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Pesquisa-ação educacional: preocupação temática, análise e interpretação crítico-reflexiva

Educational action-research: thematic concern, analysis and critical-reflexive interpretation

Investigación-acción educativa: preocupación temática, análisis e interpretación crítico-reflexiva

Resumos

Problematizam-se situações-limite metodológicas no âmbito do desenvolvimento de pesquisa-ação como tipologia de pesquisa qualitativa em educação. Apresenta-se proposição de procedimento teórico-metodológico de pesquisa-ação sistematizada em três matrizes cartográficas: Matriz Dialógico-Problematizadora - MDP -; Matriz Temático-Organizadora - MTO -; e Matriz Temático-Analítica - MTA. São destacados exemplos das três matrizes, discutindo passo a passo seu processo de implementação. Sinaliza-se o potencial teórico-metodológico da MDP, MTO e MTA nas etapas de elaboração da preocupação temática, coleta/produção de dados, análise e proposição conceitual (conclusões) em projetos de pesquisa-ação educacional no enfoque da abordagem qualitativa.

Pesquisa Educacional; Pesquisa-ação; Metodologia; Pesquisa Qualitativa


Methodological extreme situations for the development of action research as typology of qualitative research in education are problematized. We present concrete proposals for theoretical and methodological procedure of systematic action research in three cartographic matrices: Matriz-Dialógico-Problematizadora - MDP [Dialogical Problematizing Matrix (DPM)], Matriz Temático-Organizadora - MTO [Thematic Organizing Matrix (TOM)] and Matriz Temático-Analítica - MTA [Analytical Thematic Matrix (ATM)]. We highlight examples of each of the three matrices discussing step by step the implementation process. We have indicated the theoretical and methodological potential of MDP, MTO and MTA in steps of preparing the thematic concern, collection / production data, analysis and conceptual proposition (conclusions) projects of educational action research approach in the qualitative approach.

Educational Research; Action Research; Methodology; Qualitative Research.


Se problematizan situaciones metodológicas límite en el ámbito del desarrollo de la investigación-acción como tipología de investigación cualitativa en la educación. Se presenta una proposición de procedimiento teórico-metodológico de investigación-acción sistematizada en tres matrices cartográficas: Matriz Dialógico-Problematizadora -MDP-; Matriz Temático-Organizadora -MTO-; y Matriz Temático-Analítica -MTA. Se destacan ejemplos de las tres matrices y se discute paso a paso su proceso de implementación. Se señala el potencial teórico-metodológico de la MDP, la MTO y la MTA en las etapas de elaboración de la preocupación temática, recogida/producción de datos, análisis y proposición conceptual (conclusiones) en proyectos de investigación-acción educativa en el enfoque del abordaje cualitativo.

Investigación Educativa; Investigación- Acción; Metodología; Investigación Cualitativa


A produção de conhecimento científico-tecnológico socialmente contextualizado é um desafio constante no campo interpretativo-crítico dos estudos qualitativos do tipo pesquisa-ação. Nesse âmbito, problematizam-se princípios teórico-metodológicos da pesquisa-ação educacional, a qual implica uma abordagem qualitativa de pesquisa em movimento e não se encerra em etapas metodológicas.

Assim, no presente artigo, inicialmente são explicitados aspectos da constituição histórica da pesquisa-ação, em especial os fundamentos da produção de conhecimento educacional. Num segundo momento, são apresentados exemplos e analisadas contribuições conceituais e operacionais da proposição teórico-metodológica das matrizes cartográficas na pesquisa-ação em educação. Aborda-se a sistemática de elaboração da Matriz Dialógico-Problematizadora - MDP -, da Matriz Temático-Organizadora - MTO - e da Matriz Temático-Analítica - MTA. Nas conclusões, são enfatizados os elementos motivadores (retrospectivos e prospectivos) da proposição construída como fruto de projetos de pesquisa-ação implementados ao longo dos últimos 20 anos.

Princípios teórico-metodológicos qualitativos da pesquisa-ação em educação

Contorno histórico

Para problematizar os desafios contemporâneos na sistematização e produção de conhecimento teórico-conceitual oriundo da pesquisa-ação (PENAGOS, 2005PENAGOS, Rafael A. La producción de conocimiento en la Investigación Acción Pedagógica (IAPE): balance de una experimentación. Educação e Pesquisa São Paulo, v. 31, n. 3, p. 503-519, set./dez. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v31n3/a12v31n3.pdf>. Acesso em: 03 jun. 2014.), optou-se, inicialmente, por resgatar origens e perspectivas temáticas no cenário internacional e nacional. O estudo epistemológico do contexto da pesquisa-ação em educação implica compreender o movimento em torno das principais questões de pesquisa, entendimentos metodológicos, concepções e aplicações no contexto social, econômico, cultural e tecnológico. A partir disso, podem ser estabelecidos parâmetros para delimitar situações-limite e avanços nas práticas científicas atuais alicerçadas na pesquisa-ação.

A pesquisa-ação tem suas origens no movimento internacional denominado action research. Lewin (1946LEWIN, Kurt. Action research and minority problems. Journal of Social Issues, v. 2, n. 4, p. 34-46, 1946.) utilizou o termo "pesquisa-ação" apresentando uma estrutura de etapas ordenada numa espiral cíclica ascendente de ação-reflexão-ação, que se organiza em quatro momentos sucessivos: planejamento, ação, observação e reflexão. Carr e Kemmis (1986CARR, Wilfred; KEMMIS, Stephen. Becoming critical: education, knowledge and action research. London: The Falmer Press, 1986.) caracterizaram a pesquisa-ação como concepção educacional crítica sustentada nessas quatro fases. Estudos que se apoiam nos postulados da pesquisa-ação são regidos pelas especificidades do diagnóstico, estratégias, registros, coleta de informações, técnicas, procedimentos de análise, avaliação e reflexão próprias de cada um desses quatro momentos.

