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Carga de trabalho rural e fatores associados ao uso de medicamentos por idosos

RESUMO

Objetivo:

Identificar a prevalência e os fatores associados ao uso de medicamentos por trabalhadores rurais idosos e verificar a associação entre o uso de medicamentos e a carga de trabalho rural.

Método:

Estudo transversal, exploratório, realizado com idosos trabalhadores rurais, do interior do estado do Rio Grande do Sul. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevista, utilizando questionário estruturado.

Resultados:

Participaram do estudo 95 idosos. As mulheres apresentaram uma prevalência de uso de medicamentos 32% maior do que os homens, e os tipos de medicamentos mais utilizados por elas foram para o sistema nervoso e sistema musculoesquelético. Idosos com um grau a mais no nível de frustração com a carga de trabalho na agricultura tiveram um aumento de 1% na probabilidade de usar medicação.

Conclusão:

É necessário considerar estratégias que visem reduzir a carga física e mental do trabalho rural, por meio de investimentos em políticas públicas que possibilitem aos idosos reduzir o trabalho rural para subsistência e, por conseguinte, a sua carga de trabalho.

DESCRITORES:
Idoso; Trabalhadores Rurais; Carga de Trabalho; Uso de Medicamentos; Enfermagem em Saúde Pública; Enfermagem Geriátrica

ABSTRACT

Objective:

Identify the prevalence and factors associated with the use of medication by elderly rural workers and verify the association between the use of medication and rural workload.

Method:

Cross-sectional, exploratory study, conducted among elderly rural workers from the state of Rio Grande do Sul. The data was collected through interviews, using a structured questionnaire.

Results:

Ninety-five elderly people participated in the study. Prevalence of medication use was 32% higher among women than men, and the type of medication most used by women was for the nervous and musculoskeletal systems. One additional degree in the frustration level with farm work resulted in a 1% increase in the probability of elderly people using medication.

Conclusion:

It is necessary to consider strategies that seek to reduce the physical and mental demand of rural work, through investments in public policies that enable elderly people to reduce rural labor for subsistence purposes and, consequently, their workload.

DESCRIPTORS:
Aged; Rural Workers; Workload; Drug Utilization; Public Health Nursing; Geriatric Nursing

RESUMEN

Objetivo:

Identificar la prevalencia y los factores asociados con el uso de medicamentos por trabajadores rurales ancianos y verificar la asociación entre el uso de medicamentos y la carga laboral rural.

Método:

Estudio transversal, exploratorio, realizado con ancianos trabajadores rurales, del interior del Estado de Río Grande do Sul. La recolección de datos ocurrió mediante entrevista, utilizando cuestionario estructurado.

Resultados:

Participaron en el estudio 95 ancianos. Las mujeres presentaron una prevalencia de uso de medicamentos el 32% mayor que los hombres, y los tipos de medicamentos más utilizados por ellas fueron para el sistema nervioso y sistema musculoesquelético. Ancianos con un grado más en el nivel de frustración con la carga de trabajo en la agricultura tuvieron un incremento del 1% en la probabilidad de utilizar medicación.

Conclusión:

Es necesario considerar estrategias que tengan el fin de reducir la carga física y mental del trabajo rural, mediante inversiones en políticas públicas que posibiliten a los ancianos reducir el trabajo rural para subsistencia y, por consiguiente, su carga laboral.

DESCRIPTORES:
Anciano; Trabajadores Rurales; Carga de Trabajo; Utilización de Medicamentos; Enfermería en Salud Pública; Enfermería Geriátrica

INTRODUÇÃO

No Brasil, de acordo com o Estatuto do Idoso, são consideradas idosas todas as pessoas com 60 anos ou mais de idade11 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 2.528, de 19 de outubro de 2006. Aprova a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa [Internet]. Brasília; 2006 [citado 2017 nov. 30]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt2528_19_10_2006.html
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. As pessoas idosas correspondiam a 13,7% do total da população brasileira em 2014, e projeções de crescimento populacional indicam que esse percentual será de 18,6%, em 2030, e de 33,7%, em 206022 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios: síntese de indicadores [Internet]. Rio de Janeiro; 2015 [citado 2017 nov. 30]. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv98887.pdf
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.

