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Pseudotumor inflamatório do pulmão

Inflammatory pseudotumor of the lung

Resumo

We report a case of a ten year old boy with an inflammatory pseudotumor in the right upper lobe. Surgical excision was undertaken. Inflammatory pseudotumors of the lung often occur in children. We recommend complete resection for diagnosis and cure. This tumor can mimic malignant neoplastic lesions and can recur after surgical treatment.

Inflammatory pseudotumor; Lung; Recurrence; Malignancy


Inflammatory pseudotumor; Lung; Recurrence; Malignancy

RELATOS DE CASOS

Pseudotumor inflamatório do pulmão

Inflammatory pseudotumor of the lung

Raul Lopes Ruiz Júnior, ACBC-SPI; Antonio José Maria Cataneo, TCBC-SPII

IProfessor Assistente da Disciplina de Cirurgia Torácica da Faculdade de Medicina de Botucatu — UNESP

IIProfessor Adjunto da Disciplina de Cirurgia Torácica da Faculdade de Medicina de Botucatu — UNESP

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Caixa Postal 501 18618-970 — Botucatu-SP E-mail: ruizraul@fmb.unesp.br E-mail: sira@laser.com.br

ABSTRACT

We report a case of a ten year old boy with an inflammatory pseudotumor in the right upper lobe. Surgical excision was undertaken. Inflammatory pseudotumors of the lung often occur in children. We recommend complete resection for diagnosis and cure. This tumor can mimic malignant neoplastic lesions and can recur after surgical treatment.

Key words: Inflammatory pseudotumor; Lung; Recurrence; Malignancy.

INTRODUÇÃO

Pseudotumor inflamatório do pulmão é considerado uma neoplasia benigna de origem desconhecida1-3. A nomenclatura é inconsistente1 e, tem sido chamado também de Granuloma de Células Plasmáticas, Histiocitoma Fibroso, Fibroxantoma, Hemangioma Esclerosante, Sarcoma de Células Fusiformes ou Plasmocitoma1,2,4,5. A histologia revela áreas de necrose circundadas por células inflamatórias crônicas com proliferação fibrovascular do estroma, infiltrado de linfócitos e células gigantes mononucleares3. A etiologia ainda não é bem conhecida1-3,5. Esse tipo de alteração pode ser produto de algumas infecções, fúngicas ou bacterianas e até mesmo inalação de agentes irritantes2,3,5. O estudo anatomopatológico intra-operatório por congelação apresenta dificuldade para diferenciação entre linfoma, sarcoma e fibrose mediastinal1,4,5.

RELATO DO CASO

Paciente, masculino, 10 anos, branco, chegou ao Pronto-socorro com queixa de cansaço e palidez há 15 dias. Apresentava antecedente de anemia e sopro cardíaco.

Ao exame físico apresentava-se em bom estado geral, descorado, acianótico, afebril, e eupnéico. Peso: 24,9 kg; altura:1,31m; FC: 90bpm; FR: 24mrm. Coração: Bulhas rítmicas, normofonéticas, sopro sistólico 2+/4+. Pulmões: murmúrio vesicular presente bilateralmente, ruídos adventícios ausentes.

Foram realizados os seguintes exames:

— Eletrocardiograma: resultado normal para a idade.

— Radiografia de tórax: presença de massa em terço superior do hemitórax direito medindo 4 cm no seu maior diâmetro, com limites precisos e sem aderências pleuropulmonares (Figura 1).


— Tomografia computadorizada do tórax: confirmando massa sólida em lobo superior direito (Figura 2).


Realizada a toracotomia exploradora, evidenciou-se nos lobos superior direito e médio, massa endurecida, com limites precisos, esbranquiçada e sem aderências pleuropulmonares, medindo 4cm no seu maior diâmetro. O estudo anatomopatológico intraoperatório por congelação revelou processo inflamatório benigno. Foi, então, realizada bilobectomia superior e média, e o diagnóstico anatomopatológico definitivo foi pseudotumor inflamatório, predominando o tipo linfoplasmocítico.

DISCUSSÃO

O pseudotumor ocorre principalmente em jovens, sendo o tumor pulmonar primário mais freqüente em crianças abaixo de 16 anos de idade1,2,4,5. Caracterizado por um processo inflamatório reacional aberrante ou exagerado à injúria tecidual, sem causa estabelecida, talvez relacionado a agentes infecciosos como vírus, fungos ou complexos antígeno-anticorpo1,4. O achado radiológico de nódulo solitário ou massa pulmonar periféricos raramente cavitados com ou sem envolvimento extraparenquimatoso, em radiografia de tórax de rotina, em pacientes jovens sem história clínica ou de doença relacionada sinaliza para uma ampla investigação2,4. Enfatizamos a ressecção completa do tumor tanto para diagnóstico como para proposta terapêutica1,2,4,5, pois pode simular neoplasia maligna do pulmão2,4,5, apresentando invasão pleural, mediastinal, hilar, de via aérea ou de órgãos torácicos4,5, denotando um comportamento maligno. A recorrência pós-operatória pode ocorrer1,2,4,5.

O pseudotumor inflamatório tem variabilidade histológica e diversidade nas apresentações clínica e radiológica. A ressecção precoce e completa da lesão deve ser realizada para que haja confirmação do diagnóstico e exclusão do diagnóstico de malignidade, bem como para promover a cura e prevenir a recorrência, que deve ser tratada por re-operação.

Recebido em 02/04/2001.

Aceito para publicação em 22/11/2001.

Trabalho realizado no Serviço de Cirurgia Torácica da Faculdade de Medicina de Botucatu — UNESP.

  • 1. Cerfolio RJ, Allen MS, Nascimento AG et al. Inflammatory pseudotumors of the lung. Ann Thorac Surg, 1999, 67:933-936.
  • 2. Santos LG, Barbosa JRA, Moraes WC. Pseudotumor inflamatório de pulmão: relato de um caso. Brasília Médica, 1997, 34(1/2):21-25.
  • 3. Herman PG, Hillman B, Pinkus G et al. Unusual noninfectious granulomas of the lung. Radiology, 1976, 121:287-292.
  • 4. Jubrail D, Charalambos Z, Niki A et al. Inflammatory pseudotumor: a controversial entity. Eur J Cardiothorac Surg, 1999, 16:670-673.
  • 5. Alexious C, Obuszko Z, Beggs D et al. Inflammatory pseudotumors of the lung. Ann Thorac Surg, 1998, 66:948-950.
  • Endereço para correspondência:

    Caixa Postal 501
    18618-970 — Botucatu-SP
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      28 Out 2008
    • Data do Fascículo
      Abr 2002

    Histórico

    • Aceito
      22 Nov 2001
    • Recebido
      02 Abr 2001
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