. Workplace violence and occupational stress in healthcare workers: a chicken-and-egg situation-results of a 6-year follow-up study. J Nurs Scholarsh. 2014;46(5):366-76. doi: https://doi.org/10.1111/jnu.12088
https://doi.org/10.1111/jnu.12088...
-44. Angland S, Dowling M, Casey D. Nurses' perceptions of the factors which cause violence and aggression in the emergency department: a qualitative study. Int Emerg Nurs. 2014;22(3):134-9. doi: https://doi.org/10.1016/j.ienj.2013.09.005
https://doi.org/10.1016/j.ienj.2013.09.0...
.

Estudos conduzidos no Brasil revelaram taxas significativas de violência contra profissionais de saúde33. Dal Pai D, Sturbelle ICS, Santos C, Tavares JP, Lautert L. Physical and psychological violence in the workplace of healthcare professionals. Texto Contexto Enferm. 2018;27(1):e2420016. doi: https://doi.org/10.1590/0104-07072018002420016
https://doi.org/10.1590/0104-07072018002...
,55. Vieira GLC. Agressão física contra técnicos de enfermagem em hospitais psiquiátricos. Rev Bras Saúde Ocup. 2017;42:e8. doi: https://doi.org/10.1590/2317-6369000004216
https://doi.org/10.1590/2317-63690000042...
. Em alguns casos a proporção de vítimas de violência é de aproximadamente metade dos trabalhadores pesquisados, quando não supera este número33. Dal Pai D, Sturbelle ICS, Santos C, Tavares JP, Lautert L. Physical and psychological violence in the workplace of healthcare professionals. Texto Contexto Enferm. 2018;27(1):e2420016. doi: https://doi.org/10.1590/0104-07072018002420016
https://doi.org/10.1590/0104-07072018002...
,55. Vieira GLC. Agressão física contra técnicos de enfermagem em hospitais psiquiátricos. Rev Bras Saúde Ocup. 2017;42:e8. doi: https://doi.org/10.1590/2317-6369000004216
https://doi.org/10.1590/2317-63690000042...
. Estes eventos transcendem as barreiras geográficas brasileiras ao ocorrerem em diferentes regiões do país de maneira expressiva33. Dal Pai D, Sturbelle ICS, Santos C, Tavares JP, Lautert L. Physical and psychological violence in the workplace of healthcare professionals. Texto Contexto Enferm. 2018;27(1):e2420016. doi: https://doi.org/10.1590/0104-07072018002420016
https://doi.org/10.1590/0104-07072018002...
,55. Vieira GLC. Agressão física contra técnicos de enfermagem em hospitais psiquiátricos. Rev Bras Saúde Ocup. 2017;42:e8. doi: https://doi.org/10.1590/2317-6369000004216
https://doi.org/10.1590/2317-63690000042...
. Neste sentido, pesquisa identificou que cerca de 80% dos técnicos de enfermagem que trabalhavam em dois hospitais psiquiátricos de Minas Gerais reportaram ter alguma experiência com relação à agressão física no trabalho55. Vieira GLC. Agressão física contra técnicos de enfermagem em hospitais psiquiátricos. Rev Bras Saúde Ocup. 2017;42:e8. doi: https://doi.org/10.1590/2317-6369000004216
https://doi.org/10.1590/2317-63690000042...
. Em outro estudo33. Dal Pai D, Sturbelle ICS, Santos C, Tavares JP, Lautert L. Physical and psychological violence in the workplace of healthcare professionals. Texto Contexto Enferm. 2018;27(1):e2420016. doi: https://doi.org/10.1590/0104-07072018002420016
https://doi.org/10.1590/0104-07072018002...
, aproximadamente 50% dos profissionais de saúde que atuavam em hospital no Rio Grande do Sul haviam sido expostos a agressões verbais no trabalho no ano anterior e, destes, 83% consideraram que tais situações eram típicas no seu ambiente laboral. No mesmo estudo33. Dal Pai D, Sturbelle ICS, Santos C, Tavares JP, Lautert L. Physical and psychological violence in the workplace of healthcare professionals. Texto Contexto Enferm. 2018;27(1):e2420016. doi: https://doi.org/10.1590/0104-07072018002420016
https://doi.org/10.1590/0104-07072018002...
, 2,5% dos profissionais haviam sofrido assédio sexual no trabalho no último ano, e as vítimas sofreram esta forma de violência de maneira repetida, ou seja, mais de três vezes no ano anterior.

