Resumos
Foi feita uma tentativa de avaliação do Programa Especial de Controle da Esquistossomose (PECE) do Ministério da Saúde do Brasil, desenvolvido pela SUCAM no Estado da Paraíba, a partir de 1976. Foram tomadas como base as 5 primeiras avaliações do Programa de 1978 a 1983 e posteriormente em 1984/85 realizados exames quantitativos de fezes em uma amostra de 9.155 indivíduos e exame clínico em 1.036 positivos, em 3 municípios selecionados nas principais regiões hidrográficas, onde o programa vem sendo realizado. As 5 primeiras avaliações realizadas pela SUCAM de 1978 a 1983 nos 47 municípios trabalhados, 23 na região do Mamanguape, 18 na região do Paraíba, 5 na região Litoral Sul e um na região do Curimataú, demonstraram uma queda da prevalência média inicial da esquistossomose de 28% para 4,9% na região do Mamanguape, de 20,9% para 5,9% na região do Paraíba, de 40,2%para 18,9% na região Litoral Sul e de 4,9para 1,4% na região do Curimataú. Em nível de localidade, entretanto, permaneciam com prevalência igual ou superiora 20%, 36(10,9%) das 329 avaliadas na região do Mamanguape, 40(13,6%) das 293 na região do Paraíba e 43 (47,2%) das 91 da região Litoral Sul. Nos municípios tomados como amostra para exame clínico e quantitativo de fezes no ano de 1985 verificou-se que em Cuitegi, na região do Mamanguape, dos 3.494 examinados 154 (4,4%) eliminavam em média 123 ovos de S. mansoni por grama de fezes, nenhum tinha a forma hepatoesplênica e 20(12,9%) tinham fígado palpável. Em Mari, na região do Paraíba, dos 3.735 examinados 410 (10,9%) estavam positivos eliminando em média 165,9 ovos de S. mansoni por grama de fezes; apenas um (0,24%) tinha a forma hepatoesplênica e 48 (11,7%) tinham fígado palpável. Em Alhandra, na região Litoral Sul, dos 1.926 examinados 472 (24,5%) eliminavam em média 115,4 ovos de S. mansoni por grama de fezes, 3,6% eram hepatoesplênicos e 81 (17,1%) tinham fígado palpável. Em estudo anterior realizado na sede desse município em 1979, 24,2% da população era positiva, eliminando em média 211 ovos de S. mansoni por grama de fezes, 2,4% tinham a forma hepatoesplênica e apenas 3% tinham fígado palpável.
Esquistossomose; Controle; Tratamento em massa; Paraíba
An attempt was made to evaluate the efficacy of the Special Programme for Schistosomiasis Control (PECE) carried out in the state of Paraíba since 1976 by Superintendência das Campanhas de Saúde Pública (SUCAM), Ministry of Health of Brazil. The evaluation was based on five stool examinations done by SUCAM in the school children of the endemic area from 1978 to 1983 and on a clinical and quantitative stool examination performed in 1984 and 1985 in a sample of 9155 persons living in three selected municipalities each one in a different region of the endemic area: Mamanguape, Paraíba and Litoral Sul. The stool examinations performed from 1978 to 1983 showed a drop of S. mansoni infection from 28% to 4.9% in Mamanguape, 20.9% to 5.9% in Paraíba 40.2% to 18.9% in Litoral Sul and 4.9% to 1.4% in Curimataú. At the local level, however, the prevalence of the infection in 1983 was 20% or higher in 36(10.9%) of329 localities evaluated in Mamanguape, 40 (13.6%) of293 in Paraíba and 43(47.2%) of 91 localities of Litoral Sul. The sample of the population submitted to clinical and a quantitative stool examination showed 4.4% passing an average of 123 eggs of S. mansoni per gram of feces in Mamanguape where 12.9% of the positive cases had a palpable liver and none had the hepatosplenic form of the disease. In Paraíba 10.9% of the sample was positive for S. mansoni, with an average of 165.9 eggs per gram offices; 11.7% of the positives had a palpable liver and only one (0.24%) had the hepatosplenic form. In Litoral Sul 24.5% of the sample passed an average of 115.4 eggs per gram of feces, 17.1% of the positives had a palpable liver and 3.6% had the hepatosplenic form of the disease. The authors conclude that the programme was able to reduce the prevalence of the infection and possibly to reduce the morbidity of the disease in Mamanguape, Paraíba and Curimataú, but was less efficient in reducing the prevalence of infection and unable to reduce the morbidity of the disease in the population of Litoral Sul.
