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COMPOSTOS ORGANOMETÁLICOS DE ESTANHO (II) – ESTANILAS DE ALGUNS METAIS REPRESENTATIVOS

Resumo

ORGANOMETALLIC COMPOUNDS OF TIN(II) - SOME MAIN GROUP METAL STANNYLS. This paper aims to summarise some chemical information about selected main group metal stannyl compounds. The number of these compounds in the literature are much fewer than those with transition metal cations. Most papers report details of stannyls containing Li(I), Na(I) and K(I), such as synthetic routes, spectroscopic results and their molecular structures. This review comprises not only information of stannyls containing these cations, but also some alkaline-earth species containing Mg(II), Ca(II), Sr(II), Ba(II), as well as Sn(II). In some compounds, the alkaline or alkaline earth cation is connected to the stannyl fragment through a Sn – M bond, evidenced by X-ray crystallographic data or by solution- or solid-state 119Sn NMR experiments. The introduction part of the paper summarizes the chemical aspects of these compounds and their importance in the organometallic chemistry of Sn(II) as a research area. The second part of this review is dedicated to a broad discussion of the syntheses and structural aspects of some Li(I), Na(I) and K(I) derivatives. The structure of some stannyl compounds of Mg(II), Ca(II), Sr(II), Ba(II) are displayed in the third part of this paper. Two rare examples of Sn(II)-based stannyl derivatives are shown in the final part of the review. This review also highlights how important it is to correlate X-ray crystallographic data with those obtained by solution- or solid-state 119Sn-NMR experiments in order to determine the degree of covalence in the Sn – M bond.

Keywords:
Sn(II) organometallics; stannyl species; main group metals


INTRODUÇÃO

Por muito tempo, estanilas de metais alcalino e alcalino terrosos foram consideradas espécies transitórias geradas in situ como fonte de ânions de [SnR3]- {Sn(II) e R = grupos alquilas ou arilas}. Essas espécies são amplamente utilizadas na realização de uma variedade de transformações químicas, como a formação de ligações Sn - M {metal de transição ou metais representativos dos grupos 13 - 16} ou Sn - C, através de reações de estanilas de metais alcalinos com substratos orgânicos. Após várias décadas de uso, surgiu um interesse considerável em se conhecer melhor esses compostos, se são espécies covalentes do tipo MSnR3 ou iônicas, [M+][-SnR3] ou ainda se possuem uma formulação em que a ligação Sn - M (M = metal alcalino ou metal terrestre alcalino) exibe algum caráter covalente. Consequentemente, uma série de derivados desses metais foram autenticados estruturalmente usando vários tipos de grupos orgânicos. A combinação de resultados obtidos através de cristalografia de raio-X e da espectroscopia de RMN em solução ou no estado sólido foram imprescindíveis para evidenciar a existência ou não de qualquer ligação covalente Sn – M, medindo-se os raios de van der Waals ou as constantes de acoplamento 1J(Sn-M), nesse caso quando M é uma espécie com spin nuclear s ≠ 0. Os resultados de tais estudos revelaram que apenas poucos desses derivados exibem de fato um contato direto Sn - M. Embora a química do estanho seja estratégica para o Brasil, por possuir enormes reservas de SnO2 e devido às aplicações industriais e tecnológicas, existem poucos grupos de pesquisa trabalhando com esse metal. A química do Sn(II) é desafiadora para quem decide estudá-la e ao mesmo tempo gratificante.11 de Lima, G. M.; Quim. Nova 2019, 42, 1189. Desafiadora, pois a síntese e caracterização envolvem técnicas e procedimentos especiais, tais como vidraria Schlenk, linhas de vácuo, atmosfera inerte, temperaturas baixas durante as reações, sendo necessário em alguns casos trabalhar em temperaturas em torno de−70 ou−80oC, usando misturas refrigerantes especiais, sem falar no uso de solventes isentos de água e O2. Esse desafio para estudantes de mestrado ou de doutorado traz um rico aprendizado em termos de síntese inorgânica, e muitas vezes em relação à síntese de ligantes, já que esses materiais não são adquiridos diretamente das empresas fornecedoras de produtos químicos. Além disso, esses estudantes adquirem experiência na obtenção de cristais destinados aos experimentos de determinação estrutural via difração de raios-X de monocristal, tarefa bastante árdua em se tratando de compostos sensíveis ao ar e umidade. Menciona-se ainda a riqueza de aprendizado ao se explorar não só a técnica de difração de raios-X, mas a de ressonância magnética nuclear, em solução e no estado sólido. Ao passo que os sinais de Sn(IV) aparecem nos espectros de RMN de 119Sn numa faixa de d entre 400 e−400 ppm, os sinais de Sn(II) podem surgir numa janela bem mais larga, em torno de 4000 ppm.