Além do mais, é evidente na literatura que as vítimas de violência no trabalho estão suscetíveis a problemas de saúde, a exemplo de consequências psicológicas e lesões físicas11. Fernandes H, Sala DCP, Horta ALM. Violence in health care settings: rethinking actions. Rev Bras Enferm. 2018;71(5):2599-601. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0882
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0...
-22. Magnavita N. Workplace violence and occupational stress in healthcare workers: a chicken-and-egg situation-results of a 6-year follow-up study. J Nurs Scholarsh. 2014;46(5):366-76. doi: https://doi.org/10.1111/jnu.12088
https://doi.org/10.1111/jnu.12088...
,55. Vieira GLC. Agressão física contra técnicos de enfermagem em hospitais psiquiátricos. Rev Bras Saúde Ocup. 2017;42:e8. doi: https://doi.org/10.1590/2317-6369000004216
https://doi.org/10.1590/2317-63690000042...
-88. Liu J, Zheng J, Liu K, Liu X, Wu Y, Wang J, et al. Workplace violence against nurses, job satisfaction, burnout, and patient safety in Chinese hospitals. Nurs Outlook. 2019;67(5):558-66. doi: https://doi.org/10.1016/j.outlook.2019.04.006
https://doi.org/10.1016/j.outlook.2019.0...
. Como consequência, a violência pode afetar a instituição e a oferta dos serviços com qualidade, pela geração de custos, impacto na força de trabalho e no desempenho profissional, além do seu potencial em contribuir para dificuldades familiares, sociais e financeiras11. Fernandes H, Sala DCP, Horta ALM. Violence in health care settings: rethinking actions. Rev Bras Enferm. 2018;71(5):2599-601. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0882
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0...
,66. Bordignon M, Monteiro MI. Violence in the workplace in nursing: consequences overview. Rev Bras Enferm. 2016;69(5):996-9. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2015-0133
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2015-0...
-99. Littlejohn P. The missing link: using emotional intelligence to reduce workplace stress and workplace violence in our nursing and other health care professions. J Prof Nurs. 2012;28(6):360-8. doi: https://doi.org/10.1016/j.profnurs.2012.04.006
https://doi.org/10.1016/j.profnurs.2012....
. Apesar desses números e consequências, a falta de políticas em âmbito governamental e institucional para prevenir a violência no trabalho é real em vários países e pode estar relacionada à necessidade de compreender como é possível evitá-la11. Fernandes H, Sala DCP, Horta ALM. Violence in health care settings: rethinking actions. Rev Bras Enferm. 2018;71(5):2599-601. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0882
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0...
-22. Magnavita N. Workplace violence and occupational stress in healthcare workers: a chicken-and-egg situation-results of a 6-year follow-up study. J Nurs Scholarsh. 2014;46(5):366-76. doi: https://doi.org/10.1111/jnu.12088
https://doi.org/10.1111/jnu.12088...
. De fato, a implementação de estratégias de proteção à equipe é fundamental para impedir que os profissionais de saúde continuem sendo vítimas de violência no trabalho no Brasil e no mundo11. Fernandes H, Sala DCP, Horta ALM. Violence in health care settings: rethinking actions. Rev Bras Enferm. 2018;71(5):2599-601. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0882
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0...
,66. Bordignon M, Monteiro MI. Violence in the workplace in nursing: consequences overview. Rev Bras Enferm. 2016;69(5):996-9. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2015-0133
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2015-0...
,88. Liu J, Zheng J, Liu K, Liu X, Wu Y, Wang J, et al. Workplace violence against nurses, job satisfaction, burnout, and patient safety in Chinese hospitals. Nurs Outlook. 2019;67(5):558-66. doi: https://doi.org/10.1016/j.outlook.2019.04.006
https://doi.org/10.1016/j.outlook.2019.0...
.

Dessa maneira, o presente estudo teve como objetivos investigar a violência no trabalho dirigida a profissionais de enfermagem, sua relação com variáveis pessoais, de saúde e trabalho, e conhecer possibilidades de prevenção.

MÉTODO

Estudo descritivo, de corte transversal e com abordagem quantitativa, realizado com 267 profissionais de enfermagem (72 enfermeiros; e 195 técnicos ou auxiliares de enfermagem (104 técnicos e 91 auxiliares)) que atuavam em unidades públicas de urgência e emergência, sendo quatro unidades de pronto atendimento em cidade do interior do Estado de São Paulo-SP, uma unidade de emergência hospitalar desta mesma cidade, e duas unidades de pronto atendimento em cidade do interior do Estado de Santa Catarina-SC. Sendo assim, a pesquisa envolveu sete unidades de saúde vinculadas a três diferentes instituições. O estudo foi abrangente, avaliando diferentes elementos relacionados à saúde do trabalhador1010. Bordignon M, Monteiro MI. Predictors of nursing workers’ intention to leave the work unit, health institution and profession. Rev Latino-Am Enfermagem. 2019;27:e3219. doi: https://doi.org/10.1590/1518-8345.3280.3219
https://doi.org/10.1590/1518-8345.3280.3...
e, neste artigo, destaca-se resultados referentes às características e fatores associados com a violência no trabalho, assim como possibilidades para prevenção desta violência.

Para composição da amostra considerou-se como critérios de inclusão: profissional de enfermagem (enfermeiro, técnico e auxiliar) com tempo de trabalho nas unidades de pelo menos três meses. Os profissionais em dissonância com estes critérios, que não aceitaram o convite de participar e que estavam afastados do trabalho por férias ou licenças durante a coleta de dados, não integraram o presente estudo.

O tamanho amostral mínimo foi definido por meio de cálculo amostral que utilizou como parâmetros proporção p de 0,50, nível de significância e erro de 5%. Para constituição da amostra assumiu-se como esquema de amostragem o probabilístico que incluiu amostragem aleatória dos profissionais e estratificação por unidade e categorias (i-enfermeiro; ii-técnico ou auxiliar). A amostra aleatória foi concretizada por meio da atribuição de um número a cada profissional, com posterior geração de uma lista de números a partir de recursos do computador. Esta lista foi seguida para realização de convite aos profissionais. Com a estratificação buscou-se assegurar proporcionalidade na amostra, de acordo com o número de profissionais em cada unidade e categoria de atuação.

