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Informação pré-operatória ao paciente: podemos melhorar a satisfação e reduzir a ansiedade?

Resumos

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS:

A falta de conhecimento dos pacientes em relação à anestesia e ao papel do anestesiologista em sua assistência pode contribuir para a ansiedade. O objetivo deste estudo foi desenvolver materiais explicativos para o paciente sobre a anestesia que poderiam ajudar a melhorar a satisfação do paciente em relação ao seu conhecimento do processo perioperatório e a diminuir a ansiedade em hospital comunitário com uma grande população de língua espanhola.

MÉTODOS:

Durante quatro semanas, uma pesquisa (Pesquisa A) em inglês e espanhol foi feita no período pré-operatório com todos os pacientes adultos que seriam submetidos à anestesia. Os dados foram analisados e, posteriormente, um folheto explicativo foi desenvolvido em inglês e espanhol para esclarecer as principais preocupações dos pacientes. Uma segunda pesquisa (Pesquisa B) foi feita após a colocação do folheto explicativo em uso na clínica. A pesquisa investigou as informações demográficas básicas e incluiu perguntas sobre a satisfação relacionada à compreensão da anestesia, bem como as preocupações com a cirurgia e a dor.

RESULTADOS:

Nos pacientes que receberam o folheto houve melhoria estatisticamente significativa em relação às perguntas sobre a satisfação com a compreensão do tipo de anestesia, as opções para o controle da dor, o que os pacientes deveriam fazer no dia da cirurgia, bem como a quantidade de informações prestadas sobre o plano anestésico. Não houve diferença na ansiedade relacionada à cirurgia entre os pacientes que receberam e os que não receberam o folheto educativo.

CONCLUSÕES:

Os folhetos explicativos melhoraram a satisfação do paciente em relação ao conhecimento do processo perioperatório, mas não reduziram a ansiedade relacionada à cirurgia.

Avaliação pré-operatória; Informação ao paciente; Satisfação do paciente; Ansiedade


BACKGROUND AND OBJECTIVES:

Patients' knowledge deficits concerning anesthesia and the anesthesiologist's role in their care may contribute to anxiety. The objective of this study was to develop anesthesia patient education materials that would help improve patient's satisfaction regarding their knowledge of the perioperative process and decrease anxiety in a community hospital with a large Spanish-speaking population.

METHODS:

A survey (Survey A) in English and Spanish was administered to all adult anesthesiology preoperative clinic patients during a 4-week period. The data were analyzed and then a patient education handout was developed in both English and Spanish to assist with our patients' major concerns. A second survey (Survey B) was administered that was completed after the education handout had been put into use at the clinic. The survey asked for basic demographic information and included questions on satisfaction with regard to understanding of anesthesia as well as worries regarding surgery and pain.

RESULTS:

In the patients who received the handout, statistically significant improvement was found in the questions that asked about satisfaction with regard to understanding of type of anesthesia, options for pain control, what patients are supposed to do on the day of surgery, and the amount of information given with regard to anesthetic plan. There was no difference in anxiety related to surgery in patients who received the educational handout compared to those patients who did not.

CONCLUSIONS:

Patient education handouts improved patient's satisfaction regarding their knowledge of the perioperative process but did not reduce anxiety related to surgery.

Preoperative assessment; Patient education; Patient satisfaction; Anxiety


JUSTIFICACIÓN Y OBJETIVOS:

La falta de conocimiento de los pacientes con relación a la anestesia y al papel del anestesista en su asistencia puede contribuir a la ansiedad. El objetivo de este estudio fue desarrollar materiales explicativos para el paciente sobre la anestesia que podrían ayudar a mejorar la satisfacción del paciente respecto a su conocimiento del proceso perioperatorio y a disminuir la ansiedad en un hospital comunitario con una gran población de hablantes de lengua española.