A química do Sn(II) faz parte das linhas de pesquisa em meu laboratório desde o início de minha vida profissional. Tenho feito investigações que culminaram com a publicação de vários trabalhos nos mais diferentes periódicos.22 de Lima, G. M.; dos Santos, C. G.; Coord. Chem. Rev. 2020, 410, 213236.

3 de Lima, G. M.; de Castro, V. D.; Siebald, H. G. L.; Leal Neto, J.; Main Group Metal Chem. 2001, 24, 223.

4 de Lima, G. M.; Duncalf, D. J.; Constantine, S. P.; Main Group Metal Chem. 2001, 24, 675.

5 de Lima, G. M.; Pierssens, L. J. M.; Mahieu, B.; Hyperfine Interact. 1999, 122, 327.

6 de Lima, G. M.; Duncalf, D. J.; Organometallics 1999, 23, 4884.

7 de Lima, G. M.; Constantine, S. P.; Hitchcock, P. B.; Keates, J. M.; Lawless, G. A.; Marziano, I.; Organometallics 1997, 16, 793.

8 de Lima, G. M.; Constantine, S. P.; Hitchcock, P. B.; Lawless, G. A.; Chem. Commun. 1996, 1101.
-99 de Lima, G. M.; Constantine, S. P.; Hitchcock, P. B.; Keates, J. M.; Lawless, G. A.; Chem. Commun. 1996, 2337. Então, seguindo uma sequência de revisões publicadas por mim em Química Nova sobre os aspectos gerais da química dos metalocenos, estanilenos, espécies contendo Sn(II), apresento nessa oportunidade um resumo do que se encontra na literatura a respeito das estanilas de metais alcalino e alcalino terrosos.1010 de Lima, G. M.; Filgueiras, C. A. L.; Quim. Nova 2010, 33, 2219.

11 de Lima, G. M.; Quim. Nova 2001, 24, 526.
-1212 de Lima, G. M.; Quim. Nova 1999, 22, 178.

Não é objetivo neste trabalho relatar compostos iônicos de Sn(II) com cadeias de ligações Sn – Sn – Sn. O desenvolvimento dessa química será divulgado numa próxima oportunidade.

Estanilas de metais alcalino e alcalino terrosos podem ser preparadas de várias maneiras, resumidas a seguir:

Os derivados de metais alcalino terrosos podem ser obtidos de forma semelhante. O equilíbrio de dissociação no Esquema 1 depende da natureza do grupo R, bem como do poder de solvatação do solvente. O composto NaSnPh3 em NH3(l) encontra-se dissociado e solvatado, por outro lado, uma solução do LiSnMe3 em EtNH2 tem uma condutividade elétrica muito baixa.

Todas as estruturas apresentadas nesse artigo foram geradas através do programa Mercury, versão 4.1.2, utilizando-se os arquivos CIFs depositados no CCDC, graças à licença financiada pela CAPES. Em todas as estruturas os átomos de carbono são representados em azul.

Esquema 1.
Preparação de algumas estanilas de metais alcalinos

ORGANOESTANILAS DE METAIS ALCALINOS

Estanilas de lítio

A literatura relata vários exemplos de estanilas de lítio, exibindo os mais variados ambientes de coordenação. No composto [Li(pmdeta) SnPh3] {pmdeta = (Me2NCH2CH2)2NMe}, Figura 1, o Sn(II) se encontra ligado ao metal alcalino, preparado pela reação do LiBun com SnPh3H em tolueno seguindo a adição de N,N,N′,N′′,N′′pentametildietilenotriamina (pmdeta).1313 Reed, D.; Stalke, D.; Wright, D. S.; Angew. Chem., Int. Ed. 1991, 30, 1459.

Figura 1
Estrutura molecular do composto [Li(pmdeta)SnPh3]

A estrutura molecular revelou um ângulo de ligação C – Sn – C médio de 96,1(2)o e uma ligação Sn - Li de 2,817(7) Å que persiste em solução. A constante de acoplamento 119Sn - 7Li, observada em 183 K, { 1J(Sn-Li) 412 Hz}, é comparável ao valor obtido para Li(hmpa)SnBu3 {1J(Sn-Li) 402 Hz}.1414 Reich, H. J.; Borst, J. P.; Dykstra, R. R.; Organometallics 1994, 13, 1.

A reação de 2-Me2NCH2CH2C6H4Li com SnCl2 levou à formação do triarilestanatos de lítio com diferentes graus de solvatação: [(2 - M e 2 N C H 2 C H 2 C 6 H 4 )3 S n L i (t h f )2], [(2-Me2NCH2CH2C6H4)3SnLi(thf)] e [(2-Me2NCH2CH2C6H4)3SnLi]. As estruturas dos dois primeiros compostos foram determinadas por difração de raios-X de monocristal, Figura 2.