A coleta de dados foi realizada de abril de 2015 a janeiro de 2017, no local de trabalho dos profissionais, pela primeira autora. Para tanto, os seguintes instrumentos foram utilizados: Questionário sobre Dados Sociodemográficos, Estilo de Vida, Aspectos de Saúde e Trabalho (QSETS)1111. Monteiro I. Questionário de dados sociodemográficos, estilo de vida e aspectos de saúde e trabalho - QSETS: duas décadas. In: Monteiro I, Iguti AM, organizadores. Trabalho, saúde e sustentabilidade: diálogo interdisciplinar internacional Sul - Norte. Campinas: BFCM-Unicamp; 2017 [cited 2019 Sep 10]. Available from: https://econtents.bc.unicamp.br/omp/index.php/ebooks/catalog/view/19/19/69-1
https://econtents.bc.unicamp.br/omp/inde...
e Questionário sobre violência no trabalho1212. Bordignon M, Monteiro MI. Apparent validity of a questionnaire to assess workplace violence. Acta Paul Enferm. 2015;28(6):601-8. doi: https://doi.org/10.1590/1982-0194201500098
https://doi.org/10.1590/1982-01942015000...
. Alguns profissionais preencheram os questionários de maneira individual e recorreram à pesquisadora nos casos de dúvida, e outros solicitaram sua presença durante o preenchimento.

O QSETS foi utilizado para obter-se dados pessoais e relacionados à saúde e trabalho1111. Monteiro I. Questionário de dados sociodemográficos, estilo de vida e aspectos de saúde e trabalho - QSETS: duas décadas. In: Monteiro I, Iguti AM, organizadores. Trabalho, saúde e sustentabilidade: diálogo interdisciplinar internacional Sul - Norte. Campinas: BFCM-Unicamp; 2017 [cited 2019 Sep 10]. Available from: https://econtents.bc.unicamp.br/omp/index.php/ebooks/catalog/view/19/19/69-1
https://econtents.bc.unicamp.br/omp/inde...
. Este instrumento tem sido aplicado em diferentes pesquisas sobre saúde e trabalho ao longo de duas décadas, o que contribui para seu aperfeiçoamento e validade1111. Monteiro I. Questionário de dados sociodemográficos, estilo de vida e aspectos de saúde e trabalho - QSETS: duas décadas. In: Monteiro I, Iguti AM, organizadores. Trabalho, saúde e sustentabilidade: diálogo interdisciplinar internacional Sul - Norte. Campinas: BFCM-Unicamp; 2017 [cited 2019 Sep 10]. Available from: https://econtents.bc.unicamp.br/omp/index.php/ebooks/catalog/view/19/19/69-1
https://econtents.bc.unicamp.br/omp/inde...
.

A variável ‘gerações’ foi calculada a partir do ano de nascimento obtido pelo QSETS1111. Monteiro I. Questionário de dados sociodemográficos, estilo de vida e aspectos de saúde e trabalho - QSETS: duas décadas. In: Monteiro I, Iguti AM, organizadores. Trabalho, saúde e sustentabilidade: diálogo interdisciplinar internacional Sul - Norte. Campinas: BFCM-Unicamp; 2017 [cited 2019 Sep 10]. Available from: https://econtents.bc.unicamp.br/omp/index.php/ebooks/catalog/view/19/19/69-1
https://econtents.bc.unicamp.br/omp/inde...
, e considerou-se para classificação as seguintes características: baby boomers (indivíduos nascidos de 1946 a 1964), geração X (1965-1980) e millenials (1981-2000)1313. Reeves TC, Eunjung Oh. Generational Differences. In: Spector JM, Merrill MD, van Merriënboer J, Driscoll MP. Handbook of research on educational communications and technology. Abingdon: Routledge; 2007.. Esta variável foi inserida no estudo considerando que as experiências e percepções dos profissionais com relação ao ambiente podem variar entre gerações1414. Leiter MP, Price SL, Spence Laschinger HK. Generational differences in distress, attitudes and incivility among nurses. J Nurs Manag. 2010;18(8):970-80. doi: https://doi.org/10.1111/j.1365-2834.2010.01168.x
https://doi.org/10.1111/j.1365-2834.2010...
.

