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Política pública de inclusão social na educação superior e práticas extensionistas com grupos étnicos

RESUMO

Objetivos:

relatar a experiência sobre operacionalização de projeto de extensão universitária com e para formação de estudantes de ações afirmativas.

Métodos:

relato de experiência com abordagem descritiva sobre operacionalização de projeto de extensão universitária para formação de estudantes de ações afirmativas, entre 2020 e 2021, com base na estratégia de aprendizagem blended-learning e na Teoria da Atividade.

Resultados:

foram realizadas 103 atividades, incluindo ações para desenvolvimento de produtos, manutenções de mídias e estudo direcionado de temas. Envolveram 13 estudantes de duas instituições, duas lideranças de grupos étnicos e oito instrutores.

Considerações Finais:

as relações colaborativas proporcionaram trocas de saberes sobre políticas públicas de saúde, tecnologias educativas e mídias sociais, diminuindo os déficits sobre uso de recursos tecnológicos e aplicação na educação em saúde. As atividades promoveram o protagonismo de estudantes oriundos de ação afirmativa, de modo representativo, a partir de suas vivências e necessidades, sendo potencial para formação equânime.

Descritores:
Política Pública; Grupos Étnicos; Redes Sociais Online; Práticas Interdisciplinares; Educação Superior.

ABSTRACT

Objectives:

to report the experience on the operationalization of a university extension project with and for training affirmative action students.

Methods:

an experience report with a descriptive approach on the operationalization of a university extension project for training affirmative action students, between 2020 and 2021, based on blended-learning and Activity Theory.

Results:

we carried out 103 activities, including actions for product development, media maintenance and targeted study of themes. They involved 13 students from two institutions, two leaders from ethnic groups and eight instructors.

Final Considerations:

collaborative relationships provided the exchange of knowledge about public health policies, educational technologies and social media, reducing deficits in the use of technological resources and application in health education. The activities promoted students’ leading role coming from affirmative action, in a representative way, from their experiences and needs, being potential for equitable training.

Descriptors:
Public Policy; Ethnicity; Online Social Networking; Interdisciplinary Studies; Universities.

RESUMEN

Objetivos:

relatar la experiencia sobre la operacionalización de un proyecto de extensión universitaria con y para la formación de estudiantes de acción afirmativa.

Métodos:

relato de experiencia con enfoque descriptivo sobre la operacionalización de un proyecto de extensión universitaria para formar estudiantes de acción afirmativa, entre 2020 y 2021, basado en la estrategia de aprendizaje semipresencial y Teoría de la Actividad.

Resultados:

se realizaron 103 actividades, entre acciones de desarrollo de productos, mantenimiento de medios y estudio focalizado de temas. En ellos participaron 13 estudiantes de dos instituciones, dos líderes de etnias y ocho instructores.

Consideraciones Finales:

las relaciones colaborativas facilitaron el intercambio de conocimientos sobre políticas públicas de salud, tecnologías educativas y redes sociales, reducir los déficits en el uso de los recursos tecnológicos y su aplicación en la educación para la salud. Las actividades promovieron el protagonismo de los estudiantes provenientes de la acción afirmativa, de forma representativa, a partir de sus experiencias y necesidades, siendo potencial para una formación equitativa.

Descriptores:
Política Pública; Grupos Étnicos; Redes Sociales en Línea; Prácticas Interdisciplinarias; Educación Superior.

INTRODUÇÃO

As políticas de ações afirmativas, como a Lei no 12.711, de 29 de agosto de 2012, conhecida como Lei da Cota, são importantes instrumentos para a inclusão social que possibilitam visibilidade e diálogo entre grupos em situação de vulnerabilidade, como os indígenas e quilombolas, nas universidades públicas(11 Alencar AEV. Re-existências: notas de uma antropóloga negra em meio a concursos públicos para o cargo de magistério superior. Rev Antropol. 2021;64(3):e189647. https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2020.189647
https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.20...
). O acesso por meio de cotas às universidades cresceu progressivamente à medida que as políticas de inclusão foram sendo inseridas, apresentando-se no Brasil por experiências heterogêneas em virtude das diferentes leituras realizadas pelas instituições de ensino superior(22 Daflon VT, Feres Júnior J, Campos LA. Ações afirmativas raciais no ensino superior público brasileiro: um panorama analítico. Cad Pesqui. 2013;43(148):302-27. https://doi.org/10.1590/S0100-15742013000100015
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).