Na realidade brasileira, 16,1% das pessoas idosas residem na zona rural, e 29,1% continuam trabalhando em média de 33,9% das horas do dia33 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Síntese de indicadores sociais: uma análise da condição de vida da população brasileira [Internet]. Rio de Janeiro; 2014 [citado 2017 nov. 30]. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94522.pdf
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. A carga de trabalho rural é intensa e desgastante para todos os indivíduos, sendo esse desgaste mais evidente nas pessoas idosas.

Estudo realizado com idosos de área rural do sul do Brasil acerca da capacidade funcional para atividades da vida diária mostrou que, apesar de estarem aposentados, continuam trabalhando, em função de precisarem de uma atividade econômica que os mantenha ativos44 Pinto AH, Lange C, Pastore CA, Llano PMP, Castro DP, Santos F. Functional capacity to perform activities of daily living among older persons living in rural areas registered in the Family Health Strategy. Cien Saude Coletiva [Internet]. 2016 [cited 2018 Mar 16];21(11): 3545-55. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232016001103545&script=sci_arttext&tlng=en
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. O trabalho rural abrange atividades leves, como pulverização com pulverizador manual e realização de cuidados com as aves; médias, como remoção de ervas daninhas, colheita com foice e trituração de grãos; e pesadas, como semear e arar a terra, além do transporte de carga com a cabeça55 Mohanty SK. Grading of workload of male and female agricultural workers. J Agric Technol. 2016;3(1):63-70.. Estudo com agricultores coreanos comprovou que trabalhadores que trabalhavam menos durante o dia apresentavam menos dores nas costas66 Jo H, Park H-w, Baek S, Kang EK. Low back pain in farmers: the association with agricultural work management, disability, and quality of life in Korean farmers. Hum Factors Ergon Manuf Serv Indust. 2017;27(3):156-65..

Estudo realizado na Europa verificou que trabalhadores agricultores, acima de 55 anos, são os que mais sofrem com doenças musculoesqueléticas, relacionadas, principalmente, a dores nas costas77 European Agency for Safety and Health at Work. European Risk Observatory Report. Work-related musculoskeletal disorders in the EU: facts and figures [Internet]. Luxembourg: European Union; 2010 [cited 2017 Nov 30]. Available from: https://osha.europa.eu/en/tools-and-publications/publications/reports/TERO09009ENC. Na Indonésia, estudo com 179 trabalhadores rurais ratificou que ter idade mais avançada e menos de 30 minutos de recesso, por período de trabalho, aumenta a dor articular e óssea, o que representou 50,3% dos trabalhadores desse estudo88 Susanto T, Purwandari R, Wuryaningsih EW. Prevalence and associated factors of health problems among Indonesian farmers. Chinese Nurs Res. 2017;4(1):31-7..

Em relação às pessoas idosas, a alta carga de trabalho rural, que acarreta desgaste orgânico, pode ocasionar o aumento no número de medicamentos utilizados por elas. A prevalência pode chegar a 93% de uso de medicamentos simultâneos, caracterizando a polifarmácia nos idosos, os quais excedem a ingestão de cinco medicamentos diários, por mais de 3 meses99 Ramos LR, Tavares NUL, Bertoldi AD, Farias MR, Oliveira MA, et al. Polypharmacy and polymorbidity in older adults in Brazil: a public health challenge. Rev Saúde Pública [Internet]. 2016 [cited 2017 Dec 06];50 Suppl 2:1-13. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102016000300308
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. Este uso está associado não à idade em si, mas, principalmente, à presença e à associação de condições crônicas e ao desgaste do organismo devido ao processo de envelhecimento99 Ramos LR, Tavares NUL, Bertoldi AD, Farias MR, Oliveira MA, et al. Polypharmacy and polymorbidity in older adults in Brazil: a public health challenge. Rev Saúde Pública [Internet]. 2016 [cited 2017 Dec 06];50 Suppl 2:1-13. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102016000300308
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Estudos realizados no Brasil e na China, que compararam o uso de medicamentos entre pessoas idosas que residiam em área rural e urbana, identificaram que idosos da área rural, apesar de apresentarem mais doenças crônicas, usavam menos medicamentos que os idosos da urbana1010 Yang M, Lu J, Hao Q, Luo L, Dong B. Does residing in urban or rural areas affect the incidence of polypharmacy among older adults in western China? Arch Gerontol Geriatr. 2015;60(2):328-33.)-(1111 Pizzol TSD, Pons ES, Hugo FN, Bozzetti MC, Sousa MLR, Hilgert JB. Uso de medicamentos entre idosos residentes em áreas urbanas e rurais de município no Sul do Brasil: um estudo de base populacional. Cad Saúde Pública [Internet]. 2012 [citado 2017 dez. 04];28(1):104-14. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v28n1/11.pdf
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. Considerando o aumento do contingente de pessoas idosas; a tendência dessas pessoas se manterem ativas e trabalhando por mais tempo; as características do trabalho rural, que é desenvolvido em diferentes condições climáticas, com uma rotina intensa e uma variedade de tarefas que pode ocasionar desgastes físicos e, consequentemente, levar ao uso de medicamentos; e a escassez de estudos sobre a população idosa rural, justifica-se o desenvolvimento deste estudo.

