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Olodum: a arte e o negócio

Resumos

Novas organizações despontam no cenário nacional. Não apenas movimentos associativos, não somente ONGs (Organização Não Governamentais). Evoluindo os modelos tradicionais de organizações alternativas, as novas organizações locais têm uma importante dimensão empresarial, que lhes confere viabilidade e autonomia. A cultura organizacional destas organizações é complexa e multifacetada, incorporando e refletindo os elementos da cultura local. Adotou-se o Grupo Cultural Olodum como exemplo desta nova organização, já que o mesmo, defendendo a identidade e ética negras, é o interlocutor do governo local, ao mesmo tempo em que produz e defende cultura em bases empresariais que ultrapassam fronteiras nacionais.

Organizações locais; organizações alternativas; culturas organizacionais; produto cultural


New organizations are coming in to scenery in this country. Not only associative movements, nor ONGs (Non-Governmental Organization). The new local organizations, developed from tradicional patterns of alterna tive ones, have an important business dimension, which gives them viability and autonomy. The Organizational Culture of such enterprises is complex and multifaceted and incorporates and reflects the elements of local culture. The Olodum Cultural Group has been adopted as an example of this new kind of organization, since it represents the negro ethnical identity and it serves as an interlocutor of the local government, at the same time, it produces and defende the local culture on the bases of an organizational business which goes beyond the national boundaries.

Local organizations; alternatives organizations; organizational cultures; cultural product


CASES

Olodum: a arte e o negócio

Tânia FischerI; Marcelo DantasII; Maria de Fátima Litalff e SilvaII; Vera Lúcia Peixoto MendesII

IProfessora Titular da Universidade Federal da Bahia, Coordenadora do Núcleo da Pós-Graduação em Administração e Presidente da ANPAD (Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Administração)

IIMestrandos em Administração na UFBA

RESUMO

Novas organizações despontam no cenário nacional. Não apenas movimentos associativos, não somente ONGs (Organização Não Governamentais). Evoluindo os modelos tradicionais de organizações alternativas, as novas organizações locais têm uma importante dimensão empresarial, que lhes confere viabilidade e autonomia. A cultura organizacional destas organizações é complexa e multifacetada, incorporando e refletindo os elementos da cultura local. Adotou-se o Grupo Cultural Olodum como exemplo desta nova organização, já que o mesmo, defendendo a identidade e ética negras, é o interlocutor do governo local, ao mesmo tempo em que produz e defende cultura em bases empresariais que ultrapassam fronteiras nacionais.

Palavras-chave: Organizações locais, organizações alternativas, culturas organizacionais, produto cultural.

ABSTRACT

New organizations are coming in to scenery in this country. Not only associative movements, nor ONGs (Non-Governmental Organization). The new local organizations, developed from tradicional patterns of alterna tive ones, have an important business dimension, which gives them viability and autonomy. The Organizational Culture of such enterprises is complex and multifaceted and incorporates and reflects the elements of local culture. The Olodum Cultural Group has been adopted as an example of this new kind of organization, since it represents the negro ethnical identity and it serves as an interlocutor of the local government, at the same time, it produces and defende the local culture on the bases of an organizational business which goes beyond the national boundaries.

Key words: Local organizations, alternatives organizations, organizational cultures, cultural product.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Artigo recebido pela Redação da RAE em agosto/92, aprovado para publicação em novembro/92.

1. A pesquisa sobre as novas organizações locais foi desenvolvida pelos autores, dentro da linha da pesquisa Políticas Públicas, poder local e cidadania, integrante ao Núcleo de Pós-Graduação em Administração da UFBA. Além das entrevistas, a equipe valeu-se da análise de documentos do grupo e de obse rvações participantes.

2. MORALES, A. Blocos Negros em Salvador, Reelaboração Cultural e Símbolo da baíanidade. Caderno CRH, Suplemento, p. 12-92, 1991.

