Acessibilidade / Reportar erro

Análise comparativa dos fatores preditivos de morte em vítimas de trauma fechado com fraturas pélvicas

Resumos

OBJETIVO:

analisar os fatores preditivos de morte nas vítimas de trauma fechado com fraturas pélvicas.

MÉTODOS:

análise retrospectiva dos dados de registro de trauma, incluindo as vítimas trauma fechado com fraturas de pelve e idade superior a 14 anos. Os que faleceram formaram o grupo 1 e, os sobreviventes, o grupo 2. Utilizamos os testes t de Student, Fisher e Qui-quadrado para a análise estatística, considerando p<0,05 como significativo. Posteriormente comparamos os fatores preditivos de morte entre os períodos estudados.

RESULTADOS:

Foram incluídos 79 doentes. As médias do RTS, ISS e TRISS foram, respectivamente, 6,44 + 2,22; 28,0 + 15,2 e 0,74 + 0,33. Houve 19 óbitos (24%). A causa principal foi o choque hemorrágico (42,1%). Os que morreram apresentaram, significativamente (p<0,05), menor média de pressão arterial sistólica e escala de Glasgow à admissão, maior média de frequência cardíaca à admissão, AIS segmento cefálico, AIS em extremidades e ISS, como também, maior frequência de lesões graves em segmento cefálico e de fraturas complexas de pelve. O período mais recente se caracterizou por maior gravidade anatômica e fisiológica da amostra, como também, diminuição do impacto das lesões associadas (tórax e abdome) sobre a letalidade. Ao contrário do observado anteriormente, houve relação significativa entre a complexidade da fratura de pelve e letalidade.

CONCLUSÃO:

Houve diferença significativa entre os dois períodos, representada por aumento na gravidade da amostra e maior impacto da hemorragia retroperitoneal como causa de morte.

Fraturas do quadril; Fraturas fechadas; Ossos pélvicos; Prognóstico; Índices de gravidade do trauma


OBJECTIVE:

to identify predictors of death in blunt trauma patients sustaining pelvic fractures and, posteriorly, compare them to a previously reported series from the same center.

METHOD:

Retrospective analysis of trauma registry data, including blunt trauma patients older than 14 y.o. sustaining pelvic fractures admitted from 2008 to 2010. Patients were assigned into group 1 (dead) or 2 (survivors). We used Student's t, qui square and Fisher's tests for statistical analysis, considering p<0.05 as significant. Posteriorly, we compared predictors of death between both periods.

RESULTS:

Seventy-nine cases were included. Mean RTS, ISS and TRISS were, respectively, 6.44 + 2.22, 28.0 + 15.2 e 0.74 + 0.33. Nineteen patients died (24,0%). Main cause of death was hemorrhage (42,1%). Group 1 was characterized by (p<0.05) lower systolic blood pressure and Glasgow coma scale means on admission, higher heart rate, head AIS, extremity AIS and ISS means, as well as, higher frequency of severe head injuries and complex pelvic fractures. Comparing both periods, we notice that the anatomic and physiologic severity of injury increased (RTS and ISS means). Furthermore, there was a decrease in the impact of associated thoracic and abdominal injuries on the prognosis and an association of lethality with the presence of complex pelvic fractures.

CONCLUSION:

There were significant changes in the predictors of death between these two periods. The impact of thoracic and abdominal associated injures decreased while the importance of severe retroperitoneal hemorrhage increased. There was also an increase in trauma severity, which accounted for high lethality.

Hip fractures; Fractures, closed; Pelvic bones; Prognosis; Trauma severity índices


INTRODUÇÃO

As fraturas da pelve ocorrem em cerca de 2% das vítimas de trauma fechado, com incidência de 23/100.000 habitantes nas grandes cidades e mortalidade entre 4% e 23%11. Cordts Filho RM, Parreira JG, Perlingeiro JAG, Soldá SC, Campos T, Assef JC. Fratura de pelve: um marcador de gravidade em trauma. Rev Col Bras Cir. 2011;38(5):310-6. , 22. Gänsslen A, Giannoudis P, Pape HC. Hemorrhage in pelvic fracture: who needs angiography? Curr Opin Crit Care. 2003;9(6):515-23.. A maioria das fraturas de pelve é estável e não resulta em hemorragia retroperitoneal volumosa; apenas 10% podem ser classificadas como "complexas", caracterizando-se por instabilidade e sangramento grave retroperitoneal22. Gänsslen A, Giannoudis P, Pape HC. Hemorrhage in pelvic fracture: who needs angiography? Curr Opin Crit Care. 2003;9(6):515-23..