MÉTODOS:

Durante un período de 4 semanas, se llevó a cabo una investigación (investigación A) en inglés y en español en el período preoperatorio con todos los pacientes adultos que se iban a someter a la anestesia. Se analizaron los datos analizaron y posteriormente se confeccionó un folleto explicativo en inglés y en español para aclarar las principales preocupaciones de los pacientes. Una segunda investigación (investigación B) fue realizada después de que se completó el folleto explicativo que se estaba usando en la clínica. La encuesta solicitó información demográfica básica e incluyó preguntas sobre la satisfacción relacionada con la comprensión de la anestesia y también sobre las preocupaciones relacionadas con la cirugía y el dolor.

RESULTADOS:

En los pacientes que recibieron el folleto hubo una mejoría estadísticamente significativa con relación a las preguntas sobre la satisfacción con la comprensión del tipo de anestesia, las opciones para el control del dolor, lo que los pacientes deberían hacer el día de la cirugía, como también la cantidad de informaciones prestadas sobre el plan de anestesia. No hubo diferencia en la ansiedad relacionada con la cirugía entre los pacientes que recibieron y los que no recibieron el folleto educativo.

CONCLUSIONES:

Los folletos explicativos mejoraron la satisfacción del paciente respecto al conocimiento del proceso perioperatorio, pero no redujeron la ansiedad relacionada con la cirugía.

Evaluación preoperatoria; Información al paciente; Satisfacción del paciente; Ansiedad


Introdução

Um dos objetivos da visita do anestesiologista no pré-operatório é tranquilizar o paciente e reduzir a ansiedade.11. Klafta JM, Roizen MF. Current understanding of patients' attitudes toward and preparation for anesthesia: a review. Anesth Analg. 1996;83:1314-21. A ansiedade foi associada a várias respostas fisiopatológicas, como hipertensão e arritmias, que podem aumentar a morbidade no perioperatório.22. Williams JG, Jones JR. Psychophysiological responses to anesthesia and operation. J Am Med Assoc. 1968;203:415-7. A falta de conhecimento dos pacientes sobre a anestesia e sobre o papel do anestesiologista em seus cuidados pode contribuir para esses medos e ansiedades. Pesquisas anteriores sobre anestesia revelaram que os pacientes sentem muito medo de morrer durante a anestesia (8-55%), de despertar durante a anestesia (5-54%) e de sentir dor (5-65%) e náusea (5-48%) no período pós-operatório.11. Klafta JM, Roizen MF. Current understanding of patients' attitudes toward and preparation for anesthesia: a review. Anesth Analg. 1996;83:1314-21. and 33. Matthey P, Finucane BT, Finegan BA. The attitude of the general public towards preoperative assessment and risks associated with general anesthesia. Can J Anaesth. 2001;48:333-9.

Os pacientes geralmente recebem apenas uma visita de um membro da equipe de anestesia antes da cirurgia. Essa visita pré-operatória acontece na clínica antes da cirurgia ou na noite anterior à cirurgia, caso os pacientes estejam internados. Alguns pacientes, especialmente aqueles considerados saudáveis ou que serão submetidos a procedimentos sem complicações, talvez só encontrem um membro da equipe de anestesia logo antes da cirurgia. Devido às interações limitadas entre pacientes e anestesiologistas, métodos diferentes de comunicação foram usados para transmitir informações sobre anestesia aos pacientes, incluindo folhetos, vídeos e internet. Fitzgerald e Elder44. Fitzgerald BM, Elder J. Will a 1-page informational handout decrease patients' most common fears of anesthesia and surgery? J Surg Educ. 2008;65:359-63. relataram que um folheto simples (uma página) com informações sobre a anestesia e discussões sobre os medos comuns dos pacientes associados à anestesia e cirurgia resultou em uma redução estatisticamente significativa dos medos dos pacientes em até 40% dos pacientes estudados. Outros pesquisadores relataram resultados positivos após a apresentação de um vídeo aos pacientes antes da cirurgia com informações sobre a anestesia.11. Klafta JM, Roizen MF. Current understanding of patients' attitudes toward and preparation for anesthesia: a review. Anesth Analg. 1996;83:1314-21. , 55. Bondy LR, Sims N, Schroeder DR, et al. The effect of anesthetic patient education on preoperative anxiety. Reg Anesth Pain Med. 1999;24:158-64. and 66. Jlala HA, French JL, Foxall GL, Hardman JG, Bedforth NM. Effect of preoperative multimedia information on perioperative anxiety in patients undergoing procedures under regional anaesthesia. Br J Anaesth. 2010;104:369-74.