Schistosomiasis; Control; Mass treatment; Brasil
ARTIGOS
Tentativa de avaliação do programa especial de controle da esquistossomose (PECE) no Estado da Paraíba, Brasil
José Rodrigues Coura; Maria Zélia Goes de Mendonça; João Pequeno Madruga
RESUMO
Foi feita uma tentativa de avaliação do Programa Especial de Controle da Esquistossomose (PECE) do Ministério da Saúde do Brasil, desenvolvido pela SUCAM no Estado da Paraíba, a partir de 1976. Foram tomadas como base as 5 primeiras avaliações do Programa de 1978 a 1983 e posteriormente em 1984/85 realizados exames quantitativos de fezes em uma amostra de 9.155 indivíduos e exame clínico em 1.036 positivos, em 3 municípios selecionados nas principais regiões hidrográficas, onde o programa vem sendo realizado.
As 5 primeiras avaliações realizadas pela SUCAM de 1978 a 1983 nos 47 municípios trabalhados, 23 na região do Mamanguape, 18 na região do Paraíba, 5 na região Litoral Sul e um na região do Curimataú, demonstraram uma queda da prevalência média inicial da esquistossomose de 28% para 4,9% na região do Mamanguape, de 20,9% para 5,9% na região do Paraíba, de 40,2%para 18,9% na região Litoral Sul e de 4,9para 1,4% na região do Curimataú. Em nível de localidade, entretanto, permaneciam com prevalência igual ou superiora 20%, 36(10,9%) das 329 avaliadas na região do Mamanguape, 40(13,6%) das 293 na região do Paraíba e 43 (47,2%) das 91 da região Litoral Sul.
Nos municípios tomados como amostra para exame clínico e quantitativo de fezes no ano de 1985 verificou-se que em Cuitegi, na região do Mamanguape, dos 3.494 examinados 154 (4,4%) eliminavam em média 123 ovos de S. mansoni por grama de fezes, nenhum tinha a forma hepatoesplênica e 20(12,9%) tinham fígado palpável. Em Mari, na região do Paraíba, dos 3.735 examinados 410 (10,9%) estavam positivos eliminando em média 165,9 ovos de S. mansoni por grama de fezes; apenas um (0,24%) tinha a forma hepatoesplênica e 48 (11,7%) tinham fígado palpável. Em Alhandra, na região Litoral Sul, dos 1.926 examinados 472 (24,5%) eliminavam em média 115,4 ovos de S. mansoni por grama de fezes, 3,6% eram hepatoesplênicos e 81 (17,1%) tinham fígado palpável. Em estudo anterior realizado na sede desse município em 1979, 24,2% da população era positiva, eliminando em média 211 ovos de S. mansoni por grama de fezes, 2,4% tinham a forma hepatoesplênica e apenas 3% tinham fígado palpável.
Palavras-chave: Esquistossomose. Controle. Tratamento em massa. Paraíba.
ABSTRACT
An attempt was made to evaluate the efficacy of the Special Programme for Schistosomiasis Control (PECE) carried out in the state of Paraíba since 1976 by Superintendência das Campanhas de Saúde Pública (SUCAM), Ministry of Health of Brazil. The evaluation was based on five stool examinations done by SUCAM in the school children of the endemic area from 1978 to 1983 and on a clinical and quantitative stool examination performed in 1984 and 1985 in a sample of 9155 persons living in three selected municipalities each one in a different region of the endemic area: Mamanguape, Paraíba and Litoral Sul.
The stool examinations performed from 1978 to 1983 showed a drop of S. mansoni infection from 28% to 4.9% in Mamanguape, 20.9% to 5.9% in Paraíba 40.2% to 18.9% in Litoral Sul and 4.9% to 1.4% in Curimataú. At the local level, however, the prevalence of the infection in 1983 was 20% or higher in 36(10.9%) of329 localities evaluated in Mamanguape, 40 (13.6%) of293 in Paraíba and 43(47.2%) of 91 localities of Litoral Sul.
The sample of the population submitted to clinical and a quantitative stool examination showed 4.4% passing an average of 123 eggs of S. mansoni per gram of feces in Mamanguape where 12.9% of the positive cases had a palpable liver and none had the hepatosplenic form of the disease. In Paraíba 10.9% of the sample was positive for S. mansoni, with an average of 165.9 eggs per gram offices; 11.7% of the positives had a palpable liver and only one (0.24%) had the hepatosplenic form. In Litoral Sul 24.5% of the sample passed an average of 115.4 eggs per gram of feces, 17.1% of the positives had a palpable liver and 3.6% had the hepatosplenic form of the disease.
The authors conclude that the programme was able to reduce the prevalence of the infection and possibly to reduce the morbidity of the disease in Mamanguape, Paraíba and Curimataú, but was less efficient in reducing the prevalence of infection and unable to reduce the morbidity of the disease in the population of Litoral Sul.
Keywords: Schistosomiasis. Control. Mass treatment. Brasil.
Texto completo disponível apenas em PDF.