A energia necessária para a ruptura do anel pélvico é responsável também pela lesão de outros órgãos. Cerca de 90% dos traumatizados com fraturas de pelve apresentam lesões associadas, principalmente localizadas nos membros e na região cefálica33. Parreira JG, Haddad L, Rasslan S. Lesões abdominais nos traumatizados com fraturas de bacia. Rev Col Bras Cir. 2002;29(3):153-60.. As lesões abdominais podem estar presentes em até 40% dos casos11. Cordts Filho RM, Parreira JG, Perlingeiro JAG, Soldá SC, Campos T, Assef JC. Fratura de pelve: um marcador de gravidade em trauma. Rev Col Bras Cir. 2011;38(5):310-6. , 44. Dalal SA, Burgess AR, Siegel JH, Young JW, Brumback RJ, Poka A, et al. Pelvic fracture in multiple trauma: classification by mechanism is key to pattern of organ Injury, resuscitative requirements, and outcome. J Trauma. 1989;29(7):981-1000; discussion 1000-2. , 55. Gustavo Parreira J, Coimbra R, Rasslan S, Oliveira A, Fregoneze M, Mercadante M. The role of associated injuries on outcome of blunt trauma patients sustaining pelvic fractures. Injury. 2000;31(9):677-82.. Quando há associação de lesões graves em outros segmentos corporais, como no crânio e no abdome, a letalidade pode chegar a 50%66. Miller PR, Moore PS, Mansell E, Meredith JW, Chang MC. External fixation or arteriogram in bleeding pelvic fracture: initial therapy guided by markers of arterial hemorrhage. J Trauma. 2003;54(3):437-43.. Por tal motivo, a simples presença de uma fratura de pelve indica um traumatizado grave, com maior chance de evoluir com complicações e óbito11. Cordts Filho RM, Parreira JG, Perlingeiro JAG, Soldá SC, Campos T, Assef JC. Fratura de pelve: um marcador de gravidade em trauma. Rev Col Bras Cir. 2011;38(5):310-6..

Vários estudos observaram que o prognóstico dos traumatizados com fraturas pélvicas está relacionado principalmente à gravidade das lesões associadas, e não à complexidade da fratura11. Cordts Filho RM, Parreira JG, Perlingeiro JAG, Soldá SC, Campos T, Assef JC. Fratura de pelve: um marcador de gravidade em trauma. Rev Col Bras Cir. 2011;38(5):310-6. , 77. Chien L-C, Cheng H-M, Chen W-C, Tsai M-C. Pelvic fracture and risk factors for mortality: a population-based study in Taiwan. Eur J Trauma Emerg Surg. 2010;36(2):131-7.

8. Demetriades D, Karaiskakis M, Toutouzas K, Alo K, Velmahos G, Chan L. Pelvic fractures: epidemiology and predictors of associated abdominal Injuries and outcomes. J Am Coll Surg. 2002;195(1):1-10.

9. Lunsjo K, Tadros A, Hauggaard A, Blomgren R, Kopke J, Abu-Zidan F. Associated injuries and not fracture instability predict mortality in pelvic fractures: a prospective study of 100 patients. J Trauma. 2007;62(3):687-91.
- 1010. Sathy AK, Starr AJ, Smith WR, Elliott A, Agudelo J, Reinert CM, et al. The effect of pelvic fracture on mortality after trauma: an analysis of 63,000 trauma patients. J Bone Joint Surg Am. 2009;91(12):2803-10.. Demetriades et al.88. Demetriades D, Karaiskakis M, Toutouzas K, Alo K, Velmahos G, Chan L. Pelvic fractures: epidemiology and predictors of associated abdominal Injuries and outcomes. J Am Coll Surg. 2002;195(1):1-10., em 2002, relataram que, de 16.630 traumatizados com fratura de pelve, apenas 0,8% morreram em decorrência de complicações relacionadas diretamente à fratura. Outros estudos também observaram que a maioria das mortes em doentes com fraturas pélvicas não estava diretamente relacionada às mesmas, mas às lesões associadas44. Dalal SA, Burgess AR, Siegel JH, Young JW, Brumback RJ, Poka A, et al. Pelvic fracture in multiple trauma: classification by mechanism is key to pattern of organ Injury, resuscitative requirements, and outcome. J Trauma. 1989;29(7):981-1000; discussion 1000-2. , 55. Gustavo Parreira J, Coimbra R, Rasslan S, Oliveira A, Fregoneze M, Mercadante M. The role of associated injuries on outcome of blunt trauma patients sustaining pelvic fractures. Injury. 2000;31(9):677-82..

De maneira geral, a literatura não correlaciona a complexidade da fratura pélvica e sua estabilidade mecânica com pior prognóstico99. Lunsjo K, Tadros A, Hauggaard A, Blomgren R, Kopke J, Abu-Zidan F. Associated injuries and not fracture instability predict mortality in pelvic fractures: a prospective study of 100 patients. J Trauma. 2007;62(3):687-91.. Contudo, apesar de ser uma condição pouco frequente, a hemorragia retroperitoneal grave (HRG) é potencialmente letal. Miller et al. 66. Miller PR, Moore PS, Mansell E, Meredith JW, Chang MC. External fixation or arteriogram in bleeding pelvic fracture: initial therapy guided by markers of arterial hemorrhage. J Trauma. 2003;54(3):437-43. , em 2003, observaram que, entre 1171 traumatizados admitidos com fraturas pélvicas, apenas 35 (0,3%) tinham hipotensão arterial decorrente de sangramento retroperitoneal. Contudo, nestes casos a letalidade alcançou 54%. Acredita-se que a hemorragia retroperitoneal pode causar de 7 a 33% das mortes quando presente no paciente com fratura pélvica77. Chien L-C, Cheng H-M, Chen W-C, Tsai M-C. Pelvic fracture and risk factors for mortality: a population-based study in Taiwan. Eur J Trauma Emerg Surg. 2010;36(2):131-7. , 1111. Burkhardt M, Nienaber U, Krause J, Pizanis A, Moersdorf P, Culemann U, et al. Complex pelvic traumas: Data linkage of the German Pelvic Injury Register and the TraumaRegister DGU(r). Unfallchirurg. 2014 Apr 4. [Epub ahead of print]. .