Para identificar a frequência de violência no trabalho e caracterizar os casos utilizou-se o questionário que avalia a ocorrência de violência no trabalho nos 12 meses anteriores a coleta de dados, sendo avaliadas especificamente três formas de violência: o abuso verbal, a violência física e o assédio sexual, conceitualmente definidas1212. Bordignon M, Monteiro MI. Apparent validity of a questionnaire to assess workplace violence. Acta Paul Enferm. 2015;28(6):601-8. doi: https://doi.org/10.1590/1982-0194201500098
https://doi.org/10.1590/1982-01942015000...
. O instrumento se constitui por cinco seções que avaliam a ocorrência de cada um dos três tipos de violência, e duas seções permitem relatar se outros tipos de violência foram sofridos e a opinião de profissionais com relação à prevenção1212. Bordignon M, Monteiro MI. Apparent validity of a questionnaire to assess workplace violence. Acta Paul Enferm. 2015;28(6):601-8. doi: https://doi.org/10.1590/1982-0194201500098
https://doi.org/10.1590/1982-01942015000...
. Esta medida foi considerada válida a partir do processo de validade aparente com experts1212. Bordignon M, Monteiro MI. Apparent validity of a questionnaire to assess workplace violence. Acta Paul Enferm. 2015;28(6):601-8. doi: https://doi.org/10.1590/1982-0194201500098
https://doi.org/10.1590/1982-01942015000...
. As opções de resposta incluem formatos categóricos que permitem conhecer se os profissionais sofreram ou não violência no trabalho no ano anterior e, caso positivo, apresentar características com relação à última vez que recorda ter sofrido1212. Bordignon M, Monteiro MI. Apparent validity of a questionnaire to assess workplace violence. Acta Paul Enferm. 2015;28(6):601-8. doi: https://doi.org/10.1590/1982-0194201500098
https://doi.org/10.1590/1982-01942015000...
. Considerou-se vítima o profissional que relatou ter sofrido ao menos uma vez abuso verbal, violência física ou assédio sexual no trabalho; e estas três formas foram consideradas para definição de quantos tipos de violência foram sofridos nos últimos 12 meses1010. Bordignon M, Monteiro MI. Predictors of nursing workers’ intention to leave the work unit, health institution and profession. Rev Latino-Am Enfermagem. 2019;27:e3219. doi: https://doi.org/10.1590/1518-8345.3280.3219
https://doi.org/10.1590/1518-8345.3280.3...
.

Os dados foram digitados em bancos de dados do Microsoft Excel®, e os com caráter quantitativo foram analisados a partir do Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) for Windows®, 20.0 e 24.0. Os dados qualitativos da questão aberta sobre medidas de prevenção da violência foram analisados pela pesquisadora no próprio Microsoft Excel®, com definição do número de relatos. O modelo esquemático elaborado para reunir as dimensões de prevenção da violência foi desenvolvido com apoio do Microsoft PowerPoint®.

Os dados quantitativos foram analisados por estatística descritiva que permitiu destacar a frequência absoluta e proporção para as variáveis categóricas estudadas. Os testes estatísticos foram aplicados para verificar relações estatisticamente significantes entre a variável ‘violência no trabalho’ e variáveis pessoais, de saúde e trabalho. Neste sentido, utilizou-se o teste Qui-quadrado ou teste Exato de Fisher para análise de associação entre variáveis qualitativas, e o teste de Mann-Whitney para comparação entre grupos quanto às medianas. O teste de Mann-Whitney foi aplicado considerando que os dados não eram aderentes à distribuição normal segundo os testes de Kolmogorov-Smirnov ou Shapiro-Wilk. No presente estudo assumiu-se como nível de significância p-valor menor que 0,05.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade sob pareceres números 977.885/2015 e 1.600.763/2016. Respeitou-se a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Os profissionais que foram convidados e concordaram em participar do estudo registraram sua anuência no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e tiveram sua privacidade assegurada por meio de questionários inominados e atribuição de um número a cada participante durante a constituição do banco de dados.

RESULTADOS

A maioria dos profissionais era do sexo feminino (79,8%), e a maior parte da amostra foi composta por profissionais das unidades de pronto atendimento-SP (51,3% da amostra) em relação às unidades de SC (16,5%) e unidade hospitalar (32,2%).

De 263 respondentes, 61,6% indicaram ter sofrido violência no trabalho no último ano, e 17,9% (46/257) sofreram pelo menos dois tipos de violência entre os avaliados (Tabela 1).

Tabela 1 -
Características dos eventos de violência no trabalho. Campinas/SP, Chapecó/SC, 2015 a 2017 (n=267)

De 265 profissionais, 60% (n=159) reportaram ter sofrido abuso verbal no trabalho nos últimos 12 meses, e 40,8% sofreram por quatro vezes ou mais (de 157 respondentes). O paciente foi o principal agressor neste tipo de violência; e com frequência o abuso verbal não foi registrado e as vítimas não receberam auxílio (Tabela 1).

Com relação ao assédio sexual no trabalho 6,1% (n=16) dos 263 respondentes indicaram ter sofrido esta violência no ano anterior, e 33,3% sofreram por quatro vezes ou mais (5/15). Neste caso os pacientes, colegas de trabalho e chefes foram os agressores principais. Os eventos ocorreram principalmente à noite e pela manhã. Na maioria das vezes a vítima não recebeu auxílio e não houve registro do assédio (Tabela 1).

A proporção de vítimas de violência física foi de 15,8% (n=41) entre 259 respondentes, e 56,4% (22/39) sofreram pelo menos duas vezes no último ano. Identificou-se predominância de violência física sem arma e perpetrada pelo paciente. A maior parte das vítimas não recebeu auxílio e não houve registro do evento violento (Tabela 1).

Revelou-se que em 93,8% dos casos os perpetradores de assédio sexual eram do sexo masculino e a vítima do sexo feminino. Na violência física parte significativa dos episódios foi gerada por agressores do sexo masculino em direção às mulheres (Figura 1).