Nesses compostos a ligação Sn – Li, em torno de 2,860 Å, embora maior que a soma dos raios covalentes dos dois átomos, 2,75 Å, mostra um alto grau de covalência tendo em vista os acoplamentos do 7Li com 119Sn observados em solução em experimentos à baixa temperatura.1515 Jastrzebski, J. T. B. H.; van Klaveren, M.; van Koten, G.; Organometallics 2015, 34, 2600. Outros compostos com braços laterais contendo grupos -NR2, como os exemplificados acima, foram relatados na literatura.1616 Selfert, T.; Vosteen, W.; Eur. J. Med. Chem. 1998, 1343.

O composto [Sn(h5-C5H5){N(SiMe3)2}(h5-C5H5)Li(pmdeta)], Figura 3, foi isolado como um material cristalino incolor e sensível ao ar, ao se adicionar Li{N(SiMe3)2} a uma solução de [Sn(h5-C5H5)2] em thf, seguido a adição de pmdeta.

O ambiente de coordenação do cátion Sn(II) é constituído por um grupo [N(SiMe3)2], com ligação Sn-N de 2,184(2) Å e por dois grupos h5-C5H5, um terminal e outro em ponte.1717 Paver, M.; Russell, C. A.; Stalke, D.; Wright, D. S.; J. Chem. Soc., Chem. Commun. 1993, 1349.

Ambos anéis Cp foram substituídos numa reação química similar do [Sn(h5-C5H5)2], com LiN=C(NMe2)2.1818 Edwards, A. J.; Paver, M. A.; Raithby, P. R.; Rennie, M. A.; Russell, C. A.; Wright, D. S.; J. Chem. Soc., Dalton Trans. 1995, 1587. O mesmo acontece quando essa reação ocorre com [LiC13H9], Figura 4, ambos grupos ciclopentadienilas são substituídos levando à formação do composto [{Li(thf)4}{Sn(C13H9)3}].1919 Edwards, AJ.; Paver, M. A.; Raithby, P. R.; Russell, C. A. Stalke, D.; Steiner, A.; Wright, D. S.; J. Chem. Soc., Dalton Trans. 1993, 1465.

Na química de Sn(II) é normal o uso de ligantes volumosos tais como Ar* = C6H3-2,6-Trip2, Figura 5. Ao se reagir Ar*SnPh com LiPh em Et2O, numa temperatura em torno de−78oC, ocorreu a formação de dois produtos [(Et2O)LiSnPh2Ar*] e [(LiSnPh2Ar*)2]

A determinação estrutural de ambos, revelou que o segundo composto é um dímero, no qual o Sn(II) encontra-se coordenado a dois grupos fenilas e ao grupo C6H3-2,6-Trip2, Figura 6.

O par de elétrons não-ligante do Sn(II) coordena o Li+ em cada um dos monômeros resultando em um comprimento de ligação de 2,809 Å. A estrutura dimeriza-se graças às interações do Li+ com o sistema p dos anéis Ph e C6H3Pri formando ligações Li+ com centro dos anéis Ph em torno de 2,137Å.2020 Eichler, B. E.; Philips, A. D.; Power, P. P.; Organometallics 2003, 22, 5423 Esse tipo de coordenação, embora bastante raro, assemelha-se ao esquema de ligação em torno do Li+ no composto anterior.

A reação de Li(PBut2) com SnCl2 (3:1) em thf levou à formação do composto [Li(thf){Sn(m-PBut2)2(PBut2)}], Figura 7.

Figura 2
Estrutura molecular dos compostos [(2-Me2NCH2CH2C6H4)3SnLi(thf)2] e [(2-Me2NCH2CH2C6H4)3SnLi(thf)]

Esse composto exibe uma distância média das ligações Sn-P e P-Li de 2,686 Å e 2,48 Å, respectivamente, que são consistentes com uma interação quelante de P(1) e P(3) com o átomo de Li. Experimentos de RMN dos vários núcleos presentes nessa molécula com spin nuclear s ≠ 0 trazem informações bastante preciosas. O espectro de RMN de 119Sn revelou um quarteto centrado em d−1310 {1J(Sn-P) 1360 Hz}.2121 Arif, A. M.; Cowley, A. H.; Jones, R. A.; Power, J. M.; J. Chem. Soc., Chem. Commun. 1986, 1446.

