Acessibilidade / Reportar erro

Achados ultrassonográficos das alterações fisiológicas e doenças mamárias mais frequentes durante a gravidez e lactação* * Trabalho realizado no Departamento de Tocoginecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, RN, Brasil.

Resumo

O diagnóstico ultrassonográfico das mamas durante a gravidez e lactação representa um desafio para o médico, em função das alterações fisiológicas próprias destes períodos. Para tanto, é essencial uma compreensão das imagens, da anatomia e da fisiologia mamárias para diagnosticar mais eficazmente doenças concomitantes. O presente artigo teve como objetivo fazer uma revisão das alterações fisiológicas que ocorrem nas mamas durante a gravidez e lactação, bem como relatar as principais características ultrassonográficas das doenças mamárias mais frequentes nestes períodos.

Unitermos:
Gestação; Lactação; Mama; Ultrassonografia

Abstract

Because of the physiological changes that occur during pregnancy and lactation, diagnostic ultrasound of the breast during these periods is a challenge for physicians. Therefore, a comprehensive understanding of imaging, anatomy, and physiology of the breast is important to effectively diagnosing diseases that can arise in women who are pregnancy or lactating. The aim of this article was to review the physiological changes that occur in the breasts during pregnancy and lactation, as well as to describe the main features of the breast diseases that occur most frequently during these periods.

Keywords:
Pregnancy; Lactation; Breast; Ultrasonography

INTRODUÇÃO

A avaliação ultrassonográfica das mamas durante a gravidez e lactação representa um grande desafio para o médico, sobretudo pelas várias mudanças fisiológicas que tornam o exame mais difícil, impedindo ou dificultando, frequentemente, uma interpretação adequada dos achados(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.

2 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.
-33 Boisserie-Lacroix M, Dos Santos E, Belléannée G, et al. La femme enceinte: difficultés diagnostiques. Imagerie de la Femme. 2004;14: 145-52.. As alterações da imagem ultrassonográfica mamária nestes períodos podem simular a presença de algumas doenças, bem como tornar confusa a avaliação de outras pré-existentes(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.). Alguns processos benignos como trauma e inflamação, que podem ser confundidos com doenças malignas, dificultam ainda mais o diagnóstico, se concomitantes com a gravidez ou lactação(55 Svensson WE. A review of the current status of breast ultrasound. Eur J Ultrasound. 1997;6:77-101.).

A maioria das lesões mamárias diagnosticadas durante a gravidez e lactação é benigna, sendo mesmo algumas específicas, como adenoma da lactação e galactocele(33 Boisserie-Lacroix M, Dos Santos E, Belléannée G, et al. La femme enceinte: difficultés diagnostiques. Imagerie de la Femme. 2004;14: 145-52.). O diagnóstico do câncer de mama, por sua vez, é de difícil elucidação e menos frequente nestes períodos, quando comparado com mulheres não grávidas na mesma faixa etária, sendo ainda um desafio para o médico(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.). Além disso, a compreensão dos vários problemas mamários e das características das imagens correspondentes é fundamental para estabelecer uma abordagem adequada das pacientes(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.).

As alterações fisiológicas próprias da gravidez e lactação aumentam a densidade mamária(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.,66 Bock K, Hadji P, Ramaswamy A, et al. Rationale for a diagnostic chain in gestational breast tumor diagnosis. Arch Gynecol Obstet. 2006;273:337-45.), particularmente em mulheres jovens(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.), e dificultam tecnicamente a avaliação mamária nos exames de imagem(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.,66 Bock K, Hadji P, Ramaswamy A, et al. Rationale for a diagnostic chain in gestational breast tumor diagnosis. Arch Gynecol Obstet. 2006;273:337-45.).

Na mamografia, o aumento da densidade mamária limita o seu uso(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.), não obstante haja discordância de que a avaliação da imagem seja tão comprometida na gravidez e lactação a ponto de não poder ser recomendado o seu emprego quando houver indicação clínica(77 Swinford AE, Adler DD, Garver KA. Mammographic appearance of the breasts during pregnancy and lactation: false assumptions. Acad Radiol. 1998;5:467-72.). Todavia, devido ao risco da radiação ionizante para o feto, no primeiro trimestre da gravidez, durante a organogênese, a mamografia deve ser evitada, embora só tenha sido encontrada associação com malformações quando a irradiação é cerca de dois milhões de vezes mais elevada que o padrão(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.).

A ressonância magnética também não é normalmente empregada em pacientes grávidas ou lactantes, uma vez que as alterações fisiológicas normais podem obscurecer o diagnóstico de doenças mamárias, sendo a ultrassonografia e a mamografia mais apropriadas(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.). A ressonância magnética pode, entretanto, ser indicada em algumas situações, como no câncer associado à gravidez, para avaliar a sua extensão e definir se é multifocal(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.). Atualmente, considera-se que este método possa ser indicado apenas em determinadas situações, levando sempre em conta o risco-benefício, evitando-se contrastes à base de gadolínio, ainda que não haja provas conclusivas de que o seu uso, assim como também os campos eletromagnéticos da ressonância, tenham efeitos nocivos sobre o feto(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.).

A ultrassonografia é considerada o método de eleição na gravidez e lactação(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.,66 Bock K, Hadji P, Ramaswamy A, et al. Rationale for a diagnostic chain in gestational breast tumor diagnosis. Arch Gynecol Obstet. 2006;273:337-45.), com sensibilidade de 86,7% a 100%(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.), superior à da mamografia(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.,66 Bock K, Hadji P, Ramaswamy A, et al. Rationale for a diagnostic chain in gestational breast tumor diagnosis. Arch Gynecol Obstet. 2006;273:337-45.), que é referida como sendo de 30%(88 Lee SS, Hartman HJ, Kuzmiak CM, et al. Management of breast symptoms in the pregnant and lactating patient. Curr Obstet Gynecol Rep. 2013;2:53-8.). A ultrassonografia tem ainda o benefício de não expor o concepto à radiação(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.), de ter alta resolução, permitindo uma avaliação mais eficaz das estruturas mamárias, sendo excelente para o diagnóstico e diferenciação entre lesões benignas e malignas(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.). Entretanto, sempre que uma imagem for considerada suspeita, a mamografia(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.) e/ou a biópsia(99 Sumkin JH, Perrone AM, Harris KM, et al. Lactating adenoma: US features and literature review. Radiology. 1998;206:271-4.) são indispensáveis.

