Acessibilidade / Reportar erro

O volume plaquetário médio pode estar associado à extensão da doença arterial coronariana

CARTA AO EDITOR

O volume plaquetário médio pode estar associado à extensão da doença arterial coronariana

Sait DemirkolI; Sevket BaltaI; Ugur KucukI; Hilal Olgun KucukII

IDepartamento de Cardiologia, Gulhane Medical Academy Ankara, Turquia

IIDepartamento de Cardiologia, Van Education and Research Hospital, Van, Turquia

Correspondência Correspondência: Sevket Balta Gulhane Medical Faculty Código Postal 66010, Ankara, Turquia E-mail: drsevketb@gmail.com

Palavras-chave: Plaquetas / metabolismo; Doença da Artéria Coronariana.

Prezado Editor,

Lemos com interesse o artigo escrito por Guvenç e cols.1. O VPM é um marcador laboratorial amplamente utilizado associado com a função das plaquetas baseada em condições inflamatórias2. Recentemente foi demonstrado o aumento dos níveis de VPM na fibrilação atrial3, doença cerebrovascular, doença arterial periférica, acidente vascular cerebral, doenças da tireóide e inflamatórias reumáticas4. Em conclusão, não só o VPM, mas também a largura de distribuição dos eritrócitos, razão neutrófilos/linfócitos5, plaquetocrito (PCT), razão plaquetas linfócitos, PCR, ferritina e ácido úrico, são métodos fáceis para avaliar a extensão da DAC em pacientes com angina estável. Esses marcadores podem ser úteis na prática clínica.

Referências

1. Güvenç TS, Hasdemir H, Erer HB, Ilhan E, Ozcan KS, Calık AN, et al. Lower than normal mean platelet volume is associated with reduced extent of coronary artery disease. Arq Bras Cardiol. 2013;100(3):255-60.

2. Balta S, Demirkol S, Celik T, Kucuk U, Unlu M, Arslan Z, et al. Association between coronary artery ectasia and neutrophil-lymphocyte ratio. Angiology. 2013 Mar 7. [Epub ahead of print] .

3. Balta S, Demirkol S, Kucuk U, Unlu M. Hemostatic markers can be pivotal roles of risk factors for new-onset atrial fibrillation. Platelets. 2013 Apr 3. [Epub ahead of print] .

4. Demirkol S, Balta S, Unlu M, Yuksel UC, Celik T, Arslan Z, et al. Evaluation of the mean platelet volume in patients with cardiac syndrome X. Clinics (São Paulo). 2012;67(9):1019-22.

5. Cingoz F, Iyisoy A, Demirkol S, Sahin MA, Balta S, Celik T, et al. Carotid intima-media thickness in patients with slow coronary flow and its association with neutrophil-to-lymphocyte ratio: a preliminary report. Clin Appl Thromb Hemost. 2013 Apr 23. [Epub ahead of print] .

Artigo recebido em 04/05/13; revisado em 08/05/13, aceito em 22/05/13.

Carta-resposta

Agradecemos aos autores por seus comentários construtivos. O volume plaquetário médio (VPM) é considerado como um marcador promissor para determinar a gravidade e prognóstico de uma variedade de doenças cardiovasculares1. Como o tamanho aumentado é um sinal de imaturidade das plaquetas e plaquetas imaturas possuem uma tendência para maior agregação, geralmente considera-se que o VPM seja um marcador de reatividade das plaquetas2,3. Tem-se admitido a hipótese de que a presença de plaquetas maiores em circulação possa ser uma causa de infarto do miocárdio, embora esse conceito não seja universalmente aceito3.

Até hoje, uma exceção notável para a utilidade do VPM foi a doença arterial coronária (DAC) estável, onde os valores do MPV não estão relacionados com a gravidade e até mesmo com a presença da DAC3,4. O presente estudo é compatível com a literatura prévia para uma vasta gama de valores de VPM, já que o VPM não se correlacionou com o escore angiográfico de Gensini. No entanto, uma análise secundária mostrou que pacientes com tamanho médio de plaquetas abaixo da faixa normal (<6,9 fL) apresentaram menor carga aterosclerótica coronariana em comparação com aqueles que tinham valores normais de VPM (dentro-da-referência)5. Essa relação não linear do VPM com a gravidade da DAC crônica poderia explicar por que estudos anteriores não conseguiram mostrar uma associação. Do ponto de vista clínico, essa relação não linear também limita severamente a utilidade do VPM a um pequeno número de pacientes com DAC estável. Apesar dos reveses, os nossos resultados indicam que o VPM ainda pode ser um marcador útil na DAC crônica, já que a DAC menos grave pode ser antecipada em pacientes com um valor do VPM abaixo de 6.9 fL. Deve-se ter em mente que tirar conclusões a partir de um único estudo pode ser perigoso e mais estudos são necessários para determinar-se esse conceito.

O volume plaquetário médio não é, no entanto, o único marcador útil que poderia ser obtido a partir do hemograma completo (HC). Baixo nível de hemoglobina é um parâmetro conhecido e validado de prognóstico em pacientes com DAC, e estudos mostram a utilidade de outros parâmetros relacionados com células vermelhas, como a contagem de células vermelhas e distribuição da largura das células vermelhas6,7. A contagem de células brancas, os parâmetros individuais das células brancas e marcadores derivados, tais como a razão neutrófilos/linfócitos, foram relacionados com a gravidade e o prognóstico da DAC7. O uso integrado desses parâmetros facilmente obtidos juntamente com os outros e com os fatores de risco convencionais da DAC, poderia dar informações clinicamente mais relevante do que os testes individuais.