Figura 1 -
Análise envolvendo o sexo do agressor e da vítima. Campinas/SP, Chapecó/SC, 2015 a 2017. (n=267)*

As análises estatísticas revelaram que a ‘violência no trabalho’ foi associada de modo estatisticamente significante com as variáveis: sexo do trabalhador, faixa etária, gerações, problema de saúde nos últimos 15 dias e dormir bem após o trabalho (Tabela 2).

Tabela 2 -
Características pessoais, de saúde e trabalho associadas às variáveis de violência no trabalho. Campinas/SP, Chapecó/SC, 2015 a 2017. (n=267)

De maneira específica aos tipos de violência identificou-se associação com significância estatística entre ter sofrido ou não abuso verbal no trabalho e as variáveis: sexo do trabalhador, escolaridade, problema de saúde nos últimos 15 dias, sentindo-se cansado e/ou desânimo após o trabalho e dormir bem após o trabalho. No assédio sexual foi observada associação com sexo do trabalhador, escolaridade, gerações e satisfação com a vida atual; e, na violência física, com faixa etária e gerações (Tabela 2).

Constatou-se associação com significância estatística entre ‘ter sofrido ou não abuso verbal’ e ‘função’ (p=0,0116), e os enfermeiros reportaram maior proporção de abuso (71,4%) que os técnicos/auxiliares (54%), considerando apenas os casos de violência que aconteceram nas unidades estudadas. Na violência física a associação foi observada com local de trabalho (p=0,0269). Revelou-se que as vítimas de violência no trabalho apresentaram menor mediana de idade que as não vítimas (p=0,0045). De maneira similar este resultado foi encontrado entre as vítimas de abuso verbal (p=0,0103), assédio sexual (p=0,0096) e violência física (p=0,0071). É válido também destacar que as vítimas de violência no trabalho possuíam maior nível de estresse que as não vítimas, considerando as medianas de estresse (p=0,0203). Resultado similar foi observado entre as vítimas de abuso verbal (p=0,0266) e violência física (p=0,0235).

Os profissionais indicaram medidas que consideravam favoráveis para a prevenção ou redução da violência no trabalho. Estas medidas juntamente com a percepção dos pesquisadores constituíram um modelo esquemático com dez dimensões que se articulam entre si (Figura 2).

Figura 2 -
Modelo para prevenção ou redução da violência no trabalho em serviços de saúde. Campinas/SP, Chapecó/SC, 2015 a 2017 (n=223)

O modelo reúne em dimensões um conjunto de estratégias de prevenção da violência no trabalho. Estas estratégias estão apresentadas com maiores detalhes no quadro 1 e representam a opinião dos profissionais. As dimensões estão ordenadas de modo decrescente em relação ao número de referências. Quanto às estratégias, as mais indicadas foram: aumentar o número de trabalhadores, diminuir o tempo de espera para atendimento / reduzir a superlotação da unidade / maior agilidade na assistência e melhorar a segurança no trabalho.

Quadro 1 -
Estratégias de prevenção ou redução da violência no trabalho em serviços de saúde. Campinas/SP, Chapecó/SC, 2015 a 2017 (n=223)

DISCUSSÃO

No estudo revelou-se que mais da metade dos profissionais de enfermagem indicou que sofreu violência no trabalho no ano anterior, e em alguns casos, os profissionais estiveram expostos a mais que um tipo de violência. Entre os três tipos de violência estudados o abuso verbal foi o mais prevalente, do mesmo modo que em outros estudos com enfermeiros de setores da emergência1515. Alyaemni A, Alhudaithi H. Workplace violence against nurses in the emergency departments of three hospitals in Riyadh, Saudi Arabia: a cross-sectional survey. NursingPlus Open. 2016; 2:35-41. doi: https://doi.org/10.1016/j.npls.2016.09.001
https://doi.org/10.1016/j.npls.2016.09.0...
-1616. ALBashtawy M. Workplace violence against nurses in emergency departments in Jordan. Int Nurs Rev. 2013;60(4):550-5. doi: https://doi.org/10.1111/inr.12059
https://doi.org/10.1111/inr.12059...
.