As contribuições e aplicações da tipologia qualitativa da pesquisa-ação não se limitam à área da educação. Com os australianos Carr e Kemmis (1986CARR, Wilfred; KEMMIS, Stephen. Becoming critical: education, knowledge and action research. London: The Falmer Press, 1986.), esse tipo de pesquisa emergiu nas ciências sociais e humanas como possibilidade de superação de um corpo teórico essencialmente positivista, já que é uma forma de questionamento, (auto)reflexão e ação sustentada na resolução dos problemas na prática docente. Nos Estados Unidos, nas décadas de 1940 e 1950, Stephen Corey desenvolvia trabalhos de "pesquisa-ação" (TRIPP, 2005TRIPP, David. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica., Educação e Pesquisa São Paulo, v. 31, n. 3, p. 443-466, set./dez. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v31n3/a09v31n3.pdf>. Acesso em: 18 set. 2007.; FRANCO, 2005FRANCO, Maria A. S. Pedagogia da pesquisa-ação. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 483-502, set./dez. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v31n3/a11v31n3.pdf>. Acesso em: 26 maio 2014.). Naquele país, segundo Smith (2007SMITH, Mark K. Action research: the encyclopedia of informal education. 2007. Disponível em: <www.infed.org/research/b-actres.htm>. Acesso em: 22 set. 2007.), a preocupação é mais centrada em projetos sociais e de cidadania não necessariamente em instituições escolares.

Os britânicos Laurence Stenhouse e Elliott (1978; 1993______. Recolocando a pesquisa-ação em seu lugar original e próprio. In: GERALDI, Corinta M. G; FIORENTINI, Dario; PEREIRA, Elisabete M. de A. (Org.). Cartografias do trabalho docente: professor(a) pesquisador(a). Campinas, SP: Mercado das Letras, 1998.a; 1993b; 1997; 1998) aproximam-se da abordagem de Carr e Kemmis (1986CARR, Wilfred; KEMMIS, Stephen. Becoming critical: education, knowledge and action research. London: The Falmer Press, 1986.), desenvolvendo projetos na educação básica e capacitação de professores. As tradições australiana e britânica têm ampla contribuição no campo educacional e formação de professores em vários países, inclusive influenciando políticas públicas brasileiras. Nesse âmbito, podem-se destacar, por exemplo, as Diretrizes Curriculares Nacionais para Formação de Professores da Educação Básica (BRASIL, 2002), ao preconizar que os projetos pedagógicos contemplem o princípio geral da ação-reflexão-ação.

No cenário internacional, a pesquisa-ação, no campo educacional, abrange o movimento para inovações curriculares, o investimento no desenvolvimento profissional, a formação dos professores e mudanças na prática docente. Kemmis e McTaggart (1988) identificam a pesquisa-ação como possibilidade de professores construírem um projeto autêntico de formulação e resolução de problemas (problem-solving), mudanças nas visões e práticas educacionais (COSTA, 1991COSTA, Marisa C. W. A caminho de uma pesquisa-ação crítica. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 16, n. 2, p. 47-52, jul./dez. 1991.; McTAGGART, 1994McTAGGART, Robin. Participatory action research: issues in theory and practice. Educational Action Research, v. 2, n. 3, p. 313-337, 1994.; DE BASTOS, 1995DE BASTOS, Fábio da P. Pesquisa-ação emancipatória e prática educacional dialógica. 1995. Tese (Doutorado) - Faculdade de Educação, Instituto de Física, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1995. ; SMITH, 1996SMITH, Bob. Addressing the delusion of relevance: struggles in connecting educational research and social justice. Education Action Research, v. 4, n. 1, 1996.; HODSON; BENCZE, 1998HODSON, Derek; BENCZE, Larry. Becoming critical about practical work: changing views and changing practice through action research. International Journal Science Education, v. 20, n. 6, p. 683-694, 1998.; SEGAT; GRABAUSKA, 2001SEGAT, Taciana C.; GRABAUSKA, Claiton J. Para além de uma única teoria - o caminho é a construção conjunta de uma teoria da educação. In:; MION, Rejane A. SAITO, Carlos H. (Org.). Investigação-ação: mudando o trabalho de formar professores. Ponta Grossa: Planeta, 2001. p. 3-148.; MION, 2001MION, Rejane A.; SAITO, Carlos H. (Org.). Investigação-ação: mudando o trabalho de formar professores. Ponta Grossa: Planeta, 2001. ).

Para Sankaran (2001SANKARAN, Shankar. Methodology for an organisational action research thesis. Action Research International, 2001. Online Journal. Disponível em: <http://www.scu.edu.au/schools/gcm/ar/ari/p-ssankaran01.html>. Acesso em: 22 set. 2007.), a pesquisa-ação é uma estratégia de colaboração e aprendizagem em projetos individuais ou ações em equipes. De acordo com Monceau (2005MONCEAU, Gilles. Transformar as práticas para conhecê-las: pesquisa-ação e profissionalização docente., Educação e Pesquisa São Paulo, v. 31, n. 3, p. 467-482, set./dez. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v31n3/a10v31n3.pdf>. Acesso em: 03 set. 2007., p. 475), ela pode ser entendida como "meio de formação e de mudança participativa. Seu uso depara-se com evoluções políticas de fundo, participando de um movimento que vê aumentar a demanda de acompanhamento individual e coletivo". "É uma boa ferramenta para ser utilizada por professores para criar estratégias de melhoria de suas práticas docentes" (O'CONNOR; GREENE; ANDERSON, 2006O'CONNOR, Katherine A.; GREENE, Carol; ANDERSON, Patricia J. Action research: a tool for improving teacher quality and classroom practice. In: ANNUAL MEETING AMERICAN EDUCATIONAL RESEARCH ASSOCIATION (AERA). San Francisco, 2006. Disponível em: <http://www.eric.ed.gov/ERICWebPortal/contentdelivery/servlet/ERICServlet?accno=ED494955>. Acesso em: 25 jul. 2014., p. 3).

