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Fatores associados ao sexo sem uso de preservativos por pessoas consumidoras de mídias sexualmente explícitas

RESUMO

Objetivo:

Analisar os fatores associados ao sexo sem uso de preservativos em consumidores de mídias sexualmente explícitas (MSEs).

Métodos:

Estudo transversal, com amostra de 172 participantes selecionados e coletados na ambiência virtual de mídias sociais. Para avaliar os fatores preditores da prática sexual sem uso do preservativo, utilizou-se o modelo de regressão de Poisson. Os valores foram expressos na forma de razão de prevalência (RP) robusta com seus respectivos intervalos de confiança.

Resultados:

Verificou-se associação estatisticamente significante do uso de preservativos com o tipo de cenas que prefere (p = 0,03), preferência por filmes com cenas envolvendo sexo sem proteção ou mesmo aqueles que não se importam quanto a esse cuidado (p = 0,02), tipo de pornografia que assiste influenciando nas suas relações sexuais (p = 0,017) e número de cenas vistas por semana (p = 0,05).

Conclusões:

O não uso do preservativo foi associado ao acesso às cenas eróticas.

Descritores:
Sexo; Preservativos; Pessoas; Mídia Audiovisual; Comportamento Sexual.

ABSTRACT

Objective:

To analyze the factors associated with sex without the use of condoms in consumers of sexually explicit media (SEM).

Methods:

Cross-sectional study, with a sample of 172 participants selected and collected through social media. To assess the predictors of unprotected sexual practices, the Poisson regression model was used. Values were expressed as a robust prevalence ratio (PR) with their respective confidence intervals.

Results:

There was a statistically significant association between, the use of condoms and the type of scenes that the participants prefer (p = 0.03), the preference for films with scenes involving unprotected sex or even those that do not care about protection (p = 0.02), the type of pornography watched influencing sexual relations (p = 0.017), and the number of scenes seen per week (p = 0.05).

Conclusions:

The lack of condom use was associated with the access to erotic scenes.

Descriptors:
Sex; Condoms; People; Video-Audio Media; Sexual Behavior

RESUMEN

Objetivo:

Analizar factores relacionados al sexo sin uso de preservativos en consumidores de medios sexualmente explícitos (MSEs).

Métodos:

Estudio transversal, con muestra de 172 participantes seleccionados y recogidos en ambiente virtual de medios sociales. Para evaluar los factores predictores de la práctica sexual sin uso del preservativo, utilizó el modelo de regresión de Poisson. Valores fueron expresos en medida de razón de prevalencia (RP) robusta con sus respectivos intervalos de confianza.

Resultados:

Verificó relación estadísticamente significante del uso de preservativos con el tipo de escenas que prefiere (p = 0,03), preferencia por películas con escenas envolviendo sexo sin protección o mismo aquellos que no se importan cuanto a ese cuidado (p = 0,02), tipo de pornografía que ve influenciando en sus relaciones sexuales (p = 0,017) y número de escenas vistas por semana (p = 0,05).

Conclusiones:

El no uso del preservativo fue relacionado al acceso a las escenas eróticas.

Descriptores:
Sexo; Condones; Personas; Medios Audiovisuales; Conducta Sexual

INTRODUÇÃO

Um componente novo tem trazido preocupação aos estudiosos no que diz respeito à expansão das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), sobretudo do HIV/aids (acquired immuno deficiency syndrome; em português, síndrome da imunodeficiência adquirida), que são as mídias sexualmente explícitas (MSEs), as quais compreendem qualquer tipo de material com descrição de órgãos genitais ou atos sexuais explícitos de qualquer natureza, capazes de estimular ou modificar sentimentos ou pensamentos sexuais do espectador(11 Hald GM. Gender differences in pornography consumption among young heterosexual Danish adults. Arch Sex Behav [Internet]. 2006[cited 2020 Nov 4];35(5):577-85. Available from: https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs10508-006-9064-0
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).