O uso da ultrassonografia requer, porém, um sólido conhecimento, tanto da anatomia como de doenças mamárias, especialmente durante a lactação(1010 Geddes DT. Inside the lactating breast: the latest anatomy research. J Midwifery Womens Health. 2007;52:556-63.). Apesar disso, poucos estudos investigando a anatomia mamária têm sido conduzidos, desde que Cooper estudou as mamas de lactantes mediante dissecções, há mais de 160 anos(1010 Geddes DT. Inside the lactating breast: the latest anatomy research. J Midwifery Womens Health. 2007;52:556-63.,1111 Ramsay DT, Kent JC, Hartmann RA, et al. Anatomy of the lactating human breast redefined with ultrasound imaging. J Anat. 2005; 206:525-34.), mesmo que inconsistências na anatomia das mamas no ciclo grávidopuerperal tenham sido observadas(1111 Ramsay DT, Kent JC, Hartmann RA, et al. Anatomy of the lactating human breast redefined with ultrasound imaging. J Anat. 2005; 206:525-34.).

O presente artigo teve como objetivo fazer uma revisão das alterações fisiológicas que ocorrem nas mamas durante a gravidez e lactação, bem como relatar as principais características ultrassonográficas das doenças mamárias mais frequentes nestes períodos.

ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS MAMÁRIAS DA GRAVIDEZ E LACTAÇÃO

As alterações nos níveis séricos de estrogênio, progesterona e prolactina são as responsáveis pelas mudanças fisiológicas na arquitetura das mamas(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.,1212 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: physiologic changes and common benign entities. AJR Am J Roentgenol. 2013;200;329-36.), que se mostram evidentes no exame histológico(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.).

Sob a influência do estrogênio, iniciam-se no primeiro trimestre da gestação o crescimento e a proliferação ductal, e em menor grau, o crescimento alvéolo-lobular(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.,1212 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: physiologic changes and common benign entities. AJR Am J Roentgenol. 2013;200;329-36.). A expansão do tecido glandular se processa com invasão do tecido adiposo, que involui gradativamente(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.,1212 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: physiologic changes and common benign entities. AJR Am J Roentgenol. 2013;200;329-36.), ocorrendo concomitantemente um aumento da vascularização e do fluxo sanguíneo(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.).

Durante o segundo e terceiro trimestres, a progesterona induz a hiperplasia lobular, assim como a contínua involução do estroma fibrogorduroso(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.). Apesar de o maior crescimento das mamas ocorrer até 22 semanas de gravidez, um crescimento considerável no último trimestre e no pós-parto pode ocorrer em algumas mulheres(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.).

No final da gravidez, os níveis elevados de estrogênio e progesterona se contrapõem à prolactina, inibindo a produção láctea plena(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.,1313 Rosen PP. Anatomic and physiologic morphology. In: Rosen PP, editor. Rosen's breast pathology. 2nd ed. Philadelphia, PA: Lippicott-Raven; 2001. p 1-21.,1414 Neville MC. Anatomy and physiology of lactation. Pediatr Clin North Am. 2001;48:13-34.), ocorrendo, todavia, produção de colostro nas células alveolares(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,1313 Rosen PP. Anatomic and physiologic morphology. In: Rosen PP, editor. Rosen's breast pathology. 2nd ed. Philadelphia, PA: Lippicott-Raven; 2001. p 1-21.,1414 Neville MC. Anatomy and physiology of lactation. Pediatr Clin North Am. 2001;48:13-34.). Após o parto, com a diminuição do estrogênio e da progesterona, ocorre liberação constante de prolactina, por estímulo do fator liberador de prolactina no hipotálamo, ao mesmo tempo em que a estimulação física do mamilo pelo recém-nascido determina a liberação de ocitocina pela hipófise anterior, mantendo a lactação(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,1313 Rosen PP. Anatomic and physiologic morphology. In: Rosen PP, editor. Rosen's breast pathology. 2nd ed. Philadelphia, PA: Lippicott-Raven; 2001. p 1-21.,1414 Neville MC. Anatomy and physiology of lactation. Pediatr Clin North Am. 2001;48:13-34.).

Esta conversão do tecido mamário, de um estado proliferativo durante a gravidez para um estado secretor durante a lactação, denomina-se lactogênese(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.). Como resultado de tais mudanças, a imagem típica mamária na gestação é difusamente hipoecoica, devido ao aumento do tecido fibroglandular, tornando-se difusamente hiperecogênica durante a lactação, em função do aumento da vascularização(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.) e proeminência dos ductos(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.) (Figuras 1) e 2).

Figura 1
A: Mama no primeiro trimestre da gravidez: parênquima mamário predominantemente hipoecoico, observando-se dilatação ductal. B: Mama no segundo trimestre da gravidez: parênquima mamário com aumento da ecogenicidade, observando-se dilatação ductal mais pronunciada em comparação com o primeiro trimestre. C: Mama no terceiro trimestre da gravidez: parênquima mamário com considerável aumento da ecogenicidade, difusamente, e exuberante dilatação ductal quando comparado com o segundo trimestre.
Figura 2
Mama durante a lactação. Parênquima mamário difusamente hiperecoico, com dilatação dos ductos decorrente do acúmulo de leite.