Diversos modos de inserção sobre o tema têm sido implementados de modo transversal na formação, como a Resolução CNE/CP no 01 de 2003, a qual institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana (DCN ERER), o Decreto nº 7.824/2012, que define as condições de reserva de vagas no ensino superior, assim como a Normativa nº 18/2012, que estabelece os conceitos básicos para aplicação da lei, considerando todas as modalidades.

No ensino superior, os registros apontam uma heterogeneidade de ações por meio de projetos de extensão, ensino e pesquisa, destacando-se a última a partir de estudos sobre o ingresso e permanência(11 Alencar AEV. Re-existências: notas de uma antropóloga negra em meio a concursos públicos para o cargo de magistério superior. Rev Antropol. 2021;64(3):e189647. https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2020.189647
https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.20...
,33 Bergamaschi MA, Doebber MB, Brito PO. Estudantes indígenas em universidades brasileiras: um estudo das políticas de acesso e permanência. Rev Bras Estud Pedagog. 2018;99(251):37-53. https://doi.org/10.1590/S0100-15742013000100015
https://doi.org/10.1590/S0100-1574201300...
). No que tange à formação de profissionais de saúde que possuem a identidade relacionada a populações originárias e afrodescendentes e do envolvimento de diferentes instituições, há uma carência de informações. Nota-se, nos poucos estudos identificados, que, em função dos processos históricos, há desvantagens no percurso do ensino-aprendizagem desses grupos(44 Nascimento VF, Hattori TY, Terças-Trettel ACP. Desafios na formação de enfermeiros indígenas em Mato Grosso, Brasil. Ciên Saúde Col. 2020; 25(1):47-56. https://doi.org/10.1590/1413-81232020251.28952019
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). Evidencia-se, portanto, a necessidade de registrar experiências das instituições, a fim de contribuir para uma formação inclusiva na enfermagem e saúde.

Ao aproximar a temática para as condições impostas pela pandemia do novo coronavírus, foi necessária a adaptação do plano de trabalho e dos recursos metodológicos(55 Lévy P. Cibercultura. 3ed. Costa CI, tradutor. São Paulo: Editora 34; 2010. 270 p.). Nesse contexto, abre-se o espaço para o desenvolvimento de prática extensionista remota que contribua para amenizar o déficit da aptidão e a expertise tecnológica no processo de formação, a partir da inserção de competências tecnológicas, em destaque com a aceleração das informações e comunicação(66 Teixeira E, Adamy EK, Nascimento MHM, Nemer CRB, Castro NJC de, Dias GAR, et al. Technologies in pandemic times: acceleration in the processes of production and publication. Rev Enferm UFPI. 2021;10(1):e802. https://doi.org/10.26694/reufpi.v10i1.802
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).

Nesse sentido, o aprendizado, a partir das condições identificadas e atendendo às peculiaridades dos discentes, buscou desenvolver atividades com propósito de inserir o estudante como protagonista da sua aprendizagem (com) e dos seus grupos (para), por meio de ações que incorporam habilidades para construção tecnologias educativas, uso de mídias e socialização do conhecimento sobre temáticas que envolvem as políticas públicas de saúde às populações em situação de vulnerabilidade, observando técnicas e métodos que atendiam à modalidade de ensino. Logo, foram realizadas experiências virtuais, ancoradas no envolvimento direto, e interação entre discentes indígenas, quilombolas e não indígenas com profissionais e estudantes da área de saúde.