Além disso, embora existam diversos estudos nacionais e internacionais sobre o uso de medicamentos por pessoas idosas e os fatores associados, não há investigações específicas que abordem a relação entre a carga de trabalho e o uso de medicamentos por pessoas idosas, principalmente, aquelas que residem na zonal rural, o que também justifica o desenvolvimento deste estudo. Face ao exposto, e tendo em vista a lacuna do conhecimento nesta temática, este estudo objetiva identificar a prevalência e os fatores associados ao uso de medicamentos por trabalhadores rurais idosos e verificar a associação entre o uso de medicamentos e a carga de trabalho rural.

MÉTODO

Estudo transversal e exploratório, sobre a associação entre o uso de medicamentos e a carga de trabalho rural de idosos. O processo de seleção dos participantes do estudo é descrito em outra produção do grupo de pesquisa1212 Cezar-Vaz MR, Bonow CA, Mello MCV, Silva MRS. Socio-environmental approach in nursing: focusing on rural labor and the use of pesticides. Rev Bras Enferm [Internet]. 2016 [cited 2017 Dec 04];69(6):1179-87. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v69n6/en_0034-7167-reben-69-06-1179.pdf
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. Para este estudo, foram selecionados apenas os trabalhadores rurais do interior do estado do Rio Grande do Sul, com 60 anos ou mais, representando uma integração entre dois grupos de pesquisa, um vinculado à saúde socioambiental de trabalhadores e o outro que busca a saúde dos idosos.

A coleta de dados ocorreu por meio de entrevista com os trabalhadores, no período de março de 2013 a abril de 2014. Foi utilizado questionário estruturado, que abrangeu questões, como caracterização (idade, sexo, cor da pele, estado civil e escolaridade), uso de medicamentos e carga de trabalho rural.

Os medicamentos foram classificados segundo a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), adotada pelo Ministério da Saúde1313 Brasil. Ministério da Saúde. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais [Internet]. Brasília; 2017 [citado 2018 mar. 16]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_nacional_medicamentos_rename_2017.pdf
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. Nessa classificação, os medicamentos são divididos de acordo com o grupo anatômico ou com o sistema no qual atuam e suas propriedades químicas, terapêuticas e farmacológicas (aparelho cardiovascular, aparelho digestivo e metabolismo, sistema nervoso, sangue e órgãos hematopoiéticos, sistema musculoesquelético e preparações hormonais sistêmicas, excluindo hormônios sexuais e insulinas). No caso de medicamentos que não estavam incluídos na classificação adotada pelo Ministério da Saúde, a substância ativa, a partir dos nomes comerciais, foi identificada e classificada conforme o grupo anatômico ao qual tinha correspondência o uso terapêutico. Para isso, utilizou-se do Dicionário de Especialidade Farmacêutica1414 Melo JMS. DEF 2016: Dicionário de especialidades farmacêuticas. 44ª ed. Rio de Janeiro: Publicações Científicas; 2016..