Tais mudanças fisiológicas se manifestam, clinicamente, por aumento progressivo do volume, da firmeza e das nodularidades das mamas, o que torna o exame clínico mais difícil(1111 Ramsay DT, Kent JC, Hartmann RA, et al. Anatomy of the lactating human breast redefined with ultrasound imaging. J Anat. 2005; 206:525-34.). Estas alterações foram avaliadas em um estudo com lactantes, que mostrou ser variável a distribuição de tecido adiposo e fibroglandular quando comparadas as várias mulheres, mas não entre as mamas de uma mesma mulher. O número médio de ductos principais observado foi 9,6 ± 2,9 para a mama esquerda e para a mama direita. O diâmetro médio dos ductos principais situados na base do mamilo foi 1,9 ± 0,6 mm para a mama esquerda e 2,1 ± 0,7 mm para a mama direita. A proporção de tecido fibroglandular e adiposo foi 63 ± 9% e 37 ± 9% para a mama esquerda e 65 ± 11% e 35 ± 12% para a mama direita. Não foi encontrada correlação entre a produção láctea e a quantidade de tecido fibroglandular, o número de ductos ou o diâmetro médio dos ductos, nem houve correlação entre a quantidade de tecido fibroglandular e a capacidade de armazenamento da mama(1111 Ramsay DT, Kent JC, Hartmann RA, et al. Anatomy of the lactating human breast redefined with ultrasound imaging. J Anat. 2005; 206:525-34.).

O estudo do fluxo sanguíneo mamário pelo Doppler pulsátil vem sendo bem aplicado em animais; todavia, em mulheres, os dados são ainda escassos, admitindo-se que ele aumente, principalmente, pelos ramos da artéria torácica interna e ramos da artéria torácica lateral, as quais fornecem 60-70% e 30% desse fluxo, respectivamente(1313 Rosen PP. Anatomic and physiologic morphology. In: Rosen PP, editor. Rosen's breast pathology. 2nd ed. Philadelphia, PA: Lippicott-Raven; 2001. p 1-21.,1414 Neville MC. Anatomy and physiology of lactation. Pediatr Clin North Am. 2001;48:13-34.). Durante a gravidez, acredita-se que o fluxo sanguíneo dobre de volume(88 Lee SS, Hartman HJ, Kuzmiak CM, et al. Management of breast symptoms in the pregnant and lactating patient. Curr Obstet Gynecol Rep. 2013;2:53-8.,1515 Gedds DT, Aljazaf KM, Kent JC, et al. Blood flow characteristics of the human lactating breast. J Hum Lact. 2012;28:145-52.

16 Vorherr H. The breast: morphology, physiology and lactation. London, UK: Academic Press; 1974.
-1717 Thoresen M, Wesche J. Doppler measurements of changes in human mammary and uterine blood flow during pregnancy and lactation. Acta Obstet Gynecol Scand. 1988;67:741-5.), concomitantemente com o aumento da atividade metabólica e temperatura da mama, e persista durante a lactação, parecendo declinar até aos níveis pré-gestacionais duas semanas após o desmame(1111 Ramsay DT, Kent JC, Hartmann RA, et al. Anatomy of the lactating human breast redefined with ultrasound imaging. J Anat. 2005; 206:525-34.). Estudos em animais documentam uma relação entre a produção láctea e o fluxo sanguíneo, alguns positivamente(1717 Thoresen M, Wesche J. Doppler measurements of changes in human mammary and uterine blood flow during pregnancy and lactation. Acta Obstet Gynecol Scand. 1988;67:741-5.,1818 Stelwagen K, Davis SR, Farr VC, et al. Mammary epithelial cell tight junction integrity and mammary blood flow during an extended milking interval in goats. J Dairy Sci. 1994;77:426-32.) e outros sem relação(1515 Gedds DT, Aljazaf KM, Kent JC, et al. Blood flow characteristics of the human lactating breast. J Hum Lact. 2012;28:145-52.,1919 Lacasse P, Prosser CG. Mammary blood flow does not limit milk yield in lactating goats. J Dairy Sci. 2003;86:2094-7.); já em mulheres(1515 Gedds DT, Aljazaf KM, Kent JC, et al. Blood flow characteristics of the human lactating breast. J Hum Lact. 2012;28:145-52.,1818 Stelwagen K, Davis SR, Farr VC, et al. Mammary epithelial cell tight junction integrity and mammary blood flow during an extended milking interval in goats. J Dairy Sci. 1994;77:426-32.), não há informações seguras que relacionem o aumento do fluxo sanguíneo mamário durante a gestação com a produção de leite(2020 Sebate JM, Clotet M, Torrubia S, et al. Radiologic evaluation of breast disorders related to pregnancy and lactation. Radiographics. 2007;27 Suppl 1:S101-24.).

Um estudo com lactantes, utilizando Doppler colorido, mostrou que o fluxo sanguíneo varia muito entre as mulheres, mas não quando comparadas as mamas de uma mesma mulher. Apesar de não ter sido encontrada relação entre o fluxo sanguíneo mamário e a produção láctea, a redução substancial do fluxo sanguíneo em mulheres lactantes com baixa produção sugere um limiar abaixo do qual a produção de leite fica comprometida(1515 Gedds DT, Aljazaf KM, Kent JC, et al. Blood flow characteristics of the human lactating breast. J Hum Lact. 2012;28:145-52.).

ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS/INFECCIOSAS

Mastite puerperal

Segundo a Organização Mundial da Saúde, mastite é definida como uma condição inflamatória da mama, a qual pode ou não ser acompanhada de infecção(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.).

As infecções, que raramente ocorrem na gestação, tornam-se frequentes durante a amamentação(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.,1212 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: physiologic changes and common benign entities. AJR Am J Roentgenol. 2013;200;329-36.), com uma incidência de 6,6% a 31%(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.,2121 Kvist LJ, Larsson BW, Hall-Lord ML, et al. The role of bacteria in lactational mastitis and some considerations of the use of antibiotic treatment. Int Breastfeed J. 2008;3:6.), e apresentam maior incidência durante as seis semanas imediatamente após o parto(1212 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: physiologic changes and common benign entities. AJR Am J Roentgenol. 2013;200;329-36.).