O ligante contendo três grupos piridinas desempenha um importante papel na química de coordenação e organometálica. Dos tipos relatados na literatura o [Li{Pb(2-Py)3}(thf)] (Py = piridila) e [Li{Sn(2-C5H3N-5-Me)3}(thf)], Figura 8, recebem especial atenção devido à presença de pares eletrônicos doadores não só no átomo de nitrogênio, mas no Pb(II) e Sn(II) apontando em sentido contrário ao modo de coordenação k3 dos grupos Py.2222 Beswick, M. A.; Belle, C. J.; Davies, M. K.; Halcrow, M. A.; Raithby, P. R. Steiner, A.; Wright, D. S.; Chem. Commun. 1996, 2619.

Figura 3
Estrutura molecular do composto [Sn(h5-C5H5){N(SiMe3)2}(h5-C5H5) Li(pmdeta)]
Figura 4
Estrutura do [LiC13H9]
Figura 5
Estrutura do ligante Ar* = C6H3-2,6-Trip2.
Figura 6
Estrutura molecular do composto [(LiSnPh2Ar*)2] onde Ar* = C6H3-2,6-Trip2

O estanato-tris-piridila de lítio foi empregado em reações com [Ln(h5-C5H5)2(Et2O)], levando à formação de [Ln{Sn(2-C5H3N5-Me)3}2] {Ln = Yb(II) e Eu (II)} e do [Eu{Sn(2-C5H3N-5-Me)3k1Sn:k3N}2(Li{Sn(2-C5H3N-5-Me)3-k3N }(thf)], Figura 9.

Possíveis ligações covalentes Sn – Eu são desconsideradas devido à longa distância entre esses cátions, 3,8874(4) Å. Entretanto, essa estrutura exibe uma ligação Sn – Li bastante curta, 2,792(12) Å.2323 Reichart, F.; Kischel, M.; Zeckert, K.; Chem. Eur. J. 2009, 15, 10018. Compostos semelhantes foram preparados nos anos seguintes.2424 Zeckert, K.; Zhan, S.; Kirchner, B.; Chem. Commun. 2010, 46, 2638.

Figura 7
Estrutura molecular do composto [Li(thf){Sn(m-PBut2)2(PBut2)}]
Figura 8
Estrutura do composto [Li{Sn(2-C5H3N-5-Me)3}(thf)]
Figura 9
Estrutura do composto [Eu{Sn(2-C5H3N-5-Me)3-k1Sn:k3N}2(Li{Sn(2-C5H3N-5-Me)3-k3N }(thf)]

Uma química análoga substituindo-se o grupo piridila por furanila tem sido desenvolvida de forma paralela.2525 Gebauer, I.; Grasing, D. Malysk, J.; Zahn, S.; Zeckert, K.; Dalton Trans. 2017, 46, 8279.,2626 Veith, M.; Ruloff, C.; Huch, V.; Tollner, F.; Angew. Chem., Int. Ed. 1988, 27, 1381.

Uma série de derivados semelhantes do tipo LiSnR3, onde R é um grupo alcóxido coordenados de forma k3 foram preparados pela reação de alcóxidos de lítio com Sn(OR)2.2727 Arif, A. M.; Cowley, A. H.; Jones, R. A.; Power, J. M.; J. Chem. Soc., Chem. Commun. 1986, 1446.

28 Veith, M.; Rösler, R.; Z. Naturforsch., B: Anorg. Chem., Org. Chem. 1986, 41, 1071.
-2929 Smith, G. D.; Fanwick, P. E.; Rothwell, I. P.; Inorg. Chem. 1989, 28, 618. Nesses compostos os oxigênios fazem pontes entre os cátions Sn(II) e Li+. A reação de SnCl2 e [Li(thf)3{Si(Si(SiMe3)3}] em Et2O numa temperatura de−78oC formou [Li(thf)3(m-Cl)Sn{Si(SiMe3)3}2] ao invés do esperado Sn{Si(SiMe3)3}2. Experimentos de difração de raios-X de monocristal mostrou que esse composto exibe um átomo de Sn ligado a dois grupos de Si(SiMe3)3 e a um Cl, em ponte entre Sn(II) e Li+.3030 Arif, A. M.; Cowley, A. H.; Elkins, T. M.; J. Organomet. Chem. 1987, 325, C11.

A reação em amônia liquida a 345K entre SnPh4 e Li metálico levou à preparação de um composto bastante interessante, [Li(NH3)4] [Sn(SnPh3)3]. Nessa reação ocorreu um rearranjo do SnPh4, formando o ânion [Sn(SnPh3)3]-, bastante raro na química de coordenação do Sn(II). Essa molécula não exibe nenhum contato Sn-Li, já que o cátion alcalino terroso se encontra afastado do ânion e solvatado por moléculas de amônia.3131 Flake, F.; Jacobs, H.; Eur. J. Solid State Inorg. Chem. 1997, 34, 495.

