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Campaña de Vacunación contra el COVID-19: Infodemia de Fake News

A globalização atingiu o século XXI na mesma sintonia e disseminação que as redes sociais, assemelhada ou correlata do mundo digital/virtual como fonte de informação e aconselhamento sobre a saúde pública brasileira e internacional. Logo, as pessoas contaminaram o processo de comunicação cibernético com diversas informações, verdadeiras e/ou falsas, provocando o que se denomina hodiernamente como infodemia.

As notícias falsas, conhecidas por fake news, prejudicam o ser humano e causam danos à população, principalmente nas tomadas de decisão no campo da saúde. Essas são consideradas problema de monta. Elas são informações emitidas a partir de um meio de comunicação, quando elas são transmitidas de forma equivocadas, podendo ser quase-verdadeiras ou até mesmo verdadeiras, porém distorcidas. Isto, aplicado à pandemia, no tempo presente, instalou pavor, medo, angústia e outros sentimentos e emoções, no sentido do desequilíbrio psicoemocional das pessoas, agravados por informações diversas ao colocar a ciência em cheque(11 Neto M, Gomes TO, Porto FRP, Rafael RMR, Fonseca HS, Nascimento J. Fake news no cenário da pandemia de covid-19. Cogitare Enferm. 2020;25(72627)1-7. https://doi.org/10.5380/ce.v25i0.72627
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).

Nessa gangorra informativa, instalou-se a campanha de vacinação contra COVID-19, que veio atopetada de orientações atravessadas de pseudo-informações sobre os imunobiológicos. Isto implicou informações truncadas e equivocadas que envolveram a vacina, desde preconceitos xenófobos em relação ao imunizante produzida na China até a presença de chip implantado pelos Estados Unidos para monitoramento humano, tendo por efeito hesitação vacinal e, até mesmo, o movimento anti-vacina.

A hesitação vacinal é um processo complexo mediado por aspectos e questões políticas e socioculturais. Ela se caracteriza pela dúvida na aceitação do imunobiológico ao colocar em cheque a eficácia e segurança das vacinas. Isto conduziu a dúvidas, questionamentos com efeito de insegurança à população, levando à aceitação da população se imunizarem contra a COVID-19(22 Frugoli AG, Prado RS, Silva TRM, Matozinhos FP, Trape CA, Lachtim SAF. Fake news sobre vacinas: uma análise sob o modelo dos 3C’s da Organização Mundial de Saúde. Rev Esc Enferm USP. 2021;55:e03736. https://doi.org/10.1590/S1980-220X2020028303736
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).

Vale ressaltar que os profissionais de saúde devem ter atenção ao conteúdo que compartilham nas mídias sociais, para não correrem o risco de endossar fake News, assim como a pandemia desvelou a relação entre as desigualdades sociais e o adoecimento físico e mental. Ademais, trouxe à tona o problema que, no Brasil, apenas estudiosos do tema vinham discutindo, por exemplo, a queda das coberturas vacinais, observadas desde 2016, o que possibilitou o ressurgimento do sarampo.

Nessa lógica, destaca-se que o Brasil recebe e consome fake news sobre vacinas há muitos anos, com marcos históricos que comprovam falhas humanas na comunicação no setor saúde, com efeitos nas instituições de pesquisa e na população. Assim, não podemos deixar de mencionar, historiograficamente, a Revolta da Vacina (1904), que levou as pessoas a irem contra a vacina, provocando diversas internações e óbitos por conta da varíola.

A vacina contra a varíola era considerada esquisita, pois era inoculado na pessoa um líquido de pústulas de vacas doentes, apesar de os benefícios dela serem divulgados com acesso geral de forma gratuita. Sua difusão à época era de que quem se vacinava ficaria com feições bovinas.

Prezados leitores, isso não é nada diferente do que ouvimos e vimos nas redes sociais sobre a vacina contra COVID-19, além do agravante do que foi verbalizado pelo presidente da república, em palavras aproximadas, de quem aceitasse se vacinar deveria tomar cuidado para não se tornar jacaré. Sobre a estratégia política contra a vacinação, depositamos a crença de implantação da cultura da ignorância e aversão àquilo que é científico endossado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

É importante ressaltar a necessidade de mecanismos para coibir o uso de algoritmos e bots que impulsionam tais notícias que são verdadeiras fábricas de fake news. Neste sentido, empresas de mídias sociais estabeleceram parcerias com agências de fact-checking para reduzir a circulação delas nos conteúdos compartilhados em suas redes, ao se limitarem a possibilidade de retransmissão para muitos grupos no aplicativo de comunicação.

Atualmente, há inúmeros projetos de lei em tramitação que discutem o assunto, desde mudanças na Constituição Federal até alfabetização digital e criminalização dos impulsionadores das pseudo-informações. Isto posto, é importante o debate social amplo e democrático desses projetos.

A enfermagem brasileira se viu no front de uma guerra, não somente contra a doença, por meio do cuidado à beira do leito, mas também no combate às fake news, que atrapalham as ações de prevenção deste agravo, como a vacinação. O trabalho tem sido incansável para que o país atinja a máxima cobertura vacinal contra COVID-19. A disputa para reverter a hesitação vacinal se dá em cada mente e braço vacinado pela enfermagem brasileira. Enfim, temos a confiança que apoteose vacinal irá ocorrer para que possamos retornar aos abraços e à vida sociocultural, com o calor dos aplausos ao final, pois acreditamos que o mundo gira e gira a roda, pois somos brasileiros.

REFERENCES

  • 1
    Neto M, Gomes TO, Porto FRP, Rafael RMR, Fonseca HS, Nascimento J. Fake news no cenário da pandemia de covid-19. Cogitare Enferm. 2020;25(72627)1-7. https://doi.org/10.5380/ce.v25i0.72627
    » https://doi.org/10.5380/ce.v25i0.72627
  • 2
    Frugoli AG, Prado RS, Silva TRM, Matozinhos FP, Trape CA, Lachtim SAF. Fake news sobre vacinas: uma análise sob o modelo dos 3C’s da Organização Mundial de Saúde. Rev Esc Enferm USP. 2021;55:e03736. https://doi.org/10.1590/S1980-220X2020028303736
    » https://doi.org/10.1590/S1980-220X2020028303736

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Out 2022
  • Data do Fascículo
    2022
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