A literatura demonstra que a pesquisa-ação tem sido desenvolvida, nacional e internacionalmente, em diferentes áreas, recortes temáticos, frentes de atuação e projetos (DONCHE; VAN PETEGEM, 2004DONCHE, Vincent; VAN PETEGEM, Peter. Action research and open learning: in search of an effective research strategy for educational change. Educational Action Research, v. 12, n. 3, p. 413-431, 2004.; LAMASTER; KNOP, 2004LAMASTER, Kathryn; KNOP, Nancy. Improving web-based instruction: using action research to enhance distance instruction., Educational Action Research v. 12, n. 3, p. 387-412, 2004.; GORDON; EDWARDS; HOLLIE-MAJOR, 2006GORDON, Sue Marquis; EDWARDS, Jennifer, L.; HOLLIE-MAJOR, Ramona D. Benefits and issues arising from a virtual collaborative student-alumni-faculty action research project. In: ANNUAL MEETING AMERICAN EDUCATIONAL RESEARCH ASSOCIATION. San Francisco, 2006. Disponível em: http://www.eric.ed.gov/ERICWebPortal/contentdelivery/servlet/ERICServlet?accno=ED494678>. Acesso em: 21 set. 2010.; ATWELL; MAXWELL, 2007ATWELL, Nedra; MAXWELL, Marge. Virtual programs and assessment in graduate Special Education. In: ANNUAL NATIONAL CONFERENCE OF THE AMERICAN COUNCIL ON RURAL SPECIAL EDUCATION (ACRES), 27., 2007. Montana. Proceedings... Billings, Montana, 2007. Disponível em: <http://www.eric.ed.gov/ERICWebPortal/contentdelivery/servlet/ERICServlet?accno=ED495854>. Acesso em: 03 jul. 2014.; THOMAS-FAIR, 2007THOMAS-FAIR, Ursula. Annotated observations: field notes and reflections. Education Resources Information Center, 2007. Disponível em: <http://www.eric.ed.gov/ERICDocs/data/ericdocs2sql/content_storage_01/0000019b/80/28/08/52.pdf>. Acesso em: 21 set. 2007.), indo desde as preocupações metodológicas referentes às etapas da espiral cíclica (McNIFF, 1988McNIFF, Jean. Action research: principles and practice. London: Routledge, 1988.; McMAHON, 1999McMAHON, Tim. Is reflective practice synonymous with action research?, Educational Action Research v. 7, n. 1, p. 163-169, 1999.; DICK, 1997______. A beginner's guide to action research. ARCS Newsletter, v. 1, n. 1, 2000. Disponível em: <http://www.scu.edu.au/schools/gcm/ar/arp/guide.html>. Acesso em: 25 jul. 2014.; 1999; 2000), até as preocupações conceituais e sociais (WINTER, 1998WINTER, Richard. Finding a voice - thinking with others: a conception of action research., Educational Action Research v. 6, n. 1, p. 53-68, 1998a.a; 1998b; LEITCH; DAY, 2000LEITCH, Ruth; DAY, Christopher. Action research and reflective practice: towards a holistic view. Educational Action Research v. 8, n. 1, p. 179-193, 2000.), acoplamento com fundamentos específicos da psicologia (EDWARDS, 2000EDWARDS, Anne. Looking at action research through the lenses of sociocultural psychology and activity theory., Educational Action Research v. 8, n. 1, p. 195-204, 2000.) e da educação dialógico-problematizadora (DE BASTOS, 1995DE BASTOS, Fábio da P. Pesquisa-ação emancipatória e prática educacional dialógica. 1995. Tese (Doutorado) - Faculdade de Educação, Instituto de Física, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1995. ), formação de professores e desenvolvimento profissional e curricular (ÂNGULO RASCO, 1990; ELLIOTT, 1993______. La investigación-acción en educación. Madrid: Ediciones Morata, 1997.; 1997). Segundo Molina (2007), os dados indicam um aumento de 71% nos trabalhos baseados em pesquisa-ação no Brasil, no período após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996. No cenário internacional, as redes colaborativas, como Action Research On Web - AROW - e Collaborative Action Research Network - CARN -, têm como objetivo contribuir para o desenvolvimento teórico e prático (HUGHES, 2001HUGHES, Ian. Teaching action research on the web. Educational Technology e Society, v. 4, n. 3, p. 64-71, 2001. Disponível em: <http://www.ifets.info/journals/4_3/hughes.html>. Acesso em: 21 jul. 2014., p. 3), compartilhando dúvidas, estratégias, planos e referências.

Nessa vertente, o percurso histórico da pesquisa-ação evidencia práticas, procedimentos e produção consolidada do ponto de vista tanto das políticas curriculares quanto do desenvolvimento profissional emergente no campo das concepções alicerçadas na dinâmica ação-reflexão-ação. Por isso, os resultados de trabalhos já realizados e a produção internacional são peças-chave que sustentam a problematização em torno das situações-limite dos pesquisadores no âmbito dessa abordagem de pesquisa qualitativa.

Em termos de produção científica, fica evidente, nos trabalhos analisados, que a pesquisa-ação exige uma dinâmica cíclica e processual requerida entre as fases de delimitação da preocupação temática, produção/análise de dados e reflexões para proposição conceitual. No entanto, essa discussão acaba perpassando o cenário metodológico pertinente apenas às quatro etapas da espiral. Em grande parte dos trabalhos analisados, essas etapas ficam mais evidentes do ponto de vista da implementação de atividades práticas em programas de formação de professores, mudanças curriculares ou ações operacionais em sala de aula. No entanto, não têm sido observadas, nos textos analisados, contribuições significativas em termos de sistemática acurada na delimitação de um tema de pesquisa, na organização e análise dos dados, bem como na composição das sínteses reflexivas.

Assim, discute-se, na sequência, uma proposição metodológica composta de três matrizes cartográficas interligadas para desenvolvimento de estratégias de registro, triangulação e análise sistemática. Isso pode fortalecer a elaboração teórica explicativa oriunda de etapas exploratórias e diagnósticos mais apurados. Ou seja, entende-se que melhores ferramentas metodológicas podem alicerçar construções teóricas mais suscetíveis à transformação das práticas e dos participantes nelas envolvidos, premissa central da pesquisa-ação.