Em nosso serviço, notamos um aumento da letalidade das vítimas de trauma fechado com fraturas pélvicas nos últimos anos11. Cordts Filho RM, Parreira JG, Perlingeiro JAG, Soldá SC, Campos T, Assef JC. Fratura de pelve: um marcador de gravidade em trauma. Rev Col Bras Cir. 2011;38(5):310-6.. Nossa hipótese é que isto está relacionado principalmente a um aumento na gravidade anatômica e fisiológica dos traumatizados, com um papel crescente da hemorragia retroperitoneal grave como causa principal. O objetivo deste estudo é analisar os fatores preditivos de morte nas vítimas de trauma fechado com fraturas pélvicas.

MÉTODOS

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (parecer 294.227, de 13/06/2013).

No Serviço de Emergência da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP) foi realizada a coleta prospectiva de dados de todos os traumatizados admitidos na sala de emergência de 2008 a 2010, com objetivo de formar um registro de trauma para controle de qualidade de atendimento. Os dados foram inicialmente coletados pelos residentes de cirurgia à admissão do doente e, posteriormente, por assistentes do serviço no seguimento até a alta. As informações foram armazenadas em banco de dados.

Realizamos uma análise retrospectiva das informações contidas neste registro de trauma, incluindo os dados das vítimas de trauma fechado com idade superior a 13 anos e de fraturas fechadas de pelve, admitidos entre 2008 e 2009. Os doentes com fraturas acetabulares isoladas não foram incluídos na amostra. Foram excluídos os registros em que as informações não estivessem precisas.

Coletamos informações a respeito do mecanismo de trauma, dos dados vitais à admissão, dos exames complementares realizados, das lesões diagnosticadas, bem como, da sua gravidade e tratamento. Foram consideradas para análise todas as variáveis anotadas em mais de 90% dos protocolos. Para análise das causas de mortes, consideramos como "causa principal" a que determinou diretamente o óbito. Mesmo que outras causas potenciais estivessem presentes, não foram consideradas como "causa principal" se não estivessem diretamente ligadas ao óbito. Quando mais de uma "causa principal" foi identificada, consideramos como "associação de fatores".

A estratificação de gravidade foi realizada através dos índices de trauma: Escala de Coma de Glasgow (ECG)1212. Teasdale G, Jennett B. Assessment of coma and impaired consciousness. A practical scale. Lancet. 1974;2(7872):81-4., Revised Trauma Score (RTS)1313. Champion HR, Sacco WJ, Copes WS, Gann DS, Gennarelli TA, Flanagan ME. A revision of the Trauma Score. J Trauma. 1989;29(5):623-9., Abbreviated Injury Scale (AIS)1414. Association for Advancement of Automotive Medicine (AAAM). The Abbreviated Injury Scale (AIS). A brief introduction. 1990 Revision. Ilinois, USA: AAAM, 1998. Available in: <http://www.tarn.ac.uk/content/downloads/72/coding.pdf>
http://www.tarn.ac.uk/content/downloads/...
, Injury Severity Score (ISS)1515. Baker SP, O'Neill B, Haddon W Jr, Long WB. The injury severity score: a method for describing patients with multiple injuries and evaluating emergency care. J Trauma. 1974;14(3):187-96. e TRISS1616. Boyd CR, Tolson MA, Copes WS. Evaluating trauma care: the TRISS method. Trauma Score and Injury Severity Score. J Trauma. 1987;27(4):370-8..

A ECG estratifica o nível de consciência do traumatizado utilizando parâmetros de abertura ocular, resposta verbal e resposta motora, variando de 3 a 15. O RTS é um índice fisiológico que utiliza os parâmetros pressão arterial sistólica, frequência respiratória e escala de coma de Glasgow, variando de 0 a 7,8408. A AIS é uma escala de gravidade de lesões orgânicas publicada pela Association for the Advancement of Automotive Medicine AAAM. Cada órgão tem lesões agrupadas em gravidades crescentes, variando de 1 a 6. As lesões AIS=1 são definidas como "menores", as AIS=2, "moderadas", as AIS=3, "graves", as AIS=4, "muito graves", as AIS=5, "críticas" e as AIS=6, letais. O ISS é um índice anatômico baseado na escala de lesões orgânicas AIS. As lesões são agrupadas em seis segmentos: cabeça e pescoço; face; tórax; abdome; extremidades e pelve óssea; e externas. A lesão mais grave dos três segmentos mais gravemente atingidos é selecionada, sendo a soma dos seus quadrados o valor do ISS. O TRISS é um índice que permite o cálculo da probabilidade de sobrevivência baseado nas variáveis: mecanismo de trauma, idade, RTS e ISS.