A causa permanece obscura(33 Boisserie-Lacroix M, Dos Santos E, Belléannée G, et al. La femme enceinte: difficultés diagnostiques. Imagerie de la Femme. 2004;14: 145-52.), mas prováveis fatores etiopatogênicos considerados são a estase de leite, a obstrução de ductos, o ingurgitamento e, particularmente, a lesão da mama(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.), que possibilita a entrada de micro-organismos oriundos do nariz e da boca do recém-nascido(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.) no tecido mamário, pelas fissuras do epitélio do mamilo(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.,1212 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: physiologic changes and common benign entities. AJR Am J Roentgenol. 2013;200;329-36.). O esvaziamento incompleto das mamas durante a amamentação predispõe à mastite(1111 Ramsay DT, Kent JC, Hartmann RA, et al. Anatomy of the lactating human breast redefined with ultrasound imaging. J Anat. 2005; 206:525-34.), visto que o leite é um excelente meio de cultura, sobretudo quando estagnado(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.), sendo o Staphylococcus aureus e o Streptococcus os agentes mais frequentes(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.,1212 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: physiologic changes and common benign entities. AJR Am J Roentgenol. 2013;200;329-36.). A infecção por S. aureus, que é superficial, apresenta invasão focal desde o início do processo, enquanto a causada por Streptococcus é difusa e provoca abscesso apenas nas fases mais avançadas(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.).

Clinicamente, as pacientes apresentam mamas eritematosas e edemaciadas, sendo aventada a suspeita clínica de abscesso associado quando há área de flutuação(1212 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: physiologic changes and common benign entities. AJR Am J Roentgenol. 2013;200;329-36.).

O diagnóstico da mastite puerperal não complicada normalmente é consolidado sem dificuldades com base na clínica(33 Boisserie-Lacroix M, Dos Santos E, Belléannée G, et al. La femme enceinte: difficultés diagnostiques. Imagerie de la Femme. 2004;14: 145-52.,1212 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: physiologic changes and common benign entities. AJR Am J Roentgenol. 2013;200;329-36.), não havendo, em geral, a necessidade de se realizar ultrassonografia ou outros métodos de imagem, os quais podem ser indicados quando o tratamento clínico não é eficaz, visando descobrir abscessos(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.,1212 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: physiologic changes and common benign entities. AJR Am J Roentgenol. 2013;200;329-36.,2020 Sebate JM, Clotet M, Torrubia S, et al. Radiologic evaluation of breast disorders related to pregnancy and lactation. Radiographics. 2007;27 Suppl 1:S101-24.,2222 Marchant DJ. Inflammation of the breast. Obstet Gynecol Clin North Am. 2002;29:89-102.). A ultrassonografia pode, no entanto, revelar espessamento da pele, áreas de diminuição da ecogenicidade do parênquima, aumento de vascularização no Doppler colorido, assim como linfoadenomegalia axilar(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.) (Figura 3).

Figura 3
Mastite puerperal. Áreas amorfas de ecogenicidade variável, predominantemente hipoecoicas e heterogêneas, difusamente distribuídas no parênquima mamário, com limites mal definidos.

Abscesso

A formação de abscesso é normalmente uma complicação da mastite puerperal(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.), principalmente se o tratamento tiver sido retardado ou inadequado(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.). Aproximadamente 5% a 11% das mastites puerperais evoluem para abscessos22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.,2323 Ulitzsch D, Nyman MK, Carlson RA. Breast abscess in lactating women: US-guided treatment. Radiology. 2004;232:904-9.), sendo o S. aureus e o Streptococcus os agentes patogênicos mais comuns.

No exame clínico, a paciente apresenta febre, calafrios e eritema, além dos sinais observados na mastite, acrescidos de flutuação(1212 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: physiologic changes and common benign entities. AJR Am J Roentgenol. 2013;200;329-36.).

A ultrassonografia é o método de eleição para o diagnóstico, bem como para guiar a drenagem da coleção, sendo útil também para acompanhar a evolução do processo durante o tratamento(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.). O diagnóstico pode ser mais difícil na fase pré-supurativa e ser confundido com uma lesão maligna na fase supurativa(33 Boisserie-Lacroix M, Dos Santos E, Belléannée G, et al. La femme enceinte: difficultés diagnostiques. Imagerie de la Femme. 2004;14: 145-52.). A imagem normalmente revela uma formação hipoecoica, complexa, de forma variada, geralmente multilocular, com margens não circunscritas, com vascularização periférica e reforço acústico posterior, podendo apresentar pontilhado ecogênico central, que corresponde a tecidos degenerados ou mortos(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.). Porém, não há nenhuma vascularização dentro da coleção(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.,2424 Karstrup S, Solvig J, Nolsoe CP, et al. Acute puerperal breast abscesses: US-guided drainage. Radiology. 1993;188:807-9.) (Figura 4).

Figura 4
Abscesso. A: Lesão amorfa, unilocular, complexa, com margens não circunscritas, orientação paralela à pele, heterogênea, com ecogenicidade variável, predominantemente hipoecoica e discreto reforço acústico posterior, correspondendo a abscesso com área de flutuação. B: Lesão ovoide, com margens circunscritas, orientação paralela à pele, hipoecoica, homogênea, apresentando discreto reforço acústico posterior, correspondendo a abscesso em formação.

Às vezes, o aspecto ultrassonográfico do abscesso pode sugerir outras doenças, como galactocele, que tem aspecto muito variável e pode apresentar infecção secundária, mostrando-se, frequentemente, como uma lesão heterogênea, com nível líquido-gordura(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.), que deve requerer punção aspirativa guiada por ultrassonografia para o diagnóstico diferencial com o abscesso(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.). A mamografia pode ser indicada se não há um diagnóstico prévio de certeza pela ultrassonografia, podendo mostrar sinais como massa, distorção, densidade assimétrica e espessamento da pele, os quais não são específicos de câncer e são indicativos de drenagem percutânea(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.).

Linfonodos intramamários e/ou axilares aumentados

Os linfonodos benignos são comumente bilaterais, múltiplos, e surgem como resposta a processos inflamatórios, doenças infecciosas, neoplasias e artrite reumatoide. As causas malignas incluem metástase de câncer de mama e linfoma. Durante a lactação podem surgir linfonodos aumentados, sendo relacionados à propagação bacteriana a partir do mamilo durante a amamentação, e vistos normalmente no quadrante superior externo da mama e na axila(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.).

Na ultrassonografia, os linfonodos benignos apresentam bordas hipoecoicas e halo hiperecogênico. Quando hiperplásicos, normalmente demonstram espessamento cortical concêntrico(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.) (Figura 5).

Figura 5
Linfonodo reacional benigno. Nódulo ovoide, com orientação paralela à pele, com margens circunscritas, bordas hipoecoicas e halo hiperecogênico, correspondendo a linfonodo benigno.