Produção de conhecimento educacional oriundo de pesquisa-ação

A produção de conhecimento científico consolida-se com base em ações e operações de natureza tanto intelectual-teórica quanto técnico-prática. De acordo com Vieira Pinto (1979, p. 228), "o cientista é, por definição, um trabalhador, no sentido em que se define como a transformação da realidade pela ação construtiva do ser humano, de acordo com as finalidades ditadas pelas necessidades da existência". As situações-limites dos pesquisadores, enquanto cientistas-trabalhadores na acepção de Vieira Pinto (1979), precisam ser problematizadas. Nesse sentido, questiona-se: de que modo princípios e procedimentos típicos de pesquisa-ação sustentam a produção de conhecimento científico? Como os pesquisadores atribuem rigor teórico-metodológico e validam as proposições entre os pares? Embora, nos textos sobre pesquisa-ação, a produção do conhecimento científico seja uma discussão sempre presente, poucos pesquisadores explicitam e/ou propõem inovações nos procedimentos metodológicos. Ao analisar as produções anteriormente referenciadas (quando se tratou do contorno histórico), percebe-se que a defesa central da pesquisa-ação é a geração de mudanças e inovações nas práticas social, cultural e educacional. Mas, quando são indicados resultados de pesquisa, nota-se que os procedimentos metodológicos mencionam sempre observações, questionários, entrevistas e análise documental. Nesse cenário, com base na correlação entre o percurso metodológico e os resultados produzidos, defende-se a necessidade de renovar ferramentas e procedimentos.

A produção de conhecimento oriundo de pesquisa-ação como abordagem qualitativa exige estratégias de organização individuais e coletivas que envolvem a explicação das ações, do contexto e das próprias visões de mundo, de ciência, tecnologia e sociedade. Por isso, problematiza-se o modo como o pesquisador, envolvido concretamente na situação, consegue capturar pensamentos, discursos e ações para construir categorias de análise, legitimando interpretações da realidade.

Nessa perspectiva, é preciso cautela e vigilância (CORTESÃO, 1998CORTESÃO, Luiza. Da necessidade da vigilância crítica em educação à importância da prática de investigação-ação. Revista de Educação, Lisboa, v. 7, n. 1, p. 27-33, 1998.) por parte do pesquisador para aferir rigorosidade às interpretações dos dados advindos do processo investigativo. Se na abordagem qualitativa a produção do conhecimento científico nunca é neutra, de que modo podem-se legitimar os resultados de uma pesquisa-ação, especialmente quando esses são gerados no estudo de casos específicos, em que o pesquisador está diretamente envolvido nas fases de planejamento e implementação das ações?

Nos trabalhos gerados a partir de projetos de pesquisa-ação, uma das situações-limite é suplantar os processos essencialmente descritivos. Proposições conceituais inovadoras estão diretamente atreladas aos contornos de uma boa delimitação da preocupação temática (problema, objetivos e metas de pesquisa), bem como à organização e análise de dados pautada por rigorosos procedimentos teórico-metodológicos. Na pesquisa empírica via observação participante, por exemplo, o pesquisador está envolvido e interfere na situação pesquisada. Por isso, normalmente, o volume de dados acumulados em notas e diários de campo é extenso. Isso multiplica-se quando existe utilização de vários procedimentos de registro. Tanto para pesquisadores iniciantes quanto para os experientes, escolher, organizar e analisar o grande volume de dados produzidos é um processo trabalhoso e extenuante, sendo, em muitos casos, gerador de sofrimento físico. Quanto a isso, parece clara a necessidade de construir sistemáticas metodológicas para organizar o movimento interpretativo-qualitativo, típico da pesquisa-ação.

A natureza do objeto, dos objetivos, dos procedimentos metodológicos e das análises interpretativas diferencia a pesquisa-ação de outras tipologias qualitativas em ciências sociais e humanas. O pressuposto central da pesquisa-ação é a produção de conhecimento com base na interpretação, compreensão e transformação da realidade sociocultural (ELLIOTT, 1997______. La investigación-acción en educación. Madrid: Ediciones Morata, 1997.; 1998; CARR; KEMMIS, 1986CARR, Wilfred; KEMMIS, Stephen. Becoming critical: education, knowledge and action research. London: The Falmer Press, 1986.). Desse modo, argumenta-se sobre a necessidade de desenvolvimento de procedimentos teórico-metodológicos que permitam compreender a própria atividade de pesquisa como um processo de produção de conhecimentos científico-tecnológicos. Portanto, produzir "conhecimentos que auxiliem na interpretação da realidade vivida" (TOZONI-REIS, 2010TOZONI-REIS, Marília Freitas de Campos. A pesquisa e a produção de conhecimentos: introdução à pesquisa em educação. Curso de pedagogia da Unesp. 2010. Disponível em: <http://www.acervodigital.unesp.br/handle/123456789/195> Acesso em: 10 out. 2013., p. 2) torna-se um desafio para quem produz conhecimento na abordagem qualitativa da pesquisa-ação.

Matrizes cartográficas: procedimento teórico-metodológico para abordagem qualitativa da pesquisa-ação educacional

A pesquisa-ação tem caráter teórico-prático e dinâmico requerendo ações a serem implementadas após os diagnósticos (GREENWOOD; LEVIN, 2000GREENWOOD, Davydd J.; LEVIN, Morten. Reconstructing the relationships between universities and society through action research. In: DENZIN, Norman K.; LINCOLN, Yvonna S. (Ed.). Handbook of qualitative research. Thounsand Oaks, CA: Sage, 2000. p. 85-106.; GOLDWASSER, 2004GOLDWASSER, Matthew. A guide to facilitating action research for youth. Philadelphia: Research for Action, 2004., p. iv). Portanto, desenvolver pesquisa-ação é um movimento sistemático de questionamento, que exige coleta de informações sobre uma questão (problema de pesquisa) e análise e desenvolvimento de planos práticos para implementar mudanças efetivas. Nesse sentido, o próprio pesquisador precisa estabelecer e ter clareza de quais são os "critérios que aferem qualidade científica aos resultados obtidos na pesquisa interpretativa" (COUTINHO, 2008COUTINHO, Clara Pereira. A qualidade da investigação educativa de natureza qualitativa: questões relativas à fidelidade e validade. Educação Unisinos, São Leopoldo-RS, v. 12, n. 1, p. 5-15, jan./abr. 2008., p. 7).