Não temos conhecimento de qualquer estudo anterior que tenha avaliado o conhecimento e os medos dos pacientes sobre anestesia e que tenha sido feito em hospital comunitário com uma grande população de língua espanhola. Nossa hipótese foi que o desenvolvimento e o uso de materiais explicativos sobre a anestesia em inglês e espanhol entregues aos pacientes antes da cirurgia ajudariam a melhorar a satisfação do paciente em relação ao seu conhecimento do processo perioperatório e a diminuir a ansiedade dentro do ambiente hospitalar comunitário.

Métodos

Desenvolvemos uma pesquisa para avaliar o nível de compreensão de nossos pacientes em relação à anestesia e à cirurgia e ao nível de ansiedade associada ao período perioperatório. Após a aprovação do Conselho de Revisão Institucional, do Baylor College of Medicine, em fevereiro de 2010, nossa pesquisa foi administrada a pacientes que se apresentaram à clínica do Hospital Geral Ben Taub, durante quatro semanas em abril de 2010. O Conselho de Revisão Institucional dispensou a exigência de assinatura em termos de consentimento. A pesquisa foi anônima e opcional e incluiu uma declaração sobre o objetivo dela e o uso das informações coletadas anonimamente apenas para fins de estudo. Ao concluir a pesquisa e enviá-la a seus anestesiologistas, os pacientes estavam dando seu consentimento para o estudo. Todos os pacientes com 18 anos ou mais receberam a pesquisa no momento em que chegaram à clínica pré-operatória e antes de receberem a visita de um membro da equipe de anestesiologia. Havia versões da pesquisa tanto em inglês quanto em espanhol para acomodar a grande população de língua espanhola em nosso hospital, que é de aproximadamente 40% da população de pacientes. Os pacientes podiam escolher que versão preencher, caso falassem os dois idiomas.

O objetivo da Pesquisa A (fig. 1) foi obter dados preliminares sobre o conhecimento dos pacientes e sobre suas ansiedades que esperávamos melhorassem depois que os folhetos fossem colocados em uso. As perguntas foram criadas pelos Drs. Ortiz e Tolpin, com o objetivo de abordar potenciais áreas de fraqueza. Os docentes locais também deram contribuições sobre o conteúdo das perguntas da pesquisa. As perguntas da Pesquisa A eram referentes à idade, ao gênero, ao idioma principal e ao nível de escolaridade. Havia também questões múltiplas sobre a satisfação do paciente em relação à compreensão da anestesia, bem como suas preocupações com a cirurgia e a dor associada à cirurgia.

Figura 1
que é a anestesia? Folheto explicativo para o paciente.

Os resultados da Pesquisa A foram usados para ajudar a desenvolver um folheto explicativo sobre a anestesia, que planejamos distribuir aos pacientes como parte da visita pré-operatória de rotina. O folheto foi enviado ao Comitê Educativo do Harris County Hospital District para aprovação. O folheto foi escrito em um nível de leitura equivalente à 6 a série pelos autores e as versões em inglês e espanhol foram aprovadas pelo Comitê. Uma vez aprovados para uso, os folhetos foram distribuídos para todos os pacientes no momento da chegada à clínica pré-operatória. A figura 2 mostra uma cópia do folheto explicativo que foi desenvolvido e entregue aos nossos pacientes.