A estratégia utilizada foi a blended-learning (BL), que combina múltiplas metodologias, capaz de ser mediada por meio das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), o que possibilitou novas oportunidades de aprendizagem, combinações de técnicas e tipologias educativas, misturando aprendizagens que percebem e consideram a realidade do discente, tornando o aprendizado significativo(77 Pereira JA. O ensino com ênfase na aprendizagem colaborativa - reflexão sobre uma experiência na disciplina de teoria do conhecimento. Educ Escr. 2020;11(2):e30993. https://doi.org/10.26694/reufpi.v10i1.802
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). Esta estratégia, além de possibilitar a adequação às necessidades reais dos discentes, encorajou a interação entre pares a partir das competências colaborativas e tecnológicas envolvidas no cenário atual de aceleração da informação(66 Teixeira E, Adamy EK, Nascimento MHM, Nemer CRB, Castro NJC de, Dias GAR, et al. Technologies in pandemic times: acceleration in the processes of production and publication. Rev Enferm UFPI. 2021;10(1):e802. https://doi.org/10.26694/reufpi.v10i1.802
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).

A estratégia BL ainda possibilita a gestão do conhecimento, pois tem como requisito a aceitação dos discentes a partir da aproximação centrada no aluno de modo contínuo, o que cria canais de motivação. Para tal, é necessário compreendê-la a partir de seus níveis estruturais e psicológicos, como organização, troca de atributos e agregação. Os três níveis são ancorados a partir de colaboração e organização social (um para um), interação colaborativa (um para todos), trabalhando o sentimento de pertencimento (identidade do grupo)(77 Pereira JA. O ensino com ênfase na aprendizagem colaborativa - reflexão sobre uma experiência na disciplina de teoria do conhecimento. Educ Escr. 2020;11(2):e30993. https://doi.org/10.26694/reufpi.v10i1.802
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). Desse modo, é possível criar um ambiente de motivação personalizado a partir dos objetivos propostos no plano de trabalho do projeto de extensão.

Este relato revela as experiências desenvolvidas por meio de um projeto extensionista universitário em parceria com entidade de classe da área de enfermagem, considerando o papel social e de formação. Por outro lado, descreve as relações colaborativas no percurso da formação universitária, a partir de uma reflexão pedagógica observadas na interação discente, déficits tecnológicos, trocas de conhecimento e produção dos recursos técnicos para educação em saúde. Desse modo, considerou-se oportuna a inclusão de estudantes de ações afirmativas a partir da prática extensionista em um curso de enfermagem, de modo buscar uma formação equânime e inclusiva(88 Lima MRA, Nunes MLA, Kluppel BLP, Medeiros SM, Sá LD. Nurses’ performance on indigenous and African-Brazilian health care practices. Rev Bras Enferm. 2016;699(5):840-6. https://doi.org/10.1590/0034-7167.2016690504
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).

OBJETIVOS

Relatar a experiência sobre operacionalização de projeto de extensão universitária com e para formação de estudantes de ações afirmativas, entre 2020 e 2021, de uma universidade pública da região Norte do Brasil

MÉTODOS

Cenário e percurso metodológico da experiência

Trata-se de um relato de experiência que foi orientado por meio do método BL, que combina múltiplas metodologias, possibilitando a interação entre os envolvidos, e tem sido um importante instrumento para desenvolvimento de competências a partir da combinação de práticas pedagógicas e um emergente método por uma perspectiva multidimensional(77 Pereira JA. O ensino com ênfase na aprendizagem colaborativa - reflexão sobre uma experiência na disciplina de teoria do conhecimento. Educ Escr. 2020;11(2):e30993. https://doi.org/10.26694/reufpi.v10i1.802
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,99 Engestrom Y. Expansive learning at work: toward an activity theoretical reconceptualization. J Educ Work. 2001;14 (1):133-56. https://doi.org/10.1080/13639080020028747
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).

Desenvolveu-se por meio de um edital de extensão universitária pertencente a uma universidade pública da região Norte do Brasil, em parceria com uma entidade de classe de enfermagem, no período de março de 2020 a dezembro de 2021. O edital tem como objetivo promover o fortalecimento e a indissociabilidade do tripé ensino, pesquisa e extensão. Dentre os objetivos deste projeto, o principal é a construção de tecnologias educacionais entre discentes, profissionais e estudantes da área da saúde, orientada pelas vivências, necessidades, identidade e protagonismo estudantil.

