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Representações sociais de adolescentes sobre sexualidade na internet* * Extraído da tese “Representações sociais de adolescentes sobre sexualidades nas mídias virtuais”, Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2020.

RESUMO

Objetivo:

Apreender as representações sociais de adolescentes acerca da sexualidade na internet.

Método:

Pesquisa qualitativa, fundamentada na abordagem estrutural da Teoria das Representações Sociais, com adolescentes usuários das mídias virtuais e que são estudantes de dois colégios estaduais. Foi utilizado o teste de associação livre de palavras, cujos dados foram processados pelo software Evoc® 2005 e analisados à luz da referida teoria.

Resultados:

Participaram da pesquisa 124 adolescentes. Os termos pornografia, sexting e violência compuseram o núcleo central da representação, sinalizando dimensões valorativas, imagéticas e práticas do objeto investigado. A análise de similitude confirmou a centralidade do elemento violência, e acrescentou namoro virtual e pedofilia.

Conclusão:

As representações sociais dos adolescentes apontam para ausência de segurança no ambiente virtual quanto ao exercício da sexualidade, predominando as dimensões valorativas e negativas, que se distanciam do que é estabelecido como direitos sexuais, dado que os adolescentes têm o direito de viver e expressar livremente a sexualidade.

DESCRITORES
Adolescente; Sexualidade; Internet; Rede Social; Enfermagem Pediátrica

ABSTRACT

Objective:

To apprehend the social representations of adolescents about sexuality on the internet.

Method:

Qualitative research, based on the structural approach on the Theory of Social Representations, with adolescents who are users of virtual media and who are students of two state schools. The free word association test was used, whose data were processed by the Evoc® 2005 software and analyzed in the light of the aforementioned theory.

Results:

A total of 124 adolescents participated in the research. The terms pornography, sexting and violence made up the central nucleus of the representation, signaling the valuation, image and practice dimensions of the investigated object. The similarity analysis confirmed the centrality of the violence element and added virtual dating and pedophilia.

Conclusion:

The social representations of adolescents point to the lack of security in the virtual environment regarding the exercise of sexuality, with predominant values and negative dimensions, which distance themselves from what is established as sexual rights, since adolescents have the right to live and express their sexuality freely.

DESCRIPTORES
Adolescente; Sexualidad; Internet; Red Social; Enfermería Pediátrica

RESUMEN

Objetivo:

Aprehender las representaciones sociales de adolescentes sobre la sexualidad en la internet.

Método:

Es una investigación cualitativa, basada en el enfoque estructural de la Teoría de las Representaciones Sociales, realizada con adolescentes usuarios de medios virtuales y alumnos de dos colegios públicos. Se utilizó la prueba de asociación libre de palabras, cuyos datos fueron procesados por el software Evoc® 2005 y analizados a la luz de esa teoría.

Resultados:

Participaron en la investigación 124 adolescentes. Los términos pornografía, sexteo y violencia constituyeron el núcleo central de la representación y se percibieron dimensiones valorativas mediante imágenes y prácticas del objeto investigado. El análisis de similitud confirmó la centralidad del elemento violencia, y agregó relación virtual y pedofilia.

Conclusión:

Las representaciones sociales de los adolescentes señalan una falta de seguridad en el entorno virtual respecto al ejercicio de la sexualidad, con predominio de las dimensiones valorativas y negativas que se alejan de lo establecido como derechos sexuales, ya que los susodichos tienen derecho a vivir y a expresar su sexualidad libremente.

DESCRIPTORES
Adolescente; Sexualidad; Internet; Red Social; Enfermería Pediátrica

INTRODUÇÃO

A adolescência é uma das fases da vida que, de acordo com Organização Mundial de Saúde (OMS), abarca a faixa etária de 10 a 19 anos. Em se tratando dos programas nacionais, essa etapa da vida é compreendida pela faixa etária de 12 a 18 anos de idade, conforme estabelecido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)(11. Santos GS, Tavares CMM, Ferreira RE, Pereira CSF. Rede social e virtual de apoio ao adolescente que convive com doença crônica: uma revisão integrativa. Aquichan. 2015;15(1):60-74. https://doi.org/10.5294/aqui.2015.15.1.7
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). Além disso, ocorrem modificações de natureza física e psicoemocional, com destaque à eclosão hormonal sexual atuante na evolução da maturidade sexual e desenvolvimento de caracteres sexuais secundários masculinos e femininos(11. Santos GS, Tavares CMM, Ferreira RE, Pereira CSF. Rede social e virtual de apoio ao adolescente que convive com doença crônica: uma revisão integrativa. Aquichan. 2015;15(1):60-74. https://doi.org/10.5294/aqui.2015.15.1.7
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).

A construção da sexualidade é individual e coletiva, porque ela é expressa e influenciada pelo contexto em que o adolescente vive. Para a OMS, a sexualidade está definida como um eixo central do ser humano, que tem seu início no nascimento e o acompanha ao longo da vida, portanto, não está limitada ao sexo, erotismo, prazer ou intimidade, mas engloba identidades e papéis de gênero, orientação sexual, reprodução e as diversas formas da sexualidade a ser vivida e expressa, tais como pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas, papéis e relacionamentos(22. World Health Organization. Sexual health, human rights and the law. Geneva: WHO; 2015.).

Pensar sobre sexualidade na adolescência demanda um olhar a uma série de interações entre fatores biológico, social, psicológico, político, ético, religioso, histórico, espiritual, legal e cultural. Para os adolescentes da atualidade, o telefone celular se tornou o principal dispositivo para ficar conectado à internet, fazer contatos com pessoas à longa distância, buscar informações em saúde e realizar outras atividades que os colocam em risco por serem amplamente vulneráveis, apesar da vigilância dos pais e da materialização dos direitos das crianças e dos adolescentes, que foram estabelecidas no ECA(33. Neumann DBC, Missel RJ. Família digital: a influência da tecnologia nas relações entre pais e filhos adolescentes. Pensando Fam [Internet]. 2019 [cited 2020 Jun. 15];23(2):75-91. Available from: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/penf/v23n2/v23n2a07.pdf
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).