Para verificar a carga de trabalho, exigida pelas tarefas desenvolvidas na agricultura, foi utilizada a escala validada NASA Task Load Index (NASA-TLX)1515 Cardoso MS, Gontijo LA. Avaliação da carga mental de trabalho e do desempenho de medidas de mensuração: NASA TLX e SWAT. Gest Prod [Internet]. 2012 [citado 2018 May 28];19(4):873-84. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104530X2012000400015&script=sci_abstract&tlng=pt
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. Essa escala foi aplicada em estudos anteriores1616 Cezar-Vaz MR, Bonow CA, Almeida MCV, Sant'Anna CF, Cardoso LS. Workload and associated factors: a study in maritime port in Brazil. Rev Latino Am Enfermagem [Internet]. 2016 [cited 2017 Dec 04];24:e2837. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v24/0104-1169-rlae-24-02837.pdf
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)-(1717 Cezar-Vaz MR, Bonow CA, Silva MRS. Mental and physical symptoms of female rural workers: relation between household and rural work. Int J Environ Res Public Health. 2015;12(9):11037-49. e objetiva mensurar a carga de trabalho por meio de seis demandas, quais sejam: mental (pensar, escolher, calcular e decidir); física (empurrar, puxar, carregar e capinar); temporal (tempo de realização das atividades − muito/pouco); de desempenho (as atividades são realizadas com mais/menos qualidade e agilidade); de esforço total (estado físico e mental para desenvolver as atividades); e de frustração (motivação, satisfação, desânimo e irritação). Os participantes valoravam cada demanda de um a 20, a fim de determinar o quão alta era a carga de cada uma delas.

As variáveis quantitativas foram descritas por média e desvio-padrão ou mediana e amplitude interquartílica, e as variáveis categóricas, por frequências absolutas e relativas. Para comparar médias, foi aplicado o teste t-Student para amostras independentes. Em caso de assimetria (presença de valores extremos), o teste de Mann-Whitney foi utilizado. Na comparação de proporções, os testes qui-quadrado de Pearson ou exato de Fisher foram utilizados.

Para o controle de fatores confundidores, a análise de Regressão de Poisson foi utilizada. O critério para a entrada da variável no modelo foi de que apresentasse um valor p<0,20 na análise bivariada. O nível de significância adotado foi de 5% (p≤0,05), e as análises foram realizadas no software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 21.0.

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o protocolo n.º 026/2013, respeitando o preconizado na Resolução 466/2012.

RESULTADOS

A amostra foi composta de 95 pessoas idosas, com média de idade de 67,3 anos (± 5,8), com predominância da faixa etária de 60 a 69 anos (65,3%). A maioria era homens (61,1%), de cor branca (94,7%), casada (80%) e com o ensino fundamental incompleto (93,9%). O tempo de atuação na agricultura foi elevado, sendo que, no mínimo, a metade da amostra trabalhava na agricultura havia 50 anos.

Do total da amostra, 67 (70,5%) utilizavam medicação. A mediana do número de medicamentos foi de 1 (percentis 25 - 75: 0 - 3). A Figura 1 apresenta os tipos de medicamentos utilizados, os do aparelho cardiovascular foram os mais prevalentes (34,7%).

Figura 1
Distribuição da amostra quanto aos tipos de medicamentos Rio Grande do Sul, Brasil, 2013-2014.

A associação entre o uso de medicação e o sexo e a idade das pessoas idosas está apresentada na Tabela 1. As mulheres apresentaram significativamente maior prevalência de uso de medicamentos, quando comparadas aos homens, sendo que, os tipos de medicamentos mais utilizados por elas, depois dos que atuam no sistema cardiovascular, foram os que agem no sistema nervoso e no sistema musculoesquelético. Também, o número de medicamentos utilizados, por dia, foi significativamente maior nas mulheres.

Tabela 1
Associação entre medicação, sexo e idade - Rio Grande do Sul, Brasil, 2013-2014.

Não houve associação estatisticamente significativa entre a idade (menor ou maior que 70 anos) e o uso de medicação, o número de medicamentos utilizados por dia e o tipo de medicamento utilizado (Tabela 1).

Não houve associação estatisticamente significativa entre o uso de medicamentos e as notas atribuídas à carga de trabalho exigida pelas tarefas desenvolvidas na agricultura (Tabela 2).

Tabela 2
Associação entre medicação e notas atribuídas à carga de trabalho exigida pelas tarefas desenvolvidas na agricultura - Rio Grande do Sul, Brasil, 2013-2014.

Para o controle de fatores confundidores, as variáveis que apresentaram um valor p<0,20 na análise bivariada foram inseridas em um modelo multivariado de Regressão de Poisson. Depois do ajuste, o sexo (p=0,026) e o nível de frustração quanto à carga de trabalho nas tarefas da agricultura (p=0,019) permaneceram associados estatisticamente com o uso de medicamentos. Mulheres apresentaram uma prevalência de uso de medicamentos 32% maior do que os homens (RP=1,32; IC 95%: 1,03 - 1,68). Pessoas idosas com um grau a mais no nível de frustração com a carga de trabalho na agricultura também apresentaram um aumento na probabilidade de usar medicação, em 1% (RP=1,01; IC 95%: 1,00 a 1,01) (Tabela 3).

