Acessibilidade / Reportar erro

Desenvolvimento de produtos em subsidiárias de empresas multinacionais no Brasil

Resumos

O artigo tem o objetivo de responder à seguinte questão: por que subsidiárias de empresas multinacionais estrangeiras realizam projetos de desenvolvimento de produto (DP) para mercados externos? Para isso, foi realizada uma análise de conglomerados e testes não paramétricos de hipóteses usando uma amostra de mais de 140 unidades de desenvolvimento de produto localizados no Brasil. Este estudo identifi ca cinco papéis estratégicos significativamente distintos: os adaptadores locais, os inovadores nascentes, os inovadores locais, os inovadores para mercados emergentes e os inovadores globais. A caracterização dos conglomerados mostra que unidades com escopo de mercado primordialmente local tendem a desenvolver um número maior de novos produtos à medida que sua autonomia decisória aumenta. No entanto, unidades voltadas para mercados externos podem perder autonomia decisória. A probabilidade de que uma unidade localizada em um país de médio ou baixo custo desenvolva produtos para mercados externos aumenta conforme a empresa multinacional fomenta a competição entre as subsidiárias.

Desenvolvimento de produtos; empresas multinacionais; papéis estratégicos; autonomia; mercados internos


Why do subsidiaries of foreign owned multinational companies (MNCs) carry out product development projects for clients located abroad? In order to answer this question, we carried out a web survey with more than 140 valid responses and used cluster analysis and non parametric hypothesis tests. This study identifi es fi ve significantly distinct strategic roles, local adaptors, nascent innovators, local innovators, innovators for emerging markets and global innovators. Based on the profiles of these roles, we conclude that subsidiaries with local market scope tend to develop more new products when they have higher decision-making autonomy. Subsidiaries which develop new products for external markets, however, might see their decision-making autonomy reduced. Our results also suggest that subsidiaries are more likely to develop new products for external markets multinationals when multinationals stimulate competition among their subsidiaries.

Product development; multinational enterprises; strategic roles; autonomy; internal markets


ARTIGOS

Desenvolvimento de produtos em subsidiárias de empresas multinacionais no Brasil

Dirk Michael Boehe

Universidade de Fortaleza

RESUMO

O artigo tem o objetivo de responder à seguinte questão: por que subsidiárias de empresas multinacionais estrangeiras realizam projetos de desenvolvimento de produto (DP) para mercados externos? Para isso, foi realizada uma análise de conglomerados e testes não paramétricos de hipóteses usando uma amostra de mais de 140 unidades de desenvolvimento de produto localizados no Brasil. Este estudo identifi ca cinco papéis estratégicos significativamente distintos: os adaptadores locais, os inovadores nascentes, os inovadores locais, os inovadores para mercados emergentes e os inovadores globais. A caracterização dos conglomerados mostra que unidades com escopo de mercado primordialmente local tendem a desenvolver um número maior de novos produtos à medida que sua autonomia decisória aumenta. No entanto, unidades voltadas para mercados externos podem perder autonomia decisória. A probabilidade de que uma unidade localizada em um país de médio ou baixo custo desenvolva produtos para mercados externos aumenta conforme a empresa multinacional fomenta a competição entre as subsidiárias.

Palavras-chave: Desenvolvimento de produtos, empresas multinacionais, papéis estratégicos, autonomia, mercados internos.

ABSTRACT

Why do subsidiaries of foreign owned multinational companies (MNCs) carry out product development projects for clients located abroad? In order to answer this question, we carried out a web survey with more than 140 valid responses and used cluster analysis and non parametric hypothesis tests. This study identifi es fi ve significantly distinct strategic roles, local adaptors, nascent innovators, local innovators, innovators for emerging markets and global innovators. Based on the profiles of these roles, we conclude that subsidiaries with local market scope tend to develop more new products when they have higher decision-making autonomy. Subsidiaries which develop new products for external markets, however, might see their decision-making autonomy reduced. Our results also suggest that subsidiaries are more likely to develop new products for external markets multinationals when multinationals stimulate competition among their subsidiaries.