Considerando esse espaço virtual como um ambiente no qual os adolescentes expressam e conhecem outras sexualidades, têm sido desenvolvidas pesquisas sobre as mudanças que a internet introduz no cotidiano dos indivíduos e sobre as consequências psicológicas e sociais decorrentes dessas mudanças, tendo em vista a preocupação com a melhora nas condições de saúde sexual desse grupo populacional(44. Handschuh C, La Cross A, Smaldone A. Is sexting associated with sexual behaviors during adolescence? A Systematic literature review and meta-analysis. J Midwifery Womens Health. 2019;64(1):88-97. https://doi.org/10.1111/jmwh.12923
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55. Ferreira EZ, Oliveira AMN, Medeiros SP, Gomes GC, Cezar-Vaz MR, Ávila JA. Internet influence on the biopsychosocial health of adolescents: an integrative review. Rev Bras Enferm. 2020;73(2):e20180766. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0766
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).

No que tange a abordagem da saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes na atenção primária, esta é feita por profissionais enfermeiros, predominantemente focada nas questões biológicas, no uso do preservativo e de métodos contraceptivos, gravidez precoce, infecções sexualmente transmissíveis, entre outros. O que acarreta no distanciamento do exercício da sexualidade, do autocuidado e questões psicológicas e socioculturais(66. Sehnem DG, Crespo TTB, Lipinski MJ, Ribeiro CA, Wilhelm AL, Arboit J. Saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes: percepções dos profissionais em enfermagem. Av Enferm. 2019;37(3):343-52. http://doi.org/10.15446/av.enferm.v37n3.78933
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). No entanto, cabe mencionar que a enfermagem tem se esforçado em fazer uso da internet e redes sociais como uma ferramenta relevante para várias tarefas diárias que envolvem o ensino, a pesquisa e a assistência(77. Mesquita AC, Zamarioli CM, Fulquini FL, Carvalho EC, Angerami ELS. Social networks in nursing work processes: an integrative literature review. Rev Esc Enferm USP. 2017;51:e03219. http://dx.doi.org/10.1590/S1980-220X2016021603219
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).

Contudo, a acessibilidade aos mais variados conteúdos virtuais ligados à sexualidade chama a atenção para a pesquisa, uma vez que ainda não são claras as implicações do uso da internet nos comportamentos sociais e sexuais dos adolescentes. Dessa forma, torna-se urgente explorar os sentidos atribuídos pelos adolescentes à sexualidade nas mídias virtuais, tendo em vista que as representações sociais reverberam em práticas, condutas e implementação de políticas.

À vista disso, surgiu o seguinte questionamento: como os adolescentes representam a sexualidade nas mídias sociais virtuais? As representações sociais são uma construção sociocultural cujos conteúdos são influenciados pelos processos emergentes na sociedade moderna, que influenciam a realidade, seus pensamentos e atitudes(88. Moscovici S. A psicanálise, sua imagem e seu público. Petrópolis: Vozes; 2012.). Apropriando-se do suporte teórico e metodológico da Teoria das Representações Sociais, o objetivo do estudo foi apreender as representações sociais de adolescentes acerca da sexualidade na internet.

MÉTODO

Tipo de Estudo

Trata-se de estudo qualitativo, descritivo, pautado na abordagem estrutural da teoria das representações sociais, conforme proposto por Celso Sá(99. Sá CP. Núcleo central das representações sociais. 2a ed. Petrópolis: Vozes; 2002.). As representações sociais são um conjunto de conceitos, proposições e explicações que se origina na vida cotidiana por meio das comunicações interpessoais. A estrutura das representações sociais se configura ao longo das dimensões da informação que organiza o conhecimento, do campo de representação que remete à ideia de imagem ou conteúdo concreto acerca de um aspecto preciso do objeto de representação, e da atitude que, por sua vez, focaliza a orientação global em relação ao objeto de representação social(99. Sá CP. Núcleo central das representações sociais. 2a ed. Petrópolis: Vozes; 2002.).

Cenário

O estudo desenvolvido envolveu duas instituições com perfis distintos de ensino em nível médio, estadual e localizadas na cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil. Nesses campos de pesquisa são desenvolvidas atividades educativas em saúde sexual e reprodutiva, por meio de um projeto de extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro, há nove anos.

Definição da amostra

A amostra por conveniência foi composta por 124 adolescentes, constituído mediante os seguintes critérios: compreender a faixa etária de 14 a 19 anos, consoante à segunda fase da adolescência definida pela Organização Mundial da Saúde(1010. Azevedo AEBI, Reato LFN. Manual de adolescência. Barueri: Manole; 2019.); estar regularmente matriculados nas instituição pesquisada; serem usuários da internet e ter no mínimo uma conta ativa em alguma mídia social virtual.

Quanto à quantidade de participantes, a mesma foi estabelecida considerando a recomendação de ser composta com cerca de 100 ou 200 indivíduos, que permite estimativas mais confiáveis das ocorrências do fenômeno na população(1111. Wachelke J, Wolter R. Critérios de construção e relato da análise prototípica para representações sociais. Psic Teor Pesq. 2011;24(4):521-6. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722011000400017
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). Para isso, foram contatados 300 adolescentes, 182 aceitaram participar da pesquisa, mas 58 adolescentes descontinuaram, o que consistiu no quantitativo de 124 participantes.

Coleta de dados

Os dados foram coletados no período de junho de 2017 a outubro de 2018, por meio da aplicação do Teste de Associação Livre de Palavras (TALP), que busca acessar a organização e a estrutura da representação social investigada. O TALP é uma técnica para coletar os elementos constitutivos do conteúdo de uma representação, frequentemente essa técnica é empregada na abordagem estrutural e consiste em pedir aos participantes que, a partir de um termo indutor, digam palavras que lhes venham imediatamente à lembrança(99. Sá CP. Núcleo central das representações sociais. 2a ed. Petrópolis: Vozes; 2002.,1212. Silva ICN, Santos MVS, Campos LCM, Silva DO, Porcino CA, Oliveira JF. Social representations of health care by homeless people. Rev Esc Enferm USP. 2018;52:e03314. http://dx.doi.org/10.1590/S1980-220X2017023703314
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).

