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Liderança e organização: abordagem à ciência do comportamento

RESENHA BIBLIOGRÁFICA

Liderança e organização - abordagem à ciência do comportamento

Liderança e Organização - Abordagem à Ciência do Comportamento - Por Robert Tannembaun, Irwing R. Weschler e Fred Massarik. Tradução do original em inglês, por Auriphebo B. Simões. São Paulo, Editora Atlas S.A., 1970, 516 páginas.

O livro de Tannembaun, Weschler e Massarik publicado em 1961 nos Estados Unidos e agora traduzido para o português, constitui-se de uma coleção dos artigos estampados pelos membros do Human Relations Research Group (HRRG), do Instituto de Relações Industriais e Escola de Pós-Graduação em Administração de emprêsas, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles.

A obra pode ser considerada a história intelectual de um grupo interdisciplinar de pesquisadores preocupados com os múltiplos e variados aspectos de Relações Humanas, tanto no que concerne a um tipo de atitude por parte dos homens de emprêsa, quanto no que diz respeito a uma área de teoria e pesquisa dos estudiosos de Administração.

Os autores declaram terem sido influenciados, ao longo de seu trabalho no HRRG, pelas complexas noções de psicologia dinâmica desenvolvida originalmente por Freud e seus discípulos assim como pelas formulações de Kurt Lewin a propósito das relações entre o indivíduo e o grupo. Outras influências, por eles também reconhecidas, originaram-se dos trabalhos de Carl Rogers, J. L. Moreno e Élton Mayo.

A primeira parte do livro - Liderança e o Processo de Influência - apresenta algumas reflexões na área de relações humanas e uma série de demonstrações teóricas e práticas acerca de conceitos e processos básicos de liderança.

A segunda parte se refere à abordagem do HRRG ao desenvolvimento da eficácia em liderança - treinamento em sensitividade, focalizando os objetivos e funções deste método de treinamento, assim como a análise de conceitos quais os do papel do treinador e do desenvolvimento de grupo.

Na terceira parte encontramos algumas noções teóricas relativas à organização formal. Examina-se a operação de uma organização particular - um laboratório de pesquisa do governo, - visando à análise de finalidades organizacionais e avaliação do desempenho, apresentando os resultados de algumas explorações empíricas na área da organização.

A quarta parte compõe-se de três comentários independentes à obra feitos por George R. Bach (psicoterapeuta de grupo), Robert Dubin (sociólogo) e Lyndall Urwick (consultor em administração). Esses comentários, bastante úteis, foram solicitados pelos autores, para figurarem no próprio livro. Isto, sem dúvida, enriqueceu a obra. O comentário de Robert Dubin, por exemplo, merece ser lido por si só.

A estrutura do livro deixa muito que desejar, por não apresentar, de forma lógica, a evolução das idéias do HRRG no tempo (1950-1960).

Assim, os estudos a respeito de organização, que constituem a parte 3, precedem, no tempo, aqueles sôbre liderança, contidos na parte 1, bem como os sôbre treinamento em sensitividade, da parte 2. Os autores declaram, neste pormenor, que seus interesses de pesquisa mudaram. Mas não explicam por quê.

Por outro lado, os artigos, republicados no livro sob a forma de capítulos, dirigem-se ora a administradores e homens de emprêsa, ora a cientistas sociais, não oferecendo, a uns e outros, uma contribuição definida.

Por exemplo, ao tratarem do conceito de liderança, os autores o fazem de maneira tão ampla que virtualmente o igualam ao conceito de influência interpessoal. A amplitude da definição é útil quando se quer chamar a atenção para as múltiplas formas que a influência assume. Essa característica, sem dúvida, é importante para o clínico, oferece pouca ajuda ao cientista que procura moldar suas definições aos objetivos de sua teoria e às especificidades de sua pesquisa.

Não obstante essas limitações e algumas outras apontadas na parte 4 por Bach, Dubin e Urwick, o livro é, inegavelmente, assaz importante.

Estudiosos da administração e das ciências do comportamento, bem como administradores profissionais, de emprêsas ou do serviço público, encontrarão utilidade em sua leitura. A análise do comportamento individual é interpessoal, à luz dos ambientes criados pelas organizações complexas e, por certo, uma preocupação constante por parte dos públicos mencionados.

Alysson Darowish Mitraud

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Maio 2015
  • Data do Fascículo
    Set 1970
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