3. Gilberto Gil e Caetano Veloso deram depoimentos a RISÉRIO, A. Camaval ljexá. Salvador: Corrupio, 1981.

4. MORALES, A. Op. cit.

5. FISCHER, T.; TEIXEIRA, A. Redes Sociais, participação e descentralização: os casos de Salvador da Bahia e Buenos Aires. Relatório da Pesquisa CNPq/NPGA/UFBA, 1991.

6. ADAMS, G.; INGERSOLL, V. The culture of organization in an age of techinical rationality. In: Organizational simbolism. Barry Turmr (ed) 1990.

7. Palavra italiana que traduz a prática dos pintores antigos que sobrepunham pinturas para economizar telas. Com o tempo, as imagens (pentimento) apareciam ao fundo e se confundiam com as imagens de superffcie.

8. ROTTSCHILD-WHITE, J. A Organização coletivista: uma alternativa aos modelos burocráticos. Tradução de Wellington Martins (mimeo).

9. As pesquisas citadas integram a linha Polfticas Públicas, poder local e cidadania gerando dissertaçlles e publicaçlles como: FISCHER, T.; TEIXEIRA, A. Social mets citzen participation and decentralization. Second European Conference on Social Network, Analysis. Paris:, Iresco/tasmas, Abstracts, p. 68; QUEIROZ, A. A Influência da organização popular na captação de recursos públicos. NPGA/UFBA, Salvador, 1991. (Dissertação de Mestrado); CAVALCANTI, E. Rio Vermelho, um Bairro de Passagem. NPGA/UFBA, 1991. (Dissertação de Mestrado).

10. Segunda entrevista concedida a M. Dantas.

11. RISERIO, A. Op. cit.

12. ADAMS, G.; INGERSOLL, V. Op. cit.

13. AGIER, M. Cantos e toques: etnografias do espaço negro na Bahia. Introdução. Caderno CRH, Suplemento, p. 6-13, 1991.

14. ADAMS, G.; INGERSOLL, V. Op. cit.

15. RAMOS, A. G. A Teoria administrativa e o uso inadequado dos conceitos. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro, v.17. nº1 jan./mar.1983.

16. AKTOUF, D. Le Simbolisme et la culture d'enterprise. Des abus conceptuelles aux leçons du terrain. In: L 'individu dans I'organisation. Ed. Jean François Chanlat. Quebec: Editions ESKA, 1991.

17. DEAL, T.; KENNEDY, A. Corporate culture. The rites and rituales of corporate life. Nova York: Addison-Wstey, 1990.

18. ALLAIRE & FIRSIROTU. Un Módele multifactoriel pour e'êtude des organisations. In: Cultures Organisationelles. Quebec: Jeetan-Morin, 1988.

19. SCHEIN, E. La Culture empresarial y el liderezgo. Madri: Plaza y Jenes, 1988.

20. ADAMS, G.; INGERSOLL, V. Op. cit.

21. BELTRAN, A.; RUFFAUT, M. Culture d'enterprise it historie Paris: Les Editions d' organization, 1991.

22. CHANLAT, J. F. L 'individu dans l'organization. Quebec: Editions ESKA, 1991.

23. TURNER, B. Organizational Simbolism. Berlim: De jwjter, 1990.

24. ADAMS, G.; INGERSOLL, Op. cit.

25. CHANLAT, J. F. Op. cit.

26. GAHMBERG, H. Metaphor management on the semiotec of Strategic leadership. In: Organizational Simbolism. Berlim: De Jnyter, 1991.