A realização do TALP se deu com os estudantes que estavam nas salas de aulas ou pátios dos colégios, mas ambas as circunstâncias tinham em comum o horário vago, no qual foi entregue um instrumento com duas seções: a primeira destinava-se aos dados de identificação e caracterização dos participantes, já a segunda correspondia ao teste, propriamente dito, com os adolescentes.

Foi solicitado aos adolescentes que estes escrevessem no instrumento somente as três primeiras palavras que pensavam assim que ouviam o termo indutor “Sexualidade na internet”. A definição do termo indutor ocorreu após realização de teste piloto com o termo sexualidade nas mídias sociais, o qual era desconhecido pelos adolescentes.

Análise e tratamento dos dados

Realizou-se leitura do corpus obtido, unificaram-se formas singular/plural, masculino/feminino, e procedeu-se com a agregação dos sinônimos, com base nas evocações de maior frequência dos adolescentes, de forma a equilibrar o material.

Posteriormente, a análise das evocações se deu com o uso do processamento do corpus no software EVOC® 2005, que auxilia no cálculo da ordem média de evocação de cada palavra, bem como a média das ordens em que ela fora evocada pelos diversos participantes. A combinação da frequência de evocação e a ordem média de evocação de cada palavra possibilita o levantamento daquelas que pertencem ao núcleo central da representação social e a interseção da frequência média de evocação do conjunto inteiro de palavras com a média de suas respectivas ordens médias de evocação, que definem quatro quadrantes com diferentes graus de evidências(99. Sá CP. Núcleo central das representações sociais. 2a ed. Petrópolis: Vozes; 2002.).

Outro indicador de saliência do núcleo central se trata da grande quantidade de conexões que um elemento mantém com outros elementos da representação, a análise desses dados conta com a técnica chamada de análise de similitude, cujo tratamento dos dados leva a três tipos de estruturação: a estrela, o triangulo e o círculo. Dessa forma, a estrela surge quando uma cognição se liga com pelo menos outras cinco, o que evidencia a existência de um elemento organizador central, enquanto o triângulo se liga com três cognições, duas a duas, e o círculo com mais de três cognições, cujas ligações têm início em um elemento passando por outros e findando no ponto inicial configurando a formação circular(99. Sá CP. Núcleo central das representações sociais. 2a ed. Petrópolis: Vozes; 2002.).

Aspectos éticos

O estudo atendeu às normas nacionais e internacionais de ética em pesquisa envolvendo seres humanos, pois possui aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem Anna Nery, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob o Parecer n.º 1.920.489/2017, e está em conformidade com a Resolução n° 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde(1313. Brasil. Ministério da Saúde; Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 466, de 12 de dezembro de 2012. Dispõe sobre diretrizes e normas de pesquisas envolvendo seres humanos [Internet]. Brasília; 2012 [cited 2019 Nov. 06]. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0466_12_12_2012.html
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis...
). Os adolescentes receberam orientações sobre a pesquisa e documentos necessários para sua participação, sendo entregues presencialmente o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE) e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), os quais foram assinados e devolvidos via WhatsApp, como estratégia de valorização ao contexto do adolescente da era digital.

RESULTADOS

Participaram do estudo 124 adolescentes, sendo: 83 (66,9%) do sexo feminino e 41 (33,1%) do sexo masculino; com idade de 17 a 18 anos, 63 (50,8%); seguido da faixa de 15 a 16 anos, com 61 (49,2%); estudantes do primeiro ano, 74 (59,7%); segundo ano, 20 (16,1%); terceiro ano do ensino médio, com 30 (24,2%).

Quanto ao início da vida sexual, 43 (51,8%) das meninas responderam afirmativamente para o quesito sexarca, sendo que este evento aconteceu predominantemente na faixa de 15 a 16 anos de idade, que totalizou 29 (34,9%). Quanto à sexarca entre os meninos, 32 (78,0%) já haviam iniciado a vida sexual, e para a maioria deles a faixa etária desse acontecimento foi entre 14 e 15 anos de idade, sendo 13 (31,6%).

Os adolescentes preferem acessar a internet da própria residência 120 (96,8%), pelo celular 117 (94,4%) e todos os dias da semana 118 (95,2%). Em relação a busca ou compartilhamento de conteúdo relacionados à sexualidade, 77 (62,1%) acessam para essa finalidade, cujas atividades virtuais envolvem pesquisas sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST ) corresponde a 54 (43,54%), buscas por conteúdos sexuais ou pornográficos somam 26 (21%) e a prática do Sexting com 17 (13,7%).

Em resposta ao estímulo indutor ‘sexualidade na internet’ os adolescentes evocaram 370 palavras. A construção do Quadro de Quatro Casas (Quadro 1) se deu a partir da frequência média das palavras (18) e a OME (2). A distribuição dos termos nos quadrantes possibilitou a análise da estrutura e dos conteúdos da representação, formada pelo núcleo central, elementos periféricos e zona de contraste.

Considerando as premissas da abordagem estrutural, os elementos que obtiveram maior frequência e menor ordem média de evocação encontram-se no quadrante superior esquerdo, denominado núcleo central. Na presente pesquisa, o núcleo central foi constituído pelos termos ‘Pornografia’, ‘Sexting’ e ‘Violência’, por terem frequência mais elevada e por serem prontamente evocados.

O quadrante superior direito destina-se aos elementos periféricos da representação em função de apresentarem as maiores frequências e evocações tardias, sendo denominado primeira periferia(99. Sá CP. Núcleo central das representações sociais. 2a ed. Petrópolis: Vozes; 2002.). No quadrante inferior esquerdo, que é denominado de zona de contraste, são encontrados os elementos com baixa frequência e prontamente evocados, composto pelos elementos: ‘Fake’, ‘Foto’, ‘Desigualdade-Gênero’, ‘IST’, ‘Imoral’, ‘Liberdade’, ‘Morte’, ‘Pedofilia’, ‘Personagem’ e ‘Preconceito’, aspectos esses que reforçam os elementos dispostos no núcleo central.

Quadro 1
Distribuição dos elementos, segundo frequência de evocação e ordem média de evocação dos adolescentes sobre sexualidade na internet – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2019.

