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O significado da “boa enfermeira” no cuidado pediátrico: uma análise de conceito

RESUMO

Objetivo:

analisar os atributos, antecedentes e consequências do conceito “boa enfermeira” no contexto da Pediatria.

Método:

estudo de análise de conceito baseado no modelo evolucionista de Rodgers. Realizou-se uma etapa teórica que consistiu na busca de artigos nas bases CINAHL, Embase e Pubmed e etapa prática de entrevistas semiestruturadas com enfermeiros de pediatria. A análise final unificou as duas etapas por meio de categorias sobre antecedentes, atributos e consequências do conceito.

Resultados:

20 artigos e 10 entrevistas foram analisados revelando como antecedentes aspectos relacionados à educação, desenvolvimento científico e habilidades e valores ético-morais. Responsabilidade, compaixão, honestidade e advocacia destacam-se como atributos da “boa enfermeira”. As consequências descrevem implicações para as crianças e famílias, bem como, para os profissionais.

Considerações Finais:

a análise do conceito da “boa enfermeira” permitiu esclarecer aspectos fundamentais para execução de boas práticas, estabelecendo parâmetros para investimento em programas de desenvolvimento profissional.

Descritores:
Enfermagem Pediátrica; Enfermagem Baseada em Evidências; Formação de Conceito; Teoria de Enfermagem; Enfermagem Familiar

ABSTRACT

Objective:

to analyze the attributes, antecedents and consequences of the concept a “good nurse” in the context of Pediatrics.

Method:

concept analysis study based on Rodgers’ evolutionary method. Theoretical stage consisted of searching for articles in the CINAHL, Embase and Pubmed databases and a practical stage of semi-structured interviews with pediatric nurses. The final analysis unified the two stages by categories of antecedents, attributes and consequences of the concept.

Results:

20 articles and 10 interviews were analyzed revealing as antecedents aspects related to education, scientific development and ethical-moral skills and values. Responsibility, compassion, honesty and advocacy stand out as attributes of the “good nurse.” The consequences describe implications for children and families, as well as for professionals.

Final Consideration:

the analysis of the concept of the “good nurse” allowed us to clarify fundamental aspects for the execution of good practices, establishing parameters for investment in professional development programs.

Descriptors:
Pediatric Nursing; Evidence-Based Nursing; Concept Formation; Nursing Theory; Family Nursing

RESUMEN

Objetivo:

analizar los atributos, antecedentes y consecuencias del concepto la “buena enfermera” en el contexto de la Pediatría.

Método:

estudio de análisis de concepto basado en el modelo evolucionista de Rodgers. Se realizó una etapa teórica que consistió en la búsqueda de artículos en las bases CINAHL, Embase y Pubmed y etapa práctica de entrevistas semiestructuradas con enfermeros de pediatría. El análisis final unificó las dos etapas por medio de categorías sobre antecedentes, atributos y consecuencias del concepto.

Resultados:

20 artículos y 10 entrevistas fueron analizadas revelando como antecedentes los aspectos relacionados a la educación, el desarrollo científico y habilidades y valores ético-morales. Responsabilidad, compasión, honestidad y abogacía se destacan como los atributos de la “buena enfermera”. Las consecuencias describen las implicaciones para los niños y las familias, así como para los profesionales.

Consideraciones Finales:

el análisis del concepto de la “buena enfermera” permitió aclarar aspectos fundamentales para la ejecución de buenas prácticas, estableciendo parámetros para la inversión en programas de desarrollo profesional.

Descriptores:
Enfermería Pediátrica; Enfermería Basada en Evidencias; Formación de Concepto; Teoría de Enfermería; Enfermería Familiar

INTRODUÇÃO

A Enfermagem é uma disciplina social e humanística de prática de cuidados de saúde. Ela reúne conhecimentos e habilidades de prevenção, diagnóstico e tratamento, estruturados na ciência e na arte do cuidado. Os conceitos que integram a Enfermagem mobilizam a produção de definições e teorias por meio da pesquisa para desenvolver, testar e aplicar tecnologias e instrumentos que orientem as boas práticas de cuidado ao ser humano, famílias e comunidade(11 Facione PA, Crossetti MGO, Riegel F. Holistic Critical Thinking in the Nursing Diagnostic Process. Rev Gaúcha Enferm [Internet]. 2017 [cited 2018 Jun 05];38(3):e75576. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v38n3/en_0102-6933-rgenf-38-3-e75576.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v38n3/en_...
).

Essa ciência determina, em seus metaparadigmas, o cuidado ao ser humano em sua experiência em determinado espaço e tempo. Nesse sentido, compreender e interpretar o significado de ser enfermeiro, requer constante aproximação e distanciamento do universo de atuação profissional. Por meio da aproximação é possível vislumbrar a compreensão do processo de viver do outro, suas expectativas e modos de cuidado. No distanciamento encontra-se a reflexão da práxis profissional no caminho de interpretar, compreender e solucionar problemas, frequentemente imersos em questões qualitativas decorrentes da característica subjetiva do cuidado(22 Sebold LF, Locks MOH, Hammerschmidt KSA, Fernandez DLR, Tristão FR, Girondi EBR. Heidegger’s hermeneutic circle: a possibility for interpreting nursing care. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2017 [cited 2018 Jun 05];26(4):e2830017. Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v26n4/en_0104-0707-tce-26-04-e2830017.pdf
http://www.scielo.br/pdf/tce/v26n4/en_01...
).