Atualmente, o acesso e a divulgação de materiais sexualmente explícitos nos meios de comunicação virtual ampliaram-se, sobretudo entre homens, e cada vez se torna mais fácil devido ao avanço da tecnologia(22 Downing MJ, Schrimshaw EW, Scheinmann R, Antebi-Gruszka N, Hirshfield S. Sexually explicit media use by sexual identity: a comparative analysis of gay, bisexual, and heterosexual men in the United States. Arch Sex Behav [Internet]. 2017[cited 2020 Nov 4];46(6):1763-76. Available from: https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs10508-016-0837-9
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).

Um relatório do site PornHub, uma das plataformas de maior visibilidade do ramo de conteúdos eróticos, contabilizou 81 milhões de visitantes por dia, com 28,5 milhões de visitantes brasileiros, referentes ao ano de 2017. O país ficou no décimo lugar entre os países que mais acessaram o PornHub, sendo considerado uma nação que possui importante taxa de consumo desses materiais(33 Canaltech. Pornhub divulga estatísticas de 2017 e mostra que brasileiro adora pornografia[Internet]. 2020 [cited 2020 Nov 4]. Available from: https://canaltech.com.br/comportamento/pornhub-divulga-estatisticas-de-2017-e-mostra-que-brasileiro-adora-pornografia-106304/
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).

Com a pandemia ocasionada pela COVID-19, o uso de sites com conteúdo sexuais explícitos sofreu um aumento de 600%, comparado com o mesmo período no ano passado. Esse levantamento evidenciou que 64% dos trabalhadores começaram a atuar remotamente; e, com isso, ocorreu uma mudança no comportamento do usuário(44 Techtudo. Acesso a sites pornôs cresce 600% em período de homeoffice, diz pesquisa[Internet]. 2020 [cited 2020 Nov 5]. Available from: https://www.techtudo.com.br/noticias/2020/08/acesso-a-sites-pornos-cresce-600percent-em-periodo-de-home-office-diz-pesquisa.ghtml
https://www.techtudo.com.br/noticias/202...
).

Pesquisa realizada na Europa apontou efeitos negativos percebidos com o uso de pornografia, estando, este, associado a comportamento sexual agressivo(55 Hald GM, Malamuth NN. Experimental effects of exposure to pornography: the moderating effect of personality and mediating effect of sexual arousal. Arch Sex Behav [Internet]. 2015[cited 2020 Nov 13];44(1):99-109. Available from: https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs10508-014-0291-5
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). Ademais, outro estudo, realizado entre homens que mantêm parcerias sexuais com outros homens, revelou a associação positiva entre o uso excessivo de pornografia e a violência contra o parceiro íntimo(66 Brem MJ, Garner AR, Grigorian H, Florimbio AR, Wolford-Clevenger C, Shorey RC, et al. Problematic pornography use and physical and sexual intimate partner violence perpetration among men in batterer intervention programs. J Interpers Violence. 2018;21:886260518812806. https://doi.org/10.1177/0886260518812806
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).

Ainda, um estudo norte-americano concluiu que o consumo de MSEs pode apresentar aspectos positivos, como compreender desejos, aprender sobre identidade sexual, estímulo ao sexo seguro para a população jovem, mas, também, aspectos negativos, como a naturalização do sexo vaginal e anal sem preservativos e consequente aumento do risco de ISTs. Essa diferença pode ser associada a recentes mudanças nas MSEs relacionadas ao não uso de preservativos nas cenas, sobretudo entre homens que fazem sexo com homens, observando-se, então, a influência negativa dessas mídias(77 Nelson KM, Perry NS, Carrey MP. Sexually Explicit Media Use Among 14-17-Year-Old Sexual Minority Males in the U.S. Arch Sex Behav [Internet]. 2019[cited 2020 Nov 20];48(8):234-5. Available from: https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs10508-019-01501-3
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).

A prática sexual segura com uso de preservativo deve ser estimulada, inclusive com parceiros fixos, para a preservação da saúde sexual(88 Spindola T, Oliveira CSR, Santana RSC, Sodré CP, André NLNO, Brochado EJ. Sexual practices, knowledge and behavior of college students regarding sexually transmitted diseases. Rev Pesqui: Cuid Fundam. 2019;11(5):1135-41. https://doi.org/10.9789/2175-5361.2019.v11i5.1135-1141
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). Logo, entre os profissionais da enfermagem, as práticas de educação em saúde integram as suas competências, o que inclui, portanto, as ações que enfatizam a redução da vulnerabilidade da população às ISTs, com abordagem sobre o acesso às mídias sexuais.