O composto [{(Me3Sn)2NLi(thf)}2], conhecido desde a década de 70, teve sua estrutura elucidada apenas na década passada, Figura 10.

Esse composto tem sido utilizado em reações com SnCl2 nas quais se obtém compostos cúbicos do tipo [Sn(m3-NSnMe3)]4, cujas arestas alternam Sn(II) e N.3232 Eichler, J. F.; Just, O.; Jr, W. S. R.; Inorg. Chem. 2006, 45, 6706. Compostos análogos em que esse amideto de lítio se encontra presente foram sintetizados utilizando-se estratégias diferentes.3333 Neumann, C.; Seifert, T.; Stoch, W.; Vosteen, M.; Wrackmeyer, B.; Angew, Chem., Int. Ed. 2001, 40, 3405

Figura 10
Estrutura do composto [{(Me3Sn)2NLi(thf)}2]

Estanilas de sódio

São poucos os exemplos desses derivados. Existem alguns contendo grupos alcóxidos NaSn(m-OR)3 onde os oxigênios fazem ponte entre Sn(II) e Na+.3434 Veith, M.; Weidner, S.; Kuze, K.; Käfer, D.; Hans, J.; Huch, V.; Coord. Chem. Rev. 1994, 137, 297.

O composto [Sn(h5-C5H5)3Na(pmdeta)] foi obtido na reação química entre [Sn(h5-C5H5)2] e Na(h5-C5H5) na presença de pmdeta. Ele apresenta dois grupos ciclopentadienilas em posição terminal e outro fazendo uma ponte de coordenação entre Sn(II) e Na+.3535 Davidson, M. G.; Stalke, D.; Wright, D. S.; Angew. Chem., Int. Ed. 1992, 31, 1226.

A reação entre Napz {Pz = pirazol} com SnCl2 forneceu [{Na(Pz)(thf)Sn(m-Pz)2(Pz)}2], Figura 11, um dímero com grupos Pz terminais e em ponte.

Figura 11
Estrutura molecular do composto [{Na(Pz)(thf)(m-Pz)2Sn(Pz)}2]

Nesse composto, a média das ligações Sn-N situa-se em torno de 2,169 Å.3636 Steiner, A.; Stalke, D.; J. Chem. Soc., Chem. Commun. 1993, 1702.

Estanilas de potássio

A reação de silóxidos de Sn(II), Sn(OSiR2R’)2, com silóxidos de potássio, KOSiR2R’, forneceu o derivado KSn(OSiR2R’)3 {R = R’ = Ph or R = Me and R’ = But}.3737 McGeary, M. J.; Cayton, R. H.; Folting, K.; Huffman, J. C.; Caulton, K. G.; Polyhedron 1992, 11, 1369.

Já o composto [K(18-crown-6)SnPh3] foi obtido através da cristalização de KSnPh3 em dme, na presença de 18-crown-6, Figura 12.

A estrutura cristalina não apresenta ligação covalente entre o K+ e Sn(II). Entretanto, a publicação original não leva em conta a existência de um contato K – C do anel fenila em torno de 3,28 Å. Uma análise mais criteriosa leva a crer que a estrutura não é molecular, formada por um par cátion/ânion, mas um polímero unidimensional. O cátion Sn(II) se localiza no topo de uma pirâmide trigonal, cujos lados são formados por ligações Sn – C com distância média de ligação de 2,224 Å. Além da ligação K – C do anel fenila, esse cátion encontra-se coordenado aos átomos de oxigênio do éter de coroa (18-crown-6), com ligações K – O variando de 2,764(5) a 2,851(5) Å.3838 Birchall, T.; Vetrone, J. A.; J. Chem. Soc., Chem. Commun. 1988, 877.,3939 Kleeberg, C.; Dalton Trans. 2013, 42, 8276.

Em outro experimento, o composto [K(dme)2Sn(m-OSiPh3)3] foi isolado da reação entre {Sn(OSiPh3)(m-OSiPh3)}2 com {K(thf)2OSiPh3} em dimetoxietano (dme), Figura 13.

Experimentos de cristalografia de raios-X revelou uma estrutura monomérica com ligações Sn – O variando entre 2,0567(22) a 2,0920(22) Å e os contatos K – O entre 2,7835(24) a 2,9039(26) Å. Já a distância de ligação Sn – K foi determinada em 3,515(1) Å. Dois grupos dme coordenam o cátion K+ de forma mono ou bidentada. Experimentos de RMN de 119Sn em solução revelaram um sinal em d−361 sem qualquer evidência de acoplamento 1J(Sn-K), sugerindo que em solução ocorre a dissociação da ligação Sn - K.4040 McGeary, M. J.; Cayton, R. H.; Folting, K.; Huffman, J. C.; Caulton, K. G.; Polyhedron 1992, 11, 1369.

