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Editorial

Regresso definitivamente ao Brasil depois de 12 anos como Diretor da Organização Pan-Americana de Saúde, em Washington. A decisão de regressar considerou especialmente o momento que vivemos no Mundo, na Região e no Brasil, um momento de transformação e crise a requerer estudo, criatividade e ação.

O crescente consenso sobre a necessidade de uma visão integral e integrada do desenvolvimento, na qual os chamados aspectos e setores sociais adquirem um significado crucial, abre portas mais amplas para a consideração da Saúde nesse processo. Ao mesmo tempo, as mudanças no perfil epidemiológico das populações, o progresso científico e tecnológico e o aumento das desigualdades sociais configuram um quadro de necessidades e desafios ainda sem respostas e conferem um sentido de urgência à ação transformadora.

Acrescente-se a isso as contradições entre os requerimentos do modelo econômico que se procura e aqueles do atendimento às necessidades sociais postergadas. Como parte desse processo, o Estado é objeto de uma profunda revisão que é frequentemente distorcida pela força de posições ideológicas dogmáticas ou de interesses individuais ou corporativistas.

Nesse contexto, o processo de mudança, ou reforma, do Setor Saúde é o grande desafio da Saúde Pública contemporânea. O sucesso de cada esforço nacional, nesse sentido, depende criticamente dos recursos humanos que, em última análise, são os responsáveis principais por sua efetivação: desde aqueles que conduzem e lideram, aos que realizam as ações concretas de atendimento em todos os níveis e componentes. Em particular, por sua relevância específica, estão os médicos.

A transformação nas práticas e nas relações de trabalho e de produção na Medicina, no contexto de todo o processo social da Saúde fazem ainda mais complexas e não menos urgentes a reavaliação e a reorientação da educação médica, em sintonia com igual consideração às condições do "mercado" do trabalho médico. Sem prejuízo da articulação imprescindível entre "serviço" e "educação", repousa sobre as instituições de educação -as escolas e as faculdades de Medicina -uma responsabilidade fundamental para dar resposta a esse desafio. Elas devem ser capazes de participar efetivamente no repensar crítico das práticas de atendimento e dos sistemas e setores da saúde e de seus contextos e, sobretudo, de avaliar-se objetivamente e de realizar as mudanças necessárias.

Foi, portanto, com grande satisfação e otimismo que tomei conhecimento do trabalho que a CINAEM vem realizando. Está, aí, na própria existência da Comissão e no projeto que ela promove o começo da resposta à necessidade imperiosa de uma profunda avaliação da formação médica no Brasil e, com as escolas médicas como objeto e atores centrais. É um processo interno, auto-avaliador em essência, para o qual se deve chamar a participação seletiva de instituições importantes do Setor Saúde e de outros atores estratégicos da sociedade civil.

Sem dúvida, essa será uma grande contribuição ao processo de mudança em favor da saúde dos brasileiros.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Jul 2020
  • Data do Fascículo
    Jan-Dec 1995
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