Nessa conjuntura, foi desenvolvido o procedimento teórico-metodológico chamado matrizes cartográficas. Não se trata de sintetizar toda processualidade qualitativa da pesquisa-ação nesse procedimento metodológico, mas sim subsídio para organizar processualmente evidências em cada uma das etapas metodológicas de uma pesquisa-ação educacional: delimitação da preocupação temática (tema, problema e objetivos); produção/análise de dados (técnicas e procedimentos de acompanhamento e registro); e conclusões/afirmações. Ao se desenvolver pesquisa-ação em educação, lida-se com temáticas dinâmicas que provocam a necessidade de construir organizadores metodológicos para acentuar o caráter processual cíclico e legitimar a produção multirreferencial do conhecimento científico. O potencial da produção de conhecimentos para inovação e transformação socioeducacional não pode limitar-se ao trabalhoso processo de coleta e organização de dados. É preciso criar estratégias metodológicas que sirvam para organizar e agrupar os dados produzidos, de tal modo que se possa otimizar o tempo de análise das respostas.

Assim, para otimizar a produção de conhecimento no âmbito da pesquisa-ação, foi confeccionada a proposta das três matrizes cartográficas chamadas: Matriz Dialógico-Problematizadora - MDP; Matriz Temático-Organizadora - MTO; e Matriz Temático-Analítica - MTA. Cada uma delas será, a seguir, explicitada.

Matriz Dialógico-Problematizadora - MDP

A origem da Matriz Dialógico-Problematizadora - MDP - está na Tábua de Invenção, que constitui um quadro de 16 questões para organizar uma preocupação temática (KEMMIS; McTAGGART, 1988), elaborado a partir da definição de quatro aspectos que compõem um processo educacional: professor(es), estudante(s), tema de estudo e contexto.

O rigor de uma pesquisa-ação educacional aumenta na medida em que os pesquisadores são vigilantes críticos desde as etapas do planejamento da proposta de estudo. Ou seja, entende-se que inovação e transformação das práticas são sustentadas na elaboração de perguntas em torno de temas especialmente relevantes. A amplitude e o impacto das soluções são imediatamente relacionados à urgência e pertinência das questões e dos problemas que a humanidade tem sido capaz de sistematizar ao longo da história da ciência e tecnologia.

A estratégia inicialmente sugerida por Kemmis e McTaggart (1988) para organizar a preocupação temática de uma pesquisa-ação pode ser aliada aos princípios educacionais freireanos do diálogo e da problematização (FREIRE, 1987; 1999______. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1987.). Para Cordenonsi, Müller e De Bastos (2008CORDENONSI, André Zanki; MÜLLER, Felipe Martins; DE BASTOS, Fábio da Purificação. A matriz dialógica problematizadora como uma estrutura para o exame e a discussão temática de uma disciplina de graduação mediada por tecnologia. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO (SBIE), 19., 2008. Fortaleza. Anais... Fortaleza, 2008. Disponível em: <http://www.br-ie.org/pub/index.php/sbie/article/view/686/672>. Acesso em: 30 abr. 2014.), a MDP permite o exame e discussão temática de aspectos como conteúdos e metodologia do ensino. É com base nesses fundamentos que, no Brasil, a Tábua de Invenção passou a ser chamada MDP. Mantêm-se as operações procedimentais originais ampliando, porém, a dimensão conceitual que sustenta a fase de delimitação do tema, problema e objetivos de pesquisa. Esse é um dos pressupostos da pesquisa-ação como colaboração pautada na interação dialógica entre os envolvidos.

Kemmis e McTaggart (1988, p. 123, tradução nossa) explicam os passos para elaboração do quadro:

Para criar uma tábua de invenção utilizamos quatro lugares comuns. Estes são colocados tanto nos eixos horizontais como nos eixos verticais da tábua. Se passa logo a abrir caminho através da tábua (desde o compartimento A1 até o D4) e se pergunta, em cada compartimento, o que se pode dizer desse tema em particular (um dos lugares comuns marcados como A, B, C, D nas colunas da tábua) em relação a esse predicado particular (um dos lugares comuns marcados como 1, 2, 3, 4 nas linhas da tábua).

Seguindo essas orientações, desenha-se a MDP no template apresentado no Quadro 1.

Quadro 1
Template da MDP

Para construir a MDP, é necessário preencher cada uma das células do template (Quadro1), iniciando da célula A1 até a A4; B1 até B4; C1 até C4 e D1 até D4. Conforme evidencia o template, deve-se manter sempre a mesma sequência no ordenamento das perguntas. Ou seja, a leitura inicia-se sempre dos compartimentos A, B, C e D nas quatro colunas respectivamente em relação aos compartimentos 1, 2, 3 e 4 situados nas quatro linhas. Se esse ordenamento não é respeitado, ocorre repetição entre a transversalização dos quatro elementos. Portanto, durante a elaboração das perguntas, relacionam-se os compartimentos entre si da seguinte forma: Ax1= [A1]; Ax2 = [A2]; Ax3 = [A3]; Ax4 = [A4] e assim por diante.

No momento da criação das perguntas, o elemento gerador (professor ou estudante ou tema ou contexto) precisa ser localizado no início da frase, pois é ele que anuncia a relação proposta. Nos Quadros 2 e 3 apresentam-se exemplos de questões baseadas na definição de quatro elementos que constituem a pesquisa-ação desenvolvida.

Quadro 2
Exemplos de questões no template da MDP - elemento gerador professor(es)

Após o preenchimento de todas as células da primeira coluna (Quadro 2), parte-se para o preenchimento da segunda (Quadro 3) e, depois, da terceira e da quarta.

Quadro 3
Exemplos de questões no template da MDP - elemento gerador estudante(s)

Nos exemplos das duas colunas dos Quadros 2 e 3, nota-se que todas as perguntas iniciam-se com o elemento gerador (professor(es), no Quadro 2, e estudante(s), no Quadro 3). Ou seja, o elemento gerador, na primeira coluna, é "professor(es)", na segunda, é "estudante(s)" e, assim, na terceira será o "tema" e, na quarta, o "contexto". Dessa forma, o template completamente preenchido gera as 16 perguntas (Quadro 4).