Nesse contexto, o estudo mobiliza reflexões acerca de ser enfermeiro pediátrico. Esse recorte se justifica pelo cuidado pediátrico consistir em um fenômeno complexo de múltiplas interações com a criança e sua família, que requerem a valorização da multidimensionalidade: emocional, afetiva e social de ambos. O cuidado de enfermagem em Pediatria, portanto, demanda do enfermeiro e de sua equipe habilidades diferenciadas na elaboração de estratégias de ação e interação ancoradas na complementaridade, reciprocidade, intersubjetividade e interdisciplinaridade necessárias para cuidar da criança e do seu familiar na sua complexidade(33 Silva TP, Silva MM, Valadares GV, Silva IR, Leite JL. Nursing care management for children hospitalized with chronic conditions. Rev Bras Enferm [Internet]. 2015[cited 2018 May 23];68(4):641-8. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v68n4/en_0034-7167-reben-68-04-0641.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reben/v68n4/en_...
).

Dessa forma, a análise e o desenvolvimento do conceito da “boa enfermeira” no contexto pediátrico será o objeto de estudo deste trabalho. Entende-se a relevância de oportunizar o esclarecimento do significado de um conceito para a promoção de compreensões atualizadas no direcionamento de cuidados congruentes ao contexto de estudo escolhido(44 Viana CDMR, Rodrigues FRA, Cunha GAA, Pereira MLD. Analysis of risk concept of breast cancer in women with HIV/AIDS: Walker and Avant’s methodological features and adjusted applicability. Cult Cuid [Internet]. 2015 [cited 2018 May 23];19(42):164-71. Available from: https://rua.ua.es/dspace/bitstream/10045/49339/1/Cultura-Cuidados_42_15.pdf
https://rua.ua.es/dspace/bitstream/10045...
).

Assim sendo, a proposta de análise e desenvolvimento de um conceito está intimamente relacionada à evolução e expansão de conhecimentos na Enfermagem, capaz de promover um contínuo refinamento compreensivo das bases sólidas de conhecimento da Enfermagem. Ao buscar a construção de significados de um conceito colabora-se para avanços da ciência, já que são passíveis de contestação e modificação, por serem dinâmicos, variáveis e dependentes do seu uso e do contexto em que estão inseridos(55 Bousso RS, Poles K, Cruz DALM. Nursing concepts and theories. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2014 [cited 2018 May 23];48(1):141-5. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v48n1/0080-6234-reeusp-48-01-141.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v48n1/00...
).

Diante disso, o presente estudo se propõe a contribuir com o conhecimento acerca do sentido de ser “boa enfermeira” no contexto pediátrico, por meio do desenvolvimento e análise desse conceito na perspectiva de contribuir para seu desenvolvimento contínuo e refinado.

OBJETIVO

Analisar os atributos, antecedentes e consequências do conceito “boa enfermeira” no contexto de cuidados pediátricos.

MÉTODO

Aspectos éticos

O estudo recebeu parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, de acordo com a Resolução 466/2012(66 Ministério da Saúde (BR). Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 466, de 12 de dezembro de 2012. Dispõe sobre normas e diretrizes de pesquisas envolvendo seres humanos [Internet]. Brasília; 2012 [cited 2017 Mar 05]. Available from: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf
http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/...
). Aos sujeitos que participaram da fase de campo foram atribuídos codinomes de pedras preciosas, visando assegurar o anonimato e aludir às valiosas atitudes destacadas na experiência de ser “boa enfermeira” pediátrica.

Referencial teórico-metodológico

O estudo foi guiado pelo modelo evolucionista de Rodgers para análise de conceito, que possui natureza indutiva(77 Rodgers BL. Concept analysis: an evolutionary view. In: Rodgers BL, Knafl KA, (Eds.). Concept development in nursing. 2nd ed. Philadelphia: Saunders; 2000. p.77-102.). Nesse modelo, a principal característica é a dinâmica do conceito, em detrimento ao constante desenvolvimento e evolução dos fenômenos analisados, dada a influência do tempo e do contexto que são utilizados(77 Rodgers BL. Concept analysis: an evolutionary view. In: Rodgers BL, Knafl KA, (Eds.). Concept development in nursing. 2nd ed. Philadelphia: Saunders; 2000. p.77-102.). A análise de um conceito não se propõe, portanto, a oferecer uma definição definitiva e sim esclarecer seus atributos, antecedentes, consequências e exemplos relacionados.

Tipo de estudo

Trata-se de um estudo qualitativo de análise de conceito, segundo o modelo evolucionista de Rodgers(77 Rodgers BL. Concept analysis: an evolutionary view. In: Rodgers BL, Knafl KA, (Eds.). Concept development in nursing. 2nd ed. Philadelphia: Saunders; 2000. p.77-102.). Foi utilizado o modelo híbrido, composto por uma fase teórica e uma fase de campo para coleta e análise dos dados.

Procedimentos metodológicos

A primeira etapa proposta por Rodgers consiste na seleção do conceito para análise. Nessa fase, é fundamental considerar a relevância do conceito para a prática e contribuição para a resolução de problemas ao desvendar as características do fenômeno(88 Rodgers BL. Philosophical foundations of concept development. In: Rodgers BL, Knafl KA, (Eds.). Concept development in nursing. 2nd ed. Philadelphia: Saunders; 2000. p. 7-37). O conceito “boa enfermeira” pediátrica foi definido com a necessidade de esclarecer papeis, crenças, atitudes e comportamentos associados à boa prática da Enfermagem, que requer abordagens complexas e abrangentes na interface com a criança e a família(99 Zimmermann K, Cignacco E, Engberg S. Patterns of paediatric end-of-life care: a chart review across different care settings in Switzerland. BMC Pediatr. 2018;18:67. doi: http://dx.doi.org/10.1186/s12887-018-1021-2
http://dx.doi.org/10.1186/s12887-018-10...
).