Os dados apresentados foram extraídos do relatório final e parcial do projeto, avaliando as atividades desenvolvidas, atribuições, envolvimentos dos extensionistas e o monitoramento do alcance dos objetivos. A atividades remotas foram subdivididas em assíncronas e síncronas, que resultaram em produtos tecnológicos desenvolvidos pelos discentes, mediadas por TIC e relacionados com criação, divulgação e execução.

Participaram 13 discentes, sendo 2 bolsistas, 11 discentes voluntários (sendo 5 discentes indígenas, 6 quilombolas e 2 não indígenas). Todos, exceto os discentes não indígenas, ingressaram no ensino superior por meio de política de ação afirmativa. Ainda, participaram 8 colaboradores instrutores (sendo 2 lideranças, representantes do movimento estudantil indígena e quilombola). O acesso dos discentes ao projeto de extensão ocorreu por meio de chamada aberta compartilhada, por meio das mídias sociais digitais e com apoio de lideranças estudantis indígenas e quilombolas, convidadas a participar como colaboradoras. O processo de seleção foi realizado por entrevista via modalidade remota.

Como consequência das condições impostas pela COVID-19, foi adequado de acordo com as normativas institucionais. A análise foi realizada por meio da teoria da atividade (TA), pois reconhece os processos cognitivos envolvidos no desenvolvimento do projeto e, principalmente, porque compreende que todos os resultados estão relacionados à interação (mediadores, objetos, instituições e sujeitos)(99 Engestrom Y. Expansive learning at work: toward an activity theoretical reconceptualization. J Educ Work. 2001;14 (1):133-56. https://doi.org/10.1080/13639080020028747
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-1010 Astudillo MV, Martín-García AV. Teoria da atividade: fundamento para estudo e desenho do Blended Learning. Cad Pesqui. 2020;50(176):515-33. https://doi.org/10.1590/198053147127
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). A TA possui uma abordagem interdisciplinar, dinâmica e em permanente transformação, utilizada por diversas áreas para analisar os processos de aprendizagem dentro de um sistema social, reconhecendo a influência cultural da atividade e que atualmente tem sido utilizada para analisar instrumentos de mediação, como as tecnologias de informação, haja vista que possui ferramentas conceituais que analisam atividades conjuntas(1010 Astudillo MV, Martín-García AV. Teoria da atividade: fundamento para estudo e desenho do Blended Learning. Cad Pesqui. 2020;50(176):515-33. https://doi.org/10.1590/198053147127
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).

Por se tratar de relato de experiência dos autores, o estudo dispensa a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO SOBRE A EXPERIÊNCIA

Processos de organização, colaboração e interação colaborativa

Os dados apresentados emergiram a partir das atividades desenvolvidas pelos extensionistas no percurso de 20 meses das mídias e redes sociais, dos dispositivos de mensagens instantâneas e correio eletrônico. Foram compiladas todas as informações relacionadas ao contexto universitário pandêmico, as necessidades identificadas individualmente e dos grupos de alunos de cada população tradicional e as intervenções desenvolvidas no percurso das atividades. Os dados foram organizados em três momentos: 1 - Processos e fluxos colaborativos; 2 - Mediações a partir das TIC/ e 3 - Inserção e protagonismo das necessidades e peculiaridades.

Momento 1 - Processos e fluxos colaborativos

A inclusão de indígenas e quilombolas a partir das ações afirmativas possibilita que o acesso à universidade seja possível, mas não necessariamente equânime(44 Nascimento VF, Hattori TY, Terças-Trettel ACP. Desafios na formação de enfermeiros indígenas em Mato Grosso, Brasil. Ciên Saúde Col. 2020; 25(1):47-56. https://doi.org/10.1590/1413-81232020251.28952019
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). Por isso, a necessidade de seleção estudantil e iniciativas de adesão à iniciação à pesquisa e extensão por meio de projetos acadêmicos. Outrora, destaca-se a interlocução direta com associação da área de enfermagem, que tem uma coordenação sobre saúde de povos e populações tradicionais, permitindo que os povos indígenas e comunidades quilombolas tenham as execuções de ações afirmativas efetiva nas atividades acadêmicas através da aprendizagem e formação acessível e equânime.