As palavras localizadas no quadrante inferior direito são aquelas com menores frequências de evocação e evocadas mais tardiamente, compondo os elementos da segunda periferia da representação. Os elementos ‘Respeito’, ‘Homossexualidade’, ‘Confiança’, ‘Namoro-virtual’, ‘Desrespeito’, ‘Criança’, ‘Gravidez-indesejada’, ‘IST’, ‘Twitter’, ‘Exposição’, ‘Vídeo’, ‘Perigo’, ‘Privacidade’, ‘Informação’ e ‘Sexo on-line’ compõem o espaço de representação da sexualidade na internet. Em determinados contextos, elementos presentes nas periferias da representação podem ser considerados centrais, diante das altas frequências com que foram evocados. Nesse sentido, de forma complementar, a árvore máxima vem sendo admitida como um segundo indicador de centralidade devido à grande quantidade de laços que um elemento mantém com outros da representação, além da saliência(99. Sá CP. Núcleo central das representações sociais. 2a ed. Petrópolis: Vozes; 2002.).

A análise da conexidade dos elementos evocados, apresentada na árvore de similitude (Figura 1), apoia essa hipótese.

Figura 1
Árvore de similitude das evocações de adolescentes sobre sexualidade na internet – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2019.

A leitura cognitiva da árvore de similitude permite observar que ‘Violência’, ‘Pedofilia’ e ‘Namoro-virtual’ são elementos com características de centralidade, pois têm conexidade com um maior número de outros elementos e formando estrelas, isto é, estruturas radiadas com ligação mínima com outros cinco elementos.

A Primeira formação estrelar a partir do termo ‘Violência’ é composta pelos elementos ‘Morte’, ‘Perigo’, ‘Namoro virtual’, ‘Gravidez indesejada’ e ‘Confiança’. A segunda formação estrelar tem início no elemento ‘Namoro virtual’, sendo articulado com os termos ‘Informação’, ‘Sexo on-line’, ‘Violência’, ‘IST’ e ‘Twitter’. A terceira formação estrelar iniciada no elemento ‘Pedofilia’ está articulado com os termos ‘Fake’, ‘Criança’, ‘Desrespeito’, ‘Exposição’ e ‘Perigo’.

Para os adolescentes, os elementos da terceira formação estrelar correspondem a uma pesada carga de julgamento e um valor negativo que rodeiam a sexualidade na Internet. Essa dimensão valorativa é tão significativa para os participantes que além da formação estrelar surgiu a seguinte triangulação: ‘Pedofilia’, ‘Desrespeito’ e ‘Exposição’.

Ainda é possível notar a formação de outra ligação triangular composta pelos elementos ‘Desigualdade de Gênero’, ‘Preconceito’ e ‘Respeito’. Além disso, observam-se duas ligações circulares, uma composta pelos seguintes elementos: ‘Sexting’, ‘Confiança’, ‘Violência’, ‘Morte’, ‘Preconceito’, ‘Desigualdade de Gênero’ e ‘Sexo on-line’; já a outra composta pelos elementos: ‘Violência’, ‘Gravidez indesejada’, ‘IST’, ‘Namoro virtual’, ‘Sexo on-line’, ‘Desigualdade de Gênero’, ‘Preconceito’ e ‘Morte’.

DISCUSSÃO

O estudo de uma representação pressupõe investigar o que pensam, por que pensam e como pensam os indivíduos. Nesse caso, “as representações sociais são entidades quase tangíveis; circulam, se cruzam e se cristalizam continuamente através da fala, do gesto, do encontro no universo cotidiano”(88. Moscovici S. A psicanálise, sua imagem e seu público. Petrópolis: Vozes; 2012.).

Toda representação está organizada em torno de um núcleo central que é seu elemento fundamental e é ele quem determina sua significação e sua organização. O núcleo central tem a função de criar um significado, atribuir sentido e valor aos elementos constitutivos da representação, além disso, unifica e estabiliza a representação por ser considerado como a parte mais estável, com menor possibilidades de mudanças(99. Sá CP. Núcleo central das representações sociais. 2a ed. Petrópolis: Vozes; 2002.).

Segundo os princípios da abordagem estrutural da Teoria das Representações Sociais, as palavras dispostas no quadrante superior esquerdo caracterizam o possível núcleo central da representação(99. Sá CP. Núcleo central das representações sociais. 2a ed. Petrópolis: Vozes; 2002.). O primeiro elemento presente nesse quadrante, ‘Pornografia’, tem uma dimensão valorativa, ou seja, nas representações sociais o expressar de um valor simbólico é uma maneira que o sujeito encontra de compreender o objeto(1414. Moscovici S. representações sociais: investigações em psicologia social. 11a ed. Petrópoles: Vozes; 2015.).

Esta dimensão é provavelmente marcada por fatores ideológicos e históricos que correspondem ao registro normativo das cognições, uma vez que a pornografia sempre existiu, no entanto, a internet mudou sua forma de consumo, tornando-se um reduto de conteúdos pornográficos privilegiados, proporcionando vantagens e facilitações ao seu acesso(1515. Peter J, Valkenburg PM. Adolescents and pornography: a review of 20 years of research. J Sex Res. 2016;53(4-5):509-31. https://doi.org/10.1080/00224499.2016.1143441
https://doi.org/10.1080/00224499.2016.11...
). Apesar do aumento no consumo da pornografia na internet e seu papel no desenvolvimento da sexualidade, pesquisadores reforçam os efeitos negativo da pornografia por meio de propagação de comportamentos violentos, idealizações ou vícios sexuais que confundem os relacionamentos amorosos dos adolescentes(1616. Baumel CPC, Silva POM, Guerra VM, Garcia A, Trindade ZA. Atitudes de jovens frente à pornografia e suas consequências. Psico USF. 2019;24(1):131-44. http://dx.doi.org/10.1590/1413-82712019240111
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).

O segundo termo mais evocado foi ‘Sexting’. O elemento Sexting tem uma dimensão prática e imagética por ter relação direta com as práticas sociais que os participantes desenvolvem em relação ao objeto. É importante compreender o Sexting como elemento que tem feito parte dos relacionamentos e interações em ambientes digitais dos adolescentes, motivados pela curiosidade, pela busca de vínculos com seus pares e como parte do desenvolvimento sexual(1616. Baumel CPC, Silva POM, Guerra VM, Garcia A, Trindade ZA. Atitudes de jovens frente à pornografia e suas consequências. Psico USF. 2019;24(1):131-44. http://dx.doi.org/10.1590/1413-82712019240111
http://dx.doi.org/10.1590/1413-827120192...
).