Quadro 4
Exemplo de MDP

Os quatro aspectos fundamentais da pesquisa-ação têm o mesmo peso na fase de delimitação da preocupação temática (uma questão educativa ou um problema educativo amplo). A preocupação temática deve levar à formulação da natureza problemática de determinada preocupação educativa, e não propor acriticamente um método que desconsidera as especificidades do contexto e dos envolvidos.

A MDP é composta por 16 células matriciais, que se comportam como questões de pesquisa derivadas do tema, contexto e envolvidos (Quadro 4). As questões da MDP servem para implementações, focalização das reflexões, programações e ações escolares fundamentais para realização do trabalho de ensino-aprendizagem investigativo.

Nas perguntas da MDP também já estão incluídas as apostas iniciais do pesquisador. Por exemplo, ao ser elaborada a pergunta da célula C3, trabalha-se com duas possibilidades no impacto curricular: a positiva ou a negativa. A partir das evidências da experiência, o pesquisador já infere por uma delas, mas somente poderá fazer interpretações qualitativas e construir afirmações após o processo de coleta de dados. Por isso, antes de mais nada, a pergunta precisa ser formulada para gerar ações correspondentes de pesquisa.

Ao serem elaboradas as questões, já são ponderados possíveis percursos metodológicos e resultados. Por exemplo, nas células B2 e D4 (Quadro 4), pode-se inferir que será necessário colher informações tanto em relação ao modo como os estudantes realizam as atividades quanto a respeito da logística operacional e condições concretas dos laboratórios, pessoal e salas de apoio, infraestrutura de rede, etc.

A MDP configura-se como uma estratégia para compartilhar a preocupação temática entre os pares, os quais contribuem para sua validação conferindo legitimidade e rigor ao movimento da pesquisa-ação. Para Elliott (1978), o rigor e a validade de uma pesquisa-ação localizam-se na dinâmica cíclica espiralada, resguardando-se sempre o caráter colaborativo e dialógico nas decisões e ações.

As perguntas na MDP que já permitem sinalizar/esclarecer possíveis caminhos para coleta e análise de dados indicam, evidentemente, especificidades para composição dos objetivos de um projeto de pesquisa. Uma pergunta que não permite explicar essas possibilidades necessita ser reformulada. Ou seja, é preciso haver coerência entre a MDP, o problema de pesquisa e os objetivos formulados.

Explicitar a preocupação temática na MDP é trabalho sistêmico realizado pelo pesquisador, tendo em vista a organização/construção/invenção de instrumentos (questões de pesquisa) em torno dos quatro aspectos fundamentais a serem investigados. Desse modo, as 16 perguntas dão origem, inicialmente, à preocupação temática e, a partir dessa, elabora-se o problema em si. Além disso, como resultado concreto, são geradas as questões da MDP, permitindo melhorar a compreensão e inaugurar o diálogo-problematizador com os envolvidos. Em fases iniciais, a MDP permite aos participantes explicitar suas ideias, crenças, concepções, aprimorando-as até a elaboração mais lapidada pelos conceitos teóricos e abordagem metodológica. Há, certamente, várias maneiras de conduzir as fases iniciais de uma pesquisa-ação. A MDP é um diferencial, pois pode ser útil para que todos os envolvidos compreendam, desde as primeiras etapas, qual é a situação-problema em pauta. Assim, um caminho viável é a elaboração colaborativa das questões com todos os envolvidos.

É por isso que a MDP, como estratégia organizadora da preocupação temática, orienta teórica e metodologicamente o processo qualitativo da pesquisa-ação. A partir da MDP, as estratégias necessárias para responder às questões elaboradas podem se tornar mais claras. Ao mesmo tempo, o pesquisador e envolvidos vão percebendo a necessidade de ampliar ou reformular os próprios referenciais conceituais. Isso evidencia, por exemplo, a necessidade de mais pesquisas bibliográficas ou a mudança de enfoques. A orientação metodológica da MDP enfatiza a elaboração e o desdobramento da preocupação temática no contexto da constituição dinâmica de uma pesquisa-ação em andamento. Com as questões, são focalizadas inserções, observações e registros no contexto do evento investigado.

Metodologicamente, a MDP representa um dos passos iniciais mais significativos de uma pesquisa-ação, estando associada à escrita do problema e dos objetivos, os quais são sínteses baseadas nas 16 questões. A elaboração da MDP requer um desdobramento do tema de pesquisa, relacionando-o com o contexto e com os envolvidos. Inicia-se, dessa forma, o movimento prospectivo e retrospectivo típico da abordagem qualitativa da pesquisa-ação.

Ou seja, enquanto a MDP requer desdobramentos com a elaboração de 16 perguntas, a escrita do problema e dos objetivos demanda a síntese enquanto delimitação teórico-metodológica. Uma vez que a preocupação temática está explicitada - devidamente desdobrada nas 16 questões -, a revisão de literatura e os elementos da prática ficam mais evidentes. Cada uma das questões já comporta elementos da vivência, de um problema real, concreto em vista de alguns entendimentos já formulados. Por isso, incorporam-se apostas que podem ser mais bem compreendidas durante o percurso, sinalizando a necessidade de proceder sistematicamente com a coleta e o registro dos dados. Dessa forma, associada à MDP, desenha-se a MTO.

Matriz Temático-Organizadora - MTOQuadro 5

O movimento retrospectivo e prospectivo do processo de resolução de problemas numa pesquisa-ação educacional implica sistematização, avaliação e reflexão constantes sobre as informações geradas. A composição de uma cartografia para interpretação qualitativa gera uma série de documentos, registros e informações. Envolver-se nesse processo, como intérprete-autor dos dados advindos da prática de pesquisa, requer captura das nuances, tanto do explicitado quanto dos bastidores, de um contexto fluído em que transcorrem as especificidades administrativas e pedagógicas, bem como as relações envolvidas.

A quantidade de informações geradas diariamente no movimento de uma pesquisa educacional desafia os pesquisadores a preverem estratégias de organização dos dados concomitantemente ao fluxo de atividades. Não raras vezes, o volume de dados é extenso e dispendioso e, em algumas situações, nem tudo tem relevância para a composição das análises segundo objetivos e metas. Por isso, ao desenhar a MTO, na etapa dos registros, o propósito central é orientar-se pelo foco delimitado desde a MDP. Isso tem sentido, principalmente, para a elaboração das interpretações e conclusões enquanto proposição de conceitos teóricos relevantes para a área.