Tabela 3
Análise de Regressão de Poisson para avaliar fatores independentemente associados com o uso de medicação - Rio Grande do Sul, Brasil, 2013-2014.

DISCUSSÃO

O perfil da amostra está de acordo com o encontrado na pesquisa nacional por amostra de domicílio, evidenciando entre a população idosa rural o predomínio de homens, na faixa etária entre 60 e 69 anos, com baixa escolaridade e casados22 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios: síntese de indicadores [Internet]. Rio de Janeiro; 2015 [citado 2017 nov. 30]. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv98887.pdf
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.

A prevalência de uso de medicamentos pelos trabalhadores rurais idosos foi um pouco superior à encontrada em estudo realizado com pessoas idosas residentes em área rural no Brasil e na China1010 Yang M, Lu J, Hao Q, Luo L, Dong B. Does residing in urban or rural areas affect the incidence of polypharmacy among older adults in western China? Arch Gerontol Geriatr. 2015;60(2):328-33.)-(1111 Pizzol TSD, Pons ES, Hugo FN, Bozzetti MC, Sousa MLR, Hilgert JB. Uso de medicamentos entre idosos residentes em áreas urbanas e rurais de município no Sul do Brasil: um estudo de base populacional. Cad Saúde Pública [Internet]. 2012 [citado 2017 dez. 04];28(1):104-14. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v28n1/11.pdf
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. Cabe destacar que ambos os estudos utilizados para comparação incluíram na amostra tanto idosos trabalhadores como não trabalhadores. O fato de as pessoas idosas do presente estudo serem trabalhadoras pode estar associado a essa maior prevalência, tendo em vista que aquelas que apresentaram um grau a mais na demanda de frustração com a carga de trabalho na agricultura tiveram, mesmo que pequena, uma maior probabilidade de usar medicamentos.

O número de medicamentos utilizados por dia (1) foi inferior, mas muito próximo tanto ao do estudo realizado no Brasil (1,8) como ao do estudo da China (1,7)1010 Yang M, Lu J, Hao Q, Luo L, Dong B. Does residing in urban or rural areas affect the incidence of polypharmacy among older adults in western China? Arch Gerontol Geriatr. 2015;60(2):328-33.)-(1111 Pizzol TSD, Pons ES, Hugo FN, Bozzetti MC, Sousa MLR, Hilgert JB. Uso de medicamentos entre idosos residentes em áreas urbanas e rurais de município no Sul do Brasil: um estudo de base populacional. Cad Saúde Pública [Internet]. 2012 [citado 2017 dez. 04];28(1):104-14. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v28n1/11.pdf
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. Essa pequena diferença pode ter ocorrido pelo fato de que, no presente estudo, utilizou-se da mediana (devido à distribuição dos dados não ser de uma amostra normal), e nos outros estudos foi empregada a média do número de medicamentos utilizados por dia.