Embora diversos pequenos estudos ou estudos retrospectivos tenham repetidamente demonstrado o valor do VPM em uma variedade de doenças cardiovasculares, a utilidade clínica do VPM em grandes ensaios randomizados ainda precisa ser demonstrado. Este ponto foi enfatizado corretamente em uma recente revisão feita por Leader e cols.8. A realização de ensaios de tamanho adequado, prospectivos e randomizados deve ser incentivada para avaliar a utilidade do VPM e marcadores semelhantes baseados no HC na prática clínica.

Sinceramente,

Tolga Sinan Güvenç

Referências

1. Chu SG, Becker RC, Berger PB, Bhatt DL, Eikelboom JW, Konkle B, et al. Mean platelet volume as a predictor of cardiovascular risk: a systematic review and meta-analysis. J Thromb Haemost. 2010;8(1):148-56.

2. Kamath S, Blann AD, Lip GY. Platelet activation: assessment and quantification. Eur Heart J. 2001;22(17):1561-71.

3. De Luca G, Santagostino M, Secco GG, Cassetti E, Giuliani L, Franchi E, et al. Mean platelet volume and the extent of coronary artery disease: results from a large prospective study. Atherosclerosis. 2009;206(1):292-7.

4. Ihara A, Kawamoto T, Matsumoto K, Shouno S, Hirahara C, Morimoto T, et al. Relationship between platelet indexes and coronary angiographic findings in patients with ischemic heart disease. Pathophysiol Haemost Thromb. 2006;35(5):376-9.

5. Güvenç TS, Hasdemir H, Erer HB, Ilhan E, Ozcan KS, Calık AN, et al. Lower than normal mean platelet volume is associated with reduced extent of coronary artery disease. Arq Bras Cardiol. 2013;100(3):255-60.

6. Ilhan E, Guvenç TS, Altay S, Çagdas M, Calik AN, Karaca M, et al. Predictive value of red cell distribution width in intrahospital mortality and postintervention thrombolysis in myocardial infarction flow in patients with acute anterior myocardial infarction. Coron Arter Dis. 2012;23(7):450-4.

7. Madjid M, Fatemi O. Components of the complete blood count as risk predictors for coronary heart disease: in-depth review and update. Tex Heart Inst J. 2013;40(1):17-29.

8. Leader A, Pereg D, Lishner M. Are platelet volume indices of clinical use? A multidisciplinary review. Ann Med. 2012;44(8):805-16.

  • 2. Balta S, Demirkol S, Celik T, Kucuk U, Unlu M, Arslan Z, et al. Association between coronary artery ectasia and neutrophil-lymphocyte ratio. Angiology. 2013 Mar 7. [Epub ahead of print]
  • 3. Balta S, Demirkol S, Kucuk U, Unlu M. Hemostatic markers can be pivotal roles of risk factors for new-onset atrial fibrillation. Platelets. 2013 Apr 3. [Epub ahead of print]
  • 4. Demirkol S, Balta S, Unlu M, Yuksel UC, Celik T, Arslan Z, et al. Evaluation of the mean platelet volume in patients with cardiac syndrome X. Clinics (São Paulo). 2012;67(9):1019-22.
  • 5. Cingoz F, Iyisoy A, Demirkol S, Sahin MA, Balta S, Celik T, et al. Carotid intima-media thickness in patients with slow coronary flow and its association with neutrophil-to-lymphocyte ratio: a preliminary report. Clin Appl Thromb Hemost. 2013 Apr 23. [Epub ahead of print]
  • 1. Chu SG, Becker RC, Berger PB, Bhatt DL, Eikelboom JW, Konkle B, et al. Mean platelet volume as a predictor of cardiovascular risk: a systematic review and meta-analysis. J Thromb Haemost. 2010;8(1):148-56.
  • 2. Kamath S, Blann AD, Lip GY. Platelet activation: assessment and quantification. Eur Heart J. 2001;22(17):1561-71.
  • 3. De Luca G, Santagostino M, Secco GG, Cassetti E, Giuliani L, Franchi E, et al. Mean platelet volume and the extent of coronary artery disease: results from a large prospective study. Atherosclerosis. 2009;206(1):292-7.
  • 4. Ihara A, Kawamoto T, Matsumoto K, Shouno S, Hirahara C, Morimoto T, et al. Relationship between platelet indexes and coronary angiographic findings in patients with ischemic heart disease. Pathophysiol Haemost Thromb. 2006;35(5):376-9.
  • 6. Ilhan E, Guvenç TS, Altay S, Çagdas M, Calik AN, Karaca M, et al. Predictive value of red cell distribution width in intrahospital mortality and postintervention thrombolysis in myocardial infarction flow in patients with acute anterior myocardial infarction. Coron Arter Dis. 2012;23(7):450-4.
  • 7. Madjid M, Fatemi O. Components of the complete blood count as risk predictors for coronary heart disease: in-depth review and update. Tex Heart Inst J. 2013;40(1):17-29.
  • 8. Leader A, Pereg D, Lishner M. Are platelet volume indices of clinical use? A multidisciplinary review. Ann Med. 2012;44(8):805-16.
  • Correspondência:

    Sevket Balta
    Gulhane Medical Faculty
    Código Postal 66010, Ankara, Turquia
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      20 Set 2013
    • Data do Fascículo
      Set 2013
    Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC Avenida Marechal Câmara, 160, sala: 330, Centro, CEP: 20020-907, (21) 3478-2700 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil, Fax: +55 21 3478-2770 - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: revista@cardiol.br