Houve relatos de experiência de violência por parte de profissionais de diferentes faixas etárias e gerações, especialmente entre os trabalhadores mais jovens. Este contexto pode refletir possíveis diferenças na compreensão de como a violência no trabalho se caracteriza devido a fatores geracionais1414. Leiter MP, Price SL, Spence Laschinger HK. Generational differences in distress, attitudes and incivility among nurses. J Nurs Manag. 2010;18(8):970-80. doi: https://doi.org/10.1111/j.1365-2834.2010.01168.x
https://doi.org/10.1111/j.1365-2834.2010...
, escolaridade ou educação profissional. Sendo assim, a necessidade de reflexões sobre questões éticas e diversidade no processo de formação de profissionais e nas atualizações é evidente99. Littlejohn P. The missing link: using emotional intelligence to reduce workplace stress and workplace violence in our nursing and other health care professions. J Prof Nurs. 2012;28(6):360-8. doi: https://doi.org/10.1016/j.profnurs.2012.04.006
https://doi.org/10.1016/j.profnurs.2012....
. Tal abordagem é também relevante considerando-se que muitos profissionais estão vulneráveis à violência causada por pacientes e acompanhantes, mas há também os que sofreram ou sofrem violência de seus colegas de trabalho, o que pode impor dificuldades para a oferta de qualidade no cuidado1717. Woelfle CY, McCaffrey R. Nurse on nurse. Nurs Forum. 2007;42(3):123-31. doi: https://doi.org/10.1111/j.1744-6198.2007.00076.x
https://doi.org/10.1111/j.1744-6198.2007...
. Os efeitos potencialmente deletérios da violência no estresse, saúde e bem-estar dos profissionais aponta para esta mesma direção11. Fernandes H, Sala DCP, Horta ALM. Violence in health care settings: rethinking actions. Rev Bras Enferm. 2018;71(5):2599-601. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0882
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0...
-22. Magnavita N. Workplace violence and occupational stress in healthcare workers: a chicken-and-egg situation-results of a 6-year follow-up study. J Nurs Scholarsh. 2014;46(5):366-76. doi: https://doi.org/10.1111/jnu.12088
https://doi.org/10.1111/jnu.12088...
,55. Vieira GLC. Agressão física contra técnicos de enfermagem em hospitais psiquiátricos. Rev Bras Saúde Ocup. 2017;42:e8. doi: https://doi.org/10.1590/2317-6369000004216
https://doi.org/10.1590/2317-63690000042...
-99. Littlejohn P. The missing link: using emotional intelligence to reduce workplace stress and workplace violence in our nursing and other health care professions. J Prof Nurs. 2012;28(6):360-8. doi: https://doi.org/10.1016/j.profnurs.2012.04.006
https://doi.org/10.1016/j.profnurs.2012....
.

Na literatura sobre violência no trabalho o sexo da vítima está entre as variáveis que têm sido analisadas1818. Ramacciati N, Ceccagnoli A, Addey B. Violence against nurses in the triage area: an Italian qualitative study. Int Emerg Nurs. 2015;23(4):274-80. doi: https://doi.org/10.1016/j.ienj.2015.02.004
https://doi.org/10.1016/j.ienj.2015.02.0...
-1919. Al-Omari H. Physical and verbal workplace violence against nurses in Jordan. Int Nurs Rev. 2015;62(1):111-8. doi: https://doi.org/10.1111/inr.12170
https://doi.org/10.1111/inr.12170...
. Estudos demonstram que mulheres e homens podem estar suscetíveis em maior ou menor grau a determinados tipos de violência e os sentimentos diante dos eventos, a sensação de perigo e de solidão podem ser diferentes1818. Ramacciati N, Ceccagnoli A, Addey B. Violence against nurses in the triage area: an Italian qualitative study. Int Emerg Nurs. 2015;23(4):274-80. doi: https://doi.org/10.1016/j.ienj.2015.02.004
https://doi.org/10.1016/j.ienj.2015.02.0...
-1919. Al-Omari H. Physical and verbal workplace violence against nurses in Jordan. Int Nurs Rev. 2015;62(1):111-8. doi: https://doi.org/10.1111/inr.12170
https://doi.org/10.1111/inr.12170...
. No presente estudo, todos os casos relatados de assédio sexual no trabalho foram praticados em direção às mulheres, e na sua maioria perpetrados por homens.

Com relação à prevenção, o número adequado de profissionais para prestar assistência em saúde é uma estratégia que pode contribuir no sentido de agilizar o atendimento e reduzir a superlotação em espaços da unidade, considerando que o tempo prolongado de espera é um dos fatores que tem contribuído para a ocorrência de violência no trabalho em estabelecimentos de saúde, além da disponibilidade em termos de estrutura, equipamentos e materiais44. Angland S, Dowling M, Casey D. Nurses' perceptions of the factors which cause violence and aggression in the emergency department: a qualitative study. Int Emerg Nurs. 2014;22(3):134-9. doi: https://doi.org/10.1016/j.ienj.2013.09.005
https://doi.org/10.1016/j.ienj.2013.09.0...
.

O dimensionamento adequado de profissionais na unidade pode ainda contribuir para reduzir o cansaço, irritação ou respostas emocionais similares associadas à responsabilidade do profissional em cuidar de maior número de pacientes99. Littlejohn P. The missing link: using emotional intelligence to reduce workplace stress and workplace violence in our nursing and other health care professions. J Prof Nurs. 2012;28(6):360-8. doi: https://doi.org/10.1016/j.profnurs.2012.04.006
https://doi.org/10.1016/j.profnurs.2012....
. Sob influência destas respostas emocionais e estresse os trabalhadores podem agir de maneira que os expõe à violência22. Magnavita N. Workplace violence and occupational stress in healthcare workers: a chicken-and-egg situation-results of a 6-year follow-up study. J Nurs Scholarsh. 2014;46(5):366-76. doi: https://doi.org/10.1111/jnu.12088
https://doi.org/10.1111/jnu.12088...
,44. Angland S, Dowling M, Casey D. Nurses' perceptions of the factors which cause violence and aggression in the emergency department: a qualitative study. Int Emerg Nurs. 2014;22(3):134-9. doi: https://doi.org/10.1016/j.ienj.2013.09.005
https://doi.org/10.1016/j.ienj.2013.09.0...
,99. Littlejohn P. The missing link: using emotional intelligence to reduce workplace stress and workplace violence in our nursing and other health care professions. J Prof Nurs. 2012;28(6):360-8. doi: https://doi.org/10.1016/j.profnurs.2012.04.006
https://doi.org/10.1016/j.profnurs.2012....
. Desse modo, estratégias que diminuem o estresse e possibilitem promover o apoio social no ambiente de trabalho são recomendadas para prevenção da violência22. Magnavita N. Workplace violence and occupational stress in healthcare workers: a chicken-and-egg situation-results of a 6-year follow-up study. J Nurs Scholarsh. 2014;46(5):366-76. doi: https://doi.org/10.1111/jnu.12088
https://doi.org/10.1111/jnu.12088...
. Assim como, a promoção da competência emocional na equipe tem sido sugerida para a redução do estresse e prevenção da violência no trabalho99. Littlejohn P. The missing link: using emotional intelligence to reduce workplace stress and workplace violence in our nursing and other health care professions. J Prof Nurs. 2012;28(6):360-8. doi: https://doi.org/10.1016/j.profnurs.2012.04.006
https://doi.org/10.1016/j.profnurs.2012....
.