27. GAHAMBERG, H. Idem, ibidem.

28. O sucesso do Olodum fica evidenciado pelo próprio crescimento da organização que multiplicou em poucos anos as suas atividades e produtos, ampliando seu mercado consumidor da cidade de Salvador, inicialmente, para o Brasil e países de pelo menos três continentes. O Olodum gravou cinco discos, que venderam centenas de milhares de cópias, e um sexto LP "The Best of Olodum" que tem vendido milhares de cópias no Brasil, Estados Unidos e alguns países da Europa e América Latina. Suas músicas tocam nas rádios de todo o Brasil e no mercado do World music em outros países. A Banda Olodum teve que se dividir em duas para viabilizar excursões no Brasil e no exterior ao mesmo tempo, já tendo se apresentado em vários Estados brasileiros e em dezenas de países; a música "Obvious Child", de Paul Simon, que tem a participação da bateria do Olodum tornou-se a principal do LP 'Rhytm of the Saints" e fez sucesso no mundo inteiro. Além de tudo isso, o sucesso do Olodum fica claro também no respeito que o grupo adquiriu no espaço pollttcocultural da Bahia, sendo hoje um dos expoentes da "baianidade contemporânea".

29. BELTRAN, A.; RUFFAUT, M. Op. cit.

  • 2. MORALES, A. Blocos Negros em Salvador, Reelaboração Cultural e Símbolo da baíanidade. Caderno CRH, Suplemento, p. 12-92, 1991.
  • 5. FISCHER, T.; TEIXEIRA, A. Redes Sociais, participação e descentralização: os casos de Salvador da Bahia e Buenos Aires. Relatório da Pesquisa CNPq/NPGA/UFBA, 1991.
  • 6. ADAMS, G.; INGERSOLL, V. The culture of organization in an age of techinical rationality. In: Organizational simbolism. Barry Turmr (ed) 1990.
  • 8. ROTTSCHILD-WHITE, J. A Organização coletivista: uma alternativa aos modelos burocráticos. Tradução de Wellington Martins (mimeo).
  • 9. As pesquisas citadas integram a linha Polfticas Públicas, poder local e cidadania gerando dissertaçlles e publicaçlles como: FISCHER, T.; TEIXEIRA, A. Social mets citzen participation and decentralization. Second European Conference on Social Network, Analysis. Paris:, Iresco/tasmas, Abstracts, p. 68;
  • QUEIROZ, A. A Influência da organização popular na captação de recursos públicos. NPGA/UFBA, Salvador, 1991. (Dissertação de Mestrado);
  • CAVALCANTI, E. Rio Vermelho, um Bairro de Passagem. NPGA/UFBA, 1991. (Dissertação de Mestrado).
  • 13. AGIER, M. Cantos e toques: etnografias do espaço negro na Bahia. Introdução. Caderno CRH, Suplemento, p. 6-13, 1991.
  • 15. RAMOS, A. G. A Teoria administrativa e o uso inadequado dos conceitos. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro, v.17. nş1 jan./mar.1983.
  • 16. AKTOUF, D. Le Simbolisme et la culture d'enterprise. Des abus conceptuelles aux leçons du terrain. In: L 'individu dans I'organisation. Ed. Jean François Chanlat. Quebec: Editions ESKA, 1991.
  • 17. DEAL, T.; KENNEDY, A. Corporate culture. The rites and rituales of corporate life. Nova York: Addison-Wstey, 1990.
  • 18. ALLAIRE & FIRSIROTU. Un Módele multifactoriel pour e'êtude des organisations. In: Cultures Organisationelles. Quebec: Jeetan-Morin, 1988.
  • 19. SCHEIN, E. La Culture empresarial y el liderezgo. Madri: Plaza y Jenes, 1988.
  • 21. BELTRAN, A.; RUFFAUT, M. Culture d'enterprise it historie Paris: Les Editions d' organization, 1991.
  • 22. CHANLAT, J. F. L 'individu dans l'organization. Quebec: Editions ESKA, 1991.
  • 23. TURNER, B. Organizational Simbolism. Berlim: De jwjter, 1990.
  • 26. GAHMBERG, H. Metaphor management on the semiotec of Strategic leadership. In: Organizational Simbolism. Berlim: De Jnyter, 1991.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Jun 2013
  • Data do Fascículo
    Abr 1993

Histórico

  • Recebido
    Ago 1992
  • Aceito
    Nov 1992
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