Embora, a literatura sobre temas que tratam das práticas sexuais e da exposição ao HIV/aids e demais ISTs seja farta, aquelas que abordam as mídias digitais e sexualidade ainda são reduzidas no Brasil, a despeito de ser expressivo no país o consumo de MSEs.

OBJETIVO

Analisar a influência do consumo de MSEs no uso de preservativos.

MÉTODOS

Aspectos éticos

O trabalho seguiu as recomendações contidas na Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí.

Desenho, local de estudo e período

Estudo transversal, inserido em um macroprojeto intitulado “Influência do consumo de mídias sexuais explícitas nas práticas de risco ao HIV/AIDS: survey on-line no território nacional”. Para maior conformidade e transparência da pesquisa em saúde, utilizou-se o instrumento do EQUATOR, o Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) cross-sectional studies. A coleta ocorreu de forma on-line, durante o período de março a setembro de 2020(99 von Elm E, Altman DG, Egger M, Pocock SJ, Gotzsche PC, Vandenbroucke JP. The Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) Statement: guidelines for reporting observational studies [Internet]. 2020[cited 2020 Dec 18]. Available from: https://www.equator-network.org/reporting-guidelines/strobe/.
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).

População e amostra: critérios de inclusão e exclusão

A amostra foi obtida por meio de questionários on-line com 172 participantes de ambos os sexos, selecionados em mídias sociais digitais. Adotou-se como critério de inclusão: ter idade igual ou superior a 18 anos, residir no estado do Piauí e fazer uso de pelo menos uma das redes sociais digitais Facebook®, Instagram® ou WhatsApp®.

Protocolo do estudo

A coleta de dados ocorreu por meio das redes sociais Facebook®, Instagram® e WhatsApp®, nas quais foram detalhados os aspectos da pesquisa e postado o convite para participação no estudo. O participante teve acesso a um link que o direcionou para o questionário do estudo, hospedado no Google Forms. Foram incluídos aqueles que atenderam aos critérios de inclusão, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido on-line e preencheram todos os itens do questionário.

O instrumento da pesquisa foi adaptado do estudo de Queiroz et al.(1010 Queiroz AAFLN, Sousa AFL, Brignol S, Araújo TME, Reis RK. Vulnerability to HIV among older men users of dating apps in Brazil. Braz J Infect Dis. 2019;23(5):298-306. https://doi.org/10.1016/j.bjid.2019.07.005
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) e, ao fim das perguntas, conta com links informativos sobre a temática da pesquisa. Foram estudadas variáveis sociodemográficas, estado vacinal para hepatite B, status sorológico para o HIV, diagnóstico de ISTs, uso de preservativos nas relações sexuais, orientação sexual e consumo de MSEs. A variável-desfecho foi “uso de preservativos: sim/não”. Sobre o consumo de MSEs, perguntou-se aos participantes: se preferem filmes envolvendo cenas com uso ou não de preservativos; se concordam com o compartilhamento de cenas que apresentam comportamentos de risco (sexo sem uso de preservativos); quantas cenas costumam ver por semana (considerando que uma cena contenha, em média, 20 minutos); a principal forma de acesso à pornografia; se, na sua percepção, o consumo de pornografia altera suas práticas sexuais; se há mudança no seu conceito de sexo após o seu acesso às mídias sexuais; e se as mídias sexuais estimulam o sexo sem preservativos.

Análise dos resultados e estatística

Foram realizadas análises univariadas por meio de estatísticas descritivas com a distribuição de frequências e de medidas-resumo. Para avaliar os fatores preditores da prática sexual sem uso de preservativos, foi utilizado o modelo de regressão de Poisson, com o estimador robusto para a matriz de covariâncias. Os modelos foram ajustados para cada variável independente, e aquelas com valor de p menor que 0,20 ou que classicamente são associadas ao evento-desfecho foram inseridas no modelo multivariado. Considerou-se diferença estatisticamente significante quando o valor de p foi menor que 0,05. Os valores foram expressos na forma de razão de prevalência (RP) robusta, intervalos de confiança (IC 95%) e significância do teste de Wald (valor de p).