Ademais, destacam-se os projetos e programas que valorizem a interação ensino-comunidade. A entidade de classe, ligada à formação em saúde, integrou-se sob uma perspectiva de valorização de grupos sociais em situação de vulnerabilidade. Em paralelo, destaca-se que o novo currículo da Faculdade de Enfermagem da universidade, executora do projeto, de modo transversal, sinaliza a necessidade de incluir questões étnicas e raciais no contexto da formação.

Buscou-se que o fluxo do desenho e a execução do projeto fossem representativos e estratégicos na inclusão dos membros do projeto. Para tal, em primeiro momento, inseriu 01 indígena, 01 quilombola e discentes não indígena/quilombola (Não I/Q) - este último grupo com experiência com TIC - e interessados na área de educação em saúde. A partir da rede estudantil de cada discente indígena e quilombola, ampliou-se a rede de colaboração, que possibilitou a interação sistemática a partir das políticas públicas, instituições e indivíduos. Isso promoveu um projeto exclusivo para e com o perfil de discentes, assim como construção de produtos sobre temáticas específicas interligadas à saúde dos grupos étnicos, como citado no Quadro 2.

Quadro 2
Caracterização dos produtos, foco, temática e repercussão, utilizadas entre 2019 e 2021, Pará, Brasil, 2021

Momento 2 - Mediações a partir das Tecnologias de Comunicação e Informação

O desenvolvimento das atividades (Quadro 1) identificou as contribuições das mediações realizadas, conforme a modalidade de ensino remoto (assíncrono ou síncrono), seguindo o plano emergencial da instituição e do cenário epidemiológico, assim como dos formatos midiáticos sob a perspectiva da aceleração da informação(66 Teixeira E, Adamy EK, Nascimento MHM, Nemer CRB, Castro NJC de, Dias GAR, et al. Technologies in pandemic times: acceleration in the processes of production and publication. Rev Enferm UFPI. 2021;10(1):e802. https://doi.org/10.26694/reufpi.v10i1.802
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). É preciso destacar que as estratégias tecnológicas experimentadas são de fácil acesso e gratuitas, o que podemos inferir que diminuem as dificuldades de introdução prática e a acessibilidade aos envolvidos.

Quadro 1
Formatos, atividades e Tecnologias da Informação e Comunicação utilizadas entre 2019 e 2021, a partir do ensino remoto, Pará, Brasil, 2021

Outrossim, revelam o potencial de redes sociais para atividades colaborativas(55 Lévy P. Cibercultura. 3ed. Costa CI, tradutor. São Paulo: Editora 34; 2010. 270 p.,1010 Astudillo MV, Martín-García AV. Teoria da atividade: fundamento para estudo e desenho do Blended Learning. Cad Pesqui. 2020;50(176):515-33. https://doi.org/10.1590/198053147127
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), pois dispõem-se como suporte remoto ou presencial. Nesse sentido, optou-se por usar TIC que intermediasse a instrução e construção das tecnologias educacionais, fornecendo a execução de produtos tecnológicos (Quadro 2). Nota-se que o ciberespaço foi a condição utilizada para a concepção da experiência, usando recursos em rede para comunicação e transformando o grupo em uma comunidade virtual, potencializando a conexão das pessoas(55 Lévy P. Cibercultura. 3ed. Costa CI, tradutor. São Paulo: Editora 34; 2010. 270 p.). A mediação pelas TIC modelou as atividades e potencializou os saberes de maneira coletiva e colaborativa(1010 Astudillo MV, Martín-García AV. Teoria da atividade: fundamento para estudo e desenho do Blended Learning. Cad Pesqui. 2020;50(176):515-33. https://doi.org/10.1590/198053147127
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).