Full text available only in PDF format.
Recebido para publicação em 7/4/86.
Trabalho do Departamento de Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz, do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal da Paraíba e da SUCAM, Ministério da Saúde, financiando em parte pelo CNPq (PIDE).
- 1. Bina JC. Influęncia da terapęutica específica na evoluçăo da esquistossomose mansoni. Tese, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 1977.
- 2. Bina JC, Prata A. Hycanthone no tratamento da esquistossomose em uma área rural com baixo índice de transmissăo da doença. Gazeta Médica da Bahia 70:127-130, 1970.
- 3. Bina JC, Prata A. An attempt to control schistosomiasis mansoni in an endemic area by the use of Hycanthone as chemotherapeutic agent. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 8:217-222, 1974.
- 4. Brasil, Ministério da Saúde. Programa Especial de Controle da Esquistossomose (PECE). Brasília, 1 a 5 de agosto de 1977.
- 5. Coura JR, Wanke B, Figueiredo N, Argento CA. Evolutive pattern of schistosomiasis and life-span of S. mansoni in patients living in non-endemic area in Brazil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 8:193-198, 1974.
- 6. Coura JR, Argento CA, Conceiçăo MJ, Lewis EM, Santos ML, Magalhăes P. Experięncias de campo com oxamniquine oral no tratamento da esquistossomose mansoni. Revista do Instituto de Medicina Tropical de Săo Paulo 22 (Supl. 4): 77-84, 1980.
- 7. Coura JR, Conceiçăo MJ, Menezes AP, Santos ML, Mendonça MZ. Morbidade da Esquistossomose mansoni no Brasil. II - Estudo em quatro áreas de campo nos estados de Minas Gerais, Sergipe e Paraíba. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 78:1-11, 1983.
- 8. Jansen G. Profilaxia experimental da esquistossomose de Manson. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 44:549-578, 1946.
- 9. Katz N, Antunes CMF, Andrade RM, Coelho PMZ. An attempt to control schistosomiasis mansoni in an endemic area by combining clinical treatment and molluscicide application. Journal of Parasitology (Section II) 56:435, 1970.
- 10. Katz N, Rocha RS, Pereira JP. Schistosomiasis control in Peri-Peri (Minas Gerais, Brazil) by repeated clinical treatment and molluscicide application. Revista do Instituto de Medicina Tropical de Săo Paulo 22(Supl. 4): 8593, 1980.
- 11. Kloetzel K. Sobre a convenięncia da quimioterapia em populaçăo em contínuo contato com os focos (Nota prévia). Revista do Instituto de Medicina Tropical de Săo Paulo 5:106-110, 1963.
- 12. Kloetzel K. A suggestion for the prevention of severe clinical forms of schistosomiasis mansoni. Bulletin of the World Health Organization 37: 686-687, 1967.
- 13. Maciel H. O tratamento da schistosomose intestinal no Hospital da Marinha. Sciencia Médica 7:20-24, 1929.
- 14. Madruga JP. Relatório apresentado na Reuniăo das Diretorias Regionais da SUCAM da Regiăo Nordeste sobre o Programa Especial de Controle da Esquistossomose (PECE). Recife 3 a 6 de julho de 1984.
- 15. Mendonça MZG. Estudos sobre a Esquistossomose mansoni em Alhandra, Estado da Paraíba. Tese, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1982.
- 16. Prata A. Experiences in Brazil with the use of available schistosomicides in mass treatment campaigns. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 10:355-360, 1976.
- 17. Prata A, Bina JC, Barreto AC, Alecrim MG. Attempt to control the schistosomiasis transmission by oxamniquine in an hyperendemic locality. Revista do Instituto de Medicina Tropical de Săo Paulo 22 (Supl. 4):65-72, 1980.
- 18. Santos ML. Esquistossomose mansoni. Estudo da morbidade e interferęncia da terapęutica especifica em uma área endęmica. Tese. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1978.
- 19. Santos ML, Coura JR. Morbidade da Esquistossomose no Brasil. IV - Evoluçăo em pacientes tratados e seus controles. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 81:5360, 1986.
- 20. Sette H. Tratamento da esquistossomose mansoni ŕ luz .da patologia hepática (Estudo clínico). Tese, Faculdade de Medicina de Recife, Recife, 1953.
- 21. Silva JR. Valor e importância do tratamento específico da esquistossomose mansoni no campo da profilaxia. Revista Brasileira de Medicina 14:524-526, 1957.
- 22. Silva JR. Estado atual e perspectivas da quimioterapia específica na esquistossomose mansoni. Jornal Brasileiro de Medicina 3:1-14, 1960.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
05 Jun 2013 -
Data do Fascículo
Jun 1987
Histórico
-
Recebido
07 Abr 1986