Existe na Califórnia, nos Estados Unidos, legislação que tem requerido das instituições de saúde a implementação de estratégias de prevenção da violência no trabalho, incluindo a formação de pessoal, identificação dos casos e mitigação dos fatores de risco2020. Gooch PP. Hospital workplace violence prevention in California: new regulations. Workplace Health Saf. 2018;66(3):115-9. doi: https://doi.org/10.1177/2165079917731791
https://doi.org/10.1177/2165079917731791...
. O enfermeiro do trabalho e sua equipe de saúde ocupacional assumem importante papel no auxílio às instituições para atenderem estas exigências, inclusive na capacitação da equipe de saúde2020. Gooch PP. Hospital workplace violence prevention in California: new regulations. Workplace Health Saf. 2018;66(3):115-9. doi: https://doi.org/10.1177/2165079917731791
https://doi.org/10.1177/2165079917731791...
.

De fato, iniciativas de prevenção da violência no trabalho são necessárias para assegurar proteção aos profissionais de saúde e oferecer-lhes um ambiente e condições para que se sintam seguros e respeitados no trabalho. Apesar desta pesquisa possuir limitações - tais como uso de instrumentos de medida com propriedades psicométricas ainda não conhecidas e a possibilidade de viés de memória1010. Bordignon M, Monteiro MI. Predictors of nursing workers’ intention to leave the work unit, health institution and profession. Rev Latino-Am Enfermagem. 2019;27:e3219. doi: https://doi.org/10.1590/1518-8345.3280.3219
https://doi.org/10.1590/1518-8345.3280.3...
- destacou-se situações de violência no trabalho contra profissionais de enfermagem, suas características e associações, além de possíveis medidas de prevenção, que podem orientar a elaboração de estratégias protetivas ou protocolos neste tema.

CONCLUSÕES

O número de profissionais que declarou ter sofrido violência nos 12 meses anteriores ao estudo superou a metade da amostra, e alguns sofreram mais que um tipo de violência entre as três formas analisadas: abuso verbal, assédio sexual e violência física. A violência no trabalho foi associada com variáveis pessoais, de saúde e trabalho, indicando fatores a serem analisados do ponto de vista da sua ocorrência e compreensão dos fatos. Diferentes medidas de como evitar a violência no trabalho foram elencadas pelos profissionais, e constituíram um modelo capaz de incentivar iniciativas de prevenção desta violência nos estabelecimentos de saúde.

Agradecimentos

Este estudo recebeu apoio financeiro com bolsas de pós-graduação: processo nº 2016/06128-7, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP); processo nº 162825/2014-5, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); e processo nº 01-P-3481/2014, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