Figura 2
Pesquisas A e B. Como observado, a Pesquisa B tem a pergunta de n°. 12 adicional.

A Pesquisa B foi administrada aos pacientes por quatro semanas em setembro de 2011. Essa pesquisa foi concluída pelos pacientes após a revisão dos materiais explicativos, mas antes do encontro com um membro da equipe de anestesia. Como mostra a figura 1, a Pesquisa B diferiu da Pesquisa A ao incluir a Pergunta n°. 12 referente ao novo folheto.

Escolhemos um período de quatro semanas para cada pesquisa para obter uma amostra representativa de nossos pacientes agendados para cirurgia ambulatorial ou com alta no mesmo dia. Os dados da pesquisa foram expressos como média ± DP e a normalidade para os dados da pesquisa foi analisada com os testes de Shapiro-Wilk. Para os dados normalmente distribuídos, as diferenças nos escores entre as duas pesquisas foram comparadas com o teste t de Student. O teste não paramétrico (teste de Wilcoxon) foi usado para comparar os dados da pesquisa que não foram normalmente distribuídos. Para investigar as diferenças sobre a satisfação ou a preocupação entre as duas pesquisas, os dados pesquisados foram classificados como satisfatórios (escore da pesquisa ≥ 4) ou não satisfatórios (escore ≤ 3) para as perguntas sobre a satisfação. Para as perguntas sobre a preocupação, os dados da pesquisa foram divididos em preocupado (escore ≥ 4) ou não preocupado (escore ≤ 3). Testes do qui-quadrado foram feitos para comparar a frequência de satisfação e/ou de preocupação entre as duas pesquisas. Todas as análises foram feitas com o uso do software SAS 9.1 (SAS Institute, Cary NC). Um valor de p < 0,05 foi considerado estatisticamente significativo para todas as análises.

Resultados

Os dados demográficos das populações de ambas as pesquisas são apresentados na tabela 1. Não houve diferenças significativas entre os dois grupos pesquisados. As distribuições por faixa etária dos pacientes incluídos em ambas as pesquisas foram semelhantes e são apresentadas na tabela 2. O escore médio de escolaridade foi de 2,6 e 2,7 e indicou que a média dos pacientes em nosso estudo não tinha diploma de ensino médio. Além disso, 40% dos pacientes eram principalmente de língua espanhola e receberam a versão em espanhol da pesquisa e dos materiais. Digno de nota, os pacientes de língua espanhola e os de língua inglesa não diferiram em relação à média de idade (51 vs. 50,2 anos, p = 0,7). No entanto, os pacientes de língua espanhola eram menos propensos a ser do sexo masculino (33,5% vs. 47,8%, p = 0,02) e mais propensos a relatar menos anos de escolaridade (2,23 vs. 2,86, p < 0,001) do que os pacientes de língua inglesa na coorte do estudo.

Tabela 1
Demografia da pesquisa

Tabela 2
Distribuição por faixa etária. Número de pacientes em cada faixa etária (por cento)

Depois de concluir a Pesquisa A, um folheto explicativo foi desenvolvido e a Pesquisa B foi feita. A tabela 3 mostra o resumo dos resultados da pesquisa. O grupo de pacientes que concluiu a pesquisa após ler o folheto relatou uma satisfação significativamente maior com o entendimento do tipo de anestesia que receberia (Pergunta 2, 4,15 vs. 4,45, p = 0,0028). Além disso, esse grupo ficou significativamente mais satisfeito com a compreensão de suas opções para o controle da dor após a cirurgia (Pergunta 3, 3,98 vs. 4,33, p = 0,0027) e com o que deviam fazer no dia da cirurgia (Pergunta 4, 4,19 vs. 4,52, p = 0,0004). O segundo grupo de pacientes atribuiu um escore mais alto à quantidade de informação recebida sobre o plano anestésico do que o grupo de pacientes que não recebeu a apostila (Pergunta 10, 4,31 vs. 4,60, p = 0,0038).