O tipo de medicamento mais prevalente neste estudo foram os que atuam no sistema cardiovascular. Esse resultado vai ao acordo da literatura, a qual demonstra que os medicamentos mais utilizados pelas pessoas idosas são os referentes às doenças cardiovasculares, por serem as enfermidades mais frequentes nessa população1818 Prince MJ, Wu F, Guo Y, Robledo LMG, O'Donnell M, Sullivan R, et al. The burden of disease in older people and implications for health policy and practice. Lancet. 2015;385(9967):549-62.. Apesar de não ser o foco do estudo, estima-se que esse resultado justifique-se pela presença de fatores de risco que contribuem para as doenças cardiovasculares em pessoas idosas, residentes em comunidades rurais, conforme evidenciado em estudos realizados na Índia1919 Joshi R, Taksande B, Kalantri SP, Jajoo UN, Gupta R. Prevalence of cardiovascular risk factors among rural population of elderly in Wardha district. J Cardiovas Dis Res [Internet]. 2013 [cited 2017 Dec 04];4(2):140-6. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3770113/
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, na China2020 Song A, Liang Y, Yan Z, Sun B, Cai C, Jiang H, et al. Highly prevalent and poorly controlled cardiovascular risk factors among Chinese elderly people living in the rural community. Eur J Prev Cardiol. 2014;21(10):1267-74.) e no Brasil44 Pinto AH, Lange C, Pastore CA, Llano PMP, Castro DP, Santos F. Functional capacity to perform activities of daily living among older persons living in rural areas registered in the Family Health Strategy. Cien Saude Coletiva [Internet]. 2016 [cited 2018 Mar 16];21(11): 3545-55. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232016001103545&script=sci_arttext&tlng=en
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Os resultados mostraram que as mulheres usam mais medicamentos, em comparação com os homens, apresentando prevalência 32% maior de uso. Estudo desenvolvido com pessoas idosas em área rural ratifica esse resultado, pois as mulheres apresentaram uma prevalência de uso 43% maior que a dos homens1111 Pizzol TSD, Pons ES, Hugo FN, Bozzetti MC, Sousa MLR, Hilgert JB. Uso de medicamentos entre idosos residentes em áreas urbanas e rurais de município no Sul do Brasil: um estudo de base populacional. Cad Saúde Pública [Internet]. 2012 [citado 2017 dez. 04];28(1):104-14. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v28n1/11.pdf
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. Esse comportamento das mulheres pode ser comprovado em outra pesquisa realizada em 628 comunidades, com 142.042 adultos, sobre consciência, tratamento e controle da hipertensão de homens e mulheres, na qual em todas as variáveis as taxas foram maiores para as mulheres em comparação aos homens2121 Chow CK, Teo KK, Rangarajan S, Islam S, Gupta R, Avezum A et al. Prevalence, awareness, treatment, and control of hypertension in rural and urban communities in high-, middle-, and low-income countries. JAMA. 2013;310(9):959-68. DOI: 10.1097/HJH.0000000000001326.
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Estudo realizado em São Paulo, sobre o uso de medicamentos potencialmente inapropriados para idosos, mostrou que o uso de medicação psicotrópica era maior em mulheres do que em homens2222 Baldoni AO, Ayres LR, Martinez EZ, Dewulf NL, Santos V, Pereira LR. Factors associated with potentially inappropriate medications use by the elderly according to Beers criteria 2003 and 2012. Int J Clin Pharm. 2014;36(2):316-24.. Esse estudo corrobora resultado encontrado nesta pesquisa, pois um dos tipos de medicamentos mais utilizados pelas mulheres foram para o sistema nervoso, a exemplo dos psicotrópicos2222 Baldoni AO, Ayres LR, Martinez EZ, Dewulf NL, Santos V, Pereira LR. Factors associated with potentially inappropriate medications use by the elderly according to Beers criteria 2003 and 2012. Int J Clin Pharm. 2014;36(2):316-24.. Estudo com trabalhadoras agrícolas em área rural no Brasil encontrou que mulheres com níveis moderados ou maiores de desconforto físico e frustração com o trabalho agrícola têm chances maiores de apresentar transtornos mentais1717 Cezar-Vaz MR, Bonow CA, Silva MRS. Mental and physical symptoms of female rural workers: relation between household and rural work. Int J Environ Res Public Health. 2015;12(9):11037-49.. Os transtornos mentais são os principais responsáveis pelo uso de medicamentos que atuam no sistema nervoso2323 Sidani MA, Reed BC, Steinbauer J. Geriatric care issues: an American and an international perspective. Prim Care. 2017;44(1):e15-36.. No caso do presente estudo, não se buscou medicamentos que tivessem efeitos secundários sobre o sistema nervoso, e sim que tivessem algum desfecho nesse sistema.