A quebra da ligação Sn – Sn no [Np3Sn-SnNp3] (Np =-CH2But) com K numa mistura de thf/naftaleno, seguido da adição de tolueno, forneceu [K(h66 de Lima, G. M.; Duncalf, D. J.; Organometallics 1999, 23, 4884.-tolueno)3Sn(Np)3], Figura 14.4141 Hitchcock, P. B.; Lappert, M. F.; Lawless, G. A.; Royo, B.; J. Chem. Soc., Chem. Commun. 1993, 554.

A determinação estrutural por difração de raios-X mostrou que o cátion K+ se encontra coordenado a três moléculas de tolueno, de forma h6, onde o comprimento médio de ligação desse cátion com o centro do anel é de 3,30 Å. Um arranjo similar foi observado no composto [K(18-crown-6)(h-tolueno)2][K(18-crown-6){Sn(OSiPh3)3}2].4242 Atwood, J. L.; Çetinkaya, B.; Gümrükçü, I.; Lappert, M. F.; Rogers, R. D.; Zaworotko, M. J.; J. Am. Chem. Soc. 1980, 102, 2088. O cátion K+ é coordenado pelo par de elétron não ligante do grupo estanila, cuja distância de ligação é 3,548(3) Å. Experimentos de CPMAS de 119Sn no estado sólido revelaram uma série de quartetos centrados em d−221 resultantes do acoplamento entre o núcleo de3939 Kleeberg, C.; Dalton Trans. 2013, 42, 8276.K(s = 3/2) e 119Sn (s = ½) { 1J(Sn-K) 289 Hz}. Apenas um simpleto em d−211 aparece em solução, mostrando o afastamento de cátion e ânion devido ao efeito de solvatação.

Figura 12
Estrutura molecular do composto [K(18-crown-6)SnPh3]

Outros exemplos de estanilas de potássio foram preparados mais recentemente. Para alguns compostos, embora exibam contatos K – Sn próximos aos valores dos raios de van der Waals, nenhum experimento de RMN no estado sólido foi feito.4343 Kleeber, C.; Grunenber, J.; Xie, X.; Inorg. Chem. 2014, 53, 4400. Outros compostos não exibem qualquer contato direto de ligação com o Sn(II) nem por intermédio de pontes de átomos doadores de elétrons como em exemplos vistos ao longo desse manuscrito.4444 Koby, R. F.; Hanusa, T. P.; Schley, N. D.; J. Am. Chem. Soc. 2018, 140, 15934.

Figura 13
Estrutura molecular do composto [K(dme)2Sn(m-OSiPh3)3]. As moléculas de dme foram omitidas de forma a tornar a figura mais clara
Figura 14
Estrutura molecular do composto [K(h6-tolueno)3Sn(Np)3] (Np = -CH2But)

ORGANOESTANILAS DE METAIS ALCALINO TERROSOS

Estanilas de magnésio

Algumas estanilas de magnésio tiveram suas estruturas determinadas por cristalografia de raios-X, [Mg(CH3ON)(SnCl3)2], [Mg(CH3ON) (Sn2Cl5)(SnCl3)], [{Mg(m-OBut)}2{Sn(m-OBut)2(OBut)}2] e [Mg(thf)6{Sn(h5-C5H5)3}].4545 Veith, M.; Godicke, B.; Huch, V.; Z. Anorg. Allg. Chem. 1989, 579, 99.,4646 Veith, M.; Hans, J.; Stahl, L.; May, P.; Huch, V.; Sebald, A.; Z. Naturforsch., B: Anorg. Chem., Org. Chem. 1991, 46, 402.,1919 Edwards, AJ.; Paver, M. A.; Raithby, P. R.; Russell, C. A. Stalke, D.; Steiner, A.; Wright, D. S.; J. Chem. Soc., Dalton Trans. 1993, 1465. Nenhum desses compostos exibem ligação Mg – Sn. Nesse último composto, Figura 15, o cátion Sn(II) encontra-se coordenado a três anéis C5H5, o que é bastante raro, fazendo desse composto o único exemplo desse tipo de esquema de ligação em se tratando de Sn(II) e do ligante em questão. O Mg(II) liga-se a seis moléculas do solvente, thf.

Estanilas de cálcio, estrôncio e bário

O número de espécies de estanilas de metais alcalino terrosos é bastante reduzido se comparado com os compostos da família 1. Artigos antigos descrevem a autenticação cristalográfica de quatro compostos, sendo que apenas um deles apresenta ligação Sn - Ca.4747 Dewan, J. C.; Silver, J.; Donaldson, J. D.; Thomas, M. J. K.; J. Chem. Soc., Dalton Trans. 1977, 2319.,4848 Westerhausen, W.; Enzelberger, M. M.; Schwarz, W.; J. Organomet. Chem. 1995, 491, 83.