A segunda etapa foi realizada entre outubro e dezembro de 2017 e envolveu a seleção do material para análise do conceito. Para tanto, foram definidos os critérios de inclusão e exclusão de artigos que seriam utilizados para a coleta das informações nas bases de dados CINAHL, Embase e Pubmed. Foram incluídos artigos publicados em revistas científicas (revisão, editorial ou estudos originais), que tivessem dados sobre ser “boa enfermeira”, realizados no contexto pediátrico e que estivessem no idioma português, inglês e espanhol. Não houve restrição de data ou fonte das informações, portanto, os estudos poderiam expressar a experiência de pacientes pediátricos, do profissional, equipe e colegas de trabalho ou família, além de estudantes de Enfermagem. Foram excluídos artigos duplicados e aqueles que após leitura na íntegra não atendiam aos critérios de inclusão. A estratégia de busca foi a combinação dos seguintes termos: ‘good nurse’ e ‘child’ ou termos similares, como infant, teen, adolescent, toddler, youth, newborn, pediatric.

Foram lidos títulos e resumos de um total de 153 artigos, tendo sido selecionados 34 para a leitura na íntegra. Após leitura foram excluídos 14 artigos, totalizando 20 estudos para a análise final, conforme Figura 1.

Figura 1
Fluxograma da etapa de seleção do material para análise de conceito

Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses: The PRISMA Statement. PLoS Med 6(7): e1000097. DOI: 10.1371/journal.pmed1000097


Tanto Rodgers como outros autores, propõem uma fase de campo dentro da fase analítica dos dados, denominado como modelo híbrido de análise de conceito(77 Rodgers BL. Concept analysis: an evolutionary view. In: Rodgers BL, Knafl KA, (Eds.). Concept development in nursing. 2nd ed. Philadelphia: Saunders; 2000. p.77-102.). O propósito dessa fase é identificar elementos do conceito na prática, bem como a relevância e aplicabilidade do fenômeno. Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturas com o propósito de compreender o significado de ser “boa enfermeira” no contexto da Pediatria.

Cenário do estudo

Na fase de campo foram realizadas entrevistas semiestruturadas com enfermeiros que atuavam em unidades pediátricas. Essas entrevistas aconteceram em um hospital terciário de grande porte o qual possui uma unidade destinada à Pediatria, considerada Centro de Referência em Saúde da Criança, que atende casos de alta complexidade referenciados de diversas regiões do Brasil, bem como da América Latina.

Coleta e organização dos dados

Na fase teórica, os dados provenientes dos artigos selecionados para leitura na íntegra foram organizados por meio de um instrumento criado para a extração dos dados visando à sistematização das informações relevantes, como caracterização teórica e metodológica dos estudos (tipo de pesquisa, objetivos, referencial teórico, população) e dos aspectos relacionados ao conceito: antecedentes, atributos e consequências. Para tanto, foram utilizadas as seguintes perguntas: O que é necessário para atingir o conceito de “boa enfermeira”? Quais expressões são utilizadas para descrever uma “boa enfermeira” no contexto da Pediatria? Qual o propósito da ação de uma “boa enfermeira”?

Essa etapa foi realizada por dois autores de forma independente, tendo um terceiro revisor para decidir quanto às disparidades surgidas, que foram continuamente discutidas durante todo o processo de análise, para refinar as etapas metodológicas e garantir rigor e consenso nas informações extraídas para a análise.

Na fase de campo, realizada por meio de entrevistas semiestruturadas, os critérios de inclusão foram ser enfermeiro e atuar na Pediatria. Os enfermeiros foram convidados a participar do estudo mediante a assinatura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. As entrevistas seguiram um roteiro semiestruturado com a seguinte questão norteadora: Conte alguma situação de cuidado que tenha sido marcante para você. Me fale sobre como pode ser uma “boa enfermeira” para esta criança? Qual foi o melhor cuidado oferecido para esta criança? O que você faria diferente? O que você acredita que não foi um bom cuidado?

Análise dos dados

A etapa final de análise progrediu à medida que os dados da parte teórica e de campo foram unificados por meio de categorias elaboradas de acordo com antecedentes, atributos e consequências do conceito. Por último, foi construído um caso-modelo como exemplo prático da aplicação do conceito(77 Rodgers BL. Concept analysis: an evolutionary view. In: Rodgers BL, Knafl KA, (Eds.). Concept development in nursing. 2nd ed. Philadelphia: Saunders; 2000. p.77-102.).

RESULTADOS

A investigação teórica da literatura para desenvolvimento do conceito de “boa enfermeira” no contexto pediátrico reuniu 215 artigos, dos quais 119 foram excluídos, pois não se relacionavam ao objeto de ser boa enfermeira e tinham 62 duplicatas. A amostra final resultou em 20 publicações selecionadas para a análise. O Quadro 1 apresenta sumariamente esses estudos segundo autor, título, objetivo, tipo de estudo, local de origem e ano de publicação.

Quadro 1
Síntese dos estudos incluídos na fase da revisão de literatura (N=20), 2017

A análise desses estudos, juntamente com a das entrevistas possibilitou a identificação dos elementos do conceito: “boa enfermeira” no contexto de cuidados pediátricos, a partir da identificação de seus antecedentes, atributos definidores e consequências, apresentados respectivamente nos Quadros 2, 3 e 4.

