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As organizações começam a morrer quando não são mais capazes de renovar: e morrem quando não são capazes de aprender

EDITORIAL

As organizações começam a morrer quando não são mais capazes de renovar. E morrem quando não são capazes de aprender

A vida sem aprendizagem é impossível. A faculdade de aprender subsiste mesmo sem a plenitude dos sentidos, mesmo quando a aprendizagem resulta apenas da capacidade de percepção dos estímulos que diferenciam o antes do agora. A capacidade de aprender é um direito natural, em nível consciente e inconsciente, que a vida ofere em maior ou menor grau a todos, e em todos os seus instantes. Qualquer trabalho sadio deve permitir um permanente exercício consciente deste direito motivador da vida, o direito de aprender. Qualquer trabalho deve, antes de tudo, ser um motivador potencial da vida.

Este século tem sido descrito por muitas qualificações baseadas no avanço tecnológicos ou nas chamadas conquistas materiais do homem. Entretanto, nada substitui o movimento gradativo de transformações dos seres humanos de fatores de produção um fatores de renovação organizacional como a marca de maior dignidade da espécie humana deste século. Em O fator renovação (Harbra, 1989), Robert H. Waterman Jr. aponta esta mudança de concepção de valor dos seres humanos como uma das características centrais para o sucesso competitivo. A renovação passa a ser a base da aprendizagem organizacional competitiva, o que dá sentido ao trabalho, a roda da vida.

Os planos de incentivos falham porque não contemplam o ser humano como um fator de renovação e de aprendizagem organizacional. Continuam tratando os indivíduos como fatores de produção enquanto a própria organização já aprendeu que não pode mais deixar de aprender. Isto ocorre na vida pública e privada, nas organizações e nas próprias escolas. As organizações buscam a uniformidade, a previsibilidade e a ordem; atributos incompatíveis com as demantas competitivas atuais, e o ato de renovar, pelo simples fato de ser um fenômeno original - e muitas vezes irracional, sob a ótica da lógica dominante - representa uma desqualificação das verdades organizacionais, uma ameaça.

O estudo das inovações tem demonstrado que as "mudanças vêm de fora", fora da racionalidade presente no sistema social da mudança. Já está na hora dos agentes de mudança e de gestão organizacional começaram a perceber que o "de fora" é "o de fora de controle". E fora de controle estão todos aqueles que aprenderam a renovar.

Estamos deixando a direção da edição RAE. Foram quatro anos de obstinada luta de uma equipe que não se conformou apenas em construir a melhor revista de administração da América Latina, mas em tranformar o velho paradigma acadêmico do "escrever para publicar" na legitimidade de um novo paradigma: o do "escrever para ser lido".

Esperamos ter contribuído para a valoruzação do trabalho silencioso da reflexão e da pesquisa, ainda tão carentes em nosso país, abrindo oportunidades para novos talentos e oferecendo alternativas variadas de inserção e de espaço de publicações. A bimestralidade da RAEE a torna hoje mais presente para quem escreve e para quem lê; a sua pioneira segmentação (RAE Cases, Ambiental, Executiva, Colaboração Internacional e Artigos) respeita as vocações e talento de quem publica e o tempo e o interesse de quem consulta; o Circuito Acadêmico é hoje um legítimo banco de teses e dissertações; o Circuito Executivo se firma como a base da RAE em separatas, o produto de maior pontencial de crescimento da RAE.

A RAE hoje disputa sozinha com revistas comerciais nas prateleiras dos pontos de venda, nos canais de distribuição, nas agências de publicidade e na atenção dos leitores às malas diretas, um trabalho que tem resultado em um crescimento sistemático, mês-a-mês, do número de assinantes. Melhor seria que esta disputa fosse com outras revistas deste segmento de publicação, o que certamento significaria ganhos à ciência, tecnologia e à cultura de nosso país.

Participar da edição de uma revista é um trabalho emocionante, contagiante e de constante aprendizagem. É preciso respirar vinte e quatro horas seguidas o clima de cada nova edição, todos os dias do ano, feriados, férias ou finais de semana. Mas é gratificante como ver um navio ir à água após meses de trabalho no dique. É um enorme motivador pontencial de renovação, da vida...

Todos aqueles que participaram conosco deste gratificante trabalho sabem do que estamos falando. A estas pessoas que colaboraram conosco, aos nossos parceiros, aos nossos leitores a certeza de nosso reconhecimento pelo muito que aprendemos e crescemos.

Prof. Marilson Alves Gonçalves

Diretor e Editor da RAE

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Jul 2012
  • Data do Fascículo
    Dez 1995
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