Keywords: Product development, multinational enterprises, strategic roles, autonomy, internal markets.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Artigo recebido em 09.10.2005.

Aprovado em 14.07.2006.

Dirk Michael Boehe

Professor Adjunto no curso de Mestrado em Administração da Universidade de Fortaleza. Doutor em Administração pela UFRGS. Interesses de pesquisas nas áreas de gestão da tecnologia e da inovação, estratégias de internacionalização de empresas, offshoring de serviços de TI, empresas multinacionais em mercados emergentes. E-mail: dmboehe@unifor.br Endereço: Rua Silva Jatahay, 90/402, Meireles, Fortaleza – CE, 60165-070.

  • ANDERSSON, U.; FORSGREN, M. In Search of centre of excellence: network embeddedness and subsidiary roles in multinational companies. Management International Review, v. 40, n. 4, p. 329-350, 2000.
  • ASAKAWA, K. Evolving headquarters-subsidiary dynamics in international R&D: the case of Japanese multinationals. R&D Management, v. 31, n. 1, p. 1-14, 2001.
  • BARTLETT, C.; GHOSHAL, S. Managing Across Borders: The Transnational Solution. Boston: Harvard Business School Press, 1989.
  • BIRKINSHAW, J.; HOOD, N. Multinational subsidiary evolution: capability and charter change in foreign-owned subsidiary companies. The Academy of Management Review, v. 23, n. 4, p. 773-796, 1998.
  • BIRKINSHAW, J.; HOOD, N.; JONSSON, S. Building firm-specific advantages in multinational corporations: the role of subsidiary initiative. Strategic Management Journal, v. 19, n. 3, p. 221-241, 1998.
  • BIRKINSHAW, J.; FEY, C. Building an internal market system: insights from five R&D organizations. In: BIRKINSHAW, J.; HAGSTROM, P. (Eds.). The Flexible Firm: Capability Management in Network Organizations. Oxford: Oxford University Press, p. 149-175, 2000.
  • BIRKINSHAW, J.; MORRISON, A. Configurations of strategy and structure in subsidiaries of multinational corporations. Journal of International Business Studies, v. 26, n. 4, p. 729-754, 1995.
  • BOEHE, D. M.; ZAWISLAK, P. R&D roles in subsidiaries of multinational companies: when does the institutional environment matter? In: DRUID SUMMER CONFERENCE 2004, Denmark. Disponível em <http://www.druid.dk/ocs/viewabstract.php?id=66&cf=1>. Acessado em abr. 2005.
  • CAMARGOS, S. P. Inserção das afiliadas brasileiras na estrutura de P&D das empresas internacionais. In: SIMPÓSIO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 4., 2000, São Paulo. Anais São Paulo, 2000.
  • CONSONI, F. L. Da tropicalização ao projeto de veículos: um estudo das competências em desenvolvimento de produção de produtos nas montadoras de automóveis no Brasil. 2004. Tese (Doutorado em Política Científica e Tecnológica), Unicamp, Campinas, 2004.
  • COSTA, I.; QUEIROZ, S. Foreign direct investment and technological capabilities in Brazilian industry. Research Policy, v. 31, n. 8/9, p. 143143, 2002.
  • CYERT, R.; MARCH, J. A Behavioral Theory of the Firm Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1963.
  • DOGHERTY, S.; INKLAAR, R.; MCGUCKIN, R.; VAN ARK, B. Performing research and development abroad international comparisons of costs and value, interim report on NSF project on internationally comparable science, technology and competitiveness indicators, August 2002. Disponível em <http://www.eco.rug.nl/medewerk/inklaar/papers/R&DInterim.pdf>. Acessado em fev. 2005.
  • FEINBERG, S. Do world product mandates really matter? Journal of International Business Studies, v. 31, n. 1, p. 155-167, 2000.
  • FIGUEIREDO, P. Aprendizagem tecnológica e performance competitiva Rio de Janeiro, FGV Editora, 2003.
  • FROST, T.; BIRKINSHAW, J.; ENSIGN, P. Centers of excellence in multinational corporations. Strategic Management Journal, v. 23, n. 11, p. 997-1018, 2002.