Mastite granulomatosa

Mastite granulomatosa é uma doença crônica, benigna, sem causa conhecida(2525 Goulart APS, Silva RS, Volbrecht B, et al. Mastite granulomatosa lobular idiopática: relato de caso. Rev Bras Mastologia. 2011;21:46-9.), rara, associada com a gravidez e a lactação, que afeta geralmente mulheres jovens, podendo mesmo surgir meses ou anos após o ciclo grávido-puerperal. A origem é provavelmente idiopática, embora a hipótese de ser causada por Corynebacterium seja aventada(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.). Considera-se também que uma reação autoimune à secreção ductal possa estar relacionada, em que o parto, a lactação e o uso de anticoncepcionais orais apresentam papel relevante no desenvolvimento da doença(2626 Hur SM, Cho DH, Lee SK, et al. Experience of treatment of patients with granulomatous lobular mastitis. J Korean Surg Soc. 2013;85:1-6.).

Comumente, manifestam-se alterações clínicas e radiológicas sugestivas de carcinoma inflamatório e abscesso mamários(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,2525 Goulart APS, Silva RS, Volbrecht B, et al. Mastite granulomatosa lobular idiopática: relato de caso. Rev Bras Mastologia. 2011;21:46-9.,2727 Han BK, Choe YH, Park JM, et al. Granulomatous mastitis: mammographic and sonographic appearances. AJR Am J Roentgenol. 1999;35:941-5.). Por este motivo e também pela tendência à recorrência e à resolução lenta(2020 Sebate JM, Clotet M, Torrubia S, et al. Radiologic evaluation of breast disorders related to pregnancy and lactation. Radiographics. 2007;27 Suppl 1:S101-24.), por existir linfoadenomegalia em 15% dos casos(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,1212 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: physiologic changes and common benign entities. AJR Am J Roentgenol. 2013;200;329-36.,2727 Han BK, Choe YH, Park JM, et al. Granulomatous mastitis: mammographic and sonographic appearances. AJR Am J Roentgenol. 1999;35:941-5.), o diagnóstico histopatológico é indispensável e o seguimento prolongado é necessário(2525 Goulart APS, Silva RS, Volbrecht B, et al. Mastite granulomatosa lobular idiopática: relato de caso. Rev Bras Mastologia. 2011;21:46-9.).

O diagnóstico baseia-se na exclusão. O exame histopatológico revela, geralmente, reação inflamatória granulomatosa, indicando que precisam ser excluídas outras doenças como tuberculose, infecções fúngicas, sarcoidose, granulomatose de Wegener, além de reações granulomatosas encontradas em carcinomas. A aparência da imagem pode ser variável e às vezes ser sugestiva de malignidade. Na mamografia, pode não ser detectada nenhuma anormalidade ou serem vistas imagens não específicas, tais como massa única ou múltipla, área de distorção arquitetural, assimetria focal, calcificações ou espessamento da pele. A correlação da imagem com o exame histopatológico é fundamental, tendo em vista a possibilidade de associação com carcinoma, sobretudo quando não há resposta à corticoterapia(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.).

Os achados dos exames físico e ultrassonográfico são inespecíficos(2020 Sebate JM, Clotet M, Torrubia S, et al. Radiologic evaluation of breast disorders related to pregnancy and lactation. Radiographics. 2007;27 Suppl 1:S101-24.), habitualmente apresentando-se, na ultrassonografia, como nódulo ou massa hipoecoica(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.), solitária ou múltipla, heterogênea, com margens circunscritas, com aspecto tubular. Abscesso difuso e formação de fístulas também podem ser vistos(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.) (Figura 6).

Figura 6
Mastite granulomatosa. Formação amorfa, com orientação não paralela à pele, margens não circunscritas, hipoecoica e de limites mal definidos.

LESÕES BENIGNAS COMUNS

Galactocele

Geralmente ocorre como resultado de um ducto distal obstruído, o qual provoca distensão dos segmentos proximais lobulares, e apresenta-se clinicamente como uma massa amolecida à palpação(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.), indolor, a qual contém proteína, gordura, lactose e frequentemente pode apresentar complicações como infecção e necrose(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,1212 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: physiologic changes and common benign entities. AJR Am J Roentgenol. 2013;200;329-36.). É a lesão mais comum durante a lactação(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.,1111 Ramsay DT, Kent JC, Hartmann RA, et al. Anatomy of the lactating human breast redefined with ultrasound imaging. J Anat. 2005; 206:525-34.), podendo ser diagnosticada semanas ou meses após a interrupção da amamentação, e também já no terceiro trimestre da gestação(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,1212 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: physiologic changes and common benign entities. AJR Am J Roentgenol. 2013;200;329-36.). Frequentemente é unilocular ou bilocular na região central ou multilocular na periferia(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.).

O aspecto da imagem na ultrassonografia é variável, dependendo da quantidade de gordura, proteína e água. O aspecto clássico é o de uma lesão cística, com sombra acústica posterior, com pontilhado fino ou grosseiro, correspondendo a partículas de gordura em suspensão(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.,2020 Sebate JM, Clotet M, Torrubia S, et al. Radiologic evaluation of breast disorders related to pregnancy and lactation. Radiographics. 2007;27 Suppl 1:S101-24.) (Figura 7).

Figura 7
Galactocele. A: Lesão com orientação paralela à pele, com margens circunscritas, apresentando componente anecoico (cístico) e componente ecogênico (sólido), com discreto reforço acústico posterior e limites bem definidos. B: Lesão com orientação paralela à pele, margens circunscritas, predominantemente hipoecoica, com áreas periféricas de hiperecogenicidade e reforço acústico posterior.

Pode se apresentar como lesão única ou múltipla(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.), unilateral ou bilateral(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.), e como lesão cística, com margens circunscritas, compatível com um processo benigno(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.). Pode, também, apresentar características de lesão maligna, incluindo forma irregular e margens não circunscritas(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.). O interior da lesão varia de homogêneo a heterogêneo, pela presença de ecos, a depender do conteúdo(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.).