RESULTADOS

Foram avaliados 172 participantes, dos quais pouco mais da metade (51,2%) consumia MSEs. Houve predomínio do sexo feminino (54,1%), idade média de 25,7 anos, renda média equivalente a R$2.394,4, ensino superior (48,3%), heterossexual (37,2%). Quanto aos aspectos clínicos, a maioria relatou não ter infecção sexualmente transmissível (IST) (90,7%). Além disso, 0,6% se declarou reagente para o HIV, e 39,5% desconhecem seu status sorológico. Com relação à vacinação para hepatite B, 18,6% responderam que não sabem ou não são vacinados (Tabela 1).

Tabela 1
Características sociodemográficas e clínicas dos participantes do estudo, Teresina, Piauí, Brasil, 2020 (N = 172)

Na Tabela 2, observa-se que o uso de preservativos foi estatisticamente associado à faixa etária (p = 0,02), cenas pornográficas que preferem (p = 0,03), influência dos tipos de pornografia que assistem nas práticas sexuais (p = 0,01), concordar com o compartilhamento de cenas que envolvem comportamentos de risco (p = 0,05) e número de cenas que assistem semanalmente (p = 0,05).

Tabela 2
Análise do uso de preservativos nas práticas sexuais de consumidores de mídias sexualmente explícitas segundo variáveis de interesse do estudo, Teresina, Piauí, Brasil, 2020 (n = 88)

Seis variáveis atenderam aos requisitos do modelo multivariado e três apresentaram-se como estando associadas ao sexo sem uso de preservativos. A concordância com o compartilhamento de cenas sexuais que envolvem comportamentos de risco aumenta em 1,49 vezes a prática sexual sem uso de preservativos. Os indivíduos que possuem preferência por filmes com cenas que envolvem sexo sem proteção ou mesmo aqueles que não se importam quanto a esse cuidado apresentam 4,24 vezes mais chance de práticas sexuais sem uso de preservativos. A percepção da influência do tipo de pornografia que consome sobre as suas relações sexuais foi associada a uma chance 58,5% maior de práticas sexuais desprotegidas (Tabela 3).

Tabela 3
Modelo multivariado dos fatores preditores da prática sexual sem uso de preservativos, Teresina, Piauí, Brasil, 2020 (n = 88)

DISCUSSÃO

As características sociodemográficas da amostra deste estudo coadunam com as encontradas em outras pesquisas sobre esta temática. Verificou-se que, à semelhança de outros estudos, os jovens parecem consumir maior número de mídias sexualmente explícitas e com mais frequência que adultos, o que pode ser explicado pela maior afinidade de pessoas nessa faixa etária com as tecnologias, notadamente, com o uso das redes sociais(1111 Nelson KM, Simoni JM, Morrison DM, George WH, Leickly E, Lengua LJ, et al. Sexually explicit online media and sexual risk among men who have sex with men in the United States. Arch Sex Behav. 2014;43:833-43. https://doi.org/10.1007/s10508-013-0238-2
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). Além disso, os jovens pouco recebem informações sobre educação sexual, devido à forma tradicional e o tabu com que a sexualidade é encarada, o que os leva a recorrer ao consumo de mídias sexuais como uma estratégia de informação em saúde(1212 Nelson KM, Pantalone DW, Gamarel KE, Simoni JM. A new measure of the perceived influence of sexually explicit online media on the sexual behaviors of men who have sex with men. J Sex Res. 2016;53(4-5):588-600. https://doi.org/10.1080/00224499.2015.1066744
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).

Quanto ao acesso às tecnologias digitais, estudo aponta as desigualdades nesse campo(1313 Comitê Gestor da Internet no Brasil. Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (Ed.). Desigualdades digitais no espaço urbano: um estudo sobre o acesso e o uso da Internet na cidade de São Paulo [Internet]. São Paulo: 2019[cited 2020 Dec 19]. Available from: https://www.nic.br/publicacao/desigualdades-digitais-no-espaco-urbano-um-estudo-sobre-o-acesso-e-o-uso-da-internet-na-cidade-de-sao-paulo/
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). Logo, é possível verificar que a ampliação da conectividade via internet, uso de celulares e computadores pode ter contribuído para o consumo de mídias sexuais, reforçado ainda pelo poder aquisitivo observado na amostra deste estudo, em que a renda média dos participantes apresentou-se superior ao salário mínimo brasileiro.