A prática do Sexting permite-nos evidenciar a constituição de outros modos de viver a sexualidade, encontrando nas tecnologias os espaços promotores e influenciadores desses comportamentos sexuais. Contudo, esse fenômeno tem duas faces que não podem ser ignoradas, uma delas envolve a fantasia, os desejos e o prazer; enquanto a outra envolve riscos/vulnerabilidades e as consequências de um compartilhamento sem consentimento, que foge do controle dos pais e até mesmo do próprio adolescente(44. Handschuh C, La Cross A, Smaldone A. Is sexting associated with sexual behaviors during adolescence? A Systematic literature review and meta-analysis. J Midwifery Womens Health. 2019;64(1):88-97. https://doi.org/10.1111/jmwh.12923
https://doi.org/10.1111/jmwh.12923...
).

O termo Sexting surgiu inicialmente como sendo um possível elemento do Núcleo Central. No entanto, na árvore de similitude faz parte de um círculo e está ligado com as palavras ‘Confiança’, ‘Violência’, ‘Morte’, ‘Preconceito’, ‘Desigualdade de Gênero’ e ‘Sexo on-line’, reforçando um aspecto negativo da sexualidade na internet. Muitos adolescentes que praticam o ‘Sexting’ não têm a clareza dos riscos inerentes ao envio de fotografias ou vídeos pessoais com conteúdos sexuais, pois a grande parte se fundamenta na ‘Confiança’ como fator essencial para trocas desses materiais.

Os achados revelam que o Sexting faz parte da representação da sexualidade na internet pelo adolescente. Uma meta-análise revelou que essa prática é prevalente entre os adolescentes, sendo motivo de preocupações por conduzi-los a situações de violência sexual on-line e/ou off-line, o que implica em diversos impactos, tais como humilhação, vergonha, preconceito, desigualdade de gênero e desespero, ao ponto de pensar em morte e tentativa de suicídio(44. Handschuh C, La Cross A, Smaldone A. Is sexting associated with sexual behaviors during adolescence? A Systematic literature review and meta-analysis. J Midwifery Womens Health. 2019;64(1):88-97. https://doi.org/10.1111/jmwh.12923
https://doi.org/10.1111/jmwh.12923...
,1717. Alonso-Ruido P, Rodrígues-Castro Y, Lameiras-Fernández M, Martínez-Román R. El sexting a través del discurso de adolescentes españoles. Saude Soc. 2018;27(2):398-409. http://dx.doi.org/10.1590/s0104-12902018171835
http://dx.doi.org/10.1590/s0104-12902018...
). Assim sendo, é extremamente importante disponibilizar e envolver esse grupo populacional com orientações sobre a prática do sexting e suas consequências, sua saúde sexual e o uso de mídia social no contexto da sexualidade(44. Handschuh C, La Cross A, Smaldone A. Is sexting associated with sexual behaviors during adolescence? A Systematic literature review and meta-analysis. J Midwifery Womens Health. 2019;64(1):88-97. https://doi.org/10.1111/jmwh.12923
https://doi.org/10.1111/jmwh.12923...
).

A palavra ‘Violência’ apresentou a terceira maior constância entre os participantes durante a abordagem estrutural. Este elemento traz consigo a ideia de perigo que parece emergir quando o adolescente perde a privacidade no ambiente virtual, seja pela disseminação não consentida de imagens íntimas ou por outros tipos de violência, que resultam em comportamentos criminosos como o Grooming, cyberbulling e Revenge Porn(1818. Flach RMD, Deslandes SF. Cyber dating abuse in affective and sexual relationships: a literature review. Cad Saúde Pública. 2017;33(7): 1-18. http://dx.doi.org/10.15090/0102-311x00138516
http://dx.doi.org/10.15090/0102-311x0013...
).

Devido à facilidade de fotografar e fazer filmagens, assim como o compartilhamento desses materiais, nasce uma nova forma de violência. Para exemplo disso tem-se no sexting um potencial para gerar a violência virtual, pois é predominantemente uma prática consensual, todavia, sua postagem não consentida constitui, bem como a forma de revenge porn(1919. Céron MA, Eisman LB, Palomares FF. Grooming, cyberbullying and sexting in Chile according of sex and school management or administrative dependency. Rev Chil Pediatr. 2018;89(3):352-60. https://doi.org/10.4067/S0370-41062018005000201
https://doi.org/10.4067/S0370-4106201800...
2020. Souza L, Lordello SRM. Sexting and gender violence among young people: an integrative literature review. Psic Teor Pesq. 2020;36:e3644. https://doi.org/10.1590/0102.3772e3644
https://doi.org/10.1590/0102.3772e3644...
), um tipo de abuso digital nas relações afetivo-sexuais que foi reconhecida pelos adolescentes, assertiva confirmada pela análise de similitude.

Na árvore de similitude, ‘Violência’ é um elemento central com maior conexidade com os outros elementos e integra a formação circular ‘Violência’, ‘Gravidez indesejada’, ‘IST’, ‘Namoro virtual’, ‘Sexo on-line’, ‘Desigualdade Gênero’, ‘Preconceito’ e ‘Morte’. A Violência tem proximidade com ‘Namoro virtual’, pois muitos adolescentes utilizam a internet para esse tipo de relacionamento. No entanto, eles reconhecem que a quebra de ‘Confiança’ pode trazer situações de ‘Perigo’, que vai desde uma ‘Gravidez indesejada’ até a ‘Morte’, por isso observa-se a constituição desse agrupamento.

Para os participantes do estudo a ‘Gravidez indesejada’ se liga à ‘Violência’ tanto como consequência do ato sexual sem consentimento e sem proteção, mas também pela maneira como essa situação pode abalar a vida do adolescente, alterando sua perspectiva de futuro e expondo-o a julgamentos e críticas de familiares e amigos, também representadas nas evocações preconceito, desigualdade de gênero e morte da fase da adolescência para a fase adulta(2020. Souza L, Lordello SRM. Sexting and gender violence among young people: an integrative literature review. Psic Teor Pesq. 2020;36:e3644. https://doi.org/10.1590/0102.3772e3644
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).