Quadro 2
Distribuição de antecedentes da "boa enfermeira" pediátrica identificados nos estudos de referência e nas entrevistas
Quadro 3
Distribuição de atributos da "boa enfermeira" pediátrica identificados nos estudos de referência e nas entrevistas
Quadro 4
Distribuição de consequências da "boa enfermeira" pediátrica identificadas nos estudos de referência e nas entrevistas

Caso-modelo da “boa enfermeira” no contexto de cuidados pediátricos

Ao identificar antecedentes, atributos e consequências de ser “boa enfermeira” no contexto de cuidados pediátricos pretende-se esclarecer a definição do conceito para que seja melhor explorado na prática, na educação e em futuras pesquisas. De acordo com a proposição de Rodgers sobre a definição temporária do conceito, dada sua característica dinâmica e evolucionista, em vez de uma definição literal como produto final, utiliza-se um caso-modelo como um recurso reflexivo para retratar de forma exemplar como o fenômeno se expressa na vida real, realçando seus atributos(77 Rodgers BL. Concept analysis: an evolutionary view. In: Rodgers BL, Knafl KA, (Eds.). Concept development in nursing. 2nd ed. Philadelphia: Saunders; 2000. p.77-102.). Dessa forma, segue abaixo um caso-modelo que retrata a “boa enfermeira” no contexto de cuidados pediátricos:

V.M.G, 11 anos, sexo masculino, diagnóstico de Leucemia Linfoide Aguda recidivado e refratário à quimioterapia. Em acompanhamento de cuidados paliativos exclusivos e internado há três meses em enfermaria para controle da dor e infecção no trato urinário. A enfermeira Turquesa acompanha a criança e a família desde a sua admissão e desenvolveu vínculos próximos com ambos. Devido à distância da cidade de residência familiar, a mãe se mantém sempre em acompanhamento ao menor. Turquesa percebeu as dificuldades enfrentadas pelo binômio a partir da escuta atenta e disponibilidade sempre demonstrada aos dois. Ela é uma profissional diferenciada que mantém um bom relacionamento com a equipe e exercita a empatia com os pacientes e seus familiares. Como a mãe tinha muita confiança em Turquesa, ela conduziu a comunicação da má notícia do final de vida de V.M.G na reunião entre a equipe de saúde e a família. Foi um momento difícil, mas regado pela honestidade e ética em assegurar a ciência da família sobre o prognóstico. Depois disso a criança começou a declinar psicologicamente, já não queria jogar com Turquesa como fazia antes, momento em que ela lhe ofereceu a música aceita de pronto por ele. A dor aumentava e as sondagens de alívio cada vez mais o incomodavam, então Turquesa conversou com a equipe médica e intercedeu pela passagem da sondagem de demora em prol do melhor conforto de seu estimado paciente. No dia de sua morte V. M. G esteve bastante inquieto e solicitante, mas Turquesa manteve sua paciência e sensibilidade, buscando fazê-lo sentir-se melhor. Depois que ele morreu, sua mãe deu um forte abraço em Turquesa e disse com lágrimas: Agradeço a Deus por você ter sido essa “boa enfermeira” durante o internamento dele, nós admiramos o seu cuidado e responsabilidade conosco. Muito obrigada!

DISCUSSÃO

A discussão sobre os antecedentes, atributos e consequências de ser “boa enfermeira” no contexto de cuidados pediátricos, embora seja antiga, continua sendo motivo de preocupação e investimentos ativos por ocupar-se do subjetivo cuidado humano à criança. Desse modo, a identidade profissional da enfermeira, nesse contexto, depara-se com o constante desafio de se analisar e redescobrir, ou seja, de se conceituar, o que segue discutido abaixo.

Antecedentes do conceito “boa enfermeira” no contexto de cuidados pediátricos

Os achados acerca dos antecedentes das práxis da “boa enfermeira” pediátrica relacionam-se com diferentes e convergentes visões de cada estudo e cada enfermeira, as quais vão delineando um perfil identitário interpretativo de suas vivências profissionais.

Esse processo de construção de identidade profissional almejada perpassa por sonhos, por um ideal e pela visão romanesca da profissão, que exalta as habilidades humanísticas e o amor pela profissão. Elementos influenciados pela literatura e reforçados como valiosos no exercício profissional diário, viabilizando um diferencial na hora de conquistar o mercado de trabalho(3030 Saint-Clair TS, Padilha MI. “To be a nurse”: a professional choice and the construction of identity processes in the 1970s. Rev Bras Enferm [Internet]. 2016[cited 2018 Jun 05];69(3):428-34. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v69n3/en_0034-7167-reben-69-03-0428.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reben/v69n3/en_...
).

Assim sendo, os antecedentes identificados nesse estudo referentes ao conceito de “boa enfermeira”, no contexto de cuidados pediátricos, coadunam com o resgate dos valores fundamentais da Enfermagem, no direcionamento da fixação de uma identidade comprometida com a profissão e avessa à cultura do individualismo e dos discursos vazios avolumados pelos dilemas de cunho ético, moral e prático na vida dos trabalhadores da classe. Trata-se de uma remodelagem em que, primeiramente, o enfermeiro precisa fortalecer as suas convicções humanas e então avigorar sua autoconfiança para o exercício corajoso das habilidades que envolvem o ato de se entregar a algum paciente em prol da formação de vínculos com este(3131 Corrêa Jr AJS, Martins RS, Santana ME. Perspectives and dilemmas of nursing in post-modernity: dialogue with zygmunt bauman. Rev Enferm C Oeste Min. 2017;7:e1615. doi: https://doi.org/10.19175/recom.v7i0.1615
https://doi.org/10.19175/recom.v7i0.1615...
).