Ressalta-se que, apesar das possibilidades inovadoras das tecnologias e dos processos de disseminação observados nos últimos anos(66 Teixeira E, Adamy EK, Nascimento MHM, Nemer CRB, Castro NJC de, Dias GAR, et al. Technologies in pandemic times: acceleration in the processes of production and publication. Rev Enferm UFPI. 2021;10(1):e802. https://doi.org/10.26694/reufpi.v10i1.802
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), o uso das TIC não é um privilégio de todos os estudantes indígenas e quilombolas, e, portanto, é necessária uma compreensão mais profunda da realidade dos estudantes e suas limitações(33 Bergamaschi MA, Doebber MB, Brito PO. Estudantes indígenas em universidades brasileiras: um estudo das políticas de acesso e permanência. Rev Bras Estud Pedagog. 2018;99(251):37-53. https://doi.org/10.1590/S0100-15742013000100015
https://doi.org/10.1590/S0100-1574201300...
-44 Nascimento VF, Hattori TY, Terças-Trettel ACP. Desafios na formação de enfermeiros indígenas em Mato Grosso, Brasil. Ciên Saúde Col. 2020; 25(1):47-56. https://doi.org/10.1590/1413-81232020251.28952019
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). Estrategicamente, ao escolher a ferramenta digital, orienta-se identificar as limitações da realidade regional e das interações estabelecidas, de modo a se configurar dentro das peculiaridades dos estudantes, sendo fundamental para uso das TIC.

No que tange à produção do conhecimento mediado pelas TIC, o Quadro 2 revela que é possível executar o plano de trabalho a partir de temáticas contextualizadas nas políticas públicas de saúde direcionadas à realidade dos estudantes envolvidos, sinalizando a inserção da identidade do grupo, assim como da capacitação de instrumentos potenciais para iniciação científica. É importante ressaltar que a mediação virtual considerou as limitações à internet, processos comunicacionais e as peculiaridades dos estudantes de ações afirmativas. Neste sentido, as instituições, envolvidas por meio das suas experiências em educação superior inclusiva, devem prever as desigualdades raciais(22 Daflon VT, Feres Júnior J, Campos LA. Ações afirmativas raciais no ensino superior público brasileiro: um panorama analítico. Cad Pesqui. 2013;43(148):302-27. https://doi.org/10.1590/S0100-15742013000100015
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) e permitir o exercício reflexivo por meio dos diversos grupos inseridos nas atividades extensionistas do ser/fazer universidade(11 Alencar AEV. Re-existências: notas de uma antropóloga negra em meio a concursos públicos para o cargo de magistério superior. Rev Antropol. 2021;64(3):e189647. https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2020.189647
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).

No tocante às temáticas abordadas, foi fundamental seguir as políticas públicas de atenção à saúde de populações específicas, como dos Povos Indígenas, Populações Negras e Populações das Águas, a partir do cuidado cultural(88 Lima MRA, Nunes MLA, Kluppel BLP, Medeiros SM, Sá LD. Nurses’ performance on indigenous and African-Brazilian health care practices. Rev Bras Enferm. 2016;699(5):840-6. https://doi.org/10.1590/0034-7167.2016690504
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) e nas bases conceituais da área da educação em saúde, que foram exploradas por meio de diversas tipologias de produtos, como observado no Quadro 2.

Momento 3 - Inserção e protagonismo a partir das necessidades e peculiaridades

A articulação e interação apresentadas na Tabela 1 consolida a importância de investir em processos colaborativos que contribuam para o desenvolvimento e formação de recursos humanos orientados por processos criativos, dinâmicos e que reconheçam que a inclusão é um processo contínuo entre pares e não em pares(77 Pereira JA. O ensino com ênfase na aprendizagem colaborativa - reflexão sobre uma experiência na disciplina de teoria do conhecimento. Educ Escr. 2020;11(2):e30993. https://doi.org/10.26694/reufpi.v10i1.802
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,1010 Astudillo MV, Martín-García AV. Teoria da atividade: fundamento para estudo e desenho do Blended Learning. Cad Pesqui. 2020;50(176):515-33. https://doi.org/10.1590/198053147127
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). Nota-se a significativa participação e protagonismo dos estudantes indígenas e quilombolas no processo de produção das atividades programadas a partir dos 78% (15/19) das ações. Por outro lado, pela ótica do processo formativo-educativo, atribui aprendizados por meio da cooperação, usando protagonismo de cada estudante nas atividades desempenhadas no projeto, que construiu sua aprendizagem e sustentou a difusão de políticas públicas a partir da cultura digital.