Na segunda periferia, o ‘Twitter’ traz consigo a ideia da principal mídia para o ‘Namoro virtual’ e compartilhamento de ‘Vídeo’ sobre ‘Sexo on-line’. No entanto, o ‘Respeito’ e a ‘Confiança’ são essenciais entre os pares para a manutenção da ‘Privacidade’. A partir do momento que ocorre o ‘Desrespeito’, como a quebra da confiança e dos acordos feitos, tem-se como consequência negativa a ‘Exposição’ de arquivos pessoais sem o consentimento. Esses termos parecem complementar a análise representacional feita no Núcleo Central.

Embora o risco da divulgação e ‘Exposição’ se façam presentes, é a ‘Confiança’ que favorece a troca de conteúdos sexuais, ‘Vídeos’ ou fotos pessoais, por meio tecnológicos e mídias virtuais(2121. Moreira LR, Dumith SC, Paludo SS. Condom use in last sexual intercourse among undergraduate students: how many are using them and who are they? Ciênc Saúde Coletiva. 2018;23(4):1255-66. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018234.16492016
http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320182...
). As evocações das palavras ‘Criança’ e ‘Homossexual’ são consideradas, pelos participantes deste estudo, como grupos populacionais de maior vulnerabilidade ao ‘Perigo’ no espaço virtual, referente a temática Sexualidade na Internet.

A criança parece ter sido referenciada como um dos grupos de maior risco virtual, isso ocorreu pela sua ingenuidade e até imaturidade, por dificilmente saber distinguir o limite entre o público e privado, entre o verdadeiro e o falso, muito menos quem realmente está por detrás da tela do celular ou computador e como denunciar(2222. Gewirtz-Meydan A, Mitchell KJ, Rothman EF. What do kids think about sexting? Comput Hum Behav. 2018;86:256-65. https://doi.org/10.1016/j.chb.2018.04.007
https://doi.org/10.1016/j.chb.2018.04.00...
).

Em relação ao elemento homossexual, trata-se de um grupo de pessoas que vem sofrendo críticas, xingamentos e até mesmo violências com alto grau de agressividade, principalmente na internet, o que sugere, para os participantes, serem entendidos como um dos grupos vulneráveis aos perigos do mundo virtual. A ligação triangular ‘Gênero’, ‘Preconceito’ e ‘Respeito’ reflete o senso comum da nossa sociedade, principalmente quando essas questões estão relacionadas aos grupos vulneráveis e minoritários no contexto da sexualidade(2323. Oliveira RNG, Fonseca RMGS. Love and violence at play: revealing the affective-sexual relations between young people using he gender lens. Interface (Botucatu). 2019;23:e180354. https://doi.org/10.1590/interface.180354
https://doi.org/10.1590/interface.180354...
).

A ‘Informação’ está ligada ao cotidiano de prática desses adolescentes, quando buscam conhecimentos sobre temas relacionados às questões de saúde sexual e de saúde reprodutiva. No entanto, deve-se pontuar o cuidado a ser adotado para encontrar informações fidedignas sobre saúde sexual e saúde reprodutiva para, desse modo, efetivamente orientar os adolescentes sobre sexualidade, afetividade e riscos(2424. Faria CAM, Santos JS, Maia MAC, Moura JP, Carmo TMD, Andrade RD. Conhecendo as práticas sexuais de adolescentes alunos de escolas públicas em município de Minas Gerais. Rev Atenas Higeia [Internet]. 2019 [cited 2020 Mar. 2];1(2):46-3. Available from: http://www.atenas.edu.br/revista/index.php/higeia/article/view/28
http://www.atenas.edu.br/revista/index.p...
). Dentre as temáticas mais recorrentes, quando se fala da sexualidade na adolescência, estão: gravidez não planejada, abortos inseguros e aumento dos índices de IST/Aids nesse grupo populacional, o que pode explicar os termos evocados ‘IST’ e ‘Gravidez indesejada’(1010. Azevedo AEBI, Reato LFN. Manual de adolescência. Barueri: Manole; 2019.).

Por sua vez, é na segunda periferia que se localiza o segundo elemento com maior conexidade na árvore de similitude, sendo este o ‘Namoro virtual’ e suas dimensões afetivas e relacionais. Nesse relacionamento os adolescentes buscam e trocam ‘Informações’ com a pessoa com quem está se conectando, e é exatamente nessa troca de dados que pode ocorrer o Sexo on-line. Este também conhecido como cibersexo, ocorre quando se solicitam imagens íntimas de cunho sexual, trocam-se mensagens mais picantes, masturbações, o sexting, dentre outras práticas com a finalidade do prazer sexual(2525. Castro J, Vinaccia S, Ballester-Arnal R. Ansiedad social, adicción al internet y al cibersexo: su relación con la percepción de salud. Ter Psicol. 2018;36(3):134-43. http://dx.doi.org/10.4067/S0718-48082018000300134
http://dx.doi.org/10.4067/S0718-48082018...
).

A internet, por meio de uma gama de conteúdos imagéticos e textuais, oferece diversos roteiros virtuais como convite para o exercício da fantasia, ou seja, “a navegação na internet constitui um novo refúgio para as fantasias sexuais, pois permite ao usuário explorar os cantos mais íntimos de seu próprio roteiro psíquico, por meio dos roteiros do ciberespaço”(2626. Nobre MR, Moreira JO. A fantasia no ciberespaço: a disponibilização de múltiplos roteiros virtuais para a subjetividade. Ágora (Rio J). 2013;16(2):283-98. https://doi.org/10.1590/S1516-14982013000200007
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).

Nesse sentido, o ‘Twitter’ tem sido cada vez mais mencionado pelos participantes como a principal rede para apresentação de novos comportamentos e relacionamentos sexuais, por ser um espaço longe da vigilância dos pais e responsáveis, dinâmico e com rápida fluidez de materiais sexuais que desperta o interesse desse público e alimenta sua curiosidade. Neste tipo de rede virtual que é mais uma vez reconhecido a problemática da possibilidade da situação da Violência.