Tabela 3
Resultados da pesquisa (Escala de Perguntas 1-5). Dados expressos como média (DP)

Dados da questão 9, sobre o que mais preocupou os pacientes, apontam que em ambos os levantamentos A e B a cirurgia (33,2% vs. 35,8%, p = 0,62) e dor (36,5% vs. 34,3%, p = 0,96) foram as respostas mais comuns. Preocupações com anestesia ficaram em terceiro na lista (14,4% vs. 9,0%, p = 0,16). A Pergunta 11, referente à facilidade de encontrar informações na internet, foi respondida por apenas 32% dos entrevistados. Instruímos aos pacientes que não usavam a internet para procurar informações médicas que deixassem essa questão em branco. A satisfação dos entrevistados da Pesquisa B com o folheto explicativo foi alta (Pergunta 12, média de 4,23 ± 0,89).

A tabela 4 mostra a percentagem de pacientes que pontuou como 4 ou 5 as perguntas de 1 a 8 (satisfeito ou muito satisfeito, preocupado ou muito preocupado). Houve significativamente mais entrevistados que afirmaram estar satisfeitos ou muito satisfeitos nas Perguntas 1 a 4 da Pesquisa B (p < 0,05). A média de satisfação para as quatro perguntas combinadas passou de 80% na Pesquisa A para 92% na Pesquisa B. Não houve diferença estatisticamente significativa no percentual de entrevistados que relatou estar preocupado ou muito preocupado entre as Pesquisas A e B.

Tabela 4
Porcentagem de pacientes que relataram satisfação (escore ≥ 4/5) e/ou preocupação (escore ≥ 4/5) na Pesquisas A e Pesquisa B

Discussão

Os autores pesquisaram uma amostra geral de pacientes em um hospital comunitário com uma grande população de língua espanhola e descobriram que é preciso fornecer mais informações sobre a anestesia e o período perioperatório. Os resultados dessa pesquisa levaram ao desenvolvimento de um folheto explicativo para o paciente, o que resultou em uma melhoria significativa da satisfação do paciente em relação a sua compreensão sobre o papel do anestesiologista, os tipos de anestesia, as opções para o controle da dor e as instruções para o dia da cirurgia. O estudo não descobriu diferença significativa em relação ao tamanho da ansiedade relacionada à cirurgia nos dois grupos pesquisados.

O grau de instrução limitado sobre a saúde neste país é um problema crescente.77. Hawkins AO, Kantayya VS, Sharkey-Asner C. Health literacy: a potential barrier in caring for underserved populations. Dis Mon. 2010;56:734-40. Estima-se que 90 milhões de pessoas nos Estados Unidos têm dificuldades para entender informações sobre saúde.88. Kirsh I, Jungeblut A, Jenkins L, et al. Adult literacy in America: a first look at the results of the national adult literacy survey (NALS). Washington, DC: National Center of Educational Statistics, US Department of Education; 1993. Além disso, o americano médio lê a partir do 8° ao 9° ano escolar e um em cada cinco americanos lê a partir do 5° ano ou menos.99. Committee on Health Literacy, Institute of Medicine, Health, Literacy. A Prescription to End Confusion. Washington, DC: National Academies Press; 2004. Estima-se que esse nível baixo de instrução em saúde acrescente 50-70 bilhões de dólares ao custo anual dos cuidados de saúde no país.1010. Doak CC, Doak LG, Root JH. Teaching patients with low literacy skill. 3rd ed. Philadelphia, PA: J.B. Lippincott Company; 1996. Portanto, é imperativo que todos os profissionais de saúde colaborem para fornecer informação aos pacientes por meio dos instrumentos disponíveis e em todas as oportunidades. Além disso, um esforço especial deve ser feito para fornecer informações médicas em um nível de leitura adequado para o paciente médio. Em nosso hospital, todos os documentos destinados aos pacientes são escritos em nível não superior ao 6° ano escolar.