Neste estudo, consideramos como "graves" as lesões com AISe"3 nos diferentes segmentos corporais. Utilizamos a classificação de Key e Conwell modificada por Kane (KCK) para estratificar a gravidade das fraturas de pelve1717. Kane WJ. Fractures of the pelvis. In: Rochwood CA, Green DP, editors. Fractures in adults. Philadelphia: Lippincott; 1984. p.1093-210.. Nesta classificação, as fraturas de tipo I são as que não comprometem o anel pélvico, as de tipo II comprometem o anel pélvico em um ponto e, as de tipo III, em mais de um ponto. Consideramos como complexas as fraturas de pelve tipo III. As fraturas de pelve foram também classificadas segundo Tile em tipos A (estáveis, minimamente desviadas), B (rotacionalmente instáveis, porém verticalmente estáveis) e C (rotacionalmente e verticalmente instáveis)1818. Osterhoff G, Scheyerer MJ, Fritz Y, Bouaicha S, Wanner GA, Simmen HP, et al. Comparing the predictive value of the pelvic ring injury classification systems by Tile and by Young and Burgess. Injury. 2014;45(4):742-7..

No Serviço de Emergência da Santa Casa de São Paulo, o protocolo de atendimento das vítimas de trauma fechado com fraturas pélvicas envolve um atendimento multidisciplinar já nos primeiros momentos, incluindo realização de FAST (Focused Assessment Sonography for Trauma), radiografia de tórax e pelve, bem como, coleta de gasometria arterial na sala de admissão. Na presença de choque hemorrágico e instabilidade pélvica, ativa-se o protocolo de reanimação com concentrados de hemácias:plasma fresco:plaquetas na proporção 1:1:1, a imobilização da pelve com lençol é realizada em conjunto com os ortopedistas na sala a de admissão e, se não houver outro foco hemorrágico com necessidade de tratamento operatório, indica-se angiografia seletiva dos vasos ilíacos e seus ramos. Na presença de outros focos de hemorragia concomitantes, o doente é encaminhado ao centro cirúrgico para hemostasia, sendo o sangramento pélvico controlado com fixação externa da pelve (caso haja indicação ortopédica) e/ou tamponamento preperitoneal com compressas.

As vítimas de trauma fechado com fraturas pélvicas foram separadas em dois grupos: Grupo 1: Morte até 30 dias do trauma; e Grupo 2: Sobreviventes.

As variáveis foram comparadas entre os dois grupos para a identificação dos fatores preditivos de morte. Empregamos o teste qui-quadrado para avaliação das variáveis qualitativas. Para a análise das variáveis numéricas, utilizamos o teste t de Student e o teste exato de Fisher, quando necessário. Consideramos como significativo o p<0,05.

RESULTADOS

Foram incluídos 79 doentes, sendo 69,6% do sexo masculino com idade variando entre 14 e 87 anos (média 41,0 + 18,9 anos). Os mecanismos de trauma mais frequentes foram o atropelamento em 36 casos (45,6%), as quedas de altura em 24 (30,4%), acidentes envolvendo motociclistas em 15 (19,0%) e condutores/passageiros de automóveis de quatro rodas em 4 (5,1%). A média da pressão arterial sistólica a admissão (PAS) e ECG à admissão foram, respectivamente, 110,0 + 46,5 mmHg e 12,3 + 4,2. As médias do RTS, ISS e TRISS foram, respectivamente, 6,44 + 2,22; 28,0 + 15,2 e 0,74 + 0,33.

As lesões graves estiveram presentes em segmento cefálico, torácico, abdominal e extremidades em, respectivamente, 25 (31,6%), 24 (30,4%), 27 (34,2%) e 71 casos (89,9%). Foram realizadas duas craniotomias, uma toracotomia e 19 laparotomias, sendo dez, não terapêuticas.

As fraturas de pelve foram classificadas como tipos A, B e C (Tile) em, respectivamente, 45 (61,6%), 15 (20,5%) e 13 (17,8%). Não puderam ser classificados seis casos. Segundo a classificação de KCK, as fraturas foram tipos I, II e III em, respectivamente, 35 (43,5%), 18 (23,4%) e 20 (26,0%). Não puderam ser classificados seis casos. Dos 79 doentes, 7 (8,9%) foram submetidos à angiografia/embolização nas primeiras seis horas da admissão, 18 à fixação externa precoce em centro cirúrgico e quatro a tamponamento preperitoneal com compressas.

Dezenove doentes faleceram (24%). As causas principais mais frequentes foram choque hemorrágico em oito casos (42,1%), trauma craniencefálico em 6 (31,6%), infecção em 3 (15,8%), tromboembolismo pulmonar em 1 (10,4%) e arritmia cardíaca em 1 (10,4%). Dos doentes que morreram, 68,4% tinha lesões graves em segmento cefálico, 31,6% em tórax, 35% em abdome e 100% em extremidades. As fraturas KCK III foram identificadas em 61,1% e as Tile C em 50%.

Na comparação das variáveis numéricas entre os grupos 1 e 2, notamos diferença estatística nas médias da PAS à admissão (p<0,001), frequência cardíaca à admissão (p=0,024), ECG (p=0,006), RTS (p=0,004), AIS segmento cefálico (p<0,001), AIS em extremidades (p<0,001), ISS (p<0,001), TRISS (p<0,001), volume de cristaloide endovenoso à admissão (p=0,003) e volume de concentrado de hemácias infundido à admissão (p=0,006) (Tabela 1).

Tabela 1
Comparação das médias + desvio padrão das variáveis numéricas entre os grupo 1 (óbitos) e 2 (sobreviventes).