A mamografia e a ressonância magnética podem ser necessárias quando houver suspeita de outras doenças como abscesso e câncer, pois a demonstração de gordura ou de nível líquido-gordura nestes métodos pode confirmar o diagnóstico. Se persistir a dúvida, a aspiração diagnóstica e terapêutica pode ser recomendada(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.).

Adenoma da lactação

O adenoma da lactação é um tumor benigno, causado pelas alterações fisiológicas, sobretudo durante a lactação e no terceiro trimestre da gravidez(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.,1212 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: physiologic changes and common benign entities. AJR Am J Roentgenol. 2013;200;329-36.), podendo ocasionalmente surgir também no primeiro e segundo trimestres(1111 Ramsay DT, Kent JC, Hartmann RA, et al. Anatomy of the lactating human breast redefined with ultrasound imaging. J Anat. 2005; 206:525-34.). É interpretado, às vezes, como uma variante do fibroadenoma, adenoma tubular, hiperplasia lobular, que também são causados por alterações fisiológicas(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,2828 Baker TP, Lenert JT, Parker J, et al. Lactating adenoma: a diagnosis of exclusion. Breast J. 2001;7:354-7.,2929 Saglam A, Can B. Coexistence of lactating adenoma and invasive ductal adenocarcinoma of the breast in a pregnant woman. J Clin Pathol. 2005;58:87-9.).

Durante a gravidez é o tumor mais frequente(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.) e evolui com redução de volume, podendo desaparecer espontaneamente no terceiro trimestre(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.) ou na lactação(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.),22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.,1212 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: physiologic changes and common benign entities. AJR Am J Roentgenol. 2013;200;329-36.), e algumas vezes também em decorrência de necrose(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,3030 Behrndt VS, Barbakoff D, Askin FB, et al. Infarcted lactating adenoma presenting as a rapidly enlarging breast mass. AJR Am J Roentgenol. 1999;173:933-5.).

Clinicamente apresenta-se como massa palpável(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.,1212 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: physiologic changes and common benign entities. AJR Am J Roentgenol. 2013;200;329-36.), indolor, macia, móvel(1212 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: physiologic changes and common benign entities. AJR Am J Roentgenol. 2013;200;329-36.), que pode, ocasionalmente, apresentar recorrência em gestações subsequentes(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.), mas normalmente não recidiva após ressecção cirúrgica completa(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.). Quando ocorre infarto, pode se tornar clinicamente atípico, apresentando-se como uma massa firme(1212 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: physiologic changes and common benign entities. AJR Am J Roentgenol. 2013;200;329-36.).

É difícil a distinção, na ultrassonografia, entre um adenoma da lactação e um fibroadenoma(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.,1212 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: physiologic changes and common benign entities. AJR Am J Roentgenol. 2013;200;329-36.). Os achados ultrassonográficos são normalmente compatíveis com um processo benigno, mas são inespecíficos(77 Swinford AE, Adler DD, Garver KA. Mammographic appearance of the breasts during pregnancy and lactation: false assumptions. Acad Radiol. 1998;5:467-72.), incluindo a baixa ecogenicidade44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.). Mais frequentemente aparece como uma massa oval, com o maior eixo paralelo à pele, apresentando margens circunscritas, textura homogênea e sombra acústica posterior. Pode ainda ter discretas lobulações, as quais apresentam limites com o tecido circundante não muito definidos(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.), mostrando também discreto fluxo no Doppler(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.). Tal como o fibroadenoma, o adenoma da lactação pode ser múltiplo e bilateral(1212 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: physiologic changes and common benign entities. AJR Am J Roentgenol. 2013;200;329-36.). O diagnóstico diferencial com lesões malignas pode ser difícil quando ocorre infarto(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.,2828 Baker TP, Lenert JT, Parker J, et al. Lactating adenoma: a diagnosis of exclusion. Breast J. 2001;7:354-7.,3030 Behrndt VS, Barbakoff D, Askin FB, et al. Infarcted lactating adenoma presenting as a rapidly enlarging breast mass. AJR Am J Roentgenol. 1999;173:933-5.,3131 Son EJ, Oh KK, Kim EK. Pregnancy-associated breast disease: radiologic features and diagnostic dilemmas. Yonsei Med J. 2006;47: 34-42.) e necrose(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.), por apresentarem margens pouco claras(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.),1212 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: physiologic changes and common benign entities. AJR Am J Roentgenol. 2013;200;329-36.), microlobulação periférica(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.), heterogeneidade estrutural e sombra acústica posterior(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.,1313 Rosen PP. Anatomic and physiologic morphology. In: Rosen PP, editor. Rosen's breast pathology. 2nd ed. Philadelphia, PA: Lippicott-Raven; 2001. p 1-21.) (Figura 8).

Figura 8
Adenoma da lactação. Nódulo ovoide, com orientação paralela à pele, margens circunscritas, padrão hipoecoico, heterogêneo, limites bem definidos.

Fibroadenoma

O fibroadenoma é comum em pacientes jovens não grávidas, aumentando de volume, frequentemente, durante a gravidez e lactação(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.), em resposta ao aumento dos níveis estrogênicos(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.). Assim como acontece com os adenomas da lactação, geralmente regride após a interrupção da amamentação(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.).

A lesão é normalmente indistinguível do adenoma da lactação na ultrassonografia(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.), sendo predominantemente hipoecoica(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.), com forma redonda ou oval, textura homogênea, margens circunscritas, pseudocápsula, ausência de sombra acústica posterior e tecido adjacente normal(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.). Entretanto, durante a gravidez, pode apresentar-se atípico, com aspecto cístico, aumento da vascularização e ductos proeminentes(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.).

Tal como no adenoma da lactação, pode apresentar também infarto, em razão da relativa diminuição do suprimento vascular, aparecendo mais heterogêneo na ultrassonografia(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.,1818 Stelwagen K, Davis SR, Farr VC, et al. Mammary epithelial cell tight junction integrity and mammary blood flow during an extended milking interval in goats. J Dairy Sci. 1994;77:426-32.,2828 Baker TP, Lenert JT, Parker J, et al. Lactating adenoma: a diagnosis of exclusion. Breast J. 2001;7:354-7.,3030 Behrndt VS, Barbakoff D, Askin FB, et al. Infarcted lactating adenoma presenting as a rapidly enlarging breast mass. AJR Am J Roentgenol. 1999;173:933-5.). A presença de características atípicas, tais como microlobulações, margens não circunscritas, ecotextura heterogênea, sombra acústica posterior e hipoecogenicidade exacerbada, pode indicar a realização de biópsia percutânea para confirmar o diagnóstico(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.) (Figura 9).