REFERENCES

  • 1. Fernandes H, Sala DCP, Horta ALM. Violence in health care settings: rethinking actions. Rev Bras Enferm. 2018;71(5):2599-601. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0882
    » https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0882
  • 2. Magnavita N. Workplace violence and occupational stress in healthcare workers: a chicken-and-egg situation-results of a 6-year follow-up study. J Nurs Scholarsh. 2014;46(5):366-76. doi: https://doi.org/10.1111/jnu.12088
    » https://doi.org/10.1111/jnu.12088
  • 3. Dal Pai D, Sturbelle ICS, Santos C, Tavares JP, Lautert L. Physical and psychological violence in the workplace of healthcare professionals. Texto Contexto Enferm. 2018;27(1):e2420016. doi: https://doi.org/10.1590/0104-07072018002420016
    » https://doi.org/10.1590/0104-07072018002420016
  • 4. Angland S, Dowling M, Casey D. Nurses' perceptions of the factors which cause violence and aggression in the emergency department: a qualitative study. Int Emerg Nurs. 2014;22(3):134-9. doi: https://doi.org/10.1016/j.ienj.2013.09.005
    » https://doi.org/10.1016/j.ienj.2013.09.005
  • 5. Vieira GLC. Agressão física contra técnicos de enfermagem em hospitais psiquiátricos. Rev Bras Saúde Ocup. 2017;42:e8. doi: https://doi.org/10.1590/2317-6369000004216
    » https://doi.org/10.1590/2317-6369000004216
  • 6. Bordignon M, Monteiro MI. Violence in the workplace in nursing: consequences overview. Rev Bras Enferm. 2016;69(5):996-9. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2015-0133
    » https://doi.org/10.1590/0034-7167-2015-0133
  • 7. Lanctôt N, Guay S. The aftermath of workplace violence among healthcare workers: a systematic literature review of the consequences. Aggress Violent Behav. 2014;19(5):492-501. doi: https://doi.org/10.1016/j.avb.2014.07.010
    » https://doi.org/10.1016/j.avb.2014.07.010
  • 8. Liu J, Zheng J, Liu K, Liu X, Wu Y, Wang J, et al. Workplace violence against nurses, job satisfaction, burnout, and patient safety in Chinese hospitals. Nurs Outlook. 2019;67(5):558-66. doi: https://doi.org/10.1016/j.outlook.2019.04.006
    » https://doi.org/10.1016/j.outlook.2019.04.006
  • 9. Littlejohn P. The missing link: using emotional intelligence to reduce workplace stress and workplace violence in our nursing and other health care professions. J Prof Nurs. 2012;28(6):360-8. doi: https://doi.org/10.1016/j.profnurs.2012.04.006
    » https://doi.org/10.1016/j.profnurs.2012.04.006
  • 10. Bordignon M, Monteiro MI. Predictors of nursing workers’ intention to leave the work unit, health institution and profession. Rev Latino-Am Enfermagem. 2019;27:e3219. doi: https://doi.org/10.1590/1518-8345.3280.3219
    » https://doi.org/10.1590/1518-8345.3280.3219
  • 11. Monteiro I. Questionário de dados sociodemográficos, estilo de vida e aspectos de saúde e trabalho - QSETS: duas décadas. In: Monteiro I, Iguti AM, organizadores. Trabalho, saúde e sustentabilidade: diálogo interdisciplinar internacional Sul - Norte. Campinas: BFCM-Unicamp; 2017 [cited 2019 Sep 10]. Available from: https://econtents.bc.unicamp.br/omp/index.php/ebooks/catalog/view/19/19/69-1
    » https://econtents.bc.unicamp.br/omp/index.php/ebooks/catalog/view/19/19/69-1
  • 12. Bordignon M, Monteiro MI. Apparent validity of a questionnaire to assess workplace violence. Acta Paul Enferm. 2015;28(6):601-8. doi: https://doi.org/10.1590/1982-0194201500098
    » https://doi.org/10.1590/1982-0194201500098
  • 13. Reeves TC, Eunjung Oh. Generational Differences. In: Spector JM, Merrill MD, van Merriënboer J, Driscoll MP. Handbook of research on educational communications and technology. Abingdon: Routledge; 2007.
  • 14. Leiter MP, Price SL, Spence Laschinger HK. Generational differences in distress, attitudes and incivility among nurses. J Nurs Manag. 2010;18(8):970-80. doi: https://doi.org/10.1111/j.1365-2834.2010.01168.x
    » https://doi.org/10.1111/j.1365-2834.2010.01168.x
  • 15. Alyaemni A, Alhudaithi H. Workplace violence against nurses in the emergency departments of three hospitals in Riyadh, Saudi Arabia: a cross-sectional survey. NursingPlus Open. 2016; 2:35-41. doi: https://doi.org/10.1016/j.npls.2016.09.001
    » https://doi.org/10.1016/j.npls.2016.09.001
  • 16. ALBashtawy M. Workplace violence against nurses in emergency departments in Jordan. Int Nurs Rev. 2013;60(4):550-5. doi: https://doi.org/10.1111/inr.12059
    » https://doi.org/10.1111/inr.12059
  • 17. Woelfle CY, McCaffrey R. Nurse on nurse. Nurs Forum. 2007;42(3):123-31. doi: https://doi.org/10.1111/j.1744-6198.2007.00076.x
    » https://doi.org/10.1111/j.1744-6198.2007.00076.x
  • 18. Ramacciati N, Ceccagnoli A, Addey B. Violence against nurses in the triage area: an Italian qualitative study. Int Emerg Nurs. 2015;23(4):274-80. doi: https://doi.org/10.1016/j.ienj.2015.02.004
    » https://doi.org/10.1016/j.ienj.2015.02.004
  • 19. Al-Omari H. Physical and verbal workplace violence against nurses in Jordan. Int Nurs Rev. 2015;62(1):111-8. doi: https://doi.org/10.1111/inr.12170
    » https://doi.org/10.1111/inr.12170
  • 20. Gooch PP. Hospital workplace violence prevention in California: new regulations. Workplace Health Saf. 2018;66(3):115-9. doi: https://doi.org/10.1177/2165079917731791
    » https://doi.org/10.1177/2165079917731791

Nota

  • 30
    Artigo extraído da tese de doutorado “Capacidade para o trabalho, violência e intenções de abandono entre trabalhadores de enfermagem”, apresentada para a Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Enfermagem, Campinas, SP, Brasil.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Abr 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    19 Out 2019
  • Aceito
    04 Ago 2020
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escola de Enfermagem Rua São Manoel, 963 -Campus da Saúde , 90.620-110 - Porto Alegre - RS - Brasil, Fone: (55 51) 3308-5242 / Fax: (55 51) 3308-5436 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: revista@enf.ufrgs.br