Na comparação das variáveis qualitativas entre os grupos 1 e 2, notou-se que os doentes que faleceram apresentaram maior frequência (p<0,05) de lesões graves em segmento cefálico, de fraturas Tile C, de fraturas KCK III, de flebotomia cirúrgica na sala de admissão, de intubação orotraqueal na sala de admissão, de fixação de pelve na sala de admissão, de laparotomias não terapêuticas e de doenças associadas (Tabela 2). Os doentes com fraturas pélvicas Tile C e KCK III tiveram letalidade superior aos demais (Tabela 3).

Tabela 2
Comparação das frequências das variáveis qualitativas entre o grupo 1 (óbitos) e 2 (sobreviventes).

Tabela 3
Letalidade segundo o tipo de fratura de acordo com a classificação de Key e Conwell modificada por Kane (KCK) e de Tile.

Na comparação das variáveis entre os dois períodos, notamos que a amostra mais recente apresentou, significativamente, maior média etária (p=0,012), menor média de RTS (p=0,008), maior média de AIS toráx (p=0,031), AIS em extremidades (p<0,001), ISS (p<0,001) e menor média do TRISS (Tabela 4).

Tabela 4
Comparação das variáveis entre os dois períodos de análise. Variáveis numéricas apresentadas como média +/- desvio padrão. Variáveis categóricas como frequência na amostra.

No estudo publicado em 2000, foram fatores preditivos de letalidade a idade, bem como, as lesões com AIS>2 na cabeça, tórax e abdome. Em comparação a esta série, notamos que apenas as lesões com AIS>2 na cabeça persistiram com associação significativa à letalidade. Enquanto que no primeiro estudo não observamos associação entre a complexidade da fratura e letalidade, neste período ela foi clara (Tabela 5).

Tabela 5
Comparação dos fatores associados à letalidade entre os dois períodos.

DISCUSSÃO

A letalidade das vítimas de fraturas de pelve diminuiu significativamente nas últimas décadas, principalmente pela priorização do controle da hemorragia retroperitoneal através de técnicas como a fixação externa precoce da fratura, angiografia/embolização seletiva das artérias ilíacas internas e seus ramos principais e, mais recentemente, o tamponamento pélvico extraperitoneal com compressas1919. Cheng M, Cheung MT, Lee KY, Lee KB, Chan SC, Wu AC, et al. Improvement in institutional protocols leads to decreased mortality in patients with haemodynamically unstable pelvic fractures. Emerg Med J. 2013 Dec 10. [Epub ahead of print]. , 2020. Palmcrantz J, Hardcastle TC, Naidoo SR, Muckart DJ, Ahlm K, Eriksson A. Pelvic fractures at a new level 1 trauma centre: who dies from pelvic trauma? The Inkosi Albert Luthuli Central Hospital experience. Orthop Surg. 2012;4(4):216-21.. As lesões concomitantes, principalmente as cranioencefálicas, passaram a ser as causas principais de morte nestes doentes55. Gustavo Parreira J, Coimbra R, Rasslan S, Oliveira A, Fregoneze M, Mercadante M. The role of associated injuries on outcome of blunt trauma patients sustaining pelvic fractures. Injury. 2000;31(9):677-82. , 88. Demetriades D, Karaiskakis M, Toutouzas K, Alo K, Velmahos G, Chan L. Pelvic fractures: epidemiology and predictors of associated abdominal Injuries and outcomes. J Am Coll Surg. 2002;195(1):1-10.

9. Lunsjo K, Tadros A, Hauggaard A, Blomgren R, Kopke J, Abu-Zidan F. Associated injuries and not fracture instability predict mortality in pelvic fractures: a prospective study of 100 patients. J Trauma. 2007;62(3):687-91.
- 1010. Sathy AK, Starr AJ, Smith WR, Elliott A, Agudelo J, Reinert CM, et al. The effect of pelvic fracture on mortality after trauma: an analysis of 63,000 trauma patients. J Bone Joint Surg Am. 2009;91(12):2803-10.. Contudo, nas grandes séries que analisam fatores relacionados à letalidade nestes doentes, ainda há casos de morte por hemorragia retroperitoneal grave2020. Palmcrantz J, Hardcastle TC, Naidoo SR, Muckart DJ, Ahlm K, Eriksson A. Pelvic fractures at a new level 1 trauma centre: who dies from pelvic trauma? The Inkosi Albert Luthuli Central Hospital experience. Orthop Surg. 2012;4(4):216-21.. É importante observar que, quando a HRG está presente, tem alta letalidade associada.

A letalidade observada em nosso estudo (24%) foi superior a de séries anteriores11. Cordts Filho RM, Parreira JG, Perlingeiro JAG, Soldá SC, Campos T, Assef JC. Fratura de pelve: um marcador de gravidade em trauma. Rev Col Bras Cir. 2011;38(5):310-6. , 33. Parreira JG, Haddad L, Rasslan S. Lesões abdominais nos traumatizados com fraturas de bacia. Rev Col Bras Cir. 2002;29(3):153-60. , 55. Gustavo Parreira J, Coimbra R, Rasslan S, Oliveira A, Fregoneze M, Mercadante M. The role of associated injuries on outcome of blunt trauma patients sustaining pelvic fractures. Injury. 2000;31(9):677-82.. Isto ocorreu mesmo com a instalação de protocolos estabelecidos de tratamento de vítimas de trauma pélvico com instabilidade hemodinâmica no decorrer dos anos, como já descrito. Pelos índices de trauma calculados, este aumento teve relação direta com uma maior gravidade fisiológica e anatômica das vítimas admitidas mais recentemente. As médias de RTS, ISS e TRISS do grupo de doentes que faleceram foram, respectivamente, 4,70, 40,9 e 0,43. Isto representa um grupo de doentes extremamente graves, com probabilidade de sobrevivência inferior a 50%. A presença de lesões graves em segmento cefálico foi significativa, alcançando 68,4%. Contudo, foi necessário algum procedimento de controle para sangramento retroperitoneal na maioria dos casos. A presença de fratura complexa de pelve, especialmente as tipo C de Tile e tipo III KCK foi um fator significativamente relacionado a maior letalidade. Portanto, a hemorragia retroperitoneal teve algum papel neste cenário.