Entretanto, não é tarefa fácil o desenvolvimento de antecedentes como as habilidades de comunicação, interação/capacidade de criar um bom encontro aliadas às competências técnicas e gerenciais esperadas em um contexto ético-moral de amor e lealdade à Enfermagem. Esse aperfeiçoamento certamente conta com as contribuições da Educação Permanente do Enfermeiro.

Um estudo da área afirma que é possível desenvolver competências gerenciais do enfermeiro na lógica da Educação Permanente, mas ressalta que se faz necessário compreender essas competências não apenas como um atributo individual passível de ser adquirido e construído pela expertise do enfermeiro, como também de competências desenvolvidas de forma contextualizada, a partir de demandas reais da prática laboral(3232 Sade PMC, Peres AM. Development of nursing management competencies: guidelines for continuous education services. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2015[cited 2018 Jun 05];49(6):988-94. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v49n6/0080-6234-reeusp-49-06-0991.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v49n6/00...
).

Em referência à formação acadêmica, as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem definem como objetivo a formação de enfermeiros dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício de competências e habilidades específicas. Entre elas, destacam-se: desenvolver formação técnico-científica qualificadora do exercício profissional; atuar profissionalmente, compreendendo a natureza humana em suas fases evolutivas; atuar nos programas de assistência integral à saúde da criança; assumir o compromisso ético, humanístico e social com o trabalho em saúde; respeitar os princípios éticos, legais e humanísticos da profissão; e, incorporar à ciência a arte do cuidar como instrumento de interpretação profissional(3333 Ministério da Educação (BR). Secretaria de Educação Superior. Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Enfermagem, Medicina e Nutrição. Despacho do Ministro em 1/10/2001, publicado no Diário Oficial da União de 3/10/2001, Seção 1E, p. 131. Brasília, DF, 2001.).

Em consonância com o preconizado no Brasil, estudos estrangeiros afirmam que uma formação ética adequada e bons modelos de profissionais podem permitir que os estudantes de Enfermagem obtenham, durante a graduação, os atributos necessários para desenvolver as habilidades esperadas à prática real de Enfermagem(2121 Aydin R, Sehiralti M, Akpinar A. Attributes of a good nurse: the opinions of nursing students. Nurs Ethics [Internet]. 2017[cited 2018 May 23];24(2):238-50. Available from: https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/0969733015595543
https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10....
).

Alguns exemplos de práticas educativas bem-sucedidas no direcionamento de desenvolver habilidades humanísticas na Enfermagem envolvem o uso do método role-play e a prática baseada em evidências. O primeiro partiu da avaliação da intervenção educativa segundo a metodologia de role-playing, que significa um ensaio de comportamento frente a uma situação hipotética encenada. Medidas de desempenho dos estudantes, específicas para o exercício da empatia, foram coletadas antes e após a intervenção. O treinamento mostrou-se eficaz para melhorar a empatia dos estudantes universitários no estudo, tendo sido interpretado como promissor para a retenção de competências passíveis de serem adquiridas mediante treinamento experiencial(3434 Bas-Sarmiento P, Fernandez-Gutiérrez M, Baena-Baños M, Romero-Sánchez JM. Efficacy of empathy training in nursing students: a quasi-experimental study. Nurse Educ Today. 2017;59:59-65. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.nedt.2017.08.012
http://dx.doi.org/10.1016/j.nedt.2017.08...
).

O segundo, destacou a importância da incorporação da prática baseada em evidências no currículo de Enfermagem, especialmente em programas de bacharelado. Inferiu ser essencial como primeiro passo na preparação dos alunos para seu papel profissional como enfermeiros. Nesse sentido, incentiva o uso de estratégias de ensino criativas e agradáveis para a promoção e engajamento dos alunos no aprendizado de práticas baseadas em evidências no processo de desenvolvimento de habilidades relacionais e técnicas necessárias ao bom exercício de sua profissão(3535 Sin MK, Bliquez R. Teaching evidence based practice to undergraduate nursing students. J Prof Nurs [Internet]. 2017 [cited 2018 Jun 04];33(6):447-51. Available from: https://www.professionalnursing.org/article/S8755-7223(16)30107-7/fulltext
https://www.professionalnursing.org/arti...
).

Para além do espaço de graduação, as evidências científicas seguem como instrumento relevante na educação dos enfermeiros a partir da inter-relação entre teoria, pesquisa e prática profissional, a qual, idealmente, deve ser baseada em teorias validadas pela pesquisa. Ou seja, a interação entre prática e pesquisa é absolutamente necessária para a continuidade do desenvolvimento da Enfermagem como profissão e como ciência, afetando-se de maneira recíproca e contínua nesse processo de aperfeiçoamento profissional(55 Bousso RS, Poles K, Cruz DALM. Nursing concepts and theories. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2014 [cited 2018 May 23];48(1):141-5. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v48n1/0080-6234-reeusp-48-01-141.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v48n1/00...
).

Atributos do conceito “boa enfermeira” no contexto de cuidados pediátricos

Os atributos identificados na literatura e entrevistas envolvem a atitude ativa de cuidado pautado na responsabilidade, honestidade, justiça, empatia e comunicação entre a “boa enfermeira” e o paciente com sua família no contexto de cuidados pediátricos.