Percebe-se que o avanço das tecnologias digitais permite não somente a divulgação de informações, como também facilita a comunicação e estabelece entidade quanto às práticas sexuais. Dessa forma, as imagens compartilhadas pelo meio digital são consumidas em busca do prazer e como estímulo sexual(1414 Melo R. A íntima relação entre as tecnologias comunicativas e nossa experiência afetivo-sexual. Artefactum Rev Estud Ling Tecnol [Internet]. 2016[cited 2020 Dec 19];12(1). Available from: http://artefactum.rafrom.com.br/index.php/artefactum/article/view/996/600.
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). Em geral, as mídias digitais podem ser uma forma de socialização, com potencial para envolver o indivíduo em uma situação de vulnerabilidade para o sexo desprotegido ou consumo de drogas, porém algumas pesquisas ainda não trazem essa relação(1515 Ferrari W, Nascimento M. Práticas sexuais entre homens em tempos de mídias digitais: perspectivas e desafios ao campo da saúde. Cad Saúde Pública. 2019;35(5). https://doi.org/10.1590/0102-311X00020119
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).

Os achados diferiram da literatura com relação ao sexo, pois predominou o feminino; e, quanto à orientação sexual, a maioria era heterossexual. No tocante a essa variável, um estudo relata que os homens são mais propensos a ver MSEs do que mulheres(1616 O’Reilly S, Knox D, Zusman ME. College student attitudes toward pornography use. Coll Stud J [Internet]. 2007[cited 2020 Dec 7];41(2):402-6. Available from: https://eric.ed.gov/?id=EJ777947
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). E alguns pesquisadores relatam que comportamentos sexualmente compulsivos, incluindo o uso excessivo de pornografia, são considerados uma alternativa para o público masculino lidar com situações negativas de afeto(1717 Brem MJ, Shorey RC, Anderson S, Stuart GL. Depression, anxiety, and compulsive sexual behavior among men in residential treatment for substance use disorders: the role of experiential avoidance. Clin Psychol Psychother. 2017;24:1246-53. https://doi.org/10.1002/cpp.2085
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).

Nesta pesquisa, identificou-se que características de consumo de mídias sexualmente explícitas estão associadas à prática sexual sem uso do preservativo. Dentre elas, preferir cenas de sexo sem uso de preservativos aumentou a chance de sexo sem preservativos na amostra de estudo em mais de quatro vezes. Esse achado pode ser explicado pelas características sociais da amostra, como a faixa etária jovem, que costuma ser associada a sexo desprotegido. Outro aspecto que pode contribuir para esse resultado diz respeito à possível fragilidade quanto ao conhecimento sobre as infecções sexualmente transmissíveis(88 Spindola T, Oliveira CSR, Santana RSC, Sodré CP, André NLNO, Brochado EJ. Sexual practices, knowledge and behavior of college students regarding sexually transmitted diseases. Rev Pesqui: Cuid Fundam. 2019;11(5):1135-41. https://doi.org/10.9789/2175-5361.2019.v11i5.1135-1141
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). Além disso, a maior concentração na amostra de população não heterossexual pode ter sido um fator relevante para explicar esse achado.