Na comparação com a série anteriormente publicada de nosso Serviço55. Gustavo Parreira J, Coimbra R, Rasslan S, Oliveira A, Fregoneze M, Mercadante M. The role of associated injuries on outcome of blunt trauma patients sustaining pelvic fractures. Injury. 2000;31(9):677-82., observamos nitidamente a piora na gravidade das vítimas de trauma com fraturas pélvicas, baseada nos valores dos índices de trauma. Isto pode corresponder a uma melhora no sistema de atendimento pré-hospitalar, trazendo doentes que anteriormente morreriam antes de alcançar o hospital. Notamos também que, ao contrário do que o observado há 15 anos, a gravidade das lesões associadas em tórax e abdome não teve impacto relevante na letalidade. Apenas as lesões graves em segmento cefálico persistiram como um fator prognóstico importante. Entretanto, inversamente ao observado anteriormente, a presença de uma fratura complexa de pelve foi associada a maior letalidade.

Palmcrantz et al.2020. Palmcrantz J, Hardcastle TC, Naidoo SR, Muckart DJ, Ahlm K, Eriksson A. Pelvic fractures at a new level 1 trauma centre: who dies from pelvic trauma? The Inkosi Albert Luthuli Central Hospital experience. Orthop Surg. 2012;4(4):216-21. reportaram letalidade elevada nas vítimas de trauma com fraturas pélvicas, alcançando 31%. Observaram que a gravidade da fratura pélvica foi um fator prognóstico importante e que a letalidade estaria associada a um alto ISS (média de 36 nos que faleceram). Estes autores observaram maior letalidade nos com fraturas tipo C e nas vítimas de quedas de altura superior a seis metros. Em nosso estudo, este foi um dos mecanismos de trauma mais frequentes (30,4% dos casos).

É interessante observar que as vítimas de fraturas complexas de pelve se caracterizam pela presença de múltiplas lesões e, frequentemente, a causa da morte não pode ser atribuída isoladamente a um fator apenas. Em nossos dados, observamos que a maioria dos doentes que morreram tinha lesões graves em outros segmentos corporais, ou mesmo lesões ortopédicas graves e que necessitaram de hemostasia em centro cirúrgico, como fraturas expostas de membros superiores e inferiores. Ou seja, o foco hemorrágico muitas vezes é múltiplo. Hauschild et al.2121. Hauschild O, Strohm PC, Culemann U, Pohlemann T, Suedkamp NP, Koestler W, et al. Mortality in patients with pelvic fractures: results from the German pelvic injury register. J Trauma. 2008;64(2):449-55., em 2008, reportaram maior letalidade justamente nas vítimas de trauma com fraturas pélvicas que necessitaram de algum "procedimento emergencial". Em nosso estudo, observamos maior letalidade nos que necessitaram intubação orotraqueal e flebotomia à admissão, drenagem de tórax, fixação externa da fratura de pelve, angiografia/embolização e laparotomias.

Estes dados suportam a ideia que o sucesso para o prognóstico está no rápido controle dos focos hemorrágicos2222. Burlew CC, Moore EE, Smith WR, Johnson JL, Biffl WL, Barnett CC, et al. Preperitoneal pelvic packing/external fixation with secondary angioembolization: optimal care for life-threatening hemorrhage from unstable pelvic fractures. J Am Coll Surg. 2011;212(4):628-35; discussion 635-7.

23. Eckroth-Bernard K, Davis JW. Management of pelvic fractures. Curr Opin Crit Care. 2010;16(6):582-6.
- 2424. Gabbe BJ, de Steiger R, Esser M, Bucknill A, Russ MK, Cameron PA. Predictors of mortality following severe pelvic ring fracture: results of a population-based study. Injury. 2011;42(10):985-91.. Muitas vezes, isto só é possível em centro cirúrgico, haja vista a frequência de lesões associadas. Nos serviços que dispõem da possibilidade de realizar angiografia e embolização em centro cirúrgico, esta deve ser considerada precocemente. Caso não haja esta possibilidade, o tamponamento pélvico pré-peritoneal é uma opção cada vez mais realizada2222. Burlew CC, Moore EE, Smith WR, Johnson JL, Biffl WL, Barnett CC, et al. Preperitoneal pelvic packing/external fixation with secondary angioembolization: optimal care for life-threatening hemorrhage from unstable pelvic fractures. J Am Coll Surg. 2011;212(4):628-35; discussion 635-7.. Há autores que adicionam a ligadura das artérias ilíacas internas através do acesso pré-peritoneal como uma "medida de salvamento"2323. Eckroth-Bernard K, Davis JW. Management of pelvic fractures. Curr Opin Crit Care. 2010;16(6):582-6.. Estas informações reforçam a necessidade de reanimar estes doentes críticos já de início em uma sala com recursos para se realizar vários procedimentos diagnósticos e terapêuticos em conjunto.