Nesse sentido, a responsabilidade pelo cuidado é compreendida como atitude de atenção à criança enferma na sua totalidade contextual, o que se dá através da interação entre os profissionais da Enfermagem, com a instituição hospitalar e, sobretudo, com o próprio paciente e a família. O diálogo é, então, um instrumento essencial de trocas de saberes e corresponsabilizações sobre o processo saúde-doença, o qual deve ser construído a partir da conduta ética do enfermeiro. Para isso, este profissional deve superar possíveis dificuldades em refletir nos valores ético-profissionais em suas condutas, o que podem fazer a partir da educação continuada envolvendo a competência ética e a compreensão da integralidade do sujeito(3636 Silva RC, Ferreira MA, Apostolidis T, Sauthier M. Nursing care practices in intensive care: An analysis according to ethics of responsibility. Esc Anna Nery [Internet]. 2016 [cited 2018 Jun 05];20(4):e20160095. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n4/en_1414-8145-ean-20-04-20160095.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n4/en_14...
-3737 Nogueira VC, Silva AFC, Marinho CSR, Silva MLP, Sousa YG, Medeiros SM. Experiences of the nursing professional about hospital procedures. Rev Cubana Enferm [Internet]. 2016[cited 2018 Jun 04];32(4). Available from: http://scielo.sld.cu/pdf/enf/v32n4/enf14416.pdf
http://scielo.sld.cu/pdf/enf/v32n4/enf14...
).

Assim sendo, a comunicação mediada pela equipe de enfermagem é um importante instrumento de cuidado e prevê uma relação interpessoal interativa e efetiva capaz de maximizar a assistência. Sua prática é estimada pelos pacientes e famílias, sobretudo quando pautada na honestidade, proporcionando a obtenção de informações sobre a situação clínica da criança e seu tratamento, assim como acerca da possibilidade de essa família compartilhar dos cuidados à criança em um contexto de individualidade e singularidade no cuidado. Um bom relacionamento interpessoal entre a família e a enfermeira potencializa a segurança do paciente, em especial quando as mensagens são transmitidas de forma completa, sem barreiras e ruídos(3838 Broca PV, Ferreira MA. Communication process in the nursing team based on the dialogue between Berlo and King. Esc Anna Nery [Internet]. 2015[cited 2018 Jun 01];19(3):467-74. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v19n3/en_1414-8145-ean-19-03-0467.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ean/v19n3/en_14...
).

Esse processo de interação entre enfermeiros e crianças/famílias promove o vínculo entre ambos, viabilizando ações mais autônomas e confiantes da Enfermagem junto à equipe de saúde e/ou instituição. Um estudo confirma que ao vivenciarem maior abertura ao diálogo, os enfermeiros parecem sentir-se encorajados a advogar pelos interesses dos pacientes, mesmo em momentos de difícil enfrentamento, utilizando-se da parrésia. Esta é compreendida como um diálogo franco e corajoso capaz de romper com situações aparentemente percebidas como inquestionáveis no cotidiano de trabalho dos enfermeiros. Atributo que se pauta no conhecimento do enfermeiro e contribui para que pacientes e famílias sejam suficientemente informados para exercer sua autonomia e esquivar-se de práticas inadequadas executadas por outros profissionais de saúde(3939 Tomaschewski-Barlem JG, Lunardi VL, Barlem ELD, Ramos AM, Silveira RS, Vargas MAO. How have nurses practiced patient advocacy in the hospital context? a Foucaultian perspective. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2016 [cited 2018 Jun 04];25(1):e2560014. Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v25n1/en_0104-0707-tce-25-01-2560014.pdf
http://www.scielo.br/pdf/tce/v25n1/en_01...
).

Nesse direcionamento, o cuidado de enfermagem se consolida como atitude de excelência da profissão por meio das relações interpessoais regadas pela empatia, bem como da solidariedade do profissional para com o indivíduo hospitalizado, contexto em que a Enfermagem desenvolve desde ações de acolhimento até a assistência técnica e gerencial na condução da equipe de enfermagem rumo às boas práticas profissionais. Desse modo, o olhar atento às práticas assistenciais quando associado à reflexão, converge com um constante aprimoramento do cuidado de enfermagem, possibilitando atenção mais completa às necessidades do outro, por meio dos preceitos humanísticos necessários à construção de um contexto de cuidado que valoriza o outro(3737 Nogueira VC, Silva AFC, Marinho CSR, Silva MLP, Sousa YG, Medeiros SM. Experiences of the nursing professional about hospital procedures. Rev Cubana Enferm [Internet]. 2016[cited 2018 Jun 04];32(4). Available from: http://scielo.sld.cu/pdf/enf/v32n4/enf14416.pdf
http://scielo.sld.cu/pdf/enf/v32n4/enf14...
,4040 Savieto RM, Leão ER. Nursing assistance and Jean Watson: a reflection on empathy. Esc Anna Nery [Internet]. 2016[cited 2018 Jun 05];20(1):198-202. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n1/en_1414-8145-ean-20-01-0198.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n1/en_14...
).

Na Pediatria, contexto específico desta análise, surge uma diferenciada demanda própria da infância, como a necessidade de brincar. A “boa enfermeira”, visando garantir uma assistência integral à criança, por meio do encontro empático lança mão de sua criatividade, buscando estratégias lúdicas contrastantes ao restrito e estressante ambiente hospitalar. Esse atributo transforma a assistência em algo menos impositivo e mais humanístico através do estreitamento do vínculo e minimização de traumas(4141 Depianti JRB, Melo LL, Ribeiro CA. Playing to continue being a child and freeing itself from the confinement of the hospitalization under precaution. Esc Anna Nery [Internet]. 2018 [cited 2018 Jun 04];22(2):e20170313. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v22n2/1414-8145-ean-22-02-e20170313.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ean/v22n2/1414-...
).