Figura 9
Fibroadenoma. Nódulo ovoide, com orientação paralela à pele, margens circunscritas, padrão hipoecoico, homogêneo, com discreto reforço acústico posterior.

CÂNCER DE MAMA ASSOCIADO À GRAVIDEZ

O câncer de mama associado à gravidez é definido como sendo o que ocorre concomitantemente com a gravidez ou até um ano após o parto. Representa 3% de todos os cânceres da mama, com incidência de um caso para cada 3.000 a 10.000 gestações(11 Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.,22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.), tendendo a aumentar atualmente, em razão do maior número de mulheres que engravidam tardiamente(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.). Em geral, é biologicamente agressivo, receptornegativo para estrogênio e progesterona e positivo para receptores tipo 2 do fator de crescimento epidérmico humano (Her2-neu)(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.).

A ultrassonografia é o método ideal para detectar uma imagem latente na gravidez, tendo em vista a sua alta sensibilidade, a possibilidade de avaliar os linfonodos axilares e monitorar a resposta à quimioterapia. No entanto, se uma lesão suspeita é observada na ultrassonografia, recomenda-se que a mamografia, por ser considerada um método seguro, deva ser realizada(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.,2020 Sebate JM, Clotet M, Torrubia S, et al. Radiologic evaluation of breast disorders related to pregnancy and lactation. Radiographics. 2007;27 Suppl 1:S101-24.,3131 Son EJ, Oh KK, Kim EK. Pregnancy-associated breast disease: radiologic features and diagnostic dilemmas. Yonsei Med J. 2006;47: 34-42.

32 Hogge JP, De Paredes ES, Magnant CM, et al. Imaging and management of breast masses during pregnancy and lactation. Breast J. 1999;5:272-83.
-3333 Taylor D, Lazberger J, Ives A, et al. Reducing delay in the diagnosis of pregnancy-associated breast cancer: how imaging can help us. J Med Imaging Radiat Oncol. 2011;55:33-42.), assim como a biópsia guiada por ultrassonografia(3434 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: imaging modalities and pregnancy-associated breast cancer. AJR Am J Roentgenol. 2013;200:321-8.). Nestes dois exames, a imagem encontrada normalmente não difere muito da do câncer em não grávidas(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.,44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.). Se a lesão é considerada altamente suspeita ou se o resultado da biópsia é positivo, a avaliação da axila ipsilateral também deve ser feita(3434 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: imaging modalities and pregnancy-associated breast cancer. AJR Am J Roentgenol. 2013;200:321-8.).

Este tumor tende a ser maior, é diagnosticado mais tardiamente e apresenta pior prognóstico do que o câncer em não grávidas da mesma idade(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.,3434 Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: imaging modalities and pregnancy-associated breast cancer. AJR Am J Roentgenol. 2013;200:321-8.). As pacientes geralmente apresentam massa palpável e indolor(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.), fixa aos planos profundos(55 Svensson WE. A review of the current status of breast ultrasound. Eur J Ultrasound. 1997;6:77-101.), com edema e eritema difusos nas fases adiantadas da doença(44 Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.).

Na ultrassonografia, aparece como massa heterogênea, hipoecoica ou complexa, cujo diâmetro transverso é igual ou menor que o diâmetro vertical (orientação não paralela à pele), com forma irregular, margens não circunscritas, halo ecogênico variável e sombreamento acústico posterior(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.,55 Svensson WE. A review of the current status of breast ultrasound. Eur J Ultrasound. 1997;6:77-101.). O carcinoma ductal in situ, que está associado com microcalcificações, é facilmente detectado na mamografia e muitas vezes não é observado na ultrassonografia(55 Svensson WE. A review of the current status of breast ultrasound. Eur J Ultrasound. 1997;6:77-101.). Outros achados associados incluem espessamento dos ligamentos suspensores da mama, edema cutâneo e linfadenopatia axilar(22 Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.) (Figura 10).

Figura 10
Câncer de mama associado à gravidez. A: Formação amorfa, com orientação paralela à pele, margens não circunscritas, com ecogenicidade variável, predominantemente hipoecoica, com textura heterogênea, discreto reforço acústico posterior e limites mal definidos. B: Nódulo irregular, com orientação paralela à pele, margens não circunscritas, hipoecoica, heterogênea, apresentando discreto sombreamento acústico posterior e limites mal definidos.

No Doppler, apresenta fluxo, com padrão vascular caótico. Alguns carcinomas são muito sutis, com ecogenicidade semelhante à dos tecidos circundantes(55 Svensson WE. A review of the current status of breast ultrasound. Eur J Ultrasound. 1997;6:77-101.).

CONCLUSÃO

O diagnóstico ultrassonográfico de doenças mamárias durante a gravidez e lactação é desafiador por causa das alterações hormonais características desses períodos, que podem modificar o aspecto da imagem.

Dependendo da natureza da suspeita diagnóstica, outros métodos de imagem e/ou biópsia podem ser necessários para a elucidação diagnóstica. Para tanto, é necessária uma compreensão adequada das alterações fisiológicas e das lesões mamárias benignas comuns nesses períodos, para as diferenciar do câncer da mama associado à gravidez. Com isso, a demora no diagnóstico é evitada, possibilitando uma abordagem satisfatória e um tratamento mais eficaz.

  • *
    Trabalho realizado no Departamento de Tocoginecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, RN, Brasil.