Assim, pode-se dizer que a MTO é derivada da MDP, uma vez que tem como parâmetro as 16 questões. Por isso, a palavra "temático" é chave na denominação. Ao mesmo tempo, a palavra "organizadora" remete claramente ao caráter organizativo dos dados para posterior análise. No Quadro 5, apresenta-se um exemplo de preenchimento de dados na MTO.

Quadro 5
Exemplo de MTO: resultados preliminares de pesquisa

  • no exemplo apresentado, percebe-se que não há uma única modelização para o preenchimento dos dados, mas é importante manter a regularidade na estrutura das informações. Se existem várias fontes de dados, é fundamental indicar em cada célula de onde provêm os dados registrados para que, no momento da reflexão/interpretação/análise, a consulta ao original seja possível e mais sistemática. Para tanto, pode-se, por exemplo, complementar as células com os registros relativos ao período, aos participantes, ao número de envolvidos, etc.;

  • na MTO não é o momento de realizar as interpretações propriamente ditas, mas é fundamental fazer as anotações orientadas pelas perguntas, deixando os indicadores preparados para a etapa posterior que é a de reflexão;

  • podem ser criadas formas mais "econômicas" de compor a MTO, como, por exemplo, na célula A1 do Quadro 5: em vez de fazer toda descrição, poder-se-ia associar a fonte e indicar que há informações para consulta nas atividades Fórum e Wiki do curso de capacitação na instituição. Essa decisão comporta a vantagem de tornar o preenchimento da MTO mais ágil, mas tem a desvantagem de serem feitas consultas mais demoradas aos originais na próxima etapa;

  • já na organização dos dados, consideram-se as dimensões éticas imprescindíveis na pesquisa em ciências humanas. Por exemplo, nas células A3 e A4 do Quadro 5, criou-se uma codificação para os participantes envolvidos;

  • nos casos de a análise posterior ser orientada por categorias, já na MTO pode-se explicitar referência às mesmas;

  • operacionalmente, podem-se criar estruturas diferentes para a MTO, tais como: dividir vários arquivos por períodos, etapas ou por ciclos; inserir todos os dados num único quadro no mesmo arquivo; criar vários quadros dentro do mesmo arquivo; criar páginas em wikis; fazer fichas-quadro de modo impresso; em caso de vários pesquisadores, cada um pode inicialmente fazer a sua MTO e, posteriormente, ser feita uma sistematização ou disponibilizado um local de edição colaborativa em rede, em que todos editam o mesmo quadro.

Na perspectiva de elaboração dessa cartografia metodológica da pesquisa-ação em educação, a MTO tem se mostrado uma boa estratégia metodológica. Com ela, os primeiros resultados às questões da MDP ficam evidentes. A partir disso, é possível esclarecer melhor ou mesmo aprimorar questões da primeira versão da MDP.

Os problemas e desafios observados e registrados podem orientar prospectivamente as ações. Por isso, os aspectos da retrospecção e prospecção são mantidos na MTO, sendo incorporados na sistematização das análises e conclusões. Essa matriz tem o foco mais centralizado na etapa da observação/registro, na perspectiva dos ciclos espiralados da pesquisa-ação.

No exemplo do Quadro 5, explicitam-se resultados pertinentes à elaboração das perguntas feitas na MDP. Já não são mais os "dados brutos" registrados no diário nem são transcrições das "falas ou textos" emitidos diretamente pelos participantes. Trata-se de informações filtradas, selecionadas em virtude da pertinência da relação temática das questões da MDP e, por isso, já constituem escrita oriunda de seleção e de autoria do próprio pesquisador.

As informações disponibilizadas na MTO indicam várias nuances do problema e objetivos de pesquisa-ação empreendida. Os conteúdos de cada campo só fazem sentido quando relacionados à respectiva questão da MDP. São selecionados alguns aspectos que permitem ilustrar as peculiaridades de um processo inédito. As informações registradas na MTO sempre possibilitam uma leitura muito particular dos problemas, limites, desafios de ações cooperativas dentro do contexto e do grupo de participantes envolvidos. Os registros da MTO sinalizam, muitas vezes, a necessidade de avanços significativos na reestruturação do próprio percurso metodológico interpretativo-crítico previsto inicialmente.

Matriz Temático-Analítica - MTA

Se a MDP é uma possibilidade de delimitação da preocupação temática, a MTO e a MTA permitem cultivar sua reescrita como estratégia investigativa-analítica e conclusiva, respectivamente. Dessa forma, as três matrizes geram condições de acoplamento entre os postulados teórico-metodológicos, impulsionando análises alicerçadas na multiplicidade dos dados coletados no fluxo de uma pesquisa-ação educacional. As questões formuladas na MDP orientam e focalizam o percurso de participação ativa, produção, registro e seleção de informações na MTO.

A MTA, por sua vez, mantém a palavra "temático", tendo em vista seu vínculo com a preocupação temática inicial. Na terceira matriz, associa-se a palavra "analítica" para retratar a nova etapa metodológica, que é a análise interpretativa-crítica dos dados produzidos e a elaboração das proposições conceituais (análises e conclusões geradoras de conhecimento inovador no âmbito científico-tecnológico).

A MTA inspira uma seleção mais apurada dos aspectos pertinentes para avaliações retrospectivas e prospectivas, sendo uma reflexão explicitamente categorizada. Seu fundamento continua matricial e cada uma das células é preenchida a partir da triangulação das informações produzidas durante o percurso e organizadas previamente na MTO. Portanto, só faz sentido fazer perguntas se, na finalização de um projeto de pesquisa, há composição de respostas. No Quadro 6, apresenta-se um exemplo de preenchimento de resultados de pesquisa e proposição na MTA.

Quadro 6
Exemplo de MTA: afirmações

Elaborar a MTA, na base das etapas cíclicas da pesquisa-ação educacional como processo interpretativo-crítico, é um trabalho sistêmico de autoria que só faz sentido se tiver ressonâncias com as questões da MDP e os registros da MTO. Essa coerência é absolutamente necessária.

