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Managerial economics

RESENHAS

Managerial economics

Ary Bouzan

Escola de administração de empresa de São Paulo

MANAGERIAL ECONOMICS - Por Joel Dean (Prentice-Hall, Inc., Englewood Cliffs, N. J.)

O trabalho de Joel Dean na área da Economia de Empresas é conhecido de longa data graças aos diversos artigos e monografias que êle tem publicado em revistas especializadas, a partir da década de trinta.

O livro em epígrafe, já hoje bastante divulgado no campo da economia e da administração de empresas, principalmente nos Estados Unidos, reúne grande parte do material anteriormente elaborado e publicado pelo autor.

O principal objetivo de Joel Dean no seu trabalho em geral, e em epecial no livro Managerial Economics, é o de dar "funcionalidade" à teoria microeconômica, em especial, na área conhecida como "teoria da firma". Na verdade, uma das críticas mais sérias que se tem feito à ciência econômica nessa área, particularmente à análise marginal, é de que ela carece de funcionalidade. Para que possam manter o rigor científico, os modelos teóricos são muitas vêzes excessivamente simplificados, de tal forma que sua utilização ao nível da administração de emprêsas torna-se quase impraticável.

Bom exemplo dessa divergência entre o modêlo teórico e a sua utilização prática pode, talvez, ser encontrado na tentativa de implementar o modêlo econômico do equilíbrio da emprêsa monopolista. Inicialmente - e dada a necessidade de simplificação - a teoria econômica supõe que a empresa deve operar naquele nível em que a sua lucratividade seja a maior possível. Na prática, sabemos que as empresas nem sempre se pautam por essa premissa, seja porque desejam afastar eventuais concorrentes, seja porque não pretendem incentivar a competição de outros produtos que possam ser utilizados para os mesmos fins que os seus. Essas considerações não são levadas em conta pela análise econômica. O mesmo modêlo relativo ao equilíbrio da empresa monopolista informa também que o chamado "ponto ótimo de operações" é dado pelo cruzamento da curva de Receita Marginal com a de Custo Marginal. Quando, no entanto, qualquer emprêsa procura determinar sua curva de Procura para dela extrair a de Receita Marginal, verifica a enorme dificuldade em conhecer mesmo uns poucos pontos dessa curva. O mesmo poderia dizer-se da curva de custo: perfeitamente colocada no modêlo, mas difícil de ser obtida através de processos empíricos.

Ao procurar dar funcionalidade à teoria econômica, Joel Dean equipa a administração das emprêsas de certo instrumental que possibilita contornar parte dessas dificuldades. Freqüentemente, ensina como a estatística, por exemplo, particularmente o estudo de correlação, pode conseguir diversas dessas informações fundamentais para que a administração possa valer-se da teoria econômica.

O livro conta com 10 capítulos, muitos dos quais bastante extensos. Dentre êles, alguns merecem destaque especial. É, por exemplo, o caso do primeiro capítulo intitulado "LUCROS". Apesar de iniciá-lo (e conseqüentemente o livro) de forma, a nosso ver, infeliz, pois diz textualmente: "Uma emprêsa é uma organização destinada a fazer lucros e êstes são a principal medida do seu sucesso", Joel Dean esclarece nessa parte do livro a distinção entre o lucro do ponto de vista econômico e do ponto de vista contábil, para realçar qual dêles é realmente relevante à administração da emprêsa. A parte mais importante do capítulo é, a nosso ver, a terceira, relativa à apuração do lucro. Examinam-se aí os custos implícitos e a maneira de considerá-los para efeito de determinação do lucro. O problema da depreciação, dos ganhos e perdas de capital, da utilização dos custos em têrmos correntes ou históricos, problemas êsses que são de fundamental importância para as emprêsas e que nem sempre são levados em consideração, são aí examinados com bastante cuidado.

O quarto capítulo - Análise da Demanda - é o que recebe mais extenso tratamento, como era de se esperar, aliás. O autor examina a Demanda do ponto de vista da teoria econômica e, em seguida, sugere métodos práticos para efetuar previsão de demanda, tanto de produtos novos como de produtos já mercadizados. Ainda baseado na teoria econômica, segundo a qual há uma relação recíproca entre as variações de preços e de quantidades vendidas, Joel Dean passa a fornecer alguns métodos para estimar as relações entre os preços e as quantidades. Aí encontram-se, por exemplo, o método de Experiências Controladas; de Questionários a Clientes; de Estimativas Através de Processos de Engenharia e o método de Análise de Correlação. O mesmo trabalho é feito com respeito às relações renda/quantidade. Na parte final do capítulo, o autor transcreve diversos trabalhos de pesquisas sôbre demanda, dando bastante destaque ao problema da elasticidade.

Outro capítulo de grande interêsse é o 5.º - "CUSTO". Como nos casos anteriores, o autor se refere à teoria econômica e evidencia as suas dificuldades de aplicação prática.

É particularmente importante a constatação de que os custos fixos, na forma por que tratados pela teoria econômica, são demasiadamente rígidos para poder externar com alguma fidelidade as situações reais. Como demonstra, o conceito de custo fixo depende da natureza do ativo da emprêsa, ou seja, da sua possibilidade de segmentação. Haverá casos em que as partes desse ativo poderão ser de tal forma divididas, que praticamente não haverá custos fixos: todos serão variáveis. Além disso, o autor utiliza uma parte do capítulo para tratar de Conceitos de Custos, onde, além daqueles já tradicionais, apresenta outros particularmente úteis à administração de emprêsas. A exemplo dos demais capítulos, também aí estão sugeridos métodos de determinação e previsão de custos e, na parte final, há um bom tratamento da análise de "break-even" com vistas à previsão de custos e lucros. A sua análise sobre os determinantes do comportamento dos custos é também de grande interêsse.

Os demais sete capítulos são igualmente interessantes, em especial para administradores de emprêsas e referem-se aos seguintes temas: Competição; Produtos Múltiplos; Propaganda; Preço Básico; Preço de Linha de Produto; Diferenciação de Preços; e Orçamento de Capital.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Jul 2015
  • Data do Fascículo
    Jun 1963
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