No concernente a relações homossexuais masculinas, um estudo confirmou a hipótese de que o uso de pornografia entre homens é associado à visualização de pornografia durante o sexo com o parceiro, fazendo com que o parceiro reproduza cenas e práticas do filme pornográfico durante o sexo, como forma de obtenção de prazer sexual(1818 Sun C, Bridges A, Johnson JA, Ezzell MB. Pornography and the male sexual script: an analysis of consumption and sexual relations. Arch Sex Behav. 2016;45:983-94. https://doi.org/10.1007/s10508-014-0391-2
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). Nesse grupo, a preferência por MSEs sem preservativos é clássica e similar ao que já foi descrito por outros autores, corroborando a existência de uma ligação direta entre a preferência por cenas bareback e as intenções de sexo sem preservativos(1919 Thai M, Barlow FK. Bareback sexually explicit media consumption and men who have sex with men’s responses to sexual partners who prefer anal intercourse with or without condoms. Arch Sex Behav [Internet]. 2019[cited 2020 Dec 18];48(4):1191-1201. Available from: https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs10508-018-1182-y
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-2020 Martins AA, Queiroz AAFLN, Frota OP, Araújo TME, Mendes IAC, Fronteira I, et al. Consumo de mídias sexualmente explícitas e sexo anal desprotegido em homens que fazem sexo com homens. Cienc Saude Colet [Internet]. 2020 [cited 2021 Feb 21]. Available from: http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/consumo-de-midias-sexualmente-explicitas-e-sexo-anal-desprotegido-em-homens-que-fazem-sexo-com-homens/17796
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).

No estudo, verificou-se que o uso do preservativo foi estatisticamente associado à concordância com o compartilhamento de cenas sexuais que envolvem comportamentos de risco, à preferência por filmes com cenas que envolvem sexo sem proteção ou mesmo aqueles que não se importam quanto a esse cuidado e à percepção da influência do tipo de pornografia que consome sobre as suas relações sexuais. Uma pesquisa realizada em quatro cidades dos Estados Unidos revelou que quase metade dos homens que fazem sexo com homens (HSH) afirmou que assistir MSEs contribuiu para o envolvimento em “sexo mais arriscado”, sendo que 29% acreditam que isso contribuiu para o seu envolvimento em “sexo de risco” nos últimos três meses(2121 Schirmshaw EW, Antebi-Gruszka N, Downing Jr MJ. Viewing of Internet-based sexually explicit media as a risk factor for condom less anal sex among men who have sex with men in four U.S. PLoS One. 2016;11(4):1-11. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0154439
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).( )Tais achados coadunam com os resultados deste estudo.

Essas atitudes e práticas podem gerar diversas implicações, pois, conforme a pornografia torna-se mais difundida e acessível, uma população mais ampla, em relação às gerações anteriores, pode ser exposta a conteúdo pornográfico violento e misógino(2222 Price J, Patterson R, Regnerus M, Walley J. How much more XXX is generation X consuming? evidence of changing attitudes and behaviors related to pornography since 1973. J Sex Res. 2016;53(1):12-20. https://doi.org/10.1080/00224499.2014.1003773
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). Tal acessibilidade e normalização podem ter implicações para os relacionamentos românticos dos consumidores de pornografia, além da percepção cultural mais ampla da violência em relação às mulheres.

Além disso, estudo realizado em 2017 relatou que alguns homens filmaram o sexo com suas parceiras sem seu consentimento, e alguns deles usaram a gravação posteriormente como meio de obtenção de controle dentro do relacionamento pós-separação(2323 DeKeseredy WS, Hall-Sanchez A. Adult pornography and violence against women in the heartland: results from a rural southeast Ohio study. Viol Against Women. 2017;23:830-49. https://doi.org/10.1177/1077801216648795
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).

Num outro sentido, pesquisa realizada na Paraíba com estudantes universitários de ambos os sexos, mostrou que os consumidores de mídias sexuais discordam da ideia de que a pornografia traga efeitos nocivos como o vício, banalização do sexo, prejuízos ao relacionamento e à formação sexual, expressando-se de forma contrária aos não consumidores, que percebem o consumo como prejudicial. Verificou-se que a amostra da pesquisa minimizou a contribuição das MSEs em seus próprios comportamentos sexuais(2424 Guerra VM, Andrade FCB, Dias MR. Atitudes de estudantes universitários frente ao consumo de materiais pornográficos. Estud Psicol. 2004;9(2):269-77. https://doi.org/10.1590/S1413-294X2004000200008
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).

