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Neurofibroma extra-ósseo solitário do palato duro

RELATO DE CASO

Neurofibroma extra-ósseo solitário do palato duro

Aline Cristina Batista Rodrigues JohannI; Patrícia Carlos CaldeiraII; Giovanna Ribeiro SoutoII; João Batista de FreitasIII; Ricardo Alves MesquitaIV

IMestre, Aluna de Doutorado da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais

IIAluna de graduação da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais

IIIMestre, Professor da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais

IVDoutor, Professor da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais Av. Antônio Carlos 6667 sala 3204 Pampulha Belo Horizonte MG 31270-901

Palavras-chave: mucosa bucal, neurofibroma, neurofibromatose 1, palato duro.

INTRODUÇÃO

Neurofibroma (NF) é um tumor benigno da bainha do nervo periférico que raramente acomete região de cabeça e pescoço. Entretanto, dentre as lesões neurais é a mais freqüente nesta região1,2. O NF pode ser intra ou extra-ósseo, solitário ou múltiplo (associado à neurofibromatose tipo I)2,3. As localizações extra-ósseas mais comuns do NF de boca são língua, mucosa bucal e lábios2. Na literatura são descritos dois casos bem documentados de NF extra-ósseo solitário do palato duro1,4.

APRESENTAÇÃO DO CASO

Paciente do sexo feminino, 39 anos, foi avaliada para diagnóstico de lesão no palato. A paciente era edêntula e apresentava nódulo único, assintomático, séssil, fibroso, coloração rósea, superfície lisa, medindo 30 x 30 x 05mm, no lado direito da região posterior do palato duro, próximo ao rebordo alveolar, com evolução de três anos (Figura 1A). A história médica não foi contribuitória. Radiografias não demonstraram quaisquer alterações. O diagnóstico clínico foi adenoma pleomórfico ou neoplasia mesenquimal benigna. Biópsia incisional foi realizada e o espécime enviado para análise. Na histologia verificou-se proliferação de células fusiformes com núcleo ondulado distribuídas desorganizadamente em tecido conjuntivo fibroso (Figura 1B). Todas as células neoplásicas foram imunopositivas para proteína S-100 (Técnica da estreptoavidina-biotina, Dako Corporation®, clone: Z0311, diluição 1:100, sem recuperação antigênica, incubação por 18 horas em temperatura de 4ºC) (Figura 1C). O diagnóstico foi de NF. A paciente foi reavaliada e não se verificou evidências de neurofibromatose tipo I. A lesão foi excisada, sendo bem circunscrita e conectada ao nervo palatino maior (Figura 1D). A ressecção desta porção do nervo foi realizada (Figura 1E). Não houve recorrência durante 12 meses de acompanhamento (Figura 1F).


DISCUSSÃO

Dois casos de NF extra-ósseo solitário do palato duro foram relatados por Pollack1 e Shimoyama et al4. NF extra-ósseo de boca é um nódulo pequeno, séssil, com superfície lisa, crescimento lento, bem circunscrito, mas não encapsulado1,2. Cherrick e Eversole2 observaram predileção pelo sexo feminino. Chen e Miller5 relataram que os NF de boca acometem pessoas de 9 a 72 anos de idade. Estas características clínicas foram observadas neste caso. NF apresenta imunopositividade para proteína S-100 em 85 a 100% dos casos, indicando origem neural3,6. O tratamento do NF solitário é a excisão cirúrgica e recorrência é rara2,4. O caso descrito foi facilmente removido, pois era bem circunscrito. Além disso, uma porção do nervo palatino maior foi removida.

COMENTÁRIOS FINAIS

O acompanhamento do paciente com NF é fundamental, uma vez que o NF solitário pode ser a primeira manifestação da neurofibromatose tipo I. Esta paciente está sob acompanhamento e até este relato não foi observada recorrência.

Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) da RBORL em 14 de setembro de 2006. cod. 3394.

Artigo aceito em 21 de outubro de 2006.

Este estudo foi desenvolvido com apoio de CNPq (301736/2004-9; 502978/2004-0) e FAPEMIG (CDS 895/05).

  • 1
    Shimoyama T, Kato T, Nasu D, Kaneko T, Horie N, Ide F. Solitary neurofibroma of the oral mucosa: a previously undescribed variant of neurofibroma. J Oral Sci 2002;44(1):59-63.
  • 2
    Cherrick HM, Eversole LR. Benign neural sheath neoplasm of the oral cavity. Report of thirty-seven cases. Oral Surg Oral Med Oral Pathol 1971;32(6):900-9.
  • 3
    Souza LB, Oliveira JMB, Freitas TMC, Carvalho RA. Neurofibroma paciniano: relato de um caso raro de localização intra-oral. Rev Bras Otorrinolaringol 2003;69(6):851-4.
  • 4
    Pollack RP. Neurofibroma of the palatal mucosa. A case report. J Periodontol 1990;61(7):456-8.
  • 5
    Chen SY, Miller AS. Neurofibroma and schwannoma of the oral cavity. A clinical and ultrastructural study. Oral Surg Oral Med Oral Pathol 1979;47(6):522-8.
  • 6
    Johnson MD, Glick AD, Davis BW. Immunohistochemical evaluation of Leu-7, myelin basic-protein, S100-protein, glial-fibrillary acidic-protein, and LN3 immunoreactivity in nerve sheath tumors and sarcomas. Arch Pathol Lab Med 1988;112(2):155-60.
  • Endereço para correspondência:

    Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais
    Av. Antônio Carlos 6667 sala 3204 Pampulha
    Belo Horizonte MG 31270-901
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      16 Jun 2008
    • Data do Fascículo
      Abr 2008
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