O composto [Ca(thf)4(SnMe3)2], Figura 16, foi preparado ao se adicionar Ca metálico numa solução de Sn2Me6 em thf. Formaram-se também pequenas quantidades de Ca(thf)4{Sn(SnMe3)3}2 e SnMe4 durante a reação.4949 Westerhausen, M.; Angew. Chem., Int. Ed. 1994, 33, 1493.

Esse composto é monomérico no estado sólido com ligação Sn – Ca de 3,2721(3) Å. Experimentos de RMN de 119Sn NMR em solução mostraram um sinal em d−203, sem evidência de acoplamento desses dois núcleos em solução. Nenhum estudo de RMN no estado sólido foi efetuado nesse trabalho.

Figura 15
Estrutura molecular do composto [Mg(thf)6{Sn(h5-C5H5)3}]
Figura 16
Estrutura molecular do composto [Ca(thf)4(SnMe3)2]

A reação do composto NaSn(m-OBut)3 com CaI2 possibilitou a obtenção do derivado [Ca{Sn(m-OBut)3}2] ou então ao se tratar Ca(OBut)2 com Sn(OBut)2.4646 Veith, M.; Hans, J.; Stahl, L.; May, P.; Huch, V.; Sebald, A.; Z. Naturforsch., B: Anorg. Chem., Org. Chem. 1991, 46, 402. Essa estratégia foi utilizada na obtenção do composto [Ca{Sn(m-OSiMe2But)3}2], produzido através da reação química do Sn(OSiMe2But)2 com Ca(OSiMe2But)2 em dimetoxietano (dme). Por sua vez, o composto de partida de Ca(II) foi preparado reagindo-se HOSiMe2But com cálcio metálico em amônia liquida, Figura 17.

Cada um dos grupos estanilas, [Sn(m-OSiMe2But)3]- conecta-se ao cátion Ca(II) numa forma k3 de coordenação, exibindo ligações Ca – O com comprimento médio de 2,408 Å.5050 de Lima, G. M.; Duncalf, D. J.; Main Group Met. Chem. 2000, 23, 395.

Figura 17
Estrutura molecular do composto [Ca{Sn(m-OSiMe2But)3}2]. Os átomos de carbono e hidrogênio foram omitidos para uma melhor visão do ambiente químico em torno do Ca(II) e Sn(II).
Figura 18
Estrutura molecular dos compostos [Ca(18-crown-6)(hmpa)2][Sn(SnPh3)3]2 (a), [Sr(18-crown-6)(hmpa)2][Sn(SnPh3)3]2 (b) e [Ba(18-crown-6)(hmpa)2] [SnPh3]2 (c). Representa-se na figura (c) apenas um dos ânions para uma melhor visão do ambiente químico

Sinais muito próximos devido à ressonância do 119Sn foram observados no espectro de RMN de 119Sn, d−310,−318,−323 e−330 em solução de dme. Já o espectro de RMN de 119Sn no estado sólido exibiu apenas um sinal em diso−315. Acredita-se que os vários sinais em solução sejam devido à diferentes formas de solvatação do dme.

Devido abaixa abundância natural do 43Ca (s =7/2), 0,14% não foi possível observar acoplamento entre esse núcleo e 119Sn.

Uma série de estanilas de Ca(II), Sr(II) e Ba(II)¸ [Ca(18-crown-6) (hmpa)2][Sn(SnPh3)3]2, Figura 18(a), [Sr(18-crown-6)(hmpa)2] [Sn(SnPh3)3]2, Figura 18(b) e [Ba(18-crown-6)(hmpa)2][SnPh3]2, Figura 18(c), {onde hmpa = hexametilfosforamida} foram preparados através da reação de Sn2Ph6 e o metal alcalino terroso correspondente. Os produtos são formados pela inserção do metal na ligação Ph3Sn – SnPh3.

Figura 19
Estrutura molecular do composto [{Sn(h5-Cps)}{Sn(h5-Cps) (OSO2CF3)2}]

É importante observar que no caso da reação com Ba, ocorre apenas a quebra da ligação Sn – Sn, enquanto com os outros metais alcalino terrosos ocorre um rearranjo da espécie estanho formando o ânion [Sn(SnPh3)3]-. Essa espécie apresenta o estanho em dois diferentes estados de oxidação, Sn(II), o cátion central, e Sn(IV), ligados a três anéis Ph. O ambiente químico em torno dos cátions alcalino terrosos é bastante semelhante, pois eles se encontram coordenados ao éter de coroa e a duas moléculas de O=P(NH2)3. Cátions e ânions formam unidade separadas mantidas juntas por interação eletrostática.