O Censo de 20101111. 2010 US Census Data. United States Census Bureau. www.census.gov [accessed 16 Apr 2012].
www.census.gov...
revelou que a população hispânica nos Estados Unidos subiu 16%, com estimativa de aumentar para 24% em 2050. No estado do Texas, onde este estudo foi concluído, 38% dos habitantes são hispânicos.1111. 2010 US Census Data. United States Census Bureau. www.census.gov [accessed 16 Apr 2012].
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O fornecimento de informações aos nossos pacientes em ambos os idiomas, inglês e espanhol, foi muito benéfico, considerando que a média dos pacientes pesquisados não completou o ensino médio e 40% falavam principalmente espanhol. Combinar o nível de escolaridade mais baixo da população de nosso hospital com o aumento da população de língua espanhola é um desafio, especialmente quando se trata de transmitir informações importantes de saúde aos nossos pacientes.

Um estudo feito por Zach et al.1212. Zach L, Dalrymple PW, Rogers ML, et al. Assessing internet access and use in a medically underserved population: implications for providing enhanced health information services. Health Info Libr J. 2012;29:61-71. relatou que mesmo os pacientes em populações carentes de assistência médica têm acesso à internet por meio de computadores e telefones celulares, mas são menos propensos a usar a internet para buscar informações sobre saúde do que o público em geral. Embora 72% dos pacientes pesquisados em seu estudo tivessem acesso à internet, apenas 21% usavam a internet para procurar informações sobre saúde.1212. Zach L, Dalrymple PW, Rogers ML, et al. Assessing internet access and use in a medically underserved population: implications for providing enhanced health information services. Health Info Libr J. 2012;29:61-71. Em nossa pesquisa, instruímos os pacientes que não usavam a internet para a busca de informações sobre saúde a não responder a essa pergunta específica. Apenas 32% de nossos pacientes responderam a essa pergunta. Embora existam vários sites dedicados a fornecer informação sobre saúde, nossos resultados, bem como os resultados anteriores, sugerem que as pessoas que mais poderiam se beneficiar não estão acessando essa informação. Mesmo que alguns pacientes possam se beneficiar do acesso a informações de saúde, como os folhetos explicativos, não há garantia de que a informação na internet será lida ou entendida pelos pacientes no ambiente hospitalar comunitário. Portanto, um folheto ainda pode ser a maneira mais eficiente de se comunicar com os pacientes.

Mesmo tendo investigado o conhecimento e a ansiedade do paciente no período perioperatório, este estudo tem limitações. Primeiro, a pesquisa não incluiu informações sobre experiências anteriores com anestesia ou os níveis basais de ansiedade. Embora tenhamos optado por não incluir essas perguntas na pesquisa, elas podem ser benéficas em pesquisas futuras e mais abrangentes sobre esse tema. Segundo, as perguntas em nossa pesquisa não foram formalmente validadas. Embora o uso de um instrumento de pesquisa validado possa acrescentar mais poder às nossas conclusões, acreditamos que os resultados deste estudo permanecem fundamentados.

Concluímos que um folheto explicativo escrito em nível de leitura apropriado e disponível em seu idioma principal resultou em uma melhoria significativa da satisfação do paciente em relação a sua compreensão do papel do anestesiologista, dos tipos de anestesia, das opções para o controle da dor e das instruções para o dia da cirurgia. Estudos futuros são necessários para explorar o impacto de melhorar o conhecimento do paciente sobre o processo perioperatório em ambiente hospitalar comunitário. Além disso, estudos futuros são necessários para entender qual é a melhor forma de se comunicar com os pacientes.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Feb 2015

Histórico

  • Recebido
    24 Jun 2013
  • Aceito
    15 Jul 2013
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