Ao contrário do que pensam os participantes do estudo anterior, uma metanálise evidenciou associação entre uso de pornografia e violência física e sexual(2525 Wright PJ, Tokunaga RS, Kraus A. A meta-analysis of pornography consumption and actual acts of sexual aggression in general population studies. J Communic. 2016;66:183-205. https://doi.org/10.1111/jcom.12201
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). Tais violências, por sua vez, desencadeiam problemas psicológicos e físicos, dentre os quais o aparecimento de lesões e consequente manifestação de ISTs. Com isso, são necessárias ações de prevenção e intervenção contra esses agravos.

Além disso, outras pesquisas têm apontado que acessar MSEs em geral está associado a uma maior probabilidade de se envolver em sexo anal sem preservativos(2626 Eaton LA, Cain ND, Pope H, Garcia J, Cherry C. The relationship between pornography use and sexual behaviors among at-risk HIV-negative men who have sex with men. Sexual Health [Internet]. 2012[cited 2020 Dec 21];9:166-70. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3560402/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/article...
-2727 Stein D, Silveira R, Hagerty R, Marmor M. Viewing pornography depicting unprotected anal intercourse: are there implications for HIV prevention among men who have sex with men? Arch Sex Behav [Internet]. 2012[cited 2020 Dec 21];41:411-9. Available from: https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs10508-011-9789-2
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).( )No entanto, dada a inexistência de estudos que investigaram o papel das MSEs nas relações heterossexuais, pesquisas adicionais e com amostra representativa dos consumidores de MSEs são necessárias.

Já é comprovado que o ser humano possui uma capacidade enorme de imitação de comportamentos, seja no seu consciente ou inconsciente. Essa reprodução de ações sofre influência de fatores sociais, emocionais e cognitivos que traduzam suas preferências, seja de forma direta ou indireta, mesmo que tais atitudes ou práticas configurem algum risco de saúde(2828 Chartrand TL, Lakin JL. The antecedents and consequences of human behavior al mimicry. Ann Rev Psychol. 2013;64:285-308. https://doi.org/10.1146/annurev-psych-113011-143754
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).

Por outro lado, uma pesquisa sugeriu que o sexo sem preservativo torna-se apenas um fetiche para os consumidores dessas mídias. Isso porque os indivíduos não realizam essa prática e ficam apenas desejando-a(2929 Nelson KM, Eaton LA, Gamarel KE. Preferences for condomless sex in sexually explicit media among Black/African American men who have sex with men: implications for hiv prevention. Arch Sex Behav. 2017;46(4):977-85. https://doi.org/10.1007/s10508-016-0878-0
https://doi.org/10.1007/s10508-016-0878-...
).

A maior parte da amostra deste estudo acessa as MSEs por meio de sites, e pesquisas relatam taxas de prevalência de visualização variando de 40% a 47%. Tais dados podem ser explicados pelo avanço tecnológico, que possibilitou a expansão e facilitou o acesso às MSEs(3030 Selwyn N. A safe haven for misbehaving? an investigation of online mis behavior among university students. Soc Sci Comput Rev. 2008;26(4):446-65. https://doi.org/10.1177/0894439307313515
https://doi.org/10.1177/0894439307313515...
).

Quanto ao número de cenas pornográficas acessadas, prevaleceu até duas vezes por semana. Byers et al.(3131 Byers LJ, Menzies KS, O’Grady WL. The impact of computer variable son the viewing and sending of sexually explicit material on the Internet: testing Cooper's 'Triple-A Engine'. Can J Hum Sex [Internet]. 2004[cited 2021 Jan 5];13(3-4): 157-170. Available from: https://www.researchgate.net/publication/285809232_The_impact_of_computer_variables_on_the_viewing_and_sending_of_sexually_explicit_material_on_the_Internet_Testing_Cooper%27s_Triple-A_Engine
https://www.researchgate.net/publication...
) relatam em seu estudo uma associação positiva significante para horas de uso da internet por semana e uso de MSEs on-line, ou seja, quanto mais tempo o usuário navega na internet, mais ele acessará as MSEs. Dados apontam que 87% dos homens relataram usar pornografia pelo menos uma vez por mês, com até 58% vendo pornografia semanalmente(3232 Regnerus M, Gordon D, Price J. Documenting pornography use in America: a comparative analysis of methodological approaches. J Sex Res. 2016;53:873-81. https://doi.org/10.1080/00224499.2015.1096886
https://doi.org/10.1080/00224499.2015.10...
).