  • GALINA, S. Desenvolvimento global de produtos: O papel das subsidiárias brasileiras de fornecedores de equipamentos do setor de telecomunicações. 2003. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção), Escola Politécnica da USP, São Paulo, 2003.
  • GHOSHAL, S.; BARTLETT, C. Creation, adoption and diffusion of innovations by subsidiaries of multinational companies. Journal of International Business Studies, v. 19, p. 365-388, 1988.
  • GHOSHAL, S.; BARTLETT, C. The multinational corporation as a network: perspectives from interorganizational theory. Academy of Management Review, v. 15, n. 4, p. 603-625, 1990.
  • GUPTA, A.; GOVINDARAJAN, V. Knowledge flows and the structure of control within multinational corporations. Academy of Management Review, v. 16, n. 4, p. 768-792, 1991.
  • GUPTA, A.; GOVINDARAJAN, V. Organizing for Knowledge Flows within MNCs, International Business Review, v. 3, n. 4, p. 443-457, 1994.
  • HENNART, J.-F. The Swollen Middle: a mix of market and hierarchy. Organization Science, v. 4, n. 4, p. 529-547, 1993.
  • HOLM, U.; PEDERSEN, T. The Emergence and Impact of MNC Centres of Excellence: a Subsidiary Perspective. London, McMillan Press, 2000.
  • KATZ, J. Pasado y presente del comportamiento tecnológico de América Latina Santiago, Cepal, Serie Desarrollo Productivo, n. 75, 2000.
  • LALL, S. Technological capabilities and industrialization. Word Development, v. 20, n. 2, p. 165-186, 1992.
  • NOBEL, R.; BIRKINSHAW, J. Innovation in multinational corporations: control and communication patterns in international R&D operations. Strategic Management Journal, v. 19, n. 5, p. 479-496, 1998.
  • O'DONNELL, S. Managing Foreign subsidiaries: agents of headquarters, or an interdependent network? Strategic Management Journal, v. 21, n. 5, p. 525-548, 2000.
  • OLIVEIRA JUNIOR, M.; BORINI, F. Proposição de uma tipologia das subsidiárias estrangeiras no Brasil: resultados de evidências empíricas. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, Brasília. Anais Brasília: Anpad, 2005.
  • PATERSON, S.; BROCK, D. The development of subsidiary management research: review and theoretical analysis. International Business Review, v. 11, p. 139-163, 2002.
  • ROTH, K.; MORRISON, A. An empirical analysis of the integrationresponsiveness framework in global industries. Journal of International Business Studies, v. 21 n. 4, p. 541-565, 1990.
  • RUGMAN, A.; VERBEKE, A. Subsidiary specific advantages in multinational enterprises. Strategic Management Journal, v. 22, n. 3, 237-250, 2001.
  • SCHÜTTE, H. Between headquarters and subsidiaries: the RHQ solution. In: BIRKINSHAW, J.; HOOD, N. (Eds.). Multinatinoal Corporate Evolution and Subsidiary Development Basingstroke: McMillan, 1998. p. 189-212.
  • TAGGART, J. Autonomy and procedural justice: a framework for evaluating subsidiary strategy. Journal of International Business Studies, v. 28, n. 1, p. 51-76, 1997.
  • UNITED NATIONS. World Investment Report 2005: Transnational Corporations and the Internationalization of R&D. United Nations, New York & Geneva, 2005.
  • WEBER, M. Ensaios de sociologia Rio de Janeiro: Zahar, 1963.
  • YOUNG, S.; TAVARES, A. Centralization and autonomy: back to the future. International Business Review, v. 13, n. 2, p.215-237, 2004.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    31 Maio 2012
  • Data do Fascículo
    Mar 2007

Histórico

  • Aceito
    14 Jul 2006
  • Recebido
    09 Out 2005
Fundação Getulio Vargas, Escola de Administração de Empresas de S.Paulo Av 9 de Julho, 2029, 01313-902 S. Paulo - SP Brasil, Tel.: (55 11) 3799-7999, Fax: (55 11) 3799-7871 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: rae@fgv.br