Portanto, os atributos da “boa enfermeira” no contexto de cuidados pediátricos perspectivam um enfoque ampliado que requer, segundo a literatura: conhecimentos, instrumentos e habilidades diferenciadas, as quais podem ser mais facilmente desenvolvidas a partir de experiências pautadas no respeito ao outro em sua individualidade; e relacionamentos autônomos de cuidado e pela organização competente de ações terapêuticas coerentes com as expectativas e necessidades de saúde da criança e de sua família(4242 Veríssimo MDLOR. The irreducible needs of children for development: a frame of reference to health care. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2017 [cited 2018 Jun 05];51:e03283. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v51/1980-220X-reeusp-S1980-220X2017017403283.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v51/1980...
).

Consequências do conceito “boa enfermeira” no contexto de cuidados pediátricos

A discussão envolvendo as consequências do conceito “boa enfermeira” pediátrica perpassa os aspectos que o paciente e sua família esperam de um bom atendimento da equipe de enfermagem e chega às faculdades que o profissional almeja para um desempenho satisfatório de suas atividades, tendo como resultado a figura integral da enfermeira.

No contexto da Pediatria a família transpõe a barreira da atuação coadjuvante e torna-se agente direto no cuidado das crianças hospitalizadas. Estudos demonstram que o envolvimento da família nos cuidado da criança é considerada uma prática importante tanto pelos acompanhantes, quanto pela equipe, e deve ser estimulada(4343 Azevêdo AVS, Lançoni Jr AC, Crepaldi MA. Interação equipe de enfermagem, família, e criança hospitalizada: revisão integrativa. Ciênc Saúde Coletiva. 2017;22(11):3653-66. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320172211.26362015.
http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320172...

44 Silva IN, Salim NR, Szylit R, Sampaio PSS, Ichikawa CRF, Santos MR. Knowing nursing team care practices in relation to newborns in end-of-life situations. Esc Anna Nery [Internet]. 2017 [cited 2018 Jun 05];21(4):e20160369. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v21n4/1414-8145-ean-2177-9465-EAN-2016-0369.pdf
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-4545 Teixeira MAP, Coutinho MC, Souza ALTD, Silva RM. Enfermagem pediátrica e o relacionamento com familiares. Rev Saúde Pesq [Internet]. 2017 [cited 2018 Jun 05];10(1):119-25 Available from: http://periodicos.unicesumar.edu.br/index.php/saudpesq/article/view/5719/3012
http://periodicos.unicesumar.edu.br/inde...
). Por esse motivo, estabelecer uma parceria com a família, envolvendo-a nos cuidados realizados, agrega-se como unidade intrínseca das consequências do conceito de “boa enfermeira” pediátrica.

Ademais, uma assistência sensível e humanizada é traduzida pela prática da boa enfermeira, tendo em vista o bem-estar e a satisfação do seu paciente. A literatura contribui com essa reflexão e endossa as virtudes basilares do amor, do humor e da doçura como essenciais elementos ao processo de cuidar. Reforça a perspectiva da humanização ética, desenvolvidas com vista a contribuir para uma formação e assistência mais integral capaz de curar, libertar e transmutar a tristeza em alegria, sobretudo no contexto pediátrico, no qual tem a capacidade de minimiza a “síndrome do jaleco branco” e colaborar para uma internação menos desgastante e assustadora(4646 Amorim KPC, Rocha AKC, Silva ICS, Melo LMB, Araújo MAA. Mediarte com amor e humor: uma experiência a partir do olhar dos participantes. Rev Bras Educ Med [Internet]. 2015 [cited 2018 Jun 05];39(2):294-301. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rbem/v39n2/1981-5271-rbem-39-2-0294.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rbem/v39n2/1981...
).

Nesse sentido, o cuidado integral à criança perspectiva um ambiente além do clínico, que possa proporcionar contato com a natureza e com espaços que explorem atividades lúdicas. E, para proporcionar essa liberdade para este paciente ser criança, para além de sua doença, é preciso o envolvimento em um cuidado diferenciado que agregue momentos de viver a fantasia. Bons enfermeiros pediátricos transcendem o modelo biomédico, pois possuem sensibilidade para olhar de forma ampliada o contexto de sua atuação, empreendendo uma abordagem mais holística em prol de humanizar o cuidado das crianças doentes(4747 Van Der Riet J, Junlapeeya T. Student nurses experience of a “fairy garden” healing haven Garden for sick children. Nurse Educ Today [Internet]. 2017 [cited 2018 Jun 05];59:88-93. Available from: https://www.nurseeducationtoday.com/article/S0260-6917(17)30206-X/fulltext
https://www.nurseeducationtoday.com/arti...
).

Como consequência de ter uma atuação que contemple os atributos da “boa enfermeira”: cuidado individualizado, atencioso e eficiente – a enfermeira recebe reconhecimento profissional. Estudos evidenciam sentimentos de prazer entre enfermeiros, associado à possibilidade de ajudar na recuperação de um paciente e ter o reconhecimento, por parte de pacientes e familiares, pelo trabalho desenvolvido. É comprovado que quanto mais empoderada a enfermeira se sentir, mais satisfação profissional terá e mais apto se sentirá a desempenhar suas funções de forma eficiente(4848 Cruz EJER, Souza NVDO, Correa RA, Pires AS. Dialectic feelings of the intensive care nurse about the work in Intensive Care. Esc Anna Nery. 2014;18(3):479-85. doi: http://dx.doi.org/10.5935/1414-8145.20140068
http://dx.doi.org/10.5935/1414-8145.2014...
-4949 Teixeira AC, Barbieri-Figueiredo MC. Empoderamento e satisfação profissional em Enfermagem: uma revisão integrativa, em consonância com a Teoria Estrutural. Rev Enf Ref [Internet]. 2015 [citado 2018 Jun 06];serIV(6):151-160. Available from: http://dx.doi.org/10.12707/RIV1402
http://dx.doi.org/10.12707/RIV1402...
).