Alguns países já acenderam um alerta para a expansão da pornografia, a exemplo do estado americano de Utah, que recebeu um projeto de lei declarando as mídias sexualmente explícitas como sendo uma “crise de saúde pública”. Tais decisões podem impactar positivamente os indivíduos que consomem as mídias e se envolvem em sexo sem preservativo, uma vez que pode ser efetivada a criação de estratégias para a promoção do uso de camisinha nas mídias explícitas(3333 Utah State Legislature. Senate Concurrent Resolution (S.C.R.9). Concurrent Resolution on the Public Health Crisis of Pornography [Internet]. 2016 [cited 2021 Jan 5]. Available from: https://utahcoalition.org/scr9-resolution-public-health-crisis-pornography/
https://utahcoalition.org/scr9-resolutio...
).

Com base nesses achados, é de suma importância a divulgação pelos meios de comunicação (espaço que concentra boa parte dos consumidores de MSEs) de materiais educativos que relatem as medidas de prevenção para ISTs, com foco na prevenção combinada para o HIV, especialmente na vacinação contra as ISTs imunopreveníveis.

Sendo assim, conhecer o perfil dessas pessoas é importante para se apropriar dos comportamentos dinâmicos que envolvem risco para as ISTs/HIV/aids, bem como para incentivar a publicação de novos estudos acerca da temática.

Limitações do estudo

O estudo possui algumas limitações. Por ser uma pesquisa realizada de forma on-line, pode levar à não compreensão de algumas perguntas, culminando em uma resposta equivocada do participante. Todavia, o contrapeso está no fato de que a literatura é repleta de estudos com dados autorrelatados. O pequeno tamanho amostral também é considerado uma limitação visto que a análise inferencial abarca uma ínfima parcela populacional.

Ressalta-se que, ao se replicar este estudo, os pesquisadores deverão considerar as diferenças culturais da população abordada, tanto no Brasil como em outros países.

Contribuições para a área da Enfermagem e da Saúde Pública

O aumento do consumo de mídias sexualmente explícitas pode estimular o sexo sem preservativo e acarretar incremento exponencial de casos de HIV/aids, além de outras infecções sexualmente transmissíveis. Ainda são poucos os estudos que analisam as MSEs e o comportamento sexual de seus usuários, tendo, portanto, esta pesquisa a finalidade de identificar as vulnerabilidades individuais e assim orientar os serviços de saúde a investigarem as mais variadas dinâmicas de infecção pelo HIV e demais ISTs.

Para a prática dos profissionais de enfermagem, este estudo contribuirá com informações relevantes sobre o consumo das mídias sexuais e uso de preservativo que poderão auxiliar nas estratégias e abordagem envolvendo a temática de prevenção de HIV/aids e ISTs durante as suas ações de enfermagem, com serviços mais efetivos nas consultas de enfermagem e na educação em saúde.

CONCLUSÕES

Os fatores preditores da prática sexual sem o uso do preservativo foram: faixa etária correspondente a jovens adultos; uso ou não de preservativo não interfere na preferência pelas cenas; reconhecimento da influência do tipo de pornografia nas relações sexuais; concordar com o compartilhamento de cenas com comportamentos de risco; e assistir mais de duas cenas de mídias sexualmente explícitas por semana.

O reconhecimento de vulnerabilidades decorrentes do consumo das mídias sexuais, especialmente da sua influência na redução do uso do preservativo, poderá contribuir para a prática dos profissionais de saúde, com destaque para a equipe de enfermagem, que atua diretamente nas ações de prevenção e promoção da saúde.

AGRADECIMENTOS

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico pela concessão de bolsa de doutorado a Priscilla Dantas Almeida e bolsa de iniciação científica a André Felipe de Castro Pereira Chaves. Agradecemos também: à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior pela bolsa de mestrado concedida a Rômulo Veloso Nunes; e à Universidade Federal do Piauí, que concedeu a Ellen Cristina da Costa Leite Sousa uma bolsa de iniciação científica.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Jul 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    05 Mar 2021
  • Aceito
    07 Abr 2021
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