REFERENCES

  • 1
    Yu JH, Kim MJ, Cho H, et al. Breast diseases during pregnancy and lactation. Obstet Gynecol Sci. 2013;56:143-59.
  • 2
    Joshi S, Dialani V, Marotti J, et al. Breast disease in the pregnant and lactating patient: radiological-pathological correlation. Insights Imaging. 2013;4:527-38.
  • 3
    Boisserie-Lacroix M, Dos Santos E, Belléannée G, et al. La femme enceinte: difficultés diagnostiques. Imagerie de la Femme. 2004;14: 145-52.
  • 4
    Canoy JM, Mitchell GS, Unold D, et al. A radiologic review of common breast disorders in pregnancy and the perinatal period. Semin Ultrasound CT MR. 2012;33:78-85.
  • 5
    Svensson WE. A review of the current status of breast ultrasound. Eur J Ultrasound. 1997;6:77-101.
  • 6
    Bock K, Hadji P, Ramaswamy A, et al. Rationale for a diagnostic chain in gestational breast tumor diagnosis. Arch Gynecol Obstet. 2006;273:337-45.
  • 7
    Swinford AE, Adler DD, Garver KA. Mammographic appearance of the breasts during pregnancy and lactation: false assumptions. Acad Radiol. 1998;5:467-72.
  • 8
    Lee SS, Hartman HJ, Kuzmiak CM, et al. Management of breast symptoms in the pregnant and lactating patient. Curr Obstet Gynecol Rep. 2013;2:53-8.
  • 9
    Sumkin JH, Perrone AM, Harris KM, et al. Lactating adenoma: US features and literature review. Radiology. 1998;206:271-4.
  • 10
    Geddes DT. Inside the lactating breast: the latest anatomy research. J Midwifery Womens Health. 2007;52:556-63.
  • 11
    Ramsay DT, Kent JC, Hartmann RA, et al. Anatomy of the lactating human breast redefined with ultrasound imaging. J Anat. 2005; 206:525-34.
  • 12
    Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: physiologic changes and common benign entities. AJR Am J Roentgenol. 2013;200;329-36.
  • 13
    Rosen PP. Anatomic and physiologic morphology. In: Rosen PP, editor. Rosen's breast pathology. 2nd ed. Philadelphia, PA: Lippicott-Raven; 2001. p 1-21.
  • 14
    Neville MC. Anatomy and physiology of lactation. Pediatr Clin North Am. 2001;48:13-34.
  • 15
    Gedds DT, Aljazaf KM, Kent JC, et al. Blood flow characteristics of the human lactating breast. J Hum Lact. 2012;28:145-52.
  • 16
    Vorherr H. The breast: morphology, physiology and lactation. London, UK: Academic Press; 1974.
  • 17
    Thoresen M, Wesche J. Doppler measurements of changes in human mammary and uterine blood flow during pregnancy and lactation. Acta Obstet Gynecol Scand. 1988;67:741-5.
  • 18
    Stelwagen K, Davis SR, Farr VC, et al. Mammary epithelial cell tight junction integrity and mammary blood flow during an extended milking interval in goats. J Dairy Sci. 1994;77:426-32.
  • 19
    Lacasse P, Prosser CG. Mammary blood flow does not limit milk yield in lactating goats. J Dairy Sci. 2003;86:2094-7.
  • 20
    Sebate JM, Clotet M, Torrubia S, et al. Radiologic evaluation of breast disorders related to pregnancy and lactation. Radiographics. 2007;27 Suppl 1:S101-24.
  • 21
    Kvist LJ, Larsson BW, Hall-Lord ML, et al. The role of bacteria in lactational mastitis and some considerations of the use of antibiotic treatment. Int Breastfeed J. 2008;3:6.
  • 22
    Marchant DJ. Inflammation of the breast. Obstet Gynecol Clin North Am. 2002;29:89-102.
  • 23
    Ulitzsch D, Nyman MK, Carlson RA. Breast abscess in lactating women: US-guided treatment. Radiology. 2004;232:904-9.
  • 24
    Karstrup S, Solvig J, Nolsoe CP, et al. Acute puerperal breast abscesses: US-guided drainage. Radiology. 1993;188:807-9.
  • 25
    Goulart APS, Silva RS, Volbrecht B, et al. Mastite granulomatosa lobular idiopática: relato de caso. Rev Bras Mastologia. 2011;21:46-9.
  • 26
    Hur SM, Cho DH, Lee SK, et al. Experience of treatment of patients with granulomatous lobular mastitis. J Korean Surg Soc. 2013;85:1-6.
  • 27
    Han BK, Choe YH, Park JM, et al. Granulomatous mastitis: mammographic and sonographic appearances. AJR Am J Roentgenol. 1999;35:941-5.
  • 28
    Baker TP, Lenert JT, Parker J, et al. Lactating adenoma: a diagnosis of exclusion. Breast J. 2001;7:354-7.
  • 29
    Saglam A, Can B. Coexistence of lactating adenoma and invasive ductal adenocarcinoma of the breast in a pregnant woman. J Clin Pathol. 2005;58:87-9.
  • 30
    Behrndt VS, Barbakoff D, Askin FB, et al. Infarcted lactating adenoma presenting as a rapidly enlarging breast mass. AJR Am J Roentgenol. 1999;173:933-5.
  • 31
    Son EJ, Oh KK, Kim EK. Pregnancy-associated breast disease: radiologic features and diagnostic dilemmas. Yonsei Med J. 2006;47: 34-42.
  • 32
    Hogge JP, De Paredes ES, Magnant CM, et al. Imaging and management of breast masses during pregnancy and lactation. Breast J. 1999;5:272-83.
  • 33
    Taylor D, Lazberger J, Ives A, et al. Reducing delay in the diagnosis of pregnancy-associated breast cancer: how imaging can help us. J Med Imaging Radiat Oncol. 2011;55:33-42.
  • 34
    Vashi R, Hooley R, Butler R, et al. Breast imaging of the pregnant and lactating patient: imaging modalities and pregnancy-associated breast cancer. AJR Am J Roentgenol. 2013;200:321-8.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Nov-Dec 2016

Histórico

  • Recebido
    30 Abr 2015
  • Aceito
    16 Fev 2016
Publicação do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem Av. Paulista, 37 - 7º andar - conjunto 71, 01311-902 - São Paulo - SP, Tel.: +55 11 3372-4541, Fax: 3285-1690, Fax: +55 11 3285-1690 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: radiologiabrasileira@cbr.org.br