ESTANILAS DE Sn(II)

A reação do HOSO2CF3 com [Sn(h5-Cps)2] {Cps = C5Me4(SiMe2But)} em tolueno permitiu o isolamento do composto [{Sn(h5-Cps)} {Sn(h5-Cps)(OSO2CF3)2}], Figura 19. A estrutura molecular e estudos de RMN de 119Sn revelaram que esse composto na verdade é formado pela associação de um cátion [Sn(h5-Cps)]+ e do ânion [Sn(h5-Cps) (OSO2CF3)2]-. Existem dois tipos de interação Sn – O, duas bastante longas com comprimento médio de 2,991 Å e duas ligações curtas com distância de 2,471 Å, respectivamente.

Experimentos de RMN de 119Sn no estado sólido mostraram duas ressonâncias em diso−2065, - 2301 concordando com os resultados de raios-X. Em solução apenas um sinal é observado em d−2170, sugerindo que as estruturas no estado sólido e em solução são diferentes.5151 de Lima, G. M.; Duncalf, D. J.; Constantine, S. P.; Main Group Met. Chem. 2002, 25, 567. É possível que em solução o composto exista como [Sn(h5-Cps) (OSO2CF3)]. Semelhante composto foi preparado de forma análoga [{Sn(h5-Cp*)}{Sn(h5-Cp*)(OSO2CF3)2}] {Cp* = C5Me5}, apresentando uma estrutura bastante parecida.5252 de Lima, G. M.; Siebald, H. G. L.; Main Group Met. Chem. 2003, 26, 263.

CONCLUSÕES

Como foi salientado no texto, a química do estanho é estratégica para o país, tendo em vista a importância desse metal no cenário mundial e as reservas brasileiras de cassiterita. É necessário agregar valor ao mineral extraído de nosso subsolo. À despeito disso, são poucos os grupos de pesquisa dedicados ao seu estudo no Brasil. Um dos objetivos dessa revisão é divulgar a química organometálica do Sn(II). Então, resumiram-se aqui alguns aspectos interessantes sobre estanilas de metais representativos. Este artigo é a quarta revisão sobre a química organometálica do Sn(II) publicada pelo autor em Química Nova.1010 de Lima, G. M.; Filgueiras, C. A. L.; Quim. Nova 2010, 33, 2219.

11 de Lima, G. M.; Quim. Nova 2001, 24, 526.
-1212 de Lima, G. M.; Quim. Nova 1999, 22, 178. Os outros dois manuscritos incluíram dados sobre estanocenos e estanilenos. Forneceram-se nessa revisão detalhes sobre rotas sintéticas, resultados de RMN de 119Sn e sobre as estruturas moleculares de estanilas contendo Li(I), Na(I), K(I), Mg(II), Ca(II), Sr(II), Ba(II) e Sn(II). Como mostrado nesse artigo, poucos desses compostos exibem ligações diretas entre com Sn(II), evidenciadas por experimentos de cristalografia de raios-X ou por experimentos de RMN em solução ou no estado sólido. Na maioria deles, no entanto, os cátions encontram-se distantes do ânion. O estudo da química organometálica do estanho envolve estratégias sintéticas aprimoradas, dedicação e persistência. Entretanto, não se questiona a experiência adquirida pelos estudantes envolvidos em síntese inorgânica e orgânica, bem como nas espectroscopias envolvidas. Afinal, é imprescindível que os egressos dos cursos de mestrado e doutorado em química tenham adquirido uma forte e profunda bagagem de conhecimento, a ser colocada em prática em suas vidas profissionais e transferida para as próximas gerações de estudantes.

MATERIAL SUPLEMENTAR

Está disponível em http://quimicanova.sbq.org.br, com acesso livre, os códigos CSD das estruturas mencionadas no texto, cujos CIFs foram depositados no Cambridge Crystallographic Data Centre (CCDC).

https://minio.scielo.br/documentstore/1678-7064/HMPn3mFJmBYvNFj9TNXnJDH/f76b3d98316d0c1eb7a9946e5f07d2a785c8bd66.pdf

AGRADECIMENTOS

O autor agradece aos seguintes órgão de financiamento de pesquisa: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq (304772/2017-8), Fundação de Amparo da Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG (APQ-01626-14) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) (99999.005687/2015-02) por ter ao longo dos anos dado suporte financeiro para o desenvolvimento da pesquisa em meu laboratório.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Set 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    22 Dez 2020
  • Aceito
    02 Mar 2021
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