No geral, o conceito de “boa enfermeira” no contexto pediátrico mostrou-se um fenômeno complexo e de natureza ambígua, quando em detrimento de suas ações, o enfermeiro está sujeito à censura e julgamento dos colegas de trabalho. Além disso, uma das consequências de ser “boa enfermeira” é a constante revisão das ações de cuidado em exercícios de autoconsciência. Tanto o julgamento de colegas, como a autoavaliação podem levar o enfermeiro a desenvolver sofrimento moral, ao perceber que não pode agir conforme suas acepções sobre o correto curso da ação(5050 Lamiani G, Borghi L, Argentero P. When healthcare professionals cannot do the right thing: a systematic review of moral distress and its correlates. J Health Psychol [Internet]. 2017 [cited 2018 Jun 06];22(1):51-67. Available from: https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/1359105315595120
https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10....
).

Limitações do estudo

As limitações deste estudo relacionam-se com o fato de o conceito ter sido analisado a partir de estudos de bases que não representam a totalidade da literatura, assim como as entrevistas terem sido feitas no contexto do sudeste brasileiro no cenário hospitalar, o que aponta para lacunas possíveis de serem exploradas em outras pesquisas. Complementarmente, ainda que se tenha realizado a fase de campo com o objetivo de capturar novas evidências sobre a “boa enfermeira” no contexto pediátrico e validar a fase teórica, a subjetividade e a complexidade do fenômeno permanecem um desafio. Essa limitação pode ser minimizada com a escolha do método que estabelece a constante reflexividade sobre o fenômeno analisado para abordar sua dinamicidade e evolução das características contextuais e temporais.

Diferentes realidades poderão contribuir para a ampliação do conceito aqui trabalhado, sobretudo no direcionamento de outros espaços de atuação da enfermeira pediátrica e, ainda, na descoberta desse conceito referente aos demais profissionais da Saúde dessa especialidade. Faz-se necessário aprofundar na investigação da análise o conceito da equipe interdisciplinar, que assiste a criança e sua família para garantir coesão no planejamento e execução das ações de cuidado, bem como o bem-estar dos profissionais de saúde. Além disso, a concepção de “boa enfermeira” deve ser analisada em outros conceitos nos diversos níveis de atenção para além do espaço hospitalar.

Contribuições para a área da Enfermagem, Saúde ou Política Pública

Os resultados do estudo contribuem para subsidiar a práxis multidimensional de cuidados, pediátricos a partir de evidências atualizadas e validadas por um estudo teórico-empírico rigoroso capaz de refletir em uma prática transformadora da Enfermagem. Os dados incluem a visão da boa enfermeira por crianças, familiares, profissionais de enfermagem e estudantes; além disso, estudos realizados em países cujas raízes histórico-culturais diversas permitem considerar um amplo contexto para compreensão do fenômeno envolvido nesse conceito. Assim, perspectiva-se que tais achados sejam norteadores para os profissionais assistentes na área, assim como para os gestores e legisladores dessa ciência, apropriando-se de tais evidências para promoverem uma melhor preservação do profissional que ainda precisa arriscar-se pela censura e julgamento dos pares ao escolher fazer a diferença e ser como uma “boa enfermeira”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise do conceito “boa enfermeira” em cuidados pediátricos por meio da metodologia proposta por Rodgers proporcionou maior consistência técnico-científica ao esclarecer qualidades essenciais para alcançar as boas práticas como episteme do cuidado de enfermagem. A identificação dos antecedentes, atributos e consequências do conceito determinou elementos que merecem atenção de clínicos, gestores e educadores nos esforços para garantir encontros entre crianças, famílias e enfermeiros que possam transcender tempo e espaço, adequando a prática às concepções teóricas e humanísticas do cuidado.

Espera-se da “boa enfermeira” um papel ativo para o desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional, buscando pesquisas de qualidade para adaptar uma prática de cuidado baseada em evidências. No entanto, o comprometimento do enfermeiro com resultados de pesquisas para a prática do cuidado foi pouco frequente nos estudos e ausente nas narrativas dos profissionais.

Considerando a perspectiva evolucionista, viu-se que aspectos relacionados aos valores éticos e morais dos seres humanos e a prática do bem foram frequentes nos dados e estáveis ao longo do tempo. Definidores relacionados à expertise técnico-científica, competência e habilidades foram menos frequentes, com maior tendência em estudos mais recentes. De forma interessante, os dados mostram que para ser “boa enfermeira” é preciso agir com criatividade e ousadia, o que como consequência induz ao risco de censura e julgamento de colegas, alertando para um componente negativo que, ao longo do tempo, pode afastar o profissional do ideal que o aproximou da profissão.

Fica evidente a necessidade de analisar continuamente o conceito, conforme propõe Rodgers, para averiguar mudanças intrínsecas às dinâmicas das relações no desenvolvimento de novas gerações e da globalização das práticas de cuidado em saúde.

  • FOMENTO
    Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPQ.
  • ERRATA
    No artigo “O significado da “boa enfermeira” no cuidado pediátrico: uma análise de conceito”, com número de DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0497, publicado no periódico Revista Brasileira de Enfermagem, v72(2):516-527, na página 524:
    Incluir após Considerações Finais as informações:
    FOMENTO
    Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPQ.
    AGRADECIMENTO
    À Dr. Pamela Hinds e sua equipe do Children’s National Medical Center pela contribuição para a realização do estudo.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Abr 2019
  • Data do Fascículo
    Mar-Apr 2019

Histórico

  • Recebido
    25 Jun 2018
  • Aceito
    10 Ago 2018
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