O ‘Namoro virtual’, assim como o ‘Sexo on-line’, podem trazer uma conotação de segurança e prevenção das ‘IST’. Entretanto, o relacionamento virtual quando é trazido para a realidade faz com que os adolescentes pensem que se conhecem há muito tempo, que já possuem bastante intimidade, confiança e que não precisa de prevenção nas relações sexuais, o que implica no aparecimento e aumento de IST entre os adolescentes, pois o vínculo virtual favorece a busca de prazer, satisfação e pouca segurança sexual(2727. Maas MK, Dewey S. Internet pornography use among collegiate women: gender attitudes, body monitoring, and sexual behavior. SAGE Open. 2018;8(2):1-9. https://doi.org/10.1177/2158244018786640
https://doi.org/10.1177/2158244018786640...
).

Na Zona de contraste, os elementos ‘Foto’, ‘Fantasia’ e ‘Liberdade’ estão classificados na dimensão imagética com conteúdos positivos na representação da “Sexualidade na internet”, contrastando com os sentidos do Núcleo Central. Esses sentidos remetem a uma imagem de aceitação e prazer ligados a sexualidade na internet.

A saúde sexual inclui o prazer e estimula a determinação, a comunicação e as relações interpessoais. Nesse sentido, as novas tecnologias e os espaços virtuais fomentam e veiculam novas formas de estimular o prazer e a fantasia sexual(2828. Alonso C, Romero E. Sexting behaviour in adolescents: personality predictors and psychosocial consequences in a one-year follow-up. Anal Psicol. 2019;35(2):214-24. http://dx.doi.org/10.6018/analesps.35.2.339831
http://dx.doi.org/10.6018/analesps.35.2....
). No entanto, esses sentidos positivos parecem ser mais uma vez sufocados com a maior representatividade dos aspectos desfavoráveis ligados à “Sexualidade na internet”. As evocações ‘Imoral’, ‘Fake’, ‘Morte’, ‘Desigualdade de Gênero’, ‘IST’, ‘Pedofilia’, ‘Preconceito’ reforçam uma estrutura representacional negativa do objeto de estudo.

A liberdade que a internet oferece aos adolescentes para acesso e compartilhamento de conteúdos sexuais pode ser ameaçado pela presença de perfis fakes, criados para manipular menores de idade e para a prática da pedofilia, que é tida como uma atitude imoral. Outro fator que limita essa liberdade se exemplifica quando uma foto é exposta e difundida para outros públicos, fora do contexto original de produção do sexting, sendo recebida na maioria das vezes com avaliação e condenação moral, ocasionando sérias repercussões sobre a saúde física ou mental, ou ainda ambas, na vida de quem a vivencia(55. Ferreira EZ, Oliveira AMN, Medeiros SP, Gomes GC, Cezar-Vaz MR, Ávila JA. Internet influence on the biopsychosocial health of adolescents: an integrative review. Rev Bras Enferm. 2020;73(2):e20180766. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0766
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0...
,2929. Leal LN, Rodrigues GS, Silveira ID, Amaro TV, Santos DB, Paludo SS. CEP em Selfie: abordando sexting com adolescentes como forma de exposição virtual da sexualidade. Cadernos GenDiv [Internet]. 2017 [cited 2020 maio 15];3(1):45-59. Available from: https://www.portalseer.ufba.br/index.php/cadgendiv/article/view/17605/14457
https://www.portalseer.ufba.br/index.php...
).

Na sociedade os discursos predominantes são de que as meninas adolescentes estão mais expostas a situações de violência moral e psicológica, mas, também são eles que as responsabilizam pela produção de tais imagens, logo, reforçando a culpabilização da vítima. O que se mostra um tanto incoerente sustenta-se na assimetria de poder nas relações de gênero que estão baseadas nas diferenças percebidas entre sexos e no significado atribuído às relações de poder, sobretudo no que se refere à vivência da sexualidade(2929. Leal LN, Rodrigues GS, Silveira ID, Amaro TV, Santos DB, Paludo SS. CEP em Selfie: abordando sexting com adolescentes como forma de exposição virtual da sexualidade. Cadernos GenDiv [Internet]. 2017 [cited 2020 maio 15];3(1):45-59. Available from: https://www.portalseer.ufba.br/index.php/cadgendiv/article/view/17605/14457
https://www.portalseer.ufba.br/index.php...
).

As questões de gênero que incidem sobre adolescentes do sexo feminino e do sexo masculino em relacionamentos homossexuais ou heterossexuais determinam a vivência da sexualidade no ambiente on-line. Ao refletir sobre como as meninas desempenham um papel passivo na produção de sexting para o consumo masculino, percebe-se a reprodução das dinâmicas de gênero, nas quais elas enfrentam os mesmo problemas nas relações afetivos-sexuais fora do ambiente virtual, que são caracterizadas pela dinâmica de poder e submissão, sugerindo novas formas de violência de gênero(1717. Alonso-Ruido P, Rodrígues-Castro Y, Lameiras-Fernández M, Martínez-Román R. El sexting a través del discurso de adolescentes españoles. Saude Soc. 2018;27(2):398-409. http://dx.doi.org/10.1590/s0104-12902018171835
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).

Embora seja alta a prevalência de sofrer ou praticar o abuso digital nos relacionamentos, tanto para homens quanto para mulheres, as características se diferenciam de acordo com o gênero, uma vez que os rapazes compartilham o sexting das parceiras e as moças praticam o controle e monitoramento dos parceiros por meio das redes sociais virtuais, muitas vezes tais atitudes são confundidas como componente necessário ao relacionamento amoroso(1818. Flach RMD, Deslandes SF. Cyber dating abuse in affective and sexual relationships: a literature review. Cad Saúde Pública. 2017;33(7): 1-18. http://dx.doi.org/10.15090/0102-311x00138516
http://dx.doi.org/10.15090/0102-311x0013...
).

Nesse sentido, a Saúde Sexual necessita de uma abordagem positiva e respeitosa da sexualidade, que permita uma experimentação sexual prazerosa e segura, livre de coerção, discriminação e violência, sem esquecer que é preciso discernir a liberdade de vivenciar e compartilhar a sexualidade com a consciência e o respeito sobre a sua imagem e a do outro, dos espaços públicos e privados(2929. Leal LN, Rodrigues GS, Silveira ID, Amaro TV, Santos DB, Paludo SS. CEP em Selfie: abordando sexting com adolescentes como forma de exposição virtual da sexualidade. Cadernos GenDiv [Internet]. 2017 [cited 2020 maio 15];3(1):45-59. Available from: https://www.portalseer.ufba.br/index.php/cadgendiv/article/view/17605/14457
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). A sexualidade precisa originar prazer e experiências positivas, evitando qualquer forma de punição psicológica ou moral na sociedade contemporânea ou futura.