Tabela 1
Protagonismo dos grupos entre 2020 e 2021, Pará, Brasil, 2021

Em tempos incertos, os resultados apontam que é possível transformar as práticas pedagógicas em interdisciplinares e inovadoras(1010 Astudillo MV, Martín-García AV. Teoria da atividade: fundamento para estudo e desenho do Blended Learning. Cad Pesqui. 2020;50(176):515-33. https://doi.org/10.1590/198053147127
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), superando barreiras, envolvendo a comunidade acadêmica e, principalmente, interagindo com os sujeitos diretamente no processo. A interação ocorre pelos sistemas educativos mediados pelas TIC, a partir da execução do plano de trabalho e identidade do ser estudante indígena ou quilombola e do modelo proposto em que os feedbacks e processos são representados pelas setas(99 Engestrom Y. Expansive learning at work: toward an activity theoretical reconceptualization. J Educ Work. 2001;14 (1):133-56. https://doi.org/10.1080/13639080020028747
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) (Figura 1). Os elementos inseridos promoveram um lugar representativo que ressignifica e fortalece o pertencimento identitário do universitário, o que promove ações que valorizam a diversidade e oportunizem a continuidade da qualificação profissional(11 Alencar AEV. Re-existências: notas de uma antropóloga negra em meio a concursos públicos para o cargo de magistério superior. Rev Antropol. 2021;64(3):e189647. https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2020.189647
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,33 Bergamaschi MA, Doebber MB, Brito PO. Estudantes indígenas em universidades brasileiras: um estudo das políticas de acesso e permanência. Rev Bras Estud Pedagog. 2018;99(251):37-53. https://doi.org/10.1590/S0100-15742013000100015
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). Nessa perspectiva, esforços devem ser apreendidos, como pertinência em estender as cotas para outros espaços, a fim da universidade fazer seu papel social(33 Bergamaschi MA, Doebber MB, Brito PO. Estudantes indígenas em universidades brasileiras: um estudo das políticas de acesso e permanência. Rev Bras Estud Pedagog. 2018;99(251):37-53. https://doi.org/10.1590/S0100-15742013000100015
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), de modo contínuo, para além da graduação, contribuindo para identificação da diversidade cultural de grupos étnicos(88 Lima MRA, Nunes MLA, Kluppel BLP, Medeiros SM, Sá LD. Nurses’ performance on indigenous and African-Brazilian health care practices. Rev Bras Enferm. 2016;699(5):840-6. https://doi.org/10.1590/0034-7167.2016690504
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).

Figura 1
Sistema de atividades mediadas pelas Tecnologias da Informação e Comunicação e a interação promovida entre os discentes, Pará, Brasil, 2021