O papel da fixação externa precoce da fratura de pelve ainda permanece em análise. Enquanto alguns autores relatam menor letalidade e melhor prognóstico nos pacientes submetidos a este tipo de tratamento, outros preferem o controle da hemorragia retroperitoneal por angiografia e embolização primariamente. Atualmente, sabe-se que sua indicação é seletiva. Os protocolos variam entre as instituições e mesmo entre sociedades2323. Eckroth-Bernard K, Davis JW. Management of pelvic fractures. Curr Opin Crit Care. 2010;16(6):582-6.

24. Gabbe BJ, de Steiger R, Esser M, Bucknill A, Russ MK, Cameron PA. Predictors of mortality following severe pelvic ring fracture: results of a population-based study. Injury. 2011;42(10):985-91.

25. Cullinane DC, Schiller HJ, Zielinski MD, Bilaniuk JW, Collier BR, Como J, et al. Eastern Association for the Surgery of Trauma practice management guidelines for hemorrhage in pelvic fracture-update and systematic review. J Trauma. 2011;71(6):1850-68.
- 2626. Davis JW, Moore FA, McIntyre RC Jr, Cocanour CS, Moore EE, West MA. Western trauma association critical decisions in trauma: management of pelvic fracture with hemodynamic instability. J Trauma. 2008;65(5):1012-5.. Sabe-se que enquanto a fixação externa precoce é capaz de controlar o sangramento venoso, a angiografia e embolização seriam a opção para os com hemorragia de foco arterial. Enquanto a maioria dos doentes com hemorragia retroperitoneal em associação com fraturas complexas de pelve têm sangramento venoso, sabe-se que a letalidade é maior nos com sangramento arterial. Em nosso estudo, ao procedimento mais frequentemente realizado para controle de hemorragia retroperitoneal foi a fixação externa. Nos doentes que faleceram, cerca de 20% foi submetido à angiografia/embolização como primeiro procedimento de controle da hemorragia retroperitoneal e 42% à fixação externa precoce.

Este estudo demonstrou que o tratamento das vítimas de trauma fechado com fraturas pélvicas continua um grande desafio. Este cenário concentra grande dissipação de energia, lesões em múltiplos órgãos e sistemas, bem como possíveis fontes de hemorragia de difícil controle. A letalidade persiste elevada, a despeito dos mais agressivos protocolos de reanimação. Não há uniformidade nos algoritmos propostos de conduta, visto que os mesmos precisam de adaptação local. Mais estudos detalhando exatamente as causas e condições associadas à letalidade devem ser conduzidos com o intuído de expor os pontos críticos que dificultam a aplicação dos protocolos sugeridos. A gravidade destes doentes provavelmente continuará a aumentar e há necessidade de preparação específica. Apenas com o treinamento de um grupo multiprofissional de ação rápida e com protocolos bem estabelecidos localmente há chance de diminuirmos a letalidade nas vítimas de fraturas complexas de pelve. Provavelmente a resposta aos casos mais críticos estará no desenvolvimento de salas de atendimento multifuncionais, que permitam tanto rápido diagnóstico por tomografia computadorizada como pronto tratamento cirúrgico aberto ou por radiologia intervencionista.

Concluindo, houve diferença significativa entre os dois períodos estudados, representada por aumento na gravidade da amostra e maior impacto da hemorragia retroperitoneal como causa de morte no período mais recente.