O elemento Pedofilia, presente na zona de contraste, também está na árvore de similitude como central da representação e na ligação triangular ‘Pedofilia’, ‘Desrespeito’ e ‘Exposição’. A rapidez em que contas nas mídias virtuais são criadas e, em contrapartida, pouco conhecimento construído para reconhecer e distinguir entre um perfil verdadeiro e um falso, popularmente conhecido como Fake, favorece o cenário ideal para que crianças e adolescentes sejam peças-chave de criminosos, abusadores e Pedófilos. Sabe-se que o uso da internet facilita o crescimento da Pedofilia, e é através de sites que esses criminosos conseguem informações de como se aproximarem das vítimas e facilmente tirar vantagens das mesmas(3030. Cavalcante LAC. Ciberpedofilia: crimes sexuais contra crianças e adolescentes praticados através da internet. Res Soc Develop. 2020;9(2):e139911816. https://doi.org/10.33448/rsd-v9i1.1816
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i1.1816...
).

A geração dos inocentes digitais carece de uma mediação necessária sobre os limites que devem se estabelecer nas mídias sociais virtuais. Sobre isso, destaca-se o papel da família na mediação, visto que os achados relevam que os adolescentes acessam a internet diariamente de suas próprias casas(33. Neumann DBC, Missel RJ. Família digital: a influência da tecnologia nas relações entre pais e filhos adolescentes. Pensando Fam [Internet]. 2019 [cited 2020 Jun. 15];23(2):75-91. Available from: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/penf/v23n2/v23n2a07.pdf
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). Apesar do espaço ser perigoso por diversos fatores já mencionados, os participantes reforçam sua indignação com a existência dessa situação ao verificarmos o elemento ‘Desrespeito’ diretamente ligado ao elemento ‘Pedofilia’.

A proximidade entre os elementos da árvore de similitude constituinte da formação estrelar centralizada na pedofilia significa que a constante falta de respeito, por parte dos abusadores, caracteriza-se em mais um perigo na internet, muitas vezes escondido atrás de perfis fakes. Elementos estes que mostram uma pluralidade de constructos que compõem as dimensões imagéticas e valorativas das representações sociais da sexualidade na internet.

Este estudo se limita pela realização da coleta de dados apenas com participantes na segunda fase da adolescência (14 a 19 anos) e pela dificuldade em acompanhar a dinâmica quanto ao surgimento de mídias sociais virtuais em que os adolescentes vão se inserindo, uma vez que é preciso conhecê-las para orientá-los sobre o uso seguro. Ademais, o uso da abordagem estrutural pode ter deixado lacunas para a interpretação do objeto em investigação. Portanto, considera-se que outras formas de análise do objeto sexualidade na internet poderia corroborar ou não a configuração e dimensões aqui encontradas, ampliando o conhecimento sobre a temática.

Contudo, os achados aqui expostos podem contribuir para dar a conhecer os novos desafios inerentes ao uso da tecnologia e mídias virtuais no campo da sexualidade pelos adolescentes e, a partir disso, direcionar iniciativas de educação sexual, individuais ou coletivas, que incluam a prevenção de possíveis riscos e consequências negativas, ocasionadas por este uso, na vida sexual e reprodutiva dos adolescentes. Sobre esse aspecto, destaca-se o profissional de enfermagem, que ao ocupar diversos espaços no campo da saúde, possui um papel importante na promoção de práticas de educação e aconselhamento que contribuam para o exercício seguro da sexualidade pelo adolescente, frente aos potenciais riscos presentes no uso da internet.

CONCLUSÃO

No âmbito em que há necessidades biológicas, aspectos culturais e sociais interligados, interessou-nos explorar as representações sociais relacionadas com o universo da sexualidade do adolescente no vasto campo da internet. Nesse contexto, as dimensões das representações sociais dos adolescentes sobre sexualidade na internet abrangem as dimensões Valorativas, Práticas, Afetiva, Relacional e Imagética.

As representações sociais da Sexualidade na internet pelos adolescentes são entendidas pelos elementos Violência, Pedofilia e Namoro Virtual, que são elementos com maior conexidade, o que demonstra conteúdos e valores de predominância das dimensões valorativa e negativa do grupo estudado.

A sexualidade está envolta aos mais diversos significados, desde o âmbito cultural até as experiências pessoais, e isso não é diferente quando se trata da sexualidade na internet. A interação e conexão com outros de forma instantânea, somado à capacidade da expressão da sexualidade do adolescente por fotos, vídeos ou outros materiais digitais, além de dinamizar as relações, favorece a realização de fantasias, desperta desejos e a liberdade de manifestação da sexualidade do adolescente no ambiente virtual.

Apesar de transformações ocorridas durante anos sobre a sexualidade – e que contemporaneamente busca trazer associações com a liberdade, igualdade, crescimento, prazer, identidade e direitos humanos –, a representação desse fenômeno ligada ao mundo virtual para os adolescentes parece ancorar em um modelo de sexualidade do perigo, do controle, da repressão, da desigualdade, distanciando-se do que é estabelecido como direitos sexuais, isso é, o direito de viver e expressar livremente a sexualidade.

Portanto, verifica-se a necessidade de incluir, na atenção aos adolescentes, informações e aconselhamento sobre o uso da internet para manifestação da sexualidade, esclarecendo os riscos e estratégias que visem à segurança desse grupo no uso das tecnologias e mídias sociais, garantindo-lhes desfrutar com autonomia dos seus direitos sexuais.

Por fim, pesquisas futuras devem investigar com os adolescentes a sua percepção sobre a abordagem do tema sexualidade na internet feita pelos pais, bem como com os profissionais de saúde que atuam com adolescentes e que buscam validar as interações virtuais dos adolescentes nas suas intervenções em saúde.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Ago 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    06 Nov 2020
  • Aceito
    04 Mar 2021
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