O uso de medicamentos para o sistema musculoesquelético também apresentou associação significativa com o sexo. O sexo feminino e a idade são fatores de risco para a osteoporose primária. O tratamento para osteoporose ou para as consequências dela (dores decorrentes de fraturas) está relacionado com o uso de medicamentos2424 Baccaro LF, Conde D, Costa-Paiva L, Pinto-Neto AM. The epidemiology and management of postmenopausal osteoporosis: a viewpoint from Brazil. Clin Interv Aging [Internet]. 2015 [cited 2017 Dec 04];10:583-91. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4374649/
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A presença de osteoporose pode influenciar diretamente o desenvolvimento de limitações de ações que exigem maior desenvoltura corporal, por exemplo, o trabalho na agricultura. Estudo na Etiópia, com 180 trabalhadoras rurais, demonstrou que as mulheres trabalham em média 26 horas por semana na agricultura, ou seja, apresentam alto envolvimento nesse trabalho2525 Harun ME. Women's workload and their role in agricultural production in Ambo district, Ethiopia. J Dev Agric Econ [Internet]. 2014 [cited 2017 Dec 04];6(8):356-62. Available from: http://www.academicjournals.org/article/article1405608226_Harun.pdf
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. Nesse sentido, segundo dados da pesquisa nacional por amostra de domicílio, apenas 18,9% das mulheres continuam trabalhando após os 60 anos. Entre os homens, 41,9% continuam trabalhando22 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios: síntese de indicadores [Internet]. Rio de Janeiro; 2015 [citado 2017 nov. 30]. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv98887.pdf
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Mulheres que trabalham na agricultura exercem o trabalho agrícola com menos recursos tecnológicos e infraestrutura que homens e também realizam dupla jornada, pois exercem atividades domésticas2525 Harun ME. Women's workload and their role in agricultural production in Ambo district, Ethiopia. J Dev Agric Econ [Internet]. 2014 [cited 2017 Dec 04];6(8):356-62. Available from: http://www.academicjournals.org/article/article1405608226_Harun.pdf
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, o que pode causar sobrecarga física e dores no sistema musculoesquelético. E isso pode ser ainda mais significativo nas mulheres idosas, que, em função do processo de envelhecimento, apresentam diminuição da massa óssea, perda de força muscular, redução da elasticidade dos ligamentos e desgaste de articulações, diminuindo a capacidade destes de manter suas funções normais, o que pode levar ao uso de mais medicamentos para esse sistema corporal2626 Melo ACF, Nakatani AYK, Pereira LV, Menezes RL, Pagotto V. Prevalência de doenças musculoesqueléticas autorreferidas segundo variáveis demográficas e de saúde: estudo transversal de idosos de Goiânia/GO. Cad Saúde Colet [Internet]. 2017 [citado 2017 dez. 04];25(2):138-43. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cadsc/v25n2/1414-462X-cadsc-25-2-138.pdf
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. O uso de medicamentos para amenizar a dor, como os relaxantes musculares, são inapropriados para a população idosa, em virtude do seu efeito sedativo2323 Sidani MA, Reed BC, Steinbauer J. Geriatric care issues: an American and an international perspective. Prim Care. 2017;44(1):e15-36..

Não houve associação estatisticamente significativa entre a idade (menor ou maior que 70 anos) e o uso de medicação, o número de medicamentos utilizados por dia e o tipo de medicamento utilizado, o que vai ao encontro ao descrito na literatura para pessoas idosas residentes em área rural1111 Pizzol TSD, Pons ES, Hugo FN, Bozzetti MC, Sousa MLR, Hilgert JB. Uso de medicamentos entre idosos residentes em áreas urbanas e rurais de município no Sul do Brasil: um estudo de base populacional. Cad Saúde Pública [Internet]. 2012 [citado 2017 dez. 04];28(1):104-14. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v28n1/11.pdf
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.

A carga de trabalho exigida pelas tarefas desenvolvidas na agricultura com o uso de medicação foi associada à demanda frustração. Pessoas idosas, com um grau a mais nessa demanda, apresentam aumento de 1% na probabilidade de usar medicação. A frustração está relacionada à motivação, à satisfação, ao desânimo e à irritação com o trabalho na agricultura. Apesar disso, acredita-se que o trabalho seja algo positivo para a saúde das pessoas idosas, pois estudos mostram que o trabalho para idosos de comunidade rural é um fator protetor contra um declínio nas atividades básicas e instrumentais da vida diária2727 Fugiwara Y, Shinkai S, Kobayashi E, Minami U, Suzuki H, Yoshida H, et al. Engagement in paid work as a protective predictor of basic activities of daily living disability in Japanese urban and rural community-dwelling elderly residents: an 8-year prospective study. Geriatr Gerontol Int. 2016;16(1):126-34..

Estudo realizado no Brasil com 259 agricultores de dois ambientes rurais refere que a realização de esforços repetitivos, seguida de levantamento de carga pesada e postura inadequada estão entre as principais cargas de trabalho identificadas por trabalhadores rurais2829 Rocha LP, Cezar-Vaz MR, Almeida MCV, Borges AM, Silva MR, Sena-Castanheira J. Workloads and occupational accidents in a rural environment. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2015 [cited 2017 Dec 06];24(2):325-35. Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v24n2/0104-0707-tce-24-02-00325.pdf
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. Neste sentido, embora as cargas de trabalho física, temporal, de desempenho e de esforço total não tenham apresentado associação com o uso de medicamentos, a associação delas pode acarretar sobrecarga física, principalmente para o sistema musculoesquelético, podendo, consequentemente, levar a um maior uso de medicamentos para esse sistema. Nas mulheres do presente estudo esse uso foi significativo, embora a associação com a carga de trabalho não tenha sido significativa.