A dimensão de análise dos dados, a qual constitui a proposta metodológica da cartografia matricial, instiga ao maior cerceamento dos resultados de pesquisa, esclarecendo critérios, condições espaço-temporais e contextuais da pesquisa. A elaboração da MTA permite sistematizar as conclusões nos relatórios de pesquisa porque isso, normalmente, se apresenta como uma dificuldade dos pesquisadores nas etapas finais da pesquisa qualitativa de cunho interpretativo-crítico. Para composição das análises interpretativas e das afirmações conclusivas na MTA, a triangulação possibilita utilizar a variedade das informações. Inclusive, sua convergência com elementos quantitativos enfatiza as diferentes percepções, leituras, singularidades dos registros, documentos e depoimentos.

As três matrizes acopladas têm se mostrado como elementos metodológicos organizadores fundamentais. Isso pode sinalizar coerência entre os propósitos da pesquisa (preocupação temática e objetivos), os procedimentos de coleta/produção de dados, análises e as conclusões (afirmações conceituais).

Sínteses conclusivas

Produzir conhecimento científico-tecnológico educacional no âmbito da pesquisa-ação como abordagem interpretativa-crítica qualitativa implica ações e operações, tais como: (re)formular questões; planejar; estabelecer objetivos; buscar alternativas; tomar decisões; aplicar e avaliar soluções; comparar resultados; determinar critérios; avaliar escolhas; e identificar avanços e retrocessos. Ou seja, implica construção, organização e criação como inovação social, humana e científico-tecnológica. O argumento central é o de que todas essas ações e operações podem ser realizadas mais sistematicamente em projetos de pesquisa-ação na roteirização dos processos nas três matrizes acopladas: MDP, MTO e MTA. Com essa proposição não se está, em hipótese alguma, desconsiderando que a pesquisa-ação é dinâmica, processual, é movimento. Ou seja, a pesquisa-ação, como princípio de pesquisa qualitativa, não se limita e não se encerra nos procedimentos metodológicos das matrizes.

A organização e análise dos dados produzidos durante as etapas cíclicas exigem proposições não lineares, embora estejam representadas em planos matriciais que explicitam as delimitações. Representam a tridimensionalidade, visto que os diferentes aspectos envolvidos se transversalizam, dobram e redobram, retomando o problema sempre de maneira distinta. Isso quer dizer que, em determinados momentos, os enunciados das questões podem e devem ser revistos como dinâmica de aprimoramento do par leitura-escrita dialógico-problematizadora.

A cartografia de uma preocupação educacional no âmbito da pesquisa-ação, do ponto de vista da abordagem qualitativa, remodela gradativamente a interpretação crítica e a compreensão das situações, dos envolvidos e dos contextos. Isso ocorre porque os tempos do processo de ensino, de aprendizagem e da pesquisa transcorrem concomitantemente. Desse modo, a demarcação dos dados nas matrizes advém da aproximação entre os envolvidos, da preocupação temática e do contexto esboçados na MDP, com objetivos estabelecidos como prioridades de acordo com as concepções (retrospectivas e prospectivas) do pesquisador e dos envolvidos.

Essa abordagem teórico-metodológica de vigilância crítica da pesquisa-ação como processo de resolução de problemas leva em consideração as singularidades, os eventos na problemática perscrutada. Trata-se de um campo propício para semear uma série de componentes e aspectos que vão incrementando e reconfigurando a MDP, inicialmente, explicitada durante as fases de organização da MTO e de tessitura da MTA.

Com a proposição das matrizes, pretende-se que a lógica metodológica constituída no interior de um processo de questionamento, autorreflexão e reflexão sobre os problemas inerentes à prática sustente a geração de conhecimento inovador. Nesse caso, destaca-se o conhecimento gerado com o desenvolvimento das três matrizes cartográficas como estratégias metodológicas coerentes com os princípios das teorias-guia da pesquisa-ação, ressaltadas no histórico dos temas, contextos e pesquisadores envolvidos. Dessa maneira, compartilha-se, ao longo desse texto, o conhecimento produzido sobre os contornos metodológicos da pesquisa qualitativa em projetos de pesquisa-ação. Os exemplos das três matrizes estão tematizados pelo interesse particular sobre tecnologias educacionais em rede na formação de professores.

A motivação inicial deu-se em virtude da pesquisa-ação, conforme aponta a literatura especializada destacada no início do texto, e requerer um trabalho sistemático com envolvimento e empenho do pesquisador para: compartilhar dialogicamente uma situação-problema com os envolvidos; alcançar níveis de criticidade analítica; e, a partir desses, elaborar redes conceituais propositivas (novos conhecimentos). Esse é o cenário que justifica o investimento na construção, divulgação e diálogo em torno das três matrizes (MDP, MTO e MTA) como estratégia teórico-metodológica para pesquisa-ação educacional.

A trajetória com o desenvolvimento de projetos de pesquisa-ação desde os anos 1990 (teses, dissertações e relatórios de projetos de pesquisa com auxílio financeiro do CNPq, Capes e Fapergs) foi fundamental para constituir experiência com procedimentos teórico-metodológicos relevantes em cada uma das etapas cíclicas (planejamento, ação, observação e reflexão), especialmente com a ferramenta inicial (Tábua de Invenção) para elaboração de projetos. Essa experiência mostrou a potencialidade de estruturantes metodológicos como a MDP nas etapas de delimitação da preocupação temática. Isso serviu como indicador-chave para viabilizar a construção da MTO e da MTA como estratégias metodológicas que permitem cultivar a coerência entre as etapas iniciais e finais de projetos de pesquisa-ação educacional no âmbito de abordagens epistemológicas qualitativas crítico-interpretativas. Pelo fato de as MDP, MTO e MTA terem se tornado estratégias teórico-metodológicas essenciais para sistematizar o percurso de pesquisa, compreende-se que essas três matrizes poderão ser amplamente utilizadas em projetos de pesquisa-ação educacional para ampliar e otimizar as condições da interpretação crítica e produção de conhecimento.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 2015

Histórico

  • Recebido
    Jan 2015
  • Aceito
    Mar 2015
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