Logo, as entidades envolvidas, professor e discentes não I/Q identificam os anseios dos grupos em relação à saúde, possibilitando debate sobre o tema (Figura 1). Já a inclusão de estudantes de ações afirmativas em movimentos acadêmicos promove ruptura de um modelo etnocêntrico, aproximando a universidade de comunidades tradicionais(11 Alencar AEV. Re-existências: notas de uma antropóloga negra em meio a concursos públicos para o cargo de magistério superior. Rev Antropol. 2021;64(3):e189647. https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2020.189647
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2 Daflon VT, Feres Júnior J, Campos LA. Ações afirmativas raciais no ensino superior público brasileiro: um panorama analítico. Cad Pesqui. 2013;43(148):302-27. https://doi.org/10.1590/S0100-15742013000100015
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-33 Bergamaschi MA, Doebber MB, Brito PO. Estudantes indígenas em universidades brasileiras: um estudo das políticas de acesso e permanência. Rev Bras Estud Pedagog. 2018;99(251):37-53. https://doi.org/10.1590/S0100-15742013000100015
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). Neste sentido, a formação em saúde orientado por essa reflexão triangular(77 Pereira JA. O ensino com ênfase na aprendizagem colaborativa - reflexão sobre uma experiência na disciplina de teoria do conhecimento. Educ Escr. 2020;11(2):e30993. https://doi.org/10.26694/reufpi.v10i1.802
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,1010 Astudillo MV, Martín-García AV. Teoria da atividade: fundamento para estudo e desenho do Blended Learning. Cad Pesqui. 2020;50(176):515-33. https://doi.org/10.1590/198053147127
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) é estabelecida em um elo entre as peculiaridades e a necessidades de cada grupo envolvido, tornando-se uma estratégia para viabilizar a integração ensino-comunidade via educação em saúde, mediado por saberes e experiências dos próprios estudantes no desenvolvimento de produtos em que os estudantes indígenas e quilombolas são os protagonistas, com o uso de TIC para a mediação entre objeto e sujeitos envolvidos(1010 Astudillo MV, Martín-García AV. Teoria da atividade: fundamento para estudo e desenho do Blended Learning. Cad Pesqui. 2020;50(176):515-33. https://doi.org/10.1590/198053147127
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), como mostra a Figura 2.

Figura 2
Fluxograma operacional do processo da experiência de inclusão, Pará, Brasil, 2022

Limitações do estudo

Em virtude da pandemia, ocorreram limitações tecnológicas e de habilidades pessoais dos estudantes indígenas e quilombolas envolvidos, assim como da limitação de recursos de dados móveis ofertada pela instituição.

Contribuições para a área da enfermagem e saúde

A experiência contribui para refletir sobre a incorporação de estudantes de ações afirmativas e o protagonismo e manutenção desses grupos dentro da universidade pública por meio da participação ativa e projeto inclusivo. Rompeu um padrão etnocêntrico com a interação de diferentes perfis de discentes, possibilitando trocas de saberes por culturas de diferentes etnias e comunidades, em virtude de incluir discentes indígenas, quilombolas e não indígena/quilombola. No mais, diminuiu a unilateralidade do branqueamento da universidade nos projetos de extensão, pela inciativa de primeiro projeto inclusivo para discentes indígenas e quilombolas no âmbito da enfermagem. Tal iniciativa combate o preconceito dentro do ensino com esses grupos, pois interagiram professores da área pela colaboração direta nas atividades promovidas, favorecendo a qualificação dos discentes a partir de competências e habilidades tecnológicas para formação equânime. Mostra que as políticas de ação afirmativas combatem o racismo institucional na enfermagem, quando são inseridos, com projetos inclusivos para ações efetivadas na prática. Destaca-se pela participação de entidades de classe na promoção da defesa dos interesses da sociedade que devem ser visualizadas pelas universidades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A inserção das ações afirmativas de povos originários e afrodescendentes na universidade tem possibilitado o acesso ao ensino superior desses grupos, porém é necessária, para sua manutenção, uma formação equânime. Os déficits relativos às competências tecnológicas identificadas ao longo do percurso das ações extensionistas podem ser diminuídos por meio de atividades colaborativas promovidas pela interação social e participativa entre instituições, a partir da combinação de metodologias que protagonizam o discente.

À medida que as interações foram desenvolvidas, foras percebidas a motivação individual e a evolução da aprendizagem, assim como foi necessário compreender a necessidade de flexibilização no cronograma em virtude da limitação de acesso à internet. As questões didáticas metodológicas envolvidas assumiram então as dinâmicas sociais referentes ao enfrentamento da pandemia de COVID-19, o que conduziu a incorporação dos aprendizados de forma contínua, conforme a modalidade. A experiência pode ser utilizada para aprofundar novas estratégias de moderação adaptadas à realidade tecnológicas e regionais dos estudantes envolvidos e como complemento na formação de acordo com as emergências sanitárias.

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Editado por

EDITOR CHEFE: Álvaro Sousa
EDITOR ASSOCIADO: Maria Itayra Padilha

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Out 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    18 Jan 2021
  • Aceito
    10 Jul 2022
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