A carga de trabalho mental (pensar, escolher, calcular e decidir) também não teve associação com o uso de medicamentos no estudo, e, no caso das mulheres, o uso de medicamentos para o sistema nervoso foi significativo não obstante a associação com a carga de trabalho não tenha sido significativa. Nesse sentido, o que chama atenção, mesmo sem a associação, é que existe uma sobrecarga mental, a qual necessita ser mais bem elucidada no que se refere aos fatores associados a ela, nesse grupo específico, o que poderia ser detalhado em outros estudos, pois a carga de trabalho mental, em outros estudos, é evidenciada como favorecedora de distúrbios mentais, como, por exemplo, ansiedade e estresse1616 Cezar-Vaz MR, Bonow CA, Almeida MCV, Sant'Anna CF, Cardoso LS. Workload and associated factors: a study in maritime port in Brazil. Rev Latino Am Enfermagem [Internet]. 2016 [cited 2017 Dec 04];24:e2837. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v24/0104-1169-rlae-24-02837.pdf
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.

Como limitação do estudo, entende-se que os dados apresentados não podem ser generalizados devido ao tamanho da amostra. Em relação aos fatores associados ao uso de medicamentos por pessoas idosas, residentes em área rural, o estudo explorou somente a relação entre uso, tipo e número de medicamentos para as variáveis sexo e idade, tendo em vista que os dados utilizados foram extraídos de um banco de uma pesquisa maior, e outras informações do perfil sociodemográfico e de saúde (como a funcionalidade e as doenças crônicas) da amostra já foram exploradas em outras publicações.

Conhecer a prevalência de uso de medicamentos, os fatores associados e a relação entre a carga de trabalho e esse uso pode facilitar o desenvolvimento de ações, como acompanhamento grupal e no âmbito particular e familiar, em colaboração com a equipe da atenção básica em saúde, por meio de ações interdisciplinares, para avaliação detalhada do uso de medicamentos, efeitos, benefícios e possíveis complementos de diminuição ou troca por outras alternativas, movimento este caracterizado por um processo dinâmico e contínuo.

Apresentam-se evidências científicas de que os resultados encontrados se constituem em uma questão de saúde pública e, por isso, devem ser discutidos pela Enfermagem, a fim de aprimorar o conhecimento específico para a atenção às pessoas idosas e aos trabalhadores rurais, como a questão do uso de medicamentos associado ao sexo feminino e a frustração com o trabalho. Dessa forma, propõe-se realizar estudos posteriores, mediante integração de estudo de intervenção sobre a saúde socioambiental de trabalhadores e a saúde das pessoas idosas.

CONCLUSÃO

A prevalência de uso de medicamentos foi de 70,5%, e os mais utilizados foram os que atuam no sistema cardiovascular. As mulheres apresentaram uma prevalência de uso 32% maior que a dos homens, e, após os medicamentos para o sistema cardiovascular, os que elas mais utilizaram foram os para o sistema nervoso e musculoesquelético. Além disso, evidenciou-se que, mesmo que baixa (1%), há probabilidade de a carga de trabalho na agricultura contribuir para o aumento do uso de medicamentos por pessoas idosas.

Desse modo, a carga do trabalho rural desenvolvida por idosos deve ser considerada como associada ao aumento do uso de medicamentos. Sendo assim, conhecer quais demandas (mental, física, temporal, de desempenho, de esforço total e de frustração) contribuem mais para o aumento da carga de trabalho pode possibilitar o desenvolvimento de intervenções em saúde, a fim de reduzir, quando possível, o uso de medicações. No caso do presente estudo, a exigência física apresentou maior média nos idosos que usam medicações, e o nível de frustração com as tarefas do trabalho rural foi associada ao maior uso de medicamentos. Nessa perspectiva, devem ser consideradas estratégias que visem reduzir a carga física e mental do trabalho rural, por meio de investimentos em políticas públicas que possibilitem aos idosos reduzir o trabalho rural para subsistência e, assim, reduzir a carga de trabalho.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Dez 2018
  • Data do Fascículo
    2018

Histórico

  • Recebido
    06 Dez 2017
  • Aceito
    03 Maio 2018
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