REFERENCES

  • 1
    Cordts Filho RM, Parreira JG, Perlingeiro JAG, Soldá SC, Campos T, Assef JC. Fratura de pelve: um marcador de gravidade em trauma. Rev Col Bras Cir. 2011;38(5):310-6.
  • 2
    Gänsslen A, Giannoudis P, Pape HC. Hemorrhage in pelvic fracture: who needs angiography? Curr Opin Crit Care. 2003;9(6):515-23.
  • 3
    Parreira JG, Haddad L, Rasslan S. Lesões abdominais nos traumatizados com fraturas de bacia. Rev Col Bras Cir. 2002;29(3):153-60.
  • 4
    Dalal SA, Burgess AR, Siegel JH, Young JW, Brumback RJ, Poka A, et al. Pelvic fracture in multiple trauma: classification by mechanism is key to pattern of organ Injury, resuscitative requirements, and outcome. J Trauma. 1989;29(7):981-1000; discussion 1000-2.
  • 5
    Gustavo Parreira J, Coimbra R, Rasslan S, Oliveira A, Fregoneze M, Mercadante M. The role of associated injuries on outcome of blunt trauma patients sustaining pelvic fractures. Injury. 2000;31(9):677-82.
  • 6
    Miller PR, Moore PS, Mansell E, Meredith JW, Chang MC. External fixation or arteriogram in bleeding pelvic fracture: initial therapy guided by markers of arterial hemorrhage. J Trauma. 2003;54(3):437-43.
  • 7
    Chien L-C, Cheng H-M, Chen W-C, Tsai M-C. Pelvic fracture and risk factors for mortality: a population-based study in Taiwan. Eur J Trauma Emerg Surg. 2010;36(2):131-7.
  • 8
    Demetriades D, Karaiskakis M, Toutouzas K, Alo K, Velmahos G, Chan L. Pelvic fractures: epidemiology and predictors of associated abdominal Injuries and outcomes. J Am Coll Surg. 2002;195(1):1-10.
  • 9
    Lunsjo K, Tadros A, Hauggaard A, Blomgren R, Kopke J, Abu-Zidan F. Associated injuries and not fracture instability predict mortality in pelvic fractures: a prospective study of 100 patients. J Trauma. 2007;62(3):687-91.
  • 10
    Sathy AK, Starr AJ, Smith WR, Elliott A, Agudelo J, Reinert CM, et al. The effect of pelvic fracture on mortality after trauma: an analysis of 63,000 trauma patients. J Bone Joint Surg Am. 2009;91(12):2803-10.
  • 11
    Burkhardt M, Nienaber U, Krause J, Pizanis A, Moersdorf P, Culemann U, et al. Complex pelvic traumas: Data linkage of the German Pelvic Injury Register and the TraumaRegister DGU(r). Unfallchirurg. 2014 Apr 4. [Epub ahead of print].
  • 12
    Teasdale G, Jennett B. Assessment of coma and impaired consciousness. A practical scale. Lancet. 1974;2(7872):81-4.
  • 13
    Champion HR, Sacco WJ, Copes WS, Gann DS, Gennarelli TA, Flanagan ME. A revision of the Trauma Score. J Trauma. 1989;29(5):623-9.
  • 14
    Association for Advancement of Automotive Medicine (AAAM). The Abbreviated Injury Scale (AIS). A brief introduction. 1990 Revision. Ilinois, USA: AAAM, 1998. Available in: <http://www.tarn.ac.uk/content/downloads/72/coding.pdf>
    » http://www.tarn.ac.uk/content/downloads/72/coding.pdf
  • 15
    Baker SP, O'Neill B, Haddon W Jr, Long WB. The injury severity score: a method for describing patients with multiple injuries and evaluating emergency care. J Trauma. 1974;14(3):187-96.
  • 16
    Boyd CR, Tolson MA, Copes WS. Evaluating trauma care: the TRISS method. Trauma Score and Injury Severity Score. J Trauma. 1987;27(4):370-8.
  • 17
    Kane WJ. Fractures of the pelvis. In: Rochwood CA, Green DP, editors. Fractures in adults. Philadelphia: Lippincott; 1984. p.1093-210.
  • 18
    Osterhoff G, Scheyerer MJ, Fritz Y, Bouaicha S, Wanner GA, Simmen HP, et al. Comparing the predictive value of the pelvic ring injury classification systems by Tile and by Young and Burgess. Injury. 2014;45(4):742-7.
  • 19
    Cheng M, Cheung MT, Lee KY, Lee KB, Chan SC, Wu AC, et al. Improvement in institutional protocols leads to decreased mortality in patients with haemodynamically unstable pelvic fractures. Emerg Med J. 2013 Dec 10. [Epub ahead of print].
  • 20
    Palmcrantz J, Hardcastle TC, Naidoo SR, Muckart DJ, Ahlm K, Eriksson A. Pelvic fractures at a new level 1 trauma centre: who dies from pelvic trauma? The Inkosi Albert Luthuli Central Hospital experience. Orthop Surg. 2012;4(4):216-21.
  • 21
    Hauschild O, Strohm PC, Culemann U, Pohlemann T, Suedkamp NP, Koestler W, et al. Mortality in patients with pelvic fractures: results from the German pelvic injury register. J Trauma. 2008;64(2):449-55.
  • 22
    Burlew CC, Moore EE, Smith WR, Johnson JL, Biffl WL, Barnett CC, et al. Preperitoneal pelvic packing/external fixation with secondary angioembolization: optimal care for life-threatening hemorrhage from unstable pelvic fractures. J Am Coll Surg. 2011;212(4):628-35; discussion 635-7.
  • 23
    Eckroth-Bernard K, Davis JW. Management of pelvic fractures. Curr Opin Crit Care. 2010;16(6):582-6.
  • 24
    Gabbe BJ, de Steiger R, Esser M, Bucknill A, Russ MK, Cameron PA. Predictors of mortality following severe pelvic ring fracture: results of a population-based study. Injury. 2011;42(10):985-91.
  • 25
    Cullinane DC, Schiller HJ, Zielinski MD, Bilaniuk JW, Collier BR, Como J, et al. Eastern Association for the Surgery of Trauma practice management guidelines for hemorrhage in pelvic fracture-update and systematic review. J Trauma. 2011;71(6):1850-68.
  • 26
    Davis JW, Moore FA, McIntyre RC Jr, Cocanour CS, Moore EE, West MA. Western trauma association critical decisions in trauma: management of pelvic fracture with hemodynamic instability. J Trauma. 2008;65(5):1012-5.
  • Fonte de financiamento: nenhuma.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Aug 2014

Histórico

  • Recebido
    30 Jan 2014
  • Aceito
    15 Mar 2014
Colégio Brasileiro de Cirurgiões Rua Visconde de Silva, 52 - 3º andar, 22271- 090 Rio de Janeiro - RJ, Tel.: +55 21 2138-0659, Fax: (55 21